“O indivíduo infiel é tão perigoso quanto o mentiroso. Ambos são fracos, ingratos e constroem castelos sem fundações.”
Ela encarou o espelho de sua penteadeira naquela manhã, enquanto tinha uma caixa de veludo, daquelas que se guardava joias, a sua frente. Hanna Scrudell, não era uma mulher do tipo extremante vaidosa cuja vida e sentido giravam entorno apenas das ‘nuances’ da beleza, do caro, do ser, e do possuir, muito embora ela tivesse e pudesse ostentar uma vida assim, ou um closet de roupas caras, sapatos, bolsas e acessórios. Ela poderia se dar ao luxo de ser uma mulher mimada que vivia em clínicas e salões como uma boa socialite de capa de revistas. No entanto, ela não era assim. Era uma mulher muito simplista em seu dia-a-dia e apoiava-se em outras causas para satisfazer-se. Era também inegável seu bom gosto e sua delicadeza, bem como uma feminilidade e presença marcante onde quer que estivesse, e ela sempre estava em vários lugares, porque sua vida exigia isso. Sua imagem era sempre bem cuidada e zelada, porque do lado de fora, ela não representava apenas a si mesma, Hanna Scrudell não era apenas uma simples mulher, ela era também um sobrenome, uma herança e tantas outras coisas a mais.
Por um instante apenas, encarando-se, ela suspirou pesadamente, parando assim o gesto de colocar os brincos que escutava antes. Muita coisa atormentava naquele momento os seus pensamentos. A mente inquieta apenas pensava, e pensava, e justamente por isso ela levantou a mão esquerda, que carregava a sua aliança de casamento, e juntinho dela o anel de noivado que ela sempre carregava com todo orgulho, porque estes representavam algo importante e especial para si. Levou a mão ao peito apertando a camisa de seda à altura do coração, da qual acabou por amassar sem intensão. Talvez sua angústia era bastante notória. Antes de poder levantar dali e trocar a camisa agora amassada e desleixada, seus olhos, que tinha uma coloração de um incrível azul-violeta, encontrou-se com o par de olhos azuis-claros do marido através do reflexo do seu espelho. Ele havia banhado e se vestido, e ela mal percebera o barulho da presença dele ali. Travada em seu assento, o observou sorrir vindo em sua direção. Carinhosamente o homem curvou-se beijando o topo da sua cabeça e tal ato a forçou a sorrir.
Sim, forçou... Pareciam um casal tão bonito, tão… perfeitos.
— Me ajuda? Sabe como sou péssimo com essas coisas! – pediu ele, ficando completamente ereto em sua postura e mostrando a sua esposa às duas opções de gravatas que escolhera. Obviamente, ele confiava no bom gosto de Hanna, bem como o bom trato que ela sempre tinha de deixar a gravata tão perfeita em seu nó. Pondo em pontos mais óbvios, ele era tão mal-acostumado com todo cuidado dela sobre tudo na vida deles, principalmente sobre ele.
Ela levantou-se. Não era nem próxima à altura do marido, um homem loiro de um metro e oitenta, o qual o porte físico poderia ser taxado como bastante atraente. No auge dos seus um metro e sessenta, Hanna contava com o salto doze para equilibrar as coisas. Os olhos violeta encararam às duas gravatas por alguns instantes e não demorou por decidir pela de seda azul-marinho com listras e texturas em um degrade interessante. Tomando-a da mão do marido, levantou o colarinho e segurou a peça a envolvendo no pescoço masculino. Com seu jeitinho, ela começou a fazer o nó percebendo que os olhos dele não saiam de si um instante sequer, sentiu um pouco o rosto corar e era impressionante como mesmo depois de quase dez anos juntos ele ainda tinha aquele efeito nela, e mais impressionante ainda, era como, enquanto a intensidade do olhar dele a fazia se sentir tão amada e desejada, em simultâneo, as ações dele os empurrava em direção a um penhasco. Ela estava tão confusa.
