De última hora, Ryan decidiu que iria comigo para Seattle, com a desculpa de checar o estado do apartamento que nossa mãe havia me dado. Eu sabia que era para não ficar sozinho naquela enorme casa, que estava ainda maior sem Ingrid e sua risada envolvente, mas aceitei a desculpa dada.Disse a John que iria trabalhar e mantive o celular desligado até chegarmos. Ele adorava ligar por chamadas de vídeo, para saber o que eu estava fazendo. Parecia até que ele não tinha uma série para gravar.Na noite passada ele me ligou ansioso para saber sobre a leitura do testamento e eu contei. Apenas a parte de agora eu ser uma pessoa rica. Deixei para contar sobre o apartamento, quando já estivesse em Seattle.Antes de irmos para o hotel que eu havia reservado, Ryan e eu vamos até o meu antigo novo apartamento. A primeira mudança que noto, é o elevador. Ele sempre esteve desativado. Em todos os anos que vivi ali, jamais tinha visto aquilo funcionando.— Já é um avanço não precisar subir as escadas.
— Você tem certeza de que essa roupa está boa? — pergunto a Ryan, me olhando no espelho mais uma vez. — Não acha que está exagerado?Ryan rola os olhos, começando a ficar irritado com a minha indecisão.— Irmãzinha, se você não sair desse apartamento agora, para pedir o seu namorado em namoro, eu vou convidá-lo para o seu enterro.— Nossa... quanta impaciência. Tchau.Pego a bolsa que estava em cima da cama e visualizo o celular. O carro que chamei já estava quase chegando. Aceno para Ryan e desço, antes que o mesmo realmente me matasse.Eu não conseguia parar de pensar na conversa que tive com Lilian. Sentia falta das nossas noites de meninas, regrada de besteira e fofoca sobre homens; sentia falta principalmente de seu abraço quente e cuidado exagerado.Felizmente na vida, tudo é um ciclo. Sou bastante grata por toda felicidade que a amizade dela me proporcionou, mas eu não posso manter em minha vida, alguém que mentiu para mim e tentou destruir minha felicidade.A voz do motorista
[anos depois]— Só pode ser sacanagem! Nós estamos atrasados. Não faz isso.Ergo Mariane e cheiro a fralda. Sequer precisaria fazer aquilo, pois aquela criança fedia mais do que gambá.— Você já estava pronta. — resmungo, deitando-a no trocador. — Tinha que dar essa cagada justamente agora?A bebê ri e murmura bebezices, enquanto eu torço o nariz diante de tanto cocô.— Eu vou matar o seu pai por não estar aqui. Odeio trocar fraldas. Ainda mais com tanto fedor.Termino-a de limpar e ajeito o vestido rosa, cheio de fru-fru.— DAVIES? — grito, saindo do quarto. — Onde você está?— Aqui!Desço as escadas e vou até a sala, quase sendo impossível enxergar com tanta fumaça de charuto no ar.— Ei! Tem uma criança aqui. — os repreendo. — Nós não estamos atrasados?Os três olham para o imenso relógio de pêndulo e quase saltam do sofá.— Meu Deus! Eu nem reparei. — John apaga o charuto e ajeita a gravata. — Vamos!— Aqui. Toma a sua filha.Empurro Mariane para Dominic, que revira os olhos quase
[John]Logo que a última gota de vinho caiu da garrafa, diretamente para a minha boca, eu a joguei para um canto. Eu repetia esse mesmo gesto, já tinha mais de uma semana. Desde que Jennifer, terminou comigo.Meus amigos definitivamente me achavam patético, por estar sozinho em casa, chorando sem parar e acabando com todo estoque de vinho da adega, por uma garota que eu me envolvi rapidamente e me deixou tão rápido quanto.O mês que passamos juntos, havia sido um dos melhores da minha vida. A grande maioria das pessoas que me acompanhavam na mídia, apoiavam aquilo e até tiravam sarro da minha cara, por expor uma relação. E talvez esse tenha sido o meu erro... Ter a exposto para mídia. Aquilo encheu os olhos del
— Bonitão? — ele ri. — Como pode saber isso sem me ver?— Todo mundo tem sua beleza. E acho que esse seu sotaque, merece o adjetivo.Ele ri novamente, exalando uma risada gostosa.— Gostei da escolha de palavras.— E então? Como posso ajudá-lo?— Qual seu nome?— Meu nome? — olho para Lílian, que murmura algo como virgem. — Não falamos nomes aqui, baby.— Mas eu preciso te chamar de alguma coisa.— Chame-me do que quiser e fa
Eu precisei sair e não tive a inteligência de perguntar seu telefone... ou nome. Mas quem daria seu telefone, a um completo estranho no trem? Eu... talvez...— Eu estava dormindo. — Dominic resmunga, quando abre a porta. — O que faz aqui às sete da manhã?— Vim tomar café.— Por que aqui?— Você me fez sair da fossa... eu acho. — balanço a cabeça. — Eu até peguei o metrô hoje.— Não consigo entender essa sua paixão por andar de metrô. Lotação, gente suada, e ainda corre o risco de ser reconhecido.
Lilian passa toda a tarde comigo. Depois que termina um filme que estávamos vendo, eu vou fazer mais pipoca, para um segundo round. Ouço uma voz vir da TV, que me lembra automaticamente o cara do trem. Estava passando um trailer de um novo filme de ação, que estava para ser lançado. E o ator principal, era justamente o homem que eu havia conhecido mais cedo.— Não pode ser... — murmuro. — Eu conheci esse homem hoje.Lilian olha para mim e para a TV, intercaladamente.— Que? John Davies? O ator?— Sim! No metrô. Eu estava dormindo em pé e ele me cedeu seu lugar. Eu sabia que o conhecia de algum lugar.— Ele adora andar de metrô. Você nem é fã dele. Por que não comigo?— Porque foi comigo. — mando beijo para ela, implicando.Lilian olha para o alto.— Isso é cheiro de queimado?<
— Oh meu Deus! — murmuro, ao ver a hora no relógio da parede. — Estou atrasada. Tchau.Puxo a bolsa da mão de Lilian e corro porta afora, já encontrando o uber a minha espera. Eu poderia ter ido tranquilamente de metrô, já que é meu meio de transporte favorito, mas queria causar uma boa impressão e descer de um carro ótimo.Cinco minutos após as oito, eu estava chegando no restaurante chinês. Assim que pago o motorista, desço do carro e vou até a porta. Procuro meu celular na bolsa, para mandar uma mensagem informando que cheguei, quando só então noto, que sai sem ele.— Ah que ótimo...— Senhorita? &mda