Lilian passa toda a tarde comigo. Depois que termina um filme que estávamos vendo, eu vou fazer mais pipoca, para um segundo round. Ouço uma voz vir da TV, que me lembra automaticamente o cara do trem. Estava passando um trailer de um novo filme de ação, que estava para ser lançado. E o ator principal, era justamente o homem que eu havia conhecido mais cedo.
— Não pode ser... — murmuro. — Eu conheci esse homem hoje.
Lilian olha para mim e para a TV, intercaladamente.
— Que? John Davies? O ator?
— Sim! No metrô. Eu estava dormindo em pé e ele me cedeu seu lugar. Eu sabia que o conhecia de algum lugar.
— Ele adora andar de metrô. Você nem é fã dele. Por que não comigo?
— Porque foi comigo. — mando beijo para ela, implicando.
Lilian olha para o alto.
— Isso é cheiro de queimado?
Arregalo os olhos e corro para a cozinha, apagando rapidamente o fogo. A pipoca eu tive que jogar fora e fazer outra, por culpa do loiro do trem. Quer dizer, John Davies.
[John]
— Você fez o que? — Dominic pergunta pela décima vez.
— Você sabe.
— Fale em voz alta. Quero ver sua cara quando se tocar da burrada que fez.
— Me inscrevi em um site de encontro as cegas.
— Você é um ator famoso. VOCÊ É JOHN DAVIES! Ficou louco?
— Na hora que fiz a inscrição, estava bêbado. Tinha acabado de ser chutado.
— Tudo bem. Isso eu até entendo. Mas você querer ir? Isso não tem cabimento.
— O que pode acontecer, Dominic? A menina espalhar que eu ando procurando namorada em sites? Eu supero.
Dominic continua reclamando e eu decido ir embora.
Como não havia a possibilidade de encontrar aquela menina novamente, acabei pegando um táxi. Pensando no que Dominic disse e em como minhas respostas bateram com a da tal Emma, decido m****r uma mensagem e marcar logo um encontro.
Christopher: Olá!
A resposta vem quase de imediato.
Emma: Oi...
Christopher: Tudo bem?
Emma: Sim! E com você?
Christopher: Tudo ótimo. Então... somos o par perfeito.
Emma: É o que a máquina diz :)
Christopher: Não acha que somos?
Emma: Vou ser bem sincera com você... eu nem sabia disso aqui. Minha amiga me inscreveu nesse site, por achar que estou muito velha e nunca ter namorado.
Christopher: bem... já que é para ser sincero... eu me inscrevi assim que fui chutado e estava ultra bêbado. Meu irmão acha idiotice isso aqui.
Emma: Talvez o seu irmão seja meu par perfeito.
Christopher: Talvez sim...
Emma: Vou ser sincera novamente. Minha amiga me prometeu um mês de hamburguer se eu topar sair com você, e como você ainda não pediu, eu farei. Quer sair comigo? Juro que divido meu prêmio depois.
Acabo rindo daquela última mensagem e o taxista me olha estranho, devido minha risada escandalosa e repentina.
Christopher: Eu topo! Também quero provar umas coisinhas para o meu irmão.
Emma: Essa noite então? Estou de folga.
Christopher: Ótimo! Já que gostamos de comida chinesa, tem um ótimo restaurante no centro. Na esquina da rua catorze com a vinte. Conhece?
Emma: Sei onde fica, mas nunca fui. É um pouco demais para o meu bolso...
Christopher: Eu pago. Se você prometer dividir o hamburguer depois.
Emma: HAHAHAHA, prometido! As oito?
Christopher: Combinado.
[Emma]
— Deixa! — Lilian pede, pelo que me parece a milésima vez.
— Não! Se eu deixar você me arrumar, vou sair daqui parecendo uma palhaça.
— Não vou, prometo.
— Para de insistir. Você não vai me maquiar.
Deixo Lilian tagarelando na sala e vou para o banheiro. Após um banho rápido, estou na frente do guarda roupa tentando descobrir a roupa mais sem graça. Mas eu tinha vestidos e mais vestidos, é um mais lindo que o outro.