— 'Tá pensando no que, Hanna? – perguntou quebrando o silêncio enquanto se deliciava alguns instantes com o aroma do perfume dela que exalava-se na pele. Estava focado em parte dos ombros e colo tão claros e delineados que ela possuía, ainda mais ajustado ao caimento da blusa escolhida por ela. Hanna era sempre tão impecável e perfeita.
— Em nada! – ela virou o nó e o encarou sorrindo sutilmente – bom, nada importante. – As mãos delicadas deslizaram sobre o largo ombro quando ela ajeitou tudo.
Ele colocou a ponta do indicador na testa de Hanna, pressionando, e falou:
— Se ficar fazendo isso tão tensa, vai surgir uma ruga bem aqui – sorriu genuinamente, e ela assumia, ele tinha um sorriso muito bonito em suas expressões calorosas, do tipo que deslumbrava qualquer garota, principalmente ela que talvez tenha se apaixonado pelo sorriso dele antes mesmo dele em si. Seu marido era um homem bastante bonito e charmoso, sempre fora, desde do dia que ela colocou os olhos pela primeira vez nele.
— Me amaria ainda com elas? — perguntou de repente, com intensidade, ela agarrou seu blazer do terno de ambos os lados e levantou a cabeça o encarando. O coração dele acelerou.
— Que pergunta boba! Eu amo você de qualquer maneira! Pode estar toda... Descabelada, de touquinha… velhinha… Não importa...
O coração dela sentiu uma pontada mais forte, mas não era tão bom quanto ela desejava que fosse. Ainda assim, inclinou-se e o beijou nos lábios. Separou e ajeitou o colarinho no lugar já com a gravata.
Impecável...
— Parece mesmo um homem importante. – disse, e ele sorriu virando-se para o espelho. Ela então se perguntou quando ele se tornou tão vaidoso ou egocêntrico?
— Sou um homem importante! – disse sem dá muita importância, como se fosse apenas mais uma das conversas triviais que tinham. – Sou o diretor-executivo do Grupo Botanic, que... olha só, foi fundado por mim. – Sorriu.
Como ela poderia esquecer de tal?
Mal sabia ele, que seu tão orgulhoso patrimônio tinha o dedo de seu pai, Hector Sanches, da qual ele tanto detestava, mas um homem muito influente que tinha importantes contatos e fez os investimentos necessários acontecerem. Para Hanna, foi um pouco de quebra do seu orgulho pedir algo para o pai, não que tivessem uma relação ruim, mas o problema era o seu pai em si, que era o tipo de homem que não fazia favores e sim negócios, e o negócio era que ele detestava o genro, sim... O “carinho” entre ambos era mutuo. Hector nunca o achou bom o bastante para sua filha. Para sorte de Hanna, Nicolas, seu marido, nunca soube da influência do seu pai em seus negócios e para ela, aquele segredo iria para tumulo.
— Um respeitável diretor, eu presumo... – ela sussurrou, havia uma pitada um tanto ácida no seu tom, mas ele estava concentrado demais fechando os botões do paletó para se dar conta.
Ele virou-se pegando sua bolsa e segurou a cabeça dela em seguida depositando um beijo ali, no topo.
— Quer carona?
Ela piscou algumas vezes rapidamente, como quem acorda de um longo devaneio e disse:
— Oh não! Eu ainda preciso terminar de me arrumar. Vou com meu carro, não se preocupe comigo.
— Sempre me preocupo, Hanna Scrudell!
“Não tanto quanto deveria” ela pensou, mas não o falou, em vez disso sorriu num tom de suavidade, ele enlaçou a cintura dela e colou os corpos beijando um pouco mais demoradamente a boca feminina enquanto sentia a suavidade e maciez que somente os lábios dela tinham. Sim! Ninguém mais tinha aquele toque aveludado que pareciam tão perfeitos não importasse a ocasião. Ele estremeceu diante do comparativo, era estupido, afinal Hanna era sua mulher. Sua linda, bem-educada, bem nascida, bela e incrivelmente perfeita esposa. Sua… Para todo sempre.
Ele soltou-a do enlaço e virou-se de modo a ir, enquanto ela mordeu sutilmente o lábio e chamou a atenção do marido novamente:
— Eu pedi ontem para a Alana preparar um assado especial, seu favorito.
