— Poxa, me entristece saber que eu convivi com uma colega de profissão todo esse tempo e sem saber.
— John, eu...
— Eu sei. Você pode explicar.
John estava sendo tão irônico, que eu não conseguia formar uma frase sequer, por puro nervosismo. Eu não me reconhecia. Quando confrontada, mesmo errada, sempre rebati qualquer pessoa. Mas não com John. Eu estava apavorada com o que podia acontecer.
[John]Me sentia sem rumo.No caminho para casa de Dominic, me pego pensando em tudo o que aconteceu. Me questiono se fui duro demais. Mas nada mais importava. Meu coração estava em pedaços mais uma vez.Quando cheguei na casa do meu irmão, joguei-me em seu sofá, enquanto ele destilava todo o seu veneno sobre Emma.— Eu sempre soube! — diz, rindo da situação. — Estava bom demais para ser verdade. Todo aquele papinho, de menina doce e inocente. Que mal tinha um celular para ligar, hahaha. GOLPE!— Dom! — coloco as mãos nos ouvidos, doido para que ele calasse aquela boca grande dele. — Por favor, fique quieto.— Logo agora que eu estou me sentindo glorioso por ter razão?— É mais importante para você ter razão, do que a felicidade do seu irmão? Nossa, Dominic. Obrigado.— Irm&
[Emma]Bato o pé no chão, nervosa por tal demora. Olho o celular mais uma vez, checando a hora e procurando alguma mensagem. Só então lembro, que não tinha como chegar mensagem alguma, já que eu tinha desativado minha linha telefônica.Olho em volta, encarando todas aquelas pessoas felizes e sorridentes pelo aeroporto, em busca de um rosto conhecido. Já estava a ponto de me arrepender das escolhas feitas, quando eu o vi.Me levanto e ajeito as malas ao meu lado, enquanto assisto Ryan andar apressadamente em minha direção.— Caramba! — ele resmunga, ofegante. — Você podia ter sido clara com o local onde estava.— Eu fui. Disse que estaria ao lado de uma lanchonete.Ryan bufa.— Já viu onde estamos? Tem milhares de lanchonetes aqui dentro. Você podia ter pelo menos tirado seu celular do modo avião.— Ele não está.— Bem, algo está errado. — ele diz, puxando uma de minhas malas. — Tentei te ligar e não ia.— É. Eu sei.Ele apenas me olha de lado. Imagino que minhas respostas monossilábic
— Eu sei de toda a verdade. Meu pai...— Seu pai mentiu, Emma.— Você não ouse desonrar a memória do meu pai! — aponto para ela, cheia de fúria. — Quem você pensa que é, para falar assim dele?— Ei, gente! — Ryan se aproxima, preocupado. — Não é para ser assim. Não briguem.— Ryan, nos deixe a sós.— Mamãe, eu não vou...— Vai. — ela diz, olhando nos olhos dele. — Eu quero falar com a Emma sozinha. — Ryan não parece querer sair. — Filho, eu estou bem. Juro. Preciso ter essa conversa com a sua irmã.Com muita resistência, Ryan concorda e vai para a cozinha. Permaneço em pé e com os braços cruzados, enquanto Ingrid se senta novamente na poltrona.— Não vai se sentar?— Estou bem assim.Ela ri.— Você e Ryan...— Somos iguaizinhos. Eu já sei. Agora pula para a parte em que você vai encher a memória do meu pai de mentiras.— Não é nenhuma mentira o que vou dizer.Continuo com os braços cruzados, esperando que ela diga o que tanto quer dizer.— Eu fui embora, porque descobri que seu pai ti
[MESES DEPOIS]— O doutor Al-Madini não tem agenda para essa semana. — murmuro, olhando a tabela no computador. — Somente para daqui um mês. Posso agendar? — a mulher do outro lado da linha confirma. — Ok. Marcado para as duas da tarde. Tenha um bom dia.Desligo o telefone e me empurro para longe daquela tela de computador.Há meses, quando Ryan disse que tinha uma entrevista para mim, a última coisa que me imaginei fazendo novamente, seria atender ligações. Ainda mais para um massoterapeuta árabe, que mal fala a mesma língua que eu. Mas era o que me fazia sentir útil e me ajudava a pagar os mimos que gostava de me dar.Meu celular toca e o nome de Ryan brilha na tela. Já eram cinco da tarde e aquela ligação significava que ele estava do lado de fora, a minha espera.— Estou saindo. — digo, arrumando tudo no lugar, visto que só voltava na segunda. — Um minuto.— Quer fazer alguma coisa hoje? Um bar? Balada?Torço o nariz e rio ao mesmo tempo. Ryan era filhinho da mamãe e não saia quas
