[Emma]Quando chego em casa, solto o ar que estava prendendo desde que havia visto John no bar. Ao mesmo tempo em que o encontrar era tudo o que eu mais desejava secretamente, aquilo era apavorante. Nós magoamos um ao outro e não foi uma coisa fácil de superar.— Já voltou, filha? — Ingrid pergunta, fazendo com que eu a perceba sentada em sua poltrona de sempre. — Achei que você e Ryan voltaria mais tarde.— É... eu tive... tive um probleminha.Ela tomba a cabeça e bebe um pouco da água que tinha ali.— Quer conversar?Eu queria subir e me enfiar embaixo das cobertas como sempre, mas sentia que precisava despejar tudo o que havia dentro do meu coração.— Meu ex está aqui. — digo, me sentando no sofá a sua frente. — O ator.— Era ele gravando na praia?— Sim. Ele apareceu no bar e... tudo explodiu. Minha cabeça, minha sanidade, meu coração...Com certa dificuldade, Ingrid deixa sua poltrona e se senta ao meu lado. Ela me puxa para deitar-se em seu ombro e eu o faço.— Posso dizer o que
— Ir para Seattle? — pisco algumas vezes, ainda tentando processar. — Eu moro aqui, John.— Eu entendo que sua família está aqui, mas... e nós? Eu moro lá, meu trabalho é lá.— Eu sei, John. Eu sei. E eu me estabeleci aqui. — suspiro. — Não pretendo ir embora. Não estava nos meus planos.— Mas pode estar, não é?Encaro John e seu semblante esperançoso. Era nítido o amor que ainda acontecia entre nós, mas a última coisa que eu queria no momento, era meter os pés pelas mãos e fazer tudo desandar.— Vamos com calma, tudo bem? — peço, me aproximando dele. Passo meus braços pelo seu pescoço e brinco com seu cabelo. — Eu amo você, mas vamos devagar. Nós ainda precisamos conversar direito e... decidir quais serão nossos próximos passos.— Você quer ter próximos passos comigo?Eu adorava quando ele bancava o homem bobo apaixonado e fazia essas perguntas ainda mais bobas. Era sua melhor versão.— Eu quero o mundo com você, John Christopher Davies. Mas eu quero com cautela. Nós não podemos nos
A grande maioria dos dias em Malibu, eram quentes e ensolarados. Raramente uma chuva caia, deixando tudo cinza e frio.No meio do caminho para encontrar John, uma forte e pesada chuva cai. Ele liga dois minutos depois e eu já até imagino o assunto que vai tratar.— Pensei que não chovesse aqui. — ele diz, assim que o atendo.— Chove. Uma vez no ano, mas chove.— E precisava chover justamente no último dia de gravação na praia? Cancelaram tudo! Agora estão comprando as passagens para voltarmos a Seattle hoje.Me mexo desconfortavelmente no banco do Uber. Eu sabia que era o último dia de gravações, mas não que iriam embora de repente.— Onde você está? — ele pergunta, visto que não respondi sua última fala.— No carro. Estava indo encontrar você.— Não está mais? O que mudou?— Você. Indo embora agora.— Ah. — John solta uma risada. Aquilo era música para os meus ouvidos. — Não vou embora agora. Nem sei se eles vão conseguir comprar as passagens para hoje.— Entendi...— Vem. — sussurra
A chuva caia pesadamente do lado de fora da janela, enquanto eu e John ficávamos aninhados um ao outro, na cama desfeita por mais uma transa.O celular dele apita e depois de ver a mensagem que havia chegado, John solta o aparelho, suspira e me aperta contra si.— As passagens chegaram. O voo está marcado para as cinco da tarde.— Ah. — murmuro, com a tristeza me corroendo. — Então eu devo ir embora? Imagino que tenha muita coisa para arrumar.John me aperta ainda mais contra seu peito e beija meu cabelo desgrenhado.— Você não vai a lugar nenhum. A não ser que seja na sua casa para fazer as malas e vir comigo.— Não posso, John. — suspiro e me sento, olhando-o. — Quando morei em Seattle era sem cabeça e fazia o que me desse na telha, mas..., mas agora não posso mais fazer isso. Tenho um emprego sério, tem o Ryan, a...— Sua mãe, eu sei.— É. — brinco com o pouco pelo que John tinha no peito, deitando-me ali em seguida. — Não posso simplesmente ir. Preciso de um tempo.— Tudo bem, amo
