— Aí, mereço... — murmuro, jogando o papel dentro da bolsa. — Bem, melhor eu indo. Não queremos que seus fãs desconfiem disso.
— Sim. Foi um prazer. Obrigado.
— Eu que agradeço, John.
Nos despedimos com um abraço tímido e logo estou na rua. Caminho um pouco, aproveitando daquela noite fresca de verão.
Fazia tanto tempo que eu não me sentia bem com um homem, que tudo parece bom demais pra ser verdade.
O fato de eu nunca ter namorado, tem nome e sobrenome. Nicolas Santos. Um brasileiro que tinha vindo morar em Seattle, depois de passar na faculdade. Nos conhecemos por acaso em um bar e foi tudo muito intenso. Nós quase não tínhamos tempo um para o outro, mas sempre que nos encontrávamos, era só beijos e risadas. Estava há mais de sete meses com Nicolas, e ele nunca havia me pedido em namoro. Achei que se daquele jeito estava bom, não tinha pra que mudar nosso status. Éramos namorados não assumidos. Até que um dia, depois de uma briga boba, ele me disse precisar de um tempo para ficar sozinho e pensar. Dizia que eu o pressionava. Esse tempo já faz anos e eu nunca mais o vi.
Eu amava Nicolas. O amava de uma forma única. Sabia que o que eu sentia era diferente de qualquer outro sentimento. Mas quando ele se foi, eu percebi que amava sozinha.
Desde então, eu não quis mais saber de namorados. Ficava com um menino aqui é outro ali, mas não passava de uma semana.
Paro na frente da loja de antiguidades que pertencia ao meu pai, antes dele se afundar nas dívidas e perder tudo. Eu e o novo dono tínhamos uma picuinha, pois nunca gostei de ter perdido aquela loja. Mas ao reparar que ele não estava ali, decido entrar e olhar tudo.
Nunca gostei do que ele fez ali. Mudou tanta coisa, que fez a loja perder a essência que ela tinha.
Estava passando pelo corredor mais caro e sensível de toda a loja, quando uma criança grita e corre em minha direção, fazendo com que eu esbarre em um dos vasos de cristais e ele se espatife no chão. O menino observa minha cara de espanto e se acaba de rir da minha cara. Quando ele escuta a voz de um homem, sai correndo e me deixa ali com todos aqueles pedaços de cristais.
— AÍ MEU DEUS! — o homem grita, me fazendo tomar outro susto. — OLHA O QUE VOCÊ QUEBROU!
— Eu? Foi culpa do menino.
— Que menino se só tem você aqui? — ele ergue uma sobrancelha. — Me desculpe, mas terá que pagar isso.
— O quê? — questiono exasperada. — Eu sei quanto um vaso de cristal custa e não irei pagar. Não foi minha culpa.
Ele me olha de lado e então b**e palmas.
— Já sei quem você é! Emma. Filha do antigo dono. Meu patrão não quer você aqui e logo vejo o porquê. Quer destruir todo o seu patrimônio.
— Primeiro que não quero destruir nada. Segundo que se foda seu patrão. E terceiro, eu não vou pagar.
— EU VOU CHAMAR A POLÍCIA!
— CHAMA ENTÃO.
Aquele projeto de pessoa se encaminha até o balcão e pega o telefone. Eu estava apavorada de ser presa, mas mantive a minha pose de durona.
Em menos de dez minutos a polícia chegou. Eu e o ser, que se chama Henri, começamos a falar em uníssono, até que o policial se estressa.
— Calados! — diz. — Primeiro a senhorita.
— Ele quer que eu pague uma coisa que não quebrei.
— Quebrou sim!
— Não quebrei, caralho.
— Da para vocês pararem? — assinto. — Quero ver as câmeras de segurança.
— Estão em manutenção.
— Então não há provas que ela quebrou?
— Não, mas essa garota é louca. Ameaçou quebrar todos os cristais, por pura inveja. Tenho o vídeo desse dia.
