— Oh meu Deus! — murmuro, ao ver a hora no relógio da parede. — Estou atrasada. Tchau.
Puxo a bolsa da mão de Lilian e corro porta afora, já encontrando o uber a minha espera. Eu poderia ter ido tranquilamente de metrô, já que é meu meio de transporte favorito, mas queria causar uma boa impressão e descer de um carro ótimo.
Cinco minutos após as oito, eu estava chegando no restaurante chinês. Assim que pago o motorista, desço do carro e vou até a porta. Procuro meu celular na bolsa, para m****r uma mensagem informando que cheguei, quando só então noto, que sai sem ele.
— Ah que ótimo...
— Senhorita? — viro-me e observo o homem bem vestido. — Posso ajudar?
— Então... marquei com um cara aqui e não trouxe o celular para avisar que cheguei.
— Como ele se chama? Ou melhor, como você se chama?
— Emma...
— Oh... — assim que pronuncio meu nome, seu rosto se ilumina. — Seu... amigo... já está aqui.
— Sério? Que ótimo.
— Venha. Vou te levar até lá.
Ele fala algo com o segurança que estava ali e nós adentramos o restaurante, que era dividido em dois espaços. A parte de baixo, era aberta e tinha algumas espécies de show ao vivo, com a comida. Já a parte de cima, era mais exclusiva. E cara.
Quando subimos as escadas, eu percebo que ou o cara está querendo me agradar e muito, ou ele é rico.
— Ali. — ele aponta para um lado. — Logo um garçom vai até lá.
— Obrigada.
Sorrio para ele e então vou na direção que ele disse. Quando olhei aquela nuca e o cabelo loiro, eu congelei. Quando ele se virou então, meu coração parecia que ia saltar do peito.
— Você? — questionamos, ao mesmo tempo.
Bem ali na minha frente, trajando o melhor terno que já vi na vida, estava o homem que havia me cedido um lugar no trem, naquela mesma manhã. E também era o mesmo homem que estampava o trailer de um filme de ação, que passou na minha TV mais cedo.
— Uau. — ele murmura e se levanta. — Eu já tinha te achado linda de manhã, agora eu estou de boca aberta.
— Espera! Isso não pode estar certo. Você é aquele ator lá, faz um filme maneiro. E o cara do site, se chama...
— Christopher. Eu. John Christopher Davies.
— O que é aquilo? — aponto para a taça em cima da mesa.
Ele se vira rapidamente para ver e logo responde.
— Vinho branco. Que é...
— Meu favorito. — termino sua frase, andando até à mesa. — É, eu sei.
Pego a taça e viro o líquido de uma só vez.
— Não quer sentar? Acho que temos muito o que conversar.
— Ah, você acha? — ele assente e eu acho fofo sua inocência. — Fui irônica.
— Oh... Eu não percebi.
Acabo rindo e me sento. John ainda me observava.
— Não vai sentar? — pergunto.
— Ér... É claro.
Ele parecia meio nervoso e aquilo estava sendo engraçado.
— Você está bem? — ele pergunta.
— Bem, levando em conta que estou jantando com um ator mundialmente famoso a quem um site diz ser meu par perfeito, estou ótima. E você?
John ri, mostrando belos dentes brancos.
— Surpreso. Não esperava que fosse ser logo... Você.
— Sou tão ruim assim?
— Não! — exclama, nervoso. — É que... De manhã, eu tinha ficado... tudo bem, eu gostei de você e quis me matar por ter saído sem nem saber seu nome. E agora você está aqui.
— Emma. — digo, esticando minha mão para ele.
— John. É um prazer conhecê-la.
Sorrio assim que ele aperta minha mão.
— Quem diria que um ator seria meu par ideal! — rio de nervoso e bebo mais vinho.
— Antes de ser um ator, sou uma pessoa como você. — assinto. — Literalmente.
Gargalho pelo trocadilho e ele me acompanha, fazendo-me notar que a risada dele também contagia. No que mais seríamos iguais?