Eu não queria estragar o jantar, muito pelo contrário. Queria que ele desse certo por tempo o suficiente para que eu pudesse comer o máximo de chinesa que conseguisse.
Acabo optando por um vestido de alças finas e na cor preto. Jogo uma jaqueta jeans por cima e uma sandália não muito alta. No meu cabelo eu não faço nada além da rotina. Amo meus cachos e odeio destruí-los.
Assim que chego na sala, Lilian revira os olhos.
— Amiga, eu te amo, você é linda, e eu não vou te deixar sair assim.
— Eu sei o que...
— Não! E pode falar o quanto quiser, mas vai vestir o que eu falar. Ou eu mudo nosso acordo...
Reviro os olhos e marcho para o quarto. O que não fazemos por comida...
— E o que a senhorita sugere? — questiono, sentando na minha cama.
— Algo chique. Você vai em um restaurante caro, Emma. Se vista bem.
Lilian revira e desvira o meu guarda roupa, jogando várias peças aleatórias em cima de mim.
— Quer que eu vista todas?
Ela então se vira e fica me encarando, antes de andar até mim e ficar colocando algumas peças na minha frente.
— Decide, Lilian! — resmungo, puxando a peça da mão dela. — Não quero chegar atrasada.
— Já decidi.
Minha então melhor amiga, pega algumas peças e me entrega.
— Vista com... — Lilian caminha até a sapateira, enquanto olho com desdém para aquela roupa. — Esse salto.
— Ah, não. Salto não. Meu dedo fica saindo por essa tira aí.
— Então a bota. E para de reclamar que ainda tenho de fazer uma maquiagem.
Eu até tento argumentar, mas Lilian me olha de uma forma tão intensa, que temi a perca do meu amado hamburguer.
A escolha dela, se resumia em um vestido com alças grossas e justo ao corpo, na cor azul. E ao invés da minha jaqueta jeans surrada, tinha um blazer em um tom mais escuro que o vestido. Eu estava parecendo uma mulher de negócios, se ele me olhasse da cabeça aos joelhos.
Lilian cumpre sua palavra e não exagera na maquiagem. Ela faz um delineado de gatinho e me faz usar um batom nude. Eu gostava da imagem que via no espelho, embora não tivesse animo para aquilo.
— Oh meu Deus! — murmuro, ao ver a hora no relógio da parede. — Estou atrasada. Tchau.Puxo a bolsa da mão de Lilian e corro porta afora, já encontrando o uber a minha espera. Eu poderia ter ido tranquilamente de metrô, já que é meu meio de transporte favorito, mas queria causar uma boa impressão e descer de um carro ótimo.Cinco minutos após as oito, eu estava chegando no restaurante chinês. Assim que pago o motorista, desço do carro e vou até a porta. Procuro meu celular na bolsa, para mandar uma mensagem informando que cheguei, quando só então noto, que sai sem ele.— Ah que ótimo...— Senhorita? &mda
— Aí, mereço... — murmuro, jogando o papel dentro da bolsa. — Bem, melhor eu indo. Não queremos que seus fãs desconfiem disso.— Sim. Foi um prazer. Obrigado.— Eu que agradeço, John.Nos despedimos com um abraço tímido e logo estou na rua. Caminho um pouco, aproveitando daquela noite fresca de verão.Fazia tanto tempo que eu não me sentia bem com um homem, que tudo parece bom demais pra ser verdade.O fato de eu nunca ter namorado, tem nome e sobrenome. Nicolas Santos. Um brasileiro que tinha vindo morar em Seattle, depois de passar na faculdade. Nos conhecemos por acaso em um bar e foi tudo muito intenso. Nós quase não tínhamos tempo um para o outro, mas sempre que nos encontrávamos, era só beijos e risadas. Estava há mais de sete meses com Nicolas, e ele nunca havia me pedido em namoro. Achei que se daquele jeito
