|Bruna Pinheiro|
O carro estava se movimentando devagar, Nicholas permanecia em silêncio, preso a cadeirinha no banco de trás do carro Henry.Ele havia se oferecido para nos levar até o cemitério onde daríamos o nosso último adeus ao homem mais incrível que eu já tive a oportunidade de ter na minha vida.O silêncio ensurdecedor se propagou durante todo o trajeto, Henry abriu a porta para que Nic pudesse descer, e sai logo em seguida, segurando sua pequena mão com a minha.Caminhamos lentamente até onde os outros se encontravam. Algumas poucas pessoas que não compareceram à minha casa vieram na minha direção para me desejarem as condolências.Nicholas estava quieto ao lado do caixão, suas duas mãos estavam juntas na frente do seu corpo, dentro do seu pequeno terno que ele exigiu usar e seus óculos escuros.Lembro-me de um enterro de um amigo próximo de Thomas, antes da internação. Thomas estava parado com essa mesma pose, enquanto Nic tentava se mostrar tão sério quanto o pai.- Mãe! - Ele puxou a barra do meu vestido e eu o olhei. - pode me levantar? Quero ver o meu pai.Assenti e sorri fraco, o segurando nos meus braços. Me aproximei um pouco, e Nicholas o olhou atentamente, antes de sorrir:- Me dê os óculos do papai. - Ele pediu. Heather os tirou da bolsa, dando nas pequenas mãozinha de Nicholas.Ele os abriu sem jeito e se esticou um pouco, colocando o par de óculos no rosto gelado de Thomas.- Agora ele está pronto. - Ele sorriu, e se agarrou ao meu pescoço. Ouvi ele fungar um pouco e acariciei suas costas.- Vamos ficar bem, meu amor. - Eu sussurrei.- Porquê o papai tem que dormir para sempre? - Ele perguntou para nós duas.- Querido, existem coisas que não há explicação, nós só temos que aceitar. - Heather explicou. - somos apenas nós três agora, prometo nunca deixar que você se esqueça de Thomas.- Eu nunca esqueceria o meu pai. - Ele fez uma cara séria.Meu menino era tão pequeno e ainda assim, tão maduro. Eu me orgulhava do trabalho que havia feito, sabendo que Thomas tinha lutado muito para transformar o nosso menino na pequena pessoa que é hoje.₩O enterro passou tão rápido quanto começou, as lágrimas voltaram a molhar meu rosto novamente enquanto a areia era jogada sobre o caixão gelado. Me perguntei o motivo de tudo isso diversas vezes e concluí que o mundo não o merecia.. Thomas era bom demais para esse plano.Voltando para casa no carro de Henry, Nicholas acabou pegando no sono no banco de trás. Retirei meus saltos, na intenção de pegá-lo no colo e levá-lo para dentro. Mas Henry foi mais rápido, com uma facilidade, retirou Nich do carro e o apoiou no seu ombro, sorri fraco, enquanto caminhávamos para dentro a passos rápidos. Era uma cena adorável.Girei a chave na fechadura e empurrei a porta para dentro, dando passagem para que ele pudesse entrar.‐ Vamos levar ele para o quarto. - Falei baixo, subindo as escadas lentamente.Henry me acompanhou, andamos até a segunda porta do corredor e eu a abri devagar. Estava tensa. Henry passou ao meu lado e posicionou Nich na cama. Liguei o ar condicionado e retirou seu smoking minúsculo e seu tênis. Ele acordaria a qualquer momento e se livraria da blusa e das calças. Eu conhecia meu menino.Descemos em silêncio, me sentei no sofá e puxei meus cabelos em um rabo de cavalo. Respirei fundo, enquanto relaxava sobre o estofado.- Como você está se sentindo? - Ele perguntou calmamente.- Bem, eu acho. - O encarei.- Podemos conversar sobre Nicholas? - Ele perguntou e eu encarei o lustre por alguns segundos antes de assentir.- Podemos. - Mordi o canto da boca e desviei os olhos.- Ele é meu, não é? - Ele perguntou baixo, levei meus olhos até ele e fiquei em silêncio por algum tempo, antes de conseguir falar qualquer coisa.- Sim. - Eu disse por fim.Senti como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas, quase como se eu tivesse me livrado de todos os meus problemas. Thomas deveria estar orgulhoso.- Porquê não me contou? Porquê não foi atrás de mim? - Ele estava nervoso.Henry se levantou e passou as mãos pelos seus cabelos, andando para os dois lados da sala. Parecia que abriria um buraco sobre o tapete a qualquer momento.- Eu não tive coragem, você estava tão feliz com a Sofia, não queria te atrapalhar. - Falei baixo.- Você ignorou todas as minhas cartas ou está fingindo que não sabe de nada? - Ele disse um pouco alto.