John chama um garçom e faz ele mesmo os nossos pedidos. Esse deve ser o lado positivo de termos praticamente tudo a ver.
— No que está pensando? — pergunta, quando o garçom se afasta.
— Apenas na praticidade que um par ideal tem.
Ele ri.
— Então quer dizer que está gostando de estar aqui comigo?
— Sim. Lá se foi meu um mês de hamburguer de graça.
[...]
Nossa noite estava chegando ao fim, depois de muita comida chinesa, vinho branco e risadas. John era uma pessoa incrível e eu estava louca para sair com ele de novo.
Talvez aquilo fosse efeito do vinho. Pelo menos era isso que eu diria a Lilian, quando confessasse aquele desejo.
— Obrigado. — diz ao garçom, quando ele leva a conta. — E então? Passei no teste?
— Sinto em dizer que sim. Eu amo tanto comida, mas... Eu quero repetir.
John sorri.
— É, eu também.
Nos levantamos e John se aproxima de mim. Fecho meus olhos e me surpreendo quando seus lábios tocam minha testa e não minha boca. Quando abro os olhos, ele me encara e coça a nuca.
— Quero ir devagar. — diz. — Passei por um término traumático e... Você é legal demais para acelerarmos tudo.
Minha frustração de não ter sido beijada, passa, ao ouvi-lo dizer aquilo. Posso não o conhecer direito, mas só com o que sei sobre essa noite, me questiono como alguém pode magoa-lo.
— Está tudo bem.
— Me dê seu número? — pede. — Quero te m****r umas coisas depois.
— Eu esqueci o celular em casa e acabei de trocar meu número. Então não faço ideia de qual seja.
— Não tem problema. — ia passando um garçom e ele o chama. — Me empresta sua caneta?
Assim que o rapaz a entrega, John pega um guardanapo e anota seu número. Ao lado de seu nome, tinha um pequeno coração torto.
— Nossa, tem até um coraçãozinho.
— Porque sou fofinho.
Não tinha como não rir daquilo. Minha gargalhada estridente ecoou pelo restaurante, fazendo algumas pessoas nos encararem.
— Aí, mereço... — murmuro, jogando o papel dentro da bolsa. — Bem, melhor eu indo. Não queremos que seus fãs desconfiem disso.— Sim. Foi um prazer. Obrigado.— Eu que agradeço, John.Nos despedimos com um abraço tímido e logo estou na rua. Caminho um pouco, aproveitando daquela noite fresca de verão.Fazia tanto tempo que eu não me sentia bem com um homem, que tudo parece bom demais pra ser verdade.O fato de eu nunca ter namorado, tem nome e sobrenome. Nicolas Santos. Um brasileiro que tinha vindo morar em Seattle, depois de passar na faculdade. Nos conhecemos por acaso em um bar e foi tudo muito intenso. Nós quase não tínhamos tempo um para o outro, mas sempre que nos encontrávamos, era só beijos e risadas. Estava há mais de sete meses com Nicolas, e ele nunca havia me pedido em namoro. Achei que se daquele jeito
Eu estava deitada, com a bolsa cobrindo o meu rosto e imaginando qual seria a primeira tatuagem de presa que eu faria. Sempre achei interessante, aquelas cobras imensas pelo braço. Mas pensando melhor, uma lagrima em baixo do olho, mostraria a todos que eu realmente sou durona e que já passei pela cadeia.Um burburinho vindo lá de fora, chama minha atenção e eu levanto quase que em um salto. Logo que chego à grade, posso ver John rodeado de policiais. Alguns mais novos, até pediam autografo.Quando ele me vê, vem rapidamente em minha direção e apoia suas mãos sobre as minhas, que agarravam a grade.— Você veio. — sussurro.— Claro que vim. Por que ela ainda está aqui dentro? — ele questiona, se virando para trás. — Eu já paguei a fiança.— Desculpa, senhor Davies.Um dos policiais abre a cela e eu
No dia seguinte a minha saída com John, eu tinha muita coisa a contar, para a minha amiga curiosa.Nós pegaríamos o turno da tarde e noite. Resumindo, iríamos ficar de duas da tarde até uma da manhã, gemendo e fazendo com que homens ou mulheres gozassem.— Isso meu gostoso. — gemo, enquanto lixo minhas unhas. — Goza pra mim. Ohhh...— Aí... gostosa. — o homem do outro lado da linha geme e eu posso escutar umas ultimas batidas de punheta. — Uau... sua voz é tão maravilhosa... gostaria de poder...— Foi ótimo passar esse tempo com você. Se quiser de novo, sabe para onde ligar. Time for sex, agradece seu orgasmo.
