A grande maioria dos dias em Malibu, eram quentes e ensolarados. Raramente uma chuva caia, deixando tudo cinza e frio.No meio do caminho para encontrar John, uma forte e pesada chuva cai. Ele liga dois minutos depois e eu já até imagino o assunto que vai tratar.— Pensei que não chovesse aqui. — ele diz, assim que o atendo.— Chove. Uma vez no ano, mas chove.— E precisava chover justamente no último dia de gravação na praia? Cancelaram tudo! Agora estão comprando as passagens para voltarmos a Seattle hoje.Me mexo desconfortavelmente no banco do Uber. Eu sabia que era o último dia de gravações, mas não que iriam embora de repente.— Onde você está? — ele pergunta, visto que não respondi sua última fala.— No carro. Estava indo encontrar você.— Não está mais? O que mudou?— Você. Indo embora agora.— Ah. — John solta uma risada. Aquilo era música para os meus ouvidos. — Não vou embora agora. Nem sei se eles vão conseguir comprar as passagens para hoje.— Entendi...— Vem. — sussurra
A chuva caia pesadamente do lado de fora da janela, enquanto eu e John ficávamos aninhados um ao outro, na cama desfeita por mais uma transa.O celular dele apita e depois de ver a mensagem que havia chegado, John solta o aparelho, suspira e me aperta contra si.— As passagens chegaram. O voo está marcado para as cinco da tarde.— Ah. — murmuro, com a tristeza me corroendo. — Então eu devo ir embora? Imagino que tenha muita coisa para arrumar.John me aperta ainda mais contra seu peito e beija meu cabelo desgrenhado.— Você não vai a lugar nenhum. A não ser que seja na sua casa para fazer as malas e vir comigo.— Não posso, John. — suspiro e me sento, olhando-o. — Quando morei em Seattle era sem cabeça e fazia o que me desse na telha, mas..., mas agora não posso mais fazer isso. Tenho um emprego sério, tem o Ryan, a...— Sua mãe, eu sei.— É. — brinco com o pouco pelo que John tinha no peito, deitando-me ali em seguida. — Não posso simplesmente ir. Preciso de um tempo.— Tudo bem, amo
Ainda aérea pela chegada e partida de John, levo um banho de água suja na saída do aeroporto. Mas nem o banho, a senhorita que sujou meu vestido com sorvete ou a viagem de uma hora de volta para casa sozinha, foram capazes de tirar a alegria que eu sentia.Assim que entro em casa, encosto-me na porta e fico repassando todo o dia em que passei ao lado dele. Cada toque; beijo; cada jura de amor trocada. Até os puns que John soltou, ficou em minha mente.— Merda. — murmuro, tocando minha boca. — Preciso voltar para Seattle.É. Está decidido. Vou pedir demissão do meu emprego, conversar com Ingrid e Ryan e ir. Ir para casa.— Ei, chegou! — Ryan aparece e me olha estranho. — O que aconteceu com você?— Só uma chuvinha.— Como foi?— Ah, Ry... foi incrível. — respondo, sentindo-me nas nuvens de imediato. — John é perfeito e eu... eu o amo demais. E eu tomei uma decisão.— É, eu estou vendo. Vem cá.Ryan abre os braços.— Eu estou suja e molhada.— Anda, Emma. Vem. Não gostamos de abraços, l
[SEMANAS DEPOIS]“Hoje será feita a leitura de testamento de Ingrid Clark, mãe de Emma Clark a namorada do nosso brilhante ator, John Davies.”Desligo a televisão completamente irritada por aquilo estar sendo noticiado na imprensa.— Não sei como ficaram sabendo disso. — Ryan diz, descendo as escadas.— Eu também não. Sabe que eu não falaria sobre isso com ninguém.— Não estou te culpando, Emma. É o peso que você carrega por namorar o ator.Sorrio ao ouvir ele falar a palavra namorar. Tinha alguns dias que John havia me pedido em namoro oficialmente por uma chamada de vídeo.— Você fica com cara de boba cada vez que eu menciono seu namoro.— Para! — empurro-o de leve. — Vamos logo.— Eles estão lá fora.— E? Como você disse. É o peso que carrego por namorar um ator.Ryan entrelaça seu braço ao meu e nós saímos de casa, quando sendo cegados por tanto flash. Como sempre fazia, Ryan me protege da melhor forma que consegue, até entrarmos em seu carro.Eu não era perseguida dessa maneira e
De última hora, Ryan decidiu que iria comigo para Seattle, com a desculpa de checar o estado do apartamento que nossa mãe havia me dado. Eu sabia que era para não ficar sozinho naquela enorme casa, que estava ainda maior sem Ingrid e sua risada envolvente, mas aceitei a desculpa dada.Disse a John que iria trabalhar e mantive o celular desligado até chegarmos. Ele adorava ligar por chamadas de vídeo, para saber o que eu estava fazendo. Parecia até que ele não tinha uma série para gravar.Na noite passada ele me ligou ansioso para saber sobre a leitura do testamento e eu contei. Apenas a parte de agora eu ser uma pessoa rica. Deixei para contar sobre o apartamento, quando já estivesse em Seattle.Antes de irmos para o hotel que eu havia reservado, Ryan e eu vamos até o meu antigo novo apartamento. A primeira mudança que noto, é o elevador. Ele sempre esteve desativado. Em todos os anos que vivi ali, jamais tinha visto aquilo funcionando.— Já é um avanço não precisar subir as escadas.