— O que está vendo? — Ryan pergunta, aparecendo de repente.— É o John.— John? O seu John?— Ele não é mais o meu John. — respondo, com a tristeza na voz. — Olha. Parece que ele é o detetive principal.Ryan força a vista e me olha.— É impressão minha ou ele está olhando para cá? Torno a olhar para a praia, apenas para sentir meu coração parar. John olhava para onde estávamos e apontava, enquanto falava com pessoas ao seu lado.Quando percebo que ele está caminhando para sair dali, entro em desespero e puxo Ryan para a sala.— ELE ESTÁ VINDO PARA CÁ. — grito.— O que vai fazer?Não penso muito, começo a subir as escadas e apenas paro porque Ryan me chamou.— Eu vou me esconder. — digo, quando ele pergunta para onde estou indo. — John não conhece você. Se ele perguntar... enfim, eu não moro aqui e você nem sabe quem sou eu!Antes que ele perguntasse qualquer coisa mais, corro para o meu quarto e me enfio dentro do armário. Permaneço ali sentada, abraçada a minhas pernas, pelo que par
[John]— Nossa, que lugar quente. — resmungo, tentando abafar a blusa abotoada que usava. — Nós não podíamos ter feito essa cena dentro de um estúdio?— Podíamos, Davies. Mas para que faríamos isso, se temos esse paraíso a céu aberto, para deixar tudo mais realista?Dou de ombros e caminho até o lugar que seria gravado a próxima cena. Depois de três dias gravando em lugares diferentes, a cena da praia seria a última da primeira temporada.Enquanto gravamos, algumas pessoas observavam de seus decks. Minha parceira de cena, Melanie, aponta para uma criança que acenava de um deles. Quando aceno para a criança, observo as pessoas que estavam no deck ao lado.— Emma? — ofego, tentando enxergar melhor. — Ei, Mel... você vê aqueles dois ali? — aponto. — A mulher tem cabelo cacheado?Ela aperta a vista e afirma com a cabeça.— É. Tem um cara e... sim. A mulher tem cabelo cachea... JOHN, AONDE VAI?Eu não espero mais um minuto sequer. Vejo que as duas pessoas que estavam na sacada saem, mas co
[Emma]Quando chego em casa, solto o ar que estava prendendo desde que havia visto John no bar. Ao mesmo tempo em que o encontrar era tudo o que eu mais desejava secretamente, aquilo era apavorante. Nós magoamos um ao outro e não foi uma coisa fácil de superar.— Já voltou, filha? — Ingrid pergunta, fazendo com que eu a perceba sentada em sua poltrona de sempre. — Achei que você e Ryan voltaria mais tarde.— É... eu tive... tive um probleminha.Ela tomba a cabeça e bebe um pouco da água que tinha ali.— Quer conversar?Eu queria subir e me enfiar embaixo das cobertas como sempre, mas sentia que precisava despejar tudo o que havia dentro do meu coração.— Meu ex está aqui. — digo, me sentando no sofá a sua frente. — O ator.— Era ele gravando na praia?— Sim. Ele apareceu no bar e... tudo explodiu. Minha cabeça, minha sanidade, meu coração...Com certa dificuldade, Ingrid deixa sua poltrona e se senta ao meu lado. Ela me puxa para deitar-se em seu ombro e eu o faço.— Posso dizer o que
— Ir para Seattle? — pisco algumas vezes, ainda tentando processar. — Eu moro aqui, John.— Eu entendo que sua família está aqui, mas... e nós? Eu moro lá, meu trabalho é lá.— Eu sei, John. Eu sei. E eu me estabeleci aqui. — suspiro. — Não pretendo ir embora. Não estava nos meus planos.— Mas pode estar, não é?Encaro John e seu semblante esperançoso. Era nítido o amor que ainda acontecia entre nós, mas a última coisa que eu queria no momento, era meter os pés pelas mãos e fazer tudo desandar.— Vamos com calma, tudo bem? — peço, me aproximando dele. Passo meus braços pelo seu pescoço e brinco com seu cabelo. — Eu amo você, mas vamos devagar. Nós ainda precisamos conversar direito e... decidir quais serão nossos próximos passos.— Você quer ter próximos passos comigo?Eu adorava quando ele bancava o homem bobo apaixonado e fazia essas perguntas ainda mais bobas. Era sua melhor versão.— Eu quero o mundo com você, John Christopher Davies. Mas eu quero com cautela. Nós não podemos nos