— E-ele tem... tem olhos azuis... c-como os seus — Hanna balbuciou, à medida que a forte emoção inundava seu peito.Ela mal podia conter os sentimentos e emoções. Eram tantos que mal cabiam em seu peito. Desde o primeiro instante em que se aproximou, ou de quando se sentou tensa naquela poltrona, ao momento em que a equipe responsável o tomou nos braços até que ela o tivesse finalmente em seu colo, um pequeno pacote morninho que, embora tão, mas tão leve, era o fardo emocional mais pesado de sua vida. Hanna carregava tanta culpa, remorso, medo, amor... como colocar tudo aquilo em meras palavras?Ela só conseguia sorrir enquanto chorava, olhando para ele. Ali, não via mais ninguém, não percebendo o quanto todos ao seu redor também se enterneciam, com lágrimas nos olhos e o coração forte. O corpo de enfermeiras que o cuidava dia e noite sentiu o acalanto no coração quando os bipes de monitoramento do bebê moveram-se, indicando que o pequeno e frágil coração parecia finalmente sentir e r
Ela sugou o ar lentamente enquanto tentava relaxar o pescoço e aliviar a tensão sobre seus ombros. A cada minuto, seus olhos azuis se voltavam para a porta, e seu coração não conseguia se acalmar em seu peito. Dedos agitados e um pouco trêmulos executavam tudo o que ela havia aprendido com David. Seguindo as linhas brilhantes à sua frente, ela via informações restritas, cruciais e extremamente importantes coletadas por Nicolas nos últimos dois anos sendo transferidas para a unidade de dados móvel conectada àquele computador.De repente, algo grande, brilhante e precioso chamou sua atenção. Sara não sabia como, tampouco o porquê, mas havia encontrado o dito "Santo Graal" de Nicolas: um perfeito e completo mapa do futuro do Grupo Botanic. Seus lábios se curvaram levemente, e, enquanto se preparava para arrastar a informação para si, a porta se abriu de repente, assustando-a e fazendo com que puxasse o pendrive rapidamente, escondendo-o entre os dedos da melhor maneira possível.Ah, aque
“O indivíduo infiel é tão perigoso quanto o mentiroso. Ambos são fracos, ingratos e constroem castelos sem fundações.”Ela encarou o espelho de sua penteadeira naquela manhã, enquanto tinha uma caixa de veludo, daquelas que se guardava joias, a sua frente. Hanna Scrudell, não era uma mulher do tipo extremante vaidosa cuja vida e sentido giravam entorno apenas das ‘nuances’ da beleza, do caro, do ser, e do possuir, muito embora ela tivesse e pudesse ostentar uma vida assim, ou um closet de roupas caras, sapatos, bolsas e acessórios. Ela poderia se dar ao luxo de ser uma mulher mimada que vivia em clínicas e salões como uma boa socialite de capa de revistas. No entanto, ela não era assim. Era uma mulher muito simplista em seu dia-a-dia e apoiava-se em outras causas para satisfazer-se. Era também inegável seu bom gosto e sua delicadeza, bem como uma feminilidade e presença marcante onde quer que estivesse, e ela sempre estava em vários lugares, porque sua vida exigia isso. Sua imagem era
Ela havia tirado aquele pequeno tempo como costumeiramente fazia com a melhor amiga, era quase um hábito diário ambas almoçarem juntas. Estavam no restaurante favorito delas e à medida que os pratos eram colocados frente as mulheres, comiam e conversavam. Hanna, naquele momento, expunha a amiga todo o seu desconforto e insegurança que a assolava. Ela até poderia ser uma mulher madura e firme, uma incrivelmente linda e bem sucedida, mas ainda assim uma mulher, e como qualquer outra naquela situação enxia-se de inseguranças e incertezas.Os olhos verdes esmeraldinos de Susan, sua melhor amiga, encontraram os seus azuis-violeta e ela falou:— Bobagens suas, Hanna! Quer dizer... Aquele idiota é louco por você, ele a ama e é completamente apaixonado, bom, pelo menos é o que ele sempre demonstra, e sinceramente não vejo dúvidas pela forma que ele te olha.— Parece, não é? — esboçou um sorriso triste — às vezes eu olho nos olhos dele, e os azuis que me apaixonei parecem tão... Perversos... ‘