Eu estava deitada, com a bolsa cobrindo o meu rosto e imaginando qual seria a primeira tatuagem de presa que eu faria. Sempre achei interessante, aquelas cobras imensas pelo braço. Mas pensando melhor, uma lagrima em baixo do olho, mostraria a todos que eu realmente sou durona e que já passei pela cadeia.Um burburinho vindo lá de fora, chama minha atenção e eu levanto quase que em um salto. Logo que chego à grade, posso ver John rodeado de policiais. Alguns mais novos, até pediam autografo.Quando ele me vê, vem rapidamente em minha direção e apoia suas mãos sobre as minhas, que agarravam a grade.— Você veio. — sussurro.— Claro que vim. Por que ela ainda está aqui dentro? — ele questiona, se virando para trás. — Eu já paguei a fiança.— Desculpa, senhor Davies.Um dos policiais abre a cela e eu
No dia seguinte a minha saída com John, eu tinha muita coisa a contar, para a minha amiga curiosa.Nós pegaríamos o turno da tarde e noite. Resumindo, iríamos ficar de duas da tarde até uma da manhã, gemendo e fazendo com que homens ou mulheres gozassem.— Isso meu gostoso. — gemo, enquanto lixo minhas unhas. — Goza pra mim. Ohhh...— Aí... gostosa. — o homem do outro lado da linha geme e eu posso escutar umas ultimas batidas de punheta. — Uau... sua voz é tão maravilhosa... gostaria de poder...— Foi ótimo passar esse tempo com você. Se quiser de novo, sabe para onde ligar. Time for sex, agradece seu orgasmo.
Corro para fora do departamento e aperto o botão do elevador rapidamente. John já devia estar para chegar e ele não poderia entrar.Assim que saio do prédio, estou ofegante. Só deu tempo de olhar para o relógio, quando escutei uma buzinada. Ando até o carro dele e entro, querendo matá-lo por ter me rastreado.— Eu sei. Foi errado. — ele diz. — Você estava chorando e ia fazer de tudo para não me contar, então eu tinha que dar um jeito. E então? O que aconteceu?Ao lembrar da recente ligação do homem da funerária, eu volto a chorar copiosamente. John me abraça rapidamente e passa a mão no meu cabelo.&m
Lilian se desespera.— Meu Deus! Social na casa de alguém famoso, com o John Davies e ainda vou conhecer o Dominic Davies! Pelo amor de Deus, Emma.— O que?— Nós temos que ir.— Ah... Eu... Eu acho melhor eu não ir. Larguei mais cedo do trabalho e amanhã vou dobrar. Preciso do dinheiro.Observo minha melhor amiga murchar e me dá um aperto no coração.— Bem, o convite foi feito. — John diz. — Emma, me leve até a porta?— Te levo ao térreo. Já volto, Lili.
— Eu ligarei mais vezes. Gosto de conversar com você...— Você é doido. — rio. — Mas obrigada por isso... eu realmente preciso desse dinheiro.— Até a próxima então. Espero ter boas notícias.— Tudo bem. Boa noite, bonitão.— Boa noite, linda.Sorrio boba, antes de desligar a ligação.Estava preparada para ir comer, quando meu chefe me chamou.— Sim?— Quem era na ligação?
Deviam ser quase sete da noite, quando alguém começa a esmurrar minha porta. Alguém não, Lilian.— O que você quer? — questiono, abrindo a porta.Ela me olha de cima a baixo, antes de invadir meu apartamento.— Estava dormindo?Olho minha imagem no espelho. Meu cabelo cacheado estava totalmente desgrenhado, parecia um ninho de passarinho, esqueci de tirar o rímel, o que me tornou um panda. E ela ainda me pergunta se eu estava dormindo.— Imagina. — resmungo, me sentando no sofá. — O que quer?— Te contar tudo da festa.Lilian falar da festa, me lembrou de John.— AI MEU DEUS! — grito, correndo para o banheiro. — JOHN CHEGARÁ DAQUI A POUCO.— John?— SIM! — respondo, já tirando o pijama. — Vai falando sobre a festa.No meu banheiro, tinha um box quadrado com parede