- Não fale alto comigo, Henry. - Disse no mesmo tom que o seu. - E não, eu não li. Não sabia da existência dessas cartas até ontem de manhã.. eu acabei de perder o meu marido, o único homem que me amou de verdade na droga desse mundo, pare de ser um egoísta mimado, pare de olhar só para o seu umbigo. Eu estou sofrendo, droga!Henry ficou estático no lugar algumas vezes. Ele passou suas mãos freneticamente sobre o rosto, antes de se sentar ao meu lado e me agarrar em um abraço.Desabei em seus braços, sentindo todo o meu corpo relaxar enquanto eu liberava a tristeza.- Eu só queria ter feito para da vida dele. - Ele disse baixo e eu me afastei, olhando para os seus olhos.- Henry, me desculpa, eu.. - ele me interrompeu.- Não julgo sua atitude, eu fui um babaca com você, eu fui egoísta e idiota.. pensei somente em mim, e em mais nada. - Ele começou a falar rapidamente. - eu não vou te odiar, eu não vou brigar com você.. mas, você tem noção de como eu me sinto quando ouço Nicholas falar que Thomas é o pai dele?- Ele não tem culpa. - Eu sussurrei.- Ninguém tem, você só queria cuidar do nosso pequeno.. - ele fungou um pouco. Eu nunca tinha visto Henry chorar assim. - Eu te entendo, Bruna. - Ele sorriu fraco.A porta foi aberta repentinamente, Heather entrou com uma mochila e sorriu quando nos viu:- Último desejo do Thomas? - Heather sorriu fraco e jogou sua bolsa na poltrona.- Último desejo. - Eu completei.- Vai ficar, Henry? - Ela perguntou, levantando uma sobrancelhas.- Não, eu preciso ir. - Ele se levantou, secando as mãos na calça. - Cuide bem dele, amanhã eu volto para vê-lo. Apenas assenti, o acompanhando até a porta. Já era noite, a lua estava alta no céu. Entrei e tranquei a porta.Heather estava jogada sobre o sofá, jogando um jogo qualquer e entretida demais. Alguns segundos depois, Heather jogou seu celular para o lado, antes de tirar um bolo de cartas velhas, com folhas amareladas de dentro da mochila.- Eu sai do hospital antes de você chegar para buscar isso, Thomas pediu esse favor.. - Ela segurou o choro. - Era um dos seus últimos favores.- Obrigada. - Disse com um sussurro. - Acho que vou dormir.Heather assentiu, me aproximei e dei um beijo casto na sua cabeça, antes de subir e ir para o banheiro. Tomei um banho rápido, e sai com o meu roupão do cômodo. Olhei para as cartas sobre a penteadeira e decidi pegá-las sobre a mão. Se minha contas estivessem certas existiam setecentas e trinta cartas embrulhadas.Peguei a última, imaginando que tipo de despedida existia ali. Rasguei o envelope, era fino. Apenas uma folha."Bruna,Hoje, desisto oficialmente de uma resposta sua. Após 730 cartas, 730 dias, 17,520 horas e alguns longos minutos, eu finalmente, decidi deixar que você fosse livre.Eu sei que você está com Thomas agora, não tenho muitas notícias de você.. As pessoas comentam sobre o quão forte e decidida você é. Eu soube do seu trabalho impecável na empresa, inclusive, que negou um convite de jantar de negócios.. eu estaria lá, mas disso, você já sabia, não é?Eu só queria te lembrar uma última vez o quanto eu te amo e como você é tudo para mim. Eu não sei como eu te perdi, mas eu daria tudo para te ter de volta. A saudade está me matando.Eu te amo, Bruna V. Coleman, mesmo que você esteja nos braços de outro. Seja feliz, meu amor, por nós dois.Para sempre seu,Henry C."₩Comentem e votem!|Bruna Pinheiro| Nicholas balançava suas pernas rapidamente, ele tinha essa mania. Seus cachos negros caindo para os lados, seus olhos azuis vidrados no desenho que passava em seu Tablet. Eram seis da manhã, estávamos tentando voltar a nossa rotina, agora, sem Thomas. Nicholas comia waffles com suco de maracujá, e eu terminava meu café com pressa, tentando acabar a tempo de leva-lo para a escola. Eu precisava ajustar meus horários. Meu celular vibrou sobre a madeira e eu levantei meus olhos até ele."Oi, bom dia! Já acordada? Como Nic está?" - HenryDei um pequeno sorriso, feliz pela aproximação de Henry. Eu não podia impedir que eles criassem laços, afinal, eram pai e filho e Henry tinha esse direito. — Querido? — Chamei Nicholas. Ele me encarou com seus olhos azuis bem abertos e com o rosto sério. Sorri. — Você se lembra daquele moço, o Henry? — Perguntei e ele assentiu freneticamente. — Bom, você sabe quem ele é? — Não, mamãe. —Nicholas pegou seu copo e bebeu o resto do suco.