Ainda aérea pela chegada e partida de John, levo um banho de água suja na saída do aeroporto. Mas nem o banho, a senhorita que sujou meu vestido com sorvete ou a viagem de uma hora de volta para casa sozinha, foram capazes de tirar a alegria que eu sentia.Assim que entro em casa, encosto-me na porta e fico repassando todo o dia em que passei ao lado dele. Cada toque; beijo; cada jura de amor trocada. Até os puns que John soltou, ficou em minha mente.— Merda. — murmuro, tocando minha boca. — Preciso voltar para Seattle.É. Está decidido. Vou pedir demissão do meu emprego, conversar com Ingrid e Ryan e ir. Ir para casa.— Ei, chegou! — Ryan aparece e me olha estranho. — O que aconteceu com você?— Só uma chuvinha.— Como foi?— Ah, Ry... foi incrível. — respondo, sentindo-me nas nuvens de imediato. — John é perfeito e eu... eu o amo demais. E eu tomei uma decisão.— É, eu estou vendo. Vem cá.Ryan abre os braços.— Eu estou suja e molhada.— Anda, Emma. Vem. Não gostamos de abraços, l
[SEMANAS DEPOIS]“Hoje será feita a leitura de testamento de Ingrid Clark, mãe de Emma Clark a namorada do nosso brilhante ator, John Davies.”Desligo a televisão completamente irritada por aquilo estar sendo noticiado na imprensa.— Não sei como ficaram sabendo disso. — Ryan diz, descendo as escadas.— Eu também não. Sabe que eu não falaria sobre isso com ninguém.— Não estou te culpando, Emma. É o peso que você carrega por namorar o ator.Sorrio ao ouvir ele falar a palavra namorar. Tinha alguns dias que John havia me pedido em namoro oficialmente por uma chamada de vídeo.— Você fica com cara de boba cada vez que eu menciono seu namoro.— Para! — empurro-o de leve. — Vamos logo.— Eles estão lá fora.— E? Como você disse. É o peso que carrego por namorar um ator.Ryan entrelaça seu braço ao meu e nós saímos de casa, quando sendo cegados por tanto flash. Como sempre fazia, Ryan me protege da melhor forma que consegue, até entrarmos em seu carro.Eu não era perseguida dessa maneira e
De última hora, Ryan decidiu que iria comigo para Seattle, com a desculpa de checar o estado do apartamento que nossa mãe havia me dado. Eu sabia que era para não ficar sozinho naquela enorme casa, que estava ainda maior sem Ingrid e sua risada envolvente, mas aceitei a desculpa dada.Disse a John que iria trabalhar e mantive o celular desligado até chegarmos. Ele adorava ligar por chamadas de vídeo, para saber o que eu estava fazendo. Parecia até que ele não tinha uma série para gravar.Na noite passada ele me ligou ansioso para saber sobre a leitura do testamento e eu contei. Apenas a parte de agora eu ser uma pessoa rica. Deixei para contar sobre o apartamento, quando já estivesse em Seattle.Antes de irmos para o hotel que eu havia reservado, Ryan e eu vamos até o meu antigo novo apartamento. A primeira mudança que noto, é o elevador. Ele sempre esteve desativado. Em todos os anos que vivi ali, jamais tinha visto aquilo funcionando.— Já é um avanço não precisar subir as escadas.
— Você tem certeza de que essa roupa está boa? — pergunto a Ryan, me olhando no espelho mais uma vez. — Não acha que está exagerado?Ryan rola os olhos, começando a ficar irritado com a minha indecisão.— Irmãzinha, se você não sair desse apartamento agora, para pedir o seu namorado em namoro, eu vou convidá-lo para o seu enterro.— Nossa... quanta impaciência. Tchau.Pego a bolsa que estava em cima da cama e visualizo o celular. O carro que chamei já estava quase chegando. Aceno para Ryan e desço, antes que o mesmo realmente me matasse.Eu não conseguia parar de pensar na conversa que tive com Lilian. Sentia falta das nossas noites de meninas, regrada de besteira e fofoca sobre homens; sentia falta principalmente de seu abraço quente e cuidado exagerado.Felizmente na vida, tudo é um ciclo. Sou bastante grata por toda felicidade que a amizade dela me proporcionou, mas eu não posso manter em minha vida, alguém que mentiu para mim e tentou destruir minha felicidade.A voz do motorista