Ele esboçou um sorriso.
— Humm, parece bom!
— Sim… Os Uckermann mandaram um vinho, um Château Pichon Baron. Susan trouxe da última viagem que realizaram para França.
— Ótimo! — ele ainda a olhava com aquele mesmo brilho no fundo dos olhos azuis, por um instante pareceu-lhe até perverso, talvez fosse apenas a culpa ou qualquer coisa do tipo. — Não irei me atrasar!
— Agradeço! — disse ela o vendo sair da suíte do casal.
Hanna caminhou de volta para o seu closet tirando seu blazer e desabotoando a camisa social rosa ‘vintage’ que usava, passando os cabides a sua frente, escolheu outra na cor pêssego e a vestiu, lisa e impecável. Ela tornou a colocar seu blazer e voltou à frente da penteadeira, colocou os brincos e uma pulseira. Ainda se encarando, ela abriu a gaveta do móvel e tirou dessa um ‘ticket’ de pagamento. Algo bobo e sem valor, um papel velho amarelado e amassado que por mero acaso ela achou, isso porque não era ela que lidava com roupas sujas, não tinha tanto tempo para ser a boa e dedicada dona de casa, e talvez por isso, pela falta de tempo, eles haviam entrado num acordo de que não teriam filhos ainda, bom, isso foi nos cinco primeiros anos de casamento e depois vieram as desculpas, oras dela, oras dele, e ali arrastaram-se mais cinco anos e agora ela já não tinha mais tanta certeza assim que fora uma má ideia a decisão embora nos quase dois últimos anos eles vinham discutindo bastante a possibilidade de finalmente terem a tão sonhada criança deles uma vez a senhora Scrudell visitava sua médica com frequência iniciando suas vitaminas e o necessário para se preparar para uma possível gravidez.
As mãos ainda trêmulas da mulher de cabelos negros, seguraram mais próximo dos olhos o papel lendo-o novamente: um recibo de pagamento de um motel. Talvez fosse o destino a mostrando algo. Quando ela achou aquele papelzinho pequeno caído no chão do closet dele ao recolher as roupas ali quase embaixo do móvel, de que não estava tão louca quanto achava estar, que os atrasos que vinham acontecendo cada vez mais frequente estavam interligados a isso, que o comportamento às vezes evasivo ou até mesmo frio do marido tinha ligação…
A destra passou pelos cabelos em um ato de frustração. Se perguntava se aquilo era possível? Talvez, só talvez fosse apenas uma infeliz combinação de coisas. Recusava-se a acreditar que o homem da qual ela colocou, não apenas seu amor, mais sua dedicação, compreensão, apoio e a sua vida, não passava de um traidorzinho barato.
Ela precisava realmente de ar. Pegando sua bolsa e as suas chaves, assim que saiu da suíte deu de cara com Nataly, a sua empregada e responsável pela limpeza e roupas.
— Bom dia! Senhora Scrudell.
— Bom dia! Nataly. — Cumprimentou com sua habitual educação e humor, não descontava, em momento algum, suas frustrações sobre qualquer uma das suas funcionárias. No entanto, tinha de admitir ser no mínimo humilhante a situação que se encontrava agora, visto que achou o tal ‘ticket’ ela praticamente pediu que a mulher separasse qualquer achado nas roupas do marido e a entregasse longe da presença dele.
Hanna saiu de sua casa naquela manhã com o coração um pouquinho mais apertado e angustiado, sentindo que aquilo estava acabando com ela, havia perdido mais um quilo e isso era péssimo! Onde estava toda sua autoconfiança agora? Ela sinceramente buscava, porque nada doía mais que a incerteza e a insegurança. A dúvida machucava de forma tão cruel…
Ela só colocou alguma música em seu carro e dirigiu mantendo — ou tentando — a atenção no trânsito até a Universidade federal de Estermond, onde lecionava história da arte e era uma das mais influentes e requisitada especialista em restauração de obras dentro daquele instituto.