— Gravar hoje não foi possível, mas gravar no dia em que estava bêbada, foi? — ironizo.
— A senhorita disse isso?
— Disse, mas não foi inveja.
— E o que me prova que hoje não foi você cumprindo sua palavra?
— As câmeras provariam algo, mas né... E por que está falando assim? Eu já disse que não quebrei aquela porcaria. E EU NÃO VOU PAGAR.
— Acho melhor maneirar seu tom de voz ou te prendo por desacato.
— Prende. — provoco.
Um certo dia meu pai disse, que eu me meteria em belas encrencas, com o meu jeito provocativo.
O policial segura em um dos meus braços e me faz virar, prendendo as algemas em meus punhos.
[...]
— EI? — berro entre as grades, para o policial que passava. — Até quando ficarei aqui?
— Até que alguém pague sua fiança.
— Fiança? O que?
— Por destruição de patrimônio alheio e desacato a uma autoridade.
— Isso é um absurdo! — exclamo. — Eu não destruí nada. Tudo bem, que provoquei o policial, mas não quebrei nada.
Ele vem na minha direção e começa a abrir a cela.
— Estou livre?
— Sim. — sorrio de alívio. — Livre pra ligar para alguém pagar sua fiança.
— Ligar? Mas eu não sei o número de ninguém.
— Ih garota, parece que alguém vai passar a noite na cadeia.
Eu já estava quase entrando em desespero, quando lembrei de um certo papel na minha bolsa.
— Não! Espera... — abro a bolsa e pego o papel. — Eu tenho pra quem ligar.
— Dois minutos. — diz, apontando para o telefone.
Caminho até lá, ensaiando o que dizer. Disco os números e espero ansiosamente, até que ele atende.
— Alô? — seu sotaque é mais forte pelo telefone. Quase me lembra o cara da outra noite.
— John? É a Emma...
— Oi! Chegou bem?
— Então... Eu tive um ligeiro problema de percurso e preciso que venha me buscar.
— Onde? Você está bem?
— Estou... Presa. Me tira desse lugar, John. — choramingo. — Por favor.
— Já estou indo.
Eu estava deitada, com a bolsa cobrindo o meu rosto e imaginando qual seria a primeira tatuagem de presa que eu faria. Sempre achei interessante, aquelas cobras imensas pelo braço. Mas pensando melhor, uma lagrima em baixo do olho, mostraria a todos que eu realmente sou durona e que já passei pela cadeia.Um burburinho vindo lá de fora, chama minha atenção e eu levanto quase que em um salto. Logo que chego à grade, posso ver John rodeado de policiais. Alguns mais novos, até pediam autografo.Quando ele me vê, vem rapidamente em minha direção e apoia suas mãos sobre as minhas, que agarravam a grade.— Você veio. — sussurro.— Claro que vim. Por que ela ainda está aqui dentro? — ele questiona, se virando para trás. — Eu já paguei a fiança.— Desculpa, senhor Davies.Um dos policiais abre a cela e eu
No dia seguinte a minha saída com John, eu tinha muita coisa a contar, para a minha amiga curiosa.Nós pegaríamos o turno da tarde e noite. Resumindo, iríamos ficar de duas da tarde até uma da manhã, gemendo e fazendo com que homens ou mulheres gozassem.— Isso meu gostoso. — gemo, enquanto lixo minhas unhas. — Goza pra mim. Ohhh...— Aí... gostosa. — o homem do outro lado da linha geme e eu posso escutar umas ultimas batidas de punheta. — Uau... sua voz é tão maravilhosa... gostaria de poder...— Foi ótimo passar esse tempo com você. Se quiser de novo, sabe para onde ligar. Time for sex, agradece seu orgasmo.