O ponteiro do relógio marcava onze em ponto. Tudo estava escuro e silencioso. Ele fechou a porta atrás de si, deixando as chaves no porta-objeto que tinha no aparador de entrada. A casa em geral estava escura, mas alguns pontos ainda tinham a iluminação fraca, do semelhante à meia luz. Em silêncio ele caminhou até onde essas luzes ainda estavam acesas, o que o levou até a sala de jantar, os olhos azuis contemplaram a mesa posta tão perfeita, mas completamente intocada. Foi inevitável não esboçar uma face frustrada, bufou sabendo que havia, sim, feito algo estupido mais uma vez, e não poderia iludir-se acreditando que não era intencional, afinal, escolheu atrasar-se.Ele subiu as escadas ouvindo ao longe, baixinho, a música que tocava. Entrou no quarto do casal largando a bolsa; tirou o paletó e afrouxou a gravata desfazendo o nó pôr fim a tirando. Que ela estava em casa era um fato, mesa posta, música ligada e carro na garagem…Cama feita, e o perfume dela pelo lugar. E como ele amava
Pagaram a conta no café e seguiram no carro da Scrudell para o endereço que ficava em um movimentado centro comercial que elas conheciam bem, faziam compras ali afinal, era lugar muito bem frequentado pelos tipos de loja que tinham ali. Hanna estacionou o carro frente ao endereço contemplado calada o grande e luxuoso letreiro da fachada daquela joalheria.Sentiu seu coração apertar no peito.— Compraremos joias, é isso? — perguntou a rosada com certa ironia, então viu uma seriedade obscura nos olhos geralmente tão doces e serenos de Hanna, ela desafivelou o cinto e abriu a porta do carro sendo seguida pela Uckermann.Foram bem recebidas e sem muitos rodeios, Hanna foi direto ao ponto.— Meu marido fez uma compra nesse estabelecimento a três dias, eu… — hesitou — quero confirmar a compra.Sem muitas informações, ela logo estava falando com uma vendedora experiente que a ajudou e localizou assim a bendita compra. Susan apenas via e ouvia calada analisando cuidadosamente.Um catálogo for
Aquela era uma viagem relativamente tranquila, apenas quarenta minutos de carro até os arredores de Estermond onde havia uma imensa propriedade que era de posse de Hector Sanches. Apenas mais um dos compromissos que o casal fazia juntos, embora aquele em especial fosse um prazer para Hanna, que visitaria a família, e um martírio para Nicolas, que tinha de aguentar o sogro e monstrinha da cunhada. Isso se, com sorte, não encontrar mais Sanches que o detestava reunidos, o que era uma chance imensa dada a circunstância que iam.No som, tocava uma música suave e bem atual, e era somente aquele som que havia entre eles. Para Nicolas, era normal àquela altura ele ficar ouvindo Hanna falando de algo com empolgação, compartilhando alguma fofoca, ou apenas com seus pequenos planos e acontecimentos, mas ela estava apenas lá: calada, aborrecida claramente, e ele não sabia o porquê ou exatamente o que fazer. Aliás, ele sabia exatamente o que fazer, mas talvez fosse fraco demais, assumia… Havia co
— É um evento beneficente, preciso estar lá ainda, né? — disse Hanna com o telefone preso entre o ouvido e o ombro enquanto contorcia-se calçando seus saltos.— Como estão as coisas? Alguma novidade?Um suspiro longo de Hanna.— O advogado levantou o que precisava, o detetive que me indicou já está agindo... Não sei mais o que fazer.— Esperar, né?— 'To tão nervosa, Susan, e se eu estiver me precipitando e se...— Chega de “e se” ... Respira Hanna. Dá um tempo para você digerir, absorver. Você quer e precisa de respostas.— Claro!— Eu to aqui, sempre.— Obrigada.— Então... Espero que esteja no mínimo deslumbrante para essa festa.Hanna fitou-se no espelho, mas não encontrou o reflexo de sempre, apenas bufou. Um barulho na porta a despertou.— Preciso desligar agora, nos falamos depois. Beijo.Ela colocou-se completamente ereta, finalmente encarando o espelho de corpo inteiro. O vestido azul-royal era longo, havia uma cava nas costas e um decote em v profundo na frente. O modelo tin