Ela havia tirado aquele pequeno tempo como costumeiramente fazia com a melhor amiga, era quase um hábito diário ambas almoçarem juntas. Estavam no restaurante favorito delas e à medida que os pratos eram colocados frente as mulheres, comiam e conversavam. Hanna, naquele momento, expunha a amiga todo o seu desconforto e insegurança que a assolava. Ela até poderia ser uma mulher madura e firme, uma incrivelmente linda e bem sucedida, mas ainda assim uma mulher, e como qualquer outra naquela situação enxia-se de inseguranças e incertezas.Os olhos verdes esmeraldinos de Susan, sua melhor amiga, encontraram os seus azuis-violeta e ela falou:— Bobagens suas, Hanna! Quer dizer... Aquele idiota é louco por você, ele a ama e é completamente apaixonado, bom, pelo menos é o que ele sempre demonstra, e sinceramente não vejo dúvidas pela forma que ele te olha.— Parece, não é? — esboçou um sorriso triste — às vezes eu olho nos olhos dele, e os azuis que me apaixonei parecem tão... Perversos... ‘
O ponteiro do relógio marcava onze em ponto. Tudo estava escuro e silencioso. Ele fechou a porta atrás de si, deixando as chaves no porta-objeto que tinha no aparador de entrada. A casa em geral estava escura, mas alguns pontos ainda tinham a iluminação fraca, do semelhante à meia luz. Em silêncio ele caminhou até onde essas luzes ainda estavam acesas, o que o levou até a sala de jantar, os olhos azuis contemplaram a mesa posta tão perfeita, mas completamente intocada. Foi inevitável não esboçar uma face frustrada, bufou sabendo que havia, sim, feito algo estupido mais uma vez, e não poderia iludir-se acreditando que não era intencional, afinal, escolheu atrasar-se.Ele subiu as escadas ouvindo ao longe, baixinho, a música que tocava. Entrou no quarto do casal largando a bolsa; tirou o paletó e afrouxou a gravata desfazendo o nó pôr fim a tirando. Que ela estava em casa era um fato, mesa posta, música ligada e carro na garagem…Cama feita, e o perfume dela pelo lugar. E como ele amava
Pagaram a conta no café e seguiram no carro da Scrudell para o endereço que ficava em um movimentado centro comercial que elas conheciam bem, faziam compras ali afinal, era lugar muito bem frequentado pelos tipos de loja que tinham ali. Hanna estacionou o carro frente ao endereço contemplado calada o grande e luxuoso letreiro da fachada daquela joalheria.Sentiu seu coração apertar no peito.— Compraremos joias, é isso? — perguntou a rosada com certa ironia, então viu uma seriedade obscura nos olhos geralmente tão doces e serenos de Hanna, ela desafivelou o cinto e abriu a porta do carro sendo seguida pela Uckermann.Foram bem recebidas e sem muitos rodeios, Hanna foi direto ao ponto.— Meu marido fez uma compra nesse estabelecimento a três dias, eu… — hesitou — quero confirmar a compra.Sem muitas informações, ela logo estava falando com uma vendedora experiente que a ajudou e localizou assim a bendita compra. Susan apenas via e ouvia calada analisando cuidadosamente.Um catálogo for
Aquela era uma viagem relativamente tranquila, apenas quarenta minutos de carro até os arredores de Estermond onde havia uma imensa propriedade que era de posse de Hector Sanches. Apenas mais um dos compromissos que o casal fazia juntos, embora aquele em especial fosse um prazer para Hanna, que visitaria a família, e um martírio para Nicolas, que tinha de aguentar o sogro e monstrinha da cunhada. Isso se, com sorte, não encontrar mais Sanches que o detestava reunidos, o que era uma chance imensa dada a circunstância que iam.No som, tocava uma música suave e bem atual, e era somente aquele som que havia entre eles. Para Nicolas, era normal àquela altura ele ficar ouvindo Hanna falando de algo com empolgação, compartilhando alguma fofoca, ou apenas com seus pequenos planos e acontecimentos, mas ela estava apenas lá: calada, aborrecida claramente, e ele não sabia o porquê ou exatamente o que fazer. Aliás, ele sabia exatamente o que fazer, mas talvez fosse fraco demais, assumia… Havia co
