A banheira do apartamento de cima, estava agora no chão da minha cozinha. Meu vizinho me encara lá de cima com a cara mais feia que eu já vi.
— Isso é culpa sua! — ele grita, apontando em minha direção.
— Minha? Minha culpa? Como a sua banheira cair na minha cozinha, vira minha culpa?
— Tenho certeza que essa sua casa está cheia de infiltrações! — ele berra e continua apontando o dedo na minha direção. — Seu pai nunca cuidou desse lugar e você menos ainda!
Eu já estava irritada o suficiente por ter um buraco no meu teto e uma banheira no meu chão, mas bastou ele falar do meu pai, para toda paz de espírito que eu estava filtrando desde a conversa com Richard, sumir.
— O QUE? Você não acha que a culpa das infiltrações na minha cozinha, n&a
— Bem... eu... eu... não sou médica.Ryan me encara estarrecido. Imagino que ele esperou que eu fosse correndo arrumar as malas e ir até sei lá onde junto dele, para acudir a mulher que me abandonou.— Você não pode estar falando sério.Pela primeira vez desde que batera à minha porta, Ryan estava triste. Pelo visto ele tinha total convicção de que eu faria o que ele quisesse.— Olha, Ryan, Ingrid nunca foi a minha mãe. Ela pode ter sido incrível para você, mas não foi pra mim. — digo, com um suspiro no final. — Então eu não posso simplesmente aparecer, como se nada tivesse acontecido.Sem nenhum convite, ele se senta no sofá e passa a mão pelo cabelo brilhante e sedoso.— Entendo o seu ponto de vista. Claro que entendo, mas você precisa ouvir o lado dela. Talvez as
Na porta do hotel, pensei em desistir quase cinquenta vezes. Cheguei a mandar uma mensagem a John, questionando se eu realmente devia fazer aquilo. Ele apenas disse que eu dava conta e caso o planeta conspirasse contra a minha força de vontade, era só enviar uma mensagem que ele rapidamente apareceria para me salvar.Ryan estava sentado bem no centro do restaurante. Enquanto me aproximava, pude perceber que ele ansiava pela minha chegada. Suas pernas mexiam freneticamente, assim como a pequena faca que ele batia a mesa.— Oi. — murmuro, chamando sua atenção. — Desculpe o atraso.Ele prontamente se levanta e sorri para mim. Percebo que ele fica em duvida se deve tentar um abraço ou não, então puxo uma cadeira e me sento, antes que ele decida o que fazer.— Bem... não tem problema. Você está bem?— Sim. Ótima.
John piscou tantas vezes diante da minha frase, que eu já havia perdido as contas.— Emma, eu posso explicar.— Eu imagino que sim. — jogo o celular na cama novamente e cruzo os braços. — Alguma explicação deve ter, para eu não ser suficiente.— Você é suficiente, Emma. Eu só... quando comecei a ligar, a gente ainda não se conhecia. Foi logo após o meu término com a Jenni. Dom apareceu com um telefone desse e disse que seria bom para mim. — John tenta se aproximar, mas me afasto. Não permitia que ele tocasse em mim. — Emma, eu juro a você.— Eu até consigo acreditar, mas o que justifica você ter ligado hoje? E imagino, que se ligou hoje, ligou diversas outras vezes enquanto estávamos juntos.John suspira e balança a cabeça. Ele estava confirmando.— Não importa
[dias depois]— Hey, aqui é a Lili. Não posso atender no momento. Fala aí, que te escuto.— Lilian! Eu vou surtar se você não me atender. Só sei que você está viva, porque sei que está indo trabalhar. O que eu te fiz? Caramba, me liga.Antes de colocar o celular no bolso, vejo que tem uma nova mensagem de John.&nb
— Poxa, me entristece saber que eu convivi com uma colega de profissão todo esse tempo e sem saber.— John, eu...— Eu sei. Você pode explicar.John estava sendo tão irônico, que eu não conseguia formar uma frase sequer, por puro nervosismo. Eu não me reconhecia. Quando confrontada, mesmo errada, sempre rebati qualquer pessoa. Mas não com John. Eu estava apavorada com o que podia acontecer. [John]Me sentia sem rumo.No caminho para casa de Dominic, me pego pensando em tudo o que aconteceu. Me questiono se fui duro demais. Mas nada mais importava. Meu coração estava em pedaços mais uma vez.Quando cheguei na casa do meu irmão, joguei-me em seu sofá, enquanto ele destilava todo o seu veneno sobre Emma.— Eu sempre soube! — diz, rindo da situação. — Estava bom demais para ser verdade. Todo aquele papinho, de menina doce e inocente. Que mal tinha um celular para ligar, hahaha. GOLPE!— Dom! — coloco as mãos nos ouvidos, doido para que ele calasse aquela boca grande dele. — Por favor, fique quieto.— Logo agora que eu estou me sentindo glorioso por ter razão?— É mais importante para você ter razão, do que a felicidade do seu irmão? Nossa, Dominic. Obrigado.— Irm&Quarenta
[Emma]Bato o pé no chão, nervosa por tal demora. Olho o celular mais uma vez, checando a hora e procurando alguma mensagem. Só então lembro, que não tinha como chegar mensagem alguma, já que eu tinha desativado minha linha telefônica.Olho em volta, encarando todas aquelas pessoas felizes e sorridentes pelo aeroporto, em busca de um rosto conhecido. Já estava a ponto de me arrepender das escolhas feitas, quando eu o vi.Me levanto e ajeito as malas ao meu lado, enquanto assisto Ryan andar apressadamente em minha direção.— Caramba! — ele resmunga, ofegante. — Você podia ter sido clara com o local onde estava.— Eu fui. Disse que estaria ao lado de uma lanchonete.Ryan bufa.— Já viu onde estamos? Tem milhares de lanchonetes aqui dentro. Você podia ter pelo menos tirado seu celular do modo avião.— Ele não está.— Bem, algo está errado. — ele diz, puxando uma de minhas malas. — Tentei te ligar e não ia.— É. Eu sei.Ele apenas me olha de lado. Imagino que minhas respostas monossilábic
— Eu sei de toda a verdade. Meu pai...— Seu pai mentiu, Emma.— Você não ouse desonrar a memória do meu pai! — aponto para ela, cheia de fúria. — Quem você pensa que é, para falar assim dele?— Ei, gente! — Ryan se aproxima, preocupado. — Não é para ser assim. Não briguem.— Ryan, nos deixe a sós.— Mamãe, eu não vou...— Vai. — ela diz, olhando nos olhos dele. — Eu quero falar com a Emma sozinha. — Ryan não parece querer sair. — Filho, eu estou bem. Juro. Preciso ter essa conversa com a sua irmã.Com muita resistência, Ryan concorda e vai para a cozinha. Permaneço em pé e com os braços cruzados, enquanto Ingrid se senta novamente na poltrona.— Não vai se sentar?— Estou bem assim.Ela ri.— Você e Ryan...— Somos iguaizinhos. Eu já sei. Agora pula para a parte em que você vai encher a memória do meu pai de mentiras.— Não é nenhuma mentira o que vou dizer.Continuo com os braços cruzados, esperando que ela diga o que tanto quer dizer.— Eu fui embora, porque descobri que seu pai ti