|Bruna Pinheiro| Desci as escadas, chegando a sala. Passei as mãos nos meus cabelos nervosamente, tentando não demonstrar o quão abalada o homem me deixava. Sorri para Nicholas. Ele estava sentado na sala, com os pés no encosto do sofá e a cabeça para fora do sofá, seu tablet estava ligado em um desenho infantil e ele parecia desinteressado. — Nicholas, se ajeite. — mandei. — vai subir sangue para a cabeça. Ele bufou um pouco e se ajeitou, colocando as pernas para cima do sofá e se deitando.— E não bufe para mim. — repreendi.— Desculpe, mãe. — Ele disse da sala. Fui até o fogão e abri o forno, dando uma última olhada na lasanha. Desliguei o forno e abri a geladeira a procura de um pouco de água. A companhia tocou e eu andei preguiçosamente até lá. Nicholas olhava atento para os meus movimentos.Olhei pelo olho mágico e percebi Henry, ele tinha um saco de presente em mãos e parecia nervoso. Nicholas dava esse efeito no pai. Girei a maçaneta e puxei a porta para dentro, ele sor
|Bruna Pinheiro| As mãos fortes de Henry passeavam por todo o meu corpo, enquanto seus beijos desciam pelo meu pescoço me fazendo arrepiar por completo. Suas mãos pararam na barra da minha camisa e ele puxou para cima, me deixando somente com o sutiã, ele espalhou beijos pelo vale dos meus seios e abriu o meu sutiã, olhando hipnotizado para ambos. Mordi os lábios. Henry sugou um dos meus peitos, me fazendo soltar um gemido baixo e controlado, enquanto a sua mão brincava com o bico do outro. Me levantei, invertendo a posição e ficando por cima. Henry passou os dedos pelos meus cabelos e sorriu. - Eu sonhei tanto com isso. - Ele sussurrou. Voltei a encaixar nossas bocas, sentindo meu corpo inteiro se arrepiar. Nossas bocas pareciam ter sido feitas uma para a outra, Henry me acariciava e fazia com que eu me sentisse tão amada quanto Thomas. Thomas! Thomas! Abri os olhos e me afastei de Henry que me olhou co
Corri os olhos pela sala a procura de algo. Nicholas tomava seu café sentado sobre a mesa e parecia calmo enquanto assistia a algum desenho no seu tablet. Não demorou muito para que desviasse o olhar para mim e sorrisse.— Pronto? — perguntei. Ele apenas pulou da cadeira e assentiu. Nicholas correu até o sofá e se sentou, enquanto eu termina de colocar seu lanche na lancheira. — Bom dia. — a voz de Henry ecoou grossa pelo recinto. O olhei sorrindo. — Bom dia. — desejei. — Bom dia. — Nicholas desejou manhoso. — Ainda com sono, campeão? — Ele se aproximou e beijou a testa de Nicholas. Os cachos bem definidos do mais novo brincando em sua cabeça. Sorri. — Bom, temos que ir. — Falei, pegando a minha bolsa e as chaves do carro. — Tão cedo. — Henry gemeu.— Sim, não é, Nich? — ele assentiu e pegou a lancheira da minha mão.— Vamos, estou animado. — Ele andou
Esse capítulo contém cenas de sexo explícito, se não gosta, pule.†— Thomas não iria gostar se te visse assim. — Heather resmungou. — Assim? — Levantei uma das sobrancelhas e mordi o canto da boca. — Negando o que sente por Henry, é sério.. — ela revirou os olhos. — dá para ver a quilômetros, os olhos dele brilham. — Eu não posso ser tão fácil assim, Heather, você não entende. — Voltei minha atenção aos meus pés. Nicholas havia saído a pouco com Henry, foram passar o dia juntos. Eu precisava me acostumar com isso. Heather aproveitou e veio conversar comigo o resto do dia, e cá estamos, no meu quarto pintando as unhas. — Afinal, já se passaram cinco anos. — ela me encarou. O esmalte preto brilhando nas suas mãos. Fiz uma careta: — Eu não posso ser tão fácil, ele não me pediu desculpas. — Encarei Heather, enquanto ela mantinha sua testa franzida e lábios comprimidos, sua expressão de concentração.