— É um evento beneficente, preciso estar lá ainda, né? — disse Hanna com o telefone preso entre o ouvido e o ombro enquanto contorcia-se calçando seus saltos.— Como estão as coisas? Alguma novidade?Um suspiro longo de Hanna.— O advogado levantou o que precisava, o detetive que me indicou já está agindo... Não sei mais o que fazer.— Esperar, né?— 'To tão nervosa, Susan, e se eu estiver me precipitando e se...— Chega de “e se” ... Respira Hanna. Dá um tempo para você digerir, absorver. Você quer e precisa de respostas.— Claro!— Eu to aqui, sempre.— Obrigada.— Então... Espero que esteja no mínimo deslumbrante para essa festa.Hanna fitou-se no espelho, mas não encontrou o reflexo de sempre, apenas bufou. Um barulho na porta a despertou.— Preciso desligar agora, nos falamos depois. Beijo.Ela colocou-se completamente ereta, finalmente encarando o espelho de corpo inteiro. O vestido azul-royal era longo, havia uma cava nas costas e um decote em v profundo na frente. O modelo tin
O retorno para casa fora terrivelmente calado, ele tentava puxar assunto com a esposa, e ela estava monossilábica e completamente fechada. Irritado lá pelas tantas, ele decidiu falar algo que o incomodou, principalmente porque Hanna recusou-se a sair daquela "rodinha" exclusiva do pai e de perto daquele sujeito.— Aquele tal de Olausen pareceu interessado em você.Ela, no entanto, o olhou no fundo dos olhos, mordeu os lábios e virou-se continuando calada.— O que foi, Hanna?— Só estou cansada, quero chegar em casa.Ele bufou, deixando livre toda a sua frustração bem a mostra dela.— Você tem agido estranha, fria e...Irritada com tamanha cara de pau, e arrogância dele, ela estourou, mesmo que num bom baixo e comum.— Eu, estranha, Nicolas? Não sou eu que chego tarde quase todas as noites, não sou eu que furo, compromissos que não me interessam, não sou eu que invento desculpas para não estar onde se precisa estar, logo eu pergunto, quem está frio e distante, Nicolas? Julgo que se dis
Elas estavam sentadas em um pequeno bistrô francês que ficava na grande avenida gourmet que havia no centro de Estermond, haviam decidido almoçarem mais cedo naquele dia já que Susan tinha uma cirurgia agendada para logo mais, e Hanna estava completamente focada em uma nova restauração que recebera de Theo. A mulher, de cabelos loiros, notara que a amiga não comeu nada além de uma Salada Niçoise com frango e meio copo de suco. Movida por isso, tomou frente a instigá-la a comer mais, e assim, a sobremesa fora um petit gateou simples de banana e canela com uma bola de sorvete de creme e logo depois, Hanna pediu um café preto que ela adoçou muito pouco. Concentrada naquele instante, Susan observava Hanna fazer anotações em sua agenda enquanto falava ao celular com algum aluno ou subordinado sobre o tal trabalho que estava presa, aliás, a Uckermann havia percebido a amiga presa como nunca ao trabalho, começando inclusive a estender seus horários no instituto. Quase uma semana depois da ta
Havia tanta pressa e desespero para estar ali, ele largou as chaves de qualquer jeito e topou com Nataly, que limpava a casa.— Onde está Hanna? — perguntou em tom de ordem.A mulher assustou-se com a face de Nicolas, sabia que algo estava acontecendo naquela casa, porem sempre fora uma pessoa discreta. Não era tola, viu como sua patroa havia chegado pouco antes...— E-ela está na suíte.Sem perder tempo, ele subiu as escadas praticamente correndo indo direto para o quarto do casal. Assim que entrou, viu Hanna sentada na cama, cabeça baixa e em soluços curtos. Não havia absolutamente nada fora do lugar e talvez isso o assustasse mais, porque Hanna era uma mulher sensível.— Hanna, por favor, vamos conversar...Um passo em direção a ela e ele a viu abrir a bolsa ao seu lado na cama e jogar um envelope sobre a mesma. Ele olhou dela para o objeto sobre a cama com tamanha incerteza.— Hanna... — tom era baixo e suplico