Corro para fora do departamento e aperto o botão do elevador rapidamente. John já devia estar para chegar e ele não poderia entrar.Assim que saio do prédio, estou ofegante. Só deu tempo de olhar para o relógio, quando escutei uma buzinada. Ando até o carro dele e entro, querendo matá-lo por ter me rastreado.— Eu sei. Foi errado. — ele diz. — Você estava chorando e ia fazer de tudo para não me contar, então eu tinha que dar um jeito. E então? O que aconteceu?Ao lembrar da recente ligação do homem da funerária, eu volto a chorar copiosamente. John me abraça rapidamente e passa a mão no meu cabelo.&m
Lilian se desespera.— Meu Deus! Social na casa de alguém famoso, com o John Davies e ainda vou conhecer o Dominic Davies! Pelo amor de Deus, Emma.— O que?— Nós temos que ir.— Ah... Eu... Eu acho melhor eu não ir. Larguei mais cedo do trabalho e amanhã vou dobrar. Preciso do dinheiro.Observo minha melhor amiga murchar e me dá um aperto no coração.— Bem, o convite foi feito. — John diz. — Emma, me leve até a porta?— Te levo ao térreo. Já volto, Lili.
— Eu ligarei mais vezes. Gosto de conversar com você...— Você é doido. — rio. — Mas obrigada por isso... eu realmente preciso desse dinheiro.— Até a próxima então. Espero ter boas notícias.— Tudo bem. Boa noite, bonitão.— Boa noite, linda.Sorrio boba, antes de desligar a ligação.Estava preparada para ir comer, quando meu chefe me chamou.— Sim?— Quem era na ligação?
Deviam ser quase sete da noite, quando alguém começa a esmurrar minha porta. Alguém não, Lilian.— O que você quer? — questiono, abrindo a porta.Ela me olha de cima a baixo, antes de invadir meu apartamento.— Estava dormindo?Olho minha imagem no espelho. Meu cabelo cacheado estava totalmente desgrenhado, parecia um ninho de passarinho, esqueci de tirar o rímel, o que me tornou um panda. E ela ainda me pergunta se eu estava dormindo.— Imagina. — resmungo, me sentando no sofá. — O que quer?— Te contar tudo da festa.Lilian falar da festa, me lembrou de John.— AI MEU DEUS! — grito, correndo para o banheiro. — JOHN CHEGARÁ DAQUI A POUCO.— John?— SIM! — respondo, já tirando o pijama. — Vai falando sobre a festa.No meu banheiro, tinha um box quadrado com parede
Chego mais para frente e passo meu braço pelo pescoço dele, agarrando em seus fios tingidos. A sincronia do nosso beijo e a forma com que ele acarinhava minha nuca, me fazia ter vontade de ficar ali para sempre.John parte nosso beijo e traz a mão que estava na minha nuca, até minha bochecha esquerda. Alisando ali, ele me encara e sorri.— Acho que esse foi o beijo mais sincero que já dei na minha vida.— Sincero? — gargalho. — É uma palavra interessante.— Apenas uma, das várias que posso dizer agora.— Dorme aqui? — pergunto, o pegando de surpresa.— Com você? Em qualquer lugar.[...]Minha coluna doía absurdamente, quando despertei. Estava com uma vontade enorme de esticar meus ossos, mas o baixo ronco que ouvi, me impediu.Ao olhar para cima, observo John dormir. Ele estava com a cabeça de lado e deita
Eu sempre fui muito cautelosa com as pessoas com quem me envolvia. Depois de Nicolas, eu me fechei para o sentimento e apenas dava uns beijinhos ou fazia sexo sem compromisso por ai. Mas desde o encontro que tive com John, a base de risadas, comida chinesa e vinho branco, toda a barreira que eu havia construído para manter o amor longe de mim, parecia estar desabando. E ele era o culpado daquilo.— Eu realmente preciso ir, baby. — diz, me dando um selinho. — Mando um carro vir buscar você às nove.— Eu trabalho amanhã cedo... devo levar roupa?John sorri.— Se você quiser dormir lá, será muito bem-vinda. Se não, eu te trago em casa a hora que quiser.— Eu já disse que você é um fofo? — pergunto, brincando com seu cabelo. — Agora vá! Não quero que se atrase.— Até mais tarde.John me beija