— Mãe, onde está o meu pai? – Nicholas perguntou, se sentando no sofá. Era sábado, a alguns meses Henry havia tirado todos os fins de semana para Nicholas. Eu ainda me sentia um pouco culpado por tudo que rolou, então o evitei por algum tempo. — Ele teve de ir para a casa da vovó, amor. – eu disse e depositei um beijo na sua testa. — Eu quero ir pra casa da vovó também. – fez bico. — Mamãe irá fazer o possível, tudo bem? – eu disse e ele assentiu. Terminei de preparar o almoço e nos servi, o cheiro da comida preenchendo o ar, enquanto eu e Nicholas assistíamos a um filme juntos. Coloquei todos os pratos na lavadoura de pratos e me deitei com Nicholas no sofá, pronta para mais um filme. Não demorou muito para que o meu menino pegasse no sono aconchegado nos meus braços. Meu celular tocou ao meu lado, passei pela janela e reparei nas janelas respingadas pela chuva. O frio bateu contra o meu corpo arrepiando meus pel
O avião pousou. O sol já estava no céu, eram seis da manhã. Puxei meus cabelos em um coque no topo da cabeça e bocejei um pouco. Descemos do avião, um carro se encontrava não muito longe dali, o motorista que costumava andar comigo e Henry se mantinha parado na frente do carro com seus óculos escuros e feição seria. — Senhora Coleman. – Ele disse, abrindo a porta. – Senhorita Heather.— Eai, grandão. – Heather disse animada. – Sentiu minha falta?O homem sorriu fraco, enquanto fechava a porta ao nosso lado. Ele embarcou na frente e deu partida. Não demorou muito para o carro sair da pista de pouso e eu começar a ver a vida agitada da Califórnia, as muitas pessoas andando e cuidando de suas próprias vidas fúteis e, na maior parte, vazias. O sol estava fraco, como de costume, as pessoas andavam com vestidos leves e bermudas para todos os lados, jovens falavam em seus celulares e tomavam sorvete. Era adorável. O carro entrou em
‡O carro parou na frente do grande edifício. O motorista abriu a porta ao meu lado e eu desci, colocando os óculos escuros. Caminhei até o homem parado na frente do lugar com uma pasta em mãos e um sorriso cordial no rosto.— Bom dia. – Estendi a minha mão e o homem apertou. — Que bom que chegaram, senhoras Coleman. – Ele disse e saiu na minha frente. Subimos o elevador e paramos na cobertura. Era enorme, com quatro suítes, uma piscina, cozinha e sala ampla. A casa era perfeita e a mobília davam um ar requintado a casa. — Vamos fechar negócio. – Heather disse animada e bateu palmas. — Não vejo o motivo para não fazermos. – sorri. Me virei para o homem alto que falava ao celular. Ao me encara, sorriu e se despediu, se aproximando.— E então? – Perguntou. Seus olhos brilhavam em expectativa. — Vamos fechar. – Murmurei. — É um ótimo negócio, senhora Coleman. – ele sorriu. –