Corro para fora do departamento e aperto o botão do elevador rapidamente. John já devia estar para chegar e ele não poderia entrar.Assim que saio do prédio, estou ofegante. Só deu tempo de olhar para o relógio, quando escutei uma buzinada. Ando até o carro dele e entro, querendo matá-lo por ter me rastreado.— Eu sei. Foi errado. — ele diz. — Você estava chorando e ia fazer de tudo para não me contar, então eu tinha que dar um jeito. E então? O que aconteceu?Ao lembrar da recente ligação do homem da funerária, eu volto a chorar copiosamente. John me abraça rapidamente e passa a mão no meu cabelo.&m
Lilian se desespera.— Meu Deus! Social na casa de alguém famoso, com o John Davies e ainda vou conhecer o Dominic Davies! Pelo amor de Deus, Emma.— O que?— Nós temos que ir.— Ah... Eu... Eu acho melhor eu não ir. Larguei mais cedo do trabalho e amanhã vou dobrar. Preciso do dinheiro.Observo minha melhor amiga murchar e me dá um aperto no coração.— Bem, o convite foi feito. — John diz. — Emma, me leve até a porta?— Te levo ao térreo. Já volto, Lili.
— Eu ligarei mais vezes. Gosto de conversar com você...— Você é doido. — rio. — Mas obrigada por isso... eu realmente preciso desse dinheiro.— Até a próxima então. Espero ter boas notícias.— Tudo bem. Boa noite, bonitão.— Boa noite, linda.Sorrio boba, antes de desligar a ligação.Estava preparada para ir comer, quando meu chefe me chamou.— Sim?— Quem era na ligação?
Deviam ser quase sete da noite, quando alguém começa a esmurrar minha porta. Alguém não, Lilian.— O que você quer? — questiono, abrindo a porta.Ela me olha de cima a baixo, antes de invadir meu apartamento.— Estava dormindo?Olho minha imagem no espelho. Meu cabelo cacheado estava totalmente desgrenhado, parecia um ninho de passarinho, esqueci de tirar o rímel, o que me tornou um panda. E ela ainda me pergunta se eu estava dormindo.— Imagina. — resmungo, me sentando no sofá. — O que quer?— Te contar tudo da festa.Lilian falar da festa, me lembrou de John.— AI MEU DEUS! — grito, correndo para o banheiro. — JOHN CHEGARÁ DAQUI A POUCO.— John?— SIM! — respondo, já tirando o pijama. — Vai falando sobre a festa.No meu banheiro, tinha um box quadrado com parede
Chego mais para frente e passo meu braço pelo pescoço dele, agarrando em seus fios tingidos. A sincronia do nosso beijo e a forma com que ele acarinhava minha nuca, me fazia ter vontade de ficar ali para sempre.John parte nosso beijo e traz a mão que estava na minha nuca, até minha bochecha esquerda. Alisando ali, ele me encara e sorri.— Acho que esse foi o beijo mais sincero que já dei na minha vida.— Sincero? — gargalho. — É uma palavra interessante.— Apenas uma, das várias que posso dizer agora.— Dorme aqui? — pergunto, o pegando de surpresa.— Com você? Em qualquer lugar.[...]Minha coluna doía absurdamente, quando despertei. Estava com uma vontade enorme de esticar meus ossos, mas o baixo ronco que ouvi, me impediu.Ao olhar para cima, observo John dormir. Ele estava com a cabeça de lado e deita