— Você tem certeza de que essa roupa está boa? — pergunto a Ryan, me olhando no espelho mais uma vez. — Não acha que está exagerado?Ryan rola os olhos, começando a ficar irritado com a minha indecisão.— Irmãzinha, se você não sair desse apartamento agora, para pedir o seu namorado em namoro, eu vou convidá-lo para o seu enterro.— Nossa... quanta impaciência. Tchau.Pego a bolsa que estava em cima da cama e visualizo o celular. O carro que chamei já estava quase chegando. Aceno para Ryan e desço, antes que o mesmo realmente me matasse.Eu não conseguia parar de pensar na conversa que tive com Lilian. Sentia falta das nossas noites de meninas, regrada de besteira e fofoca sobre homens; sentia falta principalmente de seu abraço quente e cuidado exagerado.Felizmente na vida, tudo é um ciclo. Sou bastante grata por toda felicidade que a amizade dela me proporcionou, mas eu não posso manter em minha vida, alguém que mentiu para mim e tentou destruir minha felicidade.A voz do motorista
[anos depois]— Só pode ser sacanagem! Nós estamos atrasados. Não faz isso.Ergo Mariane e cheiro a fralda. Sequer precisaria fazer aquilo, pois aquela criança fedia mais do que gambá.— Você já estava pronta. — resmungo, deitando-a no trocador. — Tinha que dar essa cagada justamente agora?A bebê ri e murmura bebezices, enquanto eu torço o nariz diante de tanto cocô.— Eu vou matar o seu pai por não estar aqui. Odeio trocar fraldas. Ainda mais com tanto fedor.Termino-a de limpar e ajeito o vestido rosa, cheio de fru-fru.— DAVIES? — grito, saindo do quarto. — Onde você está?— Aqui!Desço as escadas e vou até a sala, quase sendo impossível enxergar com tanta fumaça de charuto no ar.— Ei! Tem uma criança aqui. — os repreendo. — Nós não estamos atrasados?Os três olham para o imenso relógio de pêndulo e quase saltam do sofá.— Meu Deus! Eu nem reparei. — John apaga o charuto e ajeita a gravata. — Vamos!— Aqui. Toma a sua filha.Empurro Mariane para Dominic, que revira os olhos quase
[John]Logo que a última gota de vinho caiu da garrafa, diretamente para a minha boca, eu a joguei para um canto. Eu repetia esse mesmo gesto, já tinha mais de uma semana. Desde que Jennifer, terminou comigo.Meus amigos definitivamente me achavam patético, por estar sozinho em casa, chorando sem parar e acabando com todo estoque de vinho da adega, por uma garota que eu me envolvi rapidamente e me deixou tão rápido quanto.O mês que passamos juntos, havia sido um dos melhores da minha vida. A grande maioria das pessoas que me acompanhavam na mídia, apoiavam aquilo e até tiravam sarro da minha cara, por expor uma relação. E talvez esse tenha sido o meu erro... Ter a exposto para mídia. Aquilo encheu os olhos del