capítulo 04

|Bruna Pinheiro|

Nicholas balançava suas pernas rapidamente, ele tinha essa mania. Seus cachos negros caindo para os lados, seus olhos azuis vidrados no desenho que passava em seu Tablet.

Eram seis da manhã, estávamos tentando voltar a nossa rotina, agora, sem Thomas. Nicholas comia waffles com suco de maracujá, e eu terminava meu café com pressa, tentando acabar a tempo de leva-lo para a escola. Eu precisava ajustar meus horários.

Meu celular vibrou sobre a madeira e eu levantei meus olhos até ele.

"Oi, bom dia! Já acordada? Como Nic está?" - Henry

Dei um pequeno sorriso, feliz pela aproximação de Henry. Eu não podia impedir que eles criassem laços, afinal, eram pai e filho e Henry tinha esse direito.

— Querido? — Chamei Nicholas. Ele me encarou com seus olhos azuis bem abertos e com o rosto sério. Sorri.

— Você se lembra daquele moço, o Henry? — Perguntei e ele assentiu freneticamente. — Bom, você sabe quem ele é?

— Não, mamãe. —Nicholas pegou seu copo e bebeu o resto do suco.

— Vamos nos sentar na sala. — Chamei, puxando suas mãozinha e indo até o sofá.

— Ele é meu pai também? — Ele perguntou assim que nós nos sentamos. Ele era tão esperto.

— Você gostaria que fosse? — Levantei uma das sobrancelhas.

— Não sei, ele não é igual ao meu pai Thomas. — Ele deu os ombros.

— Você não o conhece ainda. — Repreendi.

Não era por ser Henry, não gostava que pessoas fossem julgadas pelas aparências e explicava para Nicholas sempre que precisávamos conhecer alguém antes de julgar.

— Eu sei, mãe, eu só não quero esquecer meu pai. — Ele me encarou. — sabe, eu tenho medo de você ficar com o tio Henry e esquecer do meu pai Thomas.

— Isso nunca iria acontecer, meu pequeno. — Beijei sua cabeça.

Cinco anos, ele só tinha cinco anos. Eu não conseguia entender em que lugar do mundo ele havia aprendido tantas coisas.. eu me sentia tão orgulhosa.

— Nunca, nem mesmo em mil anos. - Eu falei e ele sorriu. - Você ficaria feliz de ter uma pai como Henry? 

- Um pouco.. - Ele riu fofo.

- E se ele viesse para jantar com você hoje? - Levantei do sofá, caminhando até a sua lancheira que estava no balcão.

- Seria legal. - ele se aproximou. Sua mochila já estava em suas costas.

- Está pronto? - Ele assentiu com a cabeça.

Peguei minha bolsa e lhe entreguei sua lancheira. Saímos de casa e fomos para a garagem, entramos no carro e eu dei partida.

Não demorou muito para que chegássemos a escola de Nicholas, ele sorriu antes de pular do carro e correr para a sua professora que o aguardava na entrada. Acenei para ela.

Deu partida indo direto para a empresa, eu precisava colocar alguns trabalhos em dia e cuidar de algumas contas. O trânsito estava calmo naquela manhã, cheguei alguns minutos mais cedo e fui para a minha sala, cumprimentando algumas pessoas que ficavam espalhadas pela empresa.

Liguei meu computador e respondi alguns e-mails importantes, analisei alguns papeis e ajeitei algumas planilhas para a reunião da próxima semana.

O alarme tocou e eu revirei os olhos, era horário de almoço. Analisei meu nível de fome e decidi não sair, levando em consideração, os meus diversos atrasos. Voltei a revisar alguns números novamente e fazer algumas contas, algumas alterações.

Alguém bateu na porta algumas vezes, chamando a minha atenção. Levantei meus olhos e respirei fundo, revirando os olhos.

— Entra. — Murmurei, voltando a fazer meus cálculos.

— Ainda não foi almoçar? — A voz grossa de Henry preencheu o ar e eu o encarei.

— Ah, oi. — Sorri fraco. — Ainda tenho alguns assuntos para resolver, alguns papéis para revisar.

— Sabe que pode fazer isso em casa. — Ele levantou uma das sobrancelhas e cruzou os dedos na frente do seu corpo.

— Não, não posso. — Respirei fundo. — Eu tenho Nicholas e isso não é permitido pelas normas da empresa.

— Bruna, Você é mãe do meu filho, ex mulher de um Coleman, isso não é o suficiente para você? — Ele bufou. — Deveria aproveitar seus privilégios.

— Não quero privilégios, Henry, e também não quero deixar o tempo do nosso filho para coisas de trabalho. — Falei alto, perdendo a minha paciência. — Eu não quero ter que dividir o Nicholas e isso dentro da minha própria casa.. ele só tem a mim agora.

— Ele também tem a mim. — Ele franziu a testa.

— Não é a mesma coisa. — Eu disse baixo. — Me desculpa, Henry, mas não é.

— Então me diga como fazer para ser.

— Vocês não se conhecem ainda. — Eu disse séria, fungando. Eu odiava ser tão sensível. — Vá jantar lá em casa hoje.

— Ok, eu vou. — Ele disse calmo e sorriu. —E você vai almoçar agora, Nicholas não merece uma mãe doente.

— Ok, você venceu. — Respirei fundo.

Ele sorriu abertamente. Tranquei a sala e saímos juntos, atraindo olhares de todos os presentes na empresa. Eu odiava as fofocas que rondavam esses corredores.

Fomos para um restaurante que tinha ali perto, pegamos uma mesa e escolhemos nossos pratos. Estava me sentindo a mesma jovem de cinco anos atrás... as borboletas, ah, elas estavam presentes!

Pedimos, e em meio a uma conversa sobre Nicholas, aproveitamos o nosso almoço, conversando sobre algumas partes administrativas da empresa. Acabei me empolgando com a conversa, e acabei contando sobre as primeiras palavras de Nicholas, seu primeiro dente e os problemas que tivemos com o primeiro resfriado. Henry ouvia tudo com bastante atenção, sorrindo e babando nas fotos que eu mostrava de Nicholas.

— Ele é a criança mais madura que eu conheço. — Eu comentei, comendo um pedaço da minha torta de limão.

— Tanto quanto você? — Ele riu.

— Não, ele só é teimoso como eu. — Dei os ombros. — Ele só se inspirou em Thomas.

— Uau. — Henry desviou os olhos e mexeu um pouco no seu bolo de chocolate. — Ele gosta mesmo do Thomas, não é?

Assenti, respirando fundo, toquei sua mão por cima da mesa:

— Não o culpe, Thomas foi a única imagem de pai que ele teve até agora.. — Fiz uma pausa, engolindo o seco. — E por culpa minha.

— Não, Bruna, não foi culpa sua. — Ele me encarou pela primeira vez. Seus olhos estavam mais azuis agora. — A culpa foi minha, eu afastei você, eu trai você, eu te neguei no altar.. eu deixei você ir embora. — Ele passou os dedos nervosamente nos seus fios negros. — Thomas foi melhor para você do que eu, e eu entendo isso, eu só queria poder voltar no tempo, eu queria poder ter aceitado.. eu queria ter visto o quão ruim e tóxica Sofia era, mas eu não consegui enxergar isso. — Ele segurou meus dedos. — Eu vejo agora, que você era a única coisa que eu precisava.

— Henry.. — Balbuciei.

— Não, tudo bem. — Ele me encarou sorrindo, seus olhos estavam vermelhos. — Eu entendo que você não me ame mais, mas.. eu prometo, eu vou cuidar de vocês.

— Obrigada, Henry. — Eu sorri fraco.

Encarei meu prato e bebi um gole d'água, peguei meu celular e desbloqueei o ecrã. Já estava na hora de voltar.

— Precisamos ir. — Avisei.

Henry assentiu em silêncio, sorriu fraco e chamou o garçom. Após uma pequena discussão,  Henry pagou toda a conta com o seu cartão.

Saimos do restaurante e fomos andando até o grande prédio, nos dividimos no Hall de entrada.

— Mamãe. — Nicholas gritou.

— Oi, meu amor. — Eu falei.

Nicholas me esperava na entrada do grande prédio onde Heather morava. Ela trabalhava em casa, então havia topado tomar conta do pequeno enquanto eu fosse trabalhar.

— Obrigada, Heather. — agradeci. — Não sei o que seria de mim sem você.

— Realmente, seria uma vida um tanto triste. — Ela disse e eu revirei os olhos rindo.

— Até amanhã, tia Heather. — Nicholas disse fofo e acenou.

— Até amanhã, meu pequeno artista. — Nicholas sorriu, ele entrou no banco de trás e se sentou em sua cadeirinha.

Entrei no banco do motorista e me virei para trás, predendo-o calmamente. Ele balançou suas pernas animado e ligou seu tablet.

— Hoje teremos visita. — informei.

Nicholas tirou os olhos do aparelho, me encarou , fez uma careta e finalmente perguntou:

— Quem?

— O tio Henry. — Falei e o encarei pelo pequeno espelho.

— ah. — foi tudo o que ele disse.

— Tudo bem por você? — Levantei uma das sobrancelhas.

— Sim. — Ele deu de ombros.

Sorri, soltando o ar que nem sabia que segurava.

— Mamãe. — Ele me chamou.

— Sim? — Perguntei, parando no sinal vermelho.

— O Tio Henry é meu pai? — Ele perguntou.

Droga, ele está realmente empenhado em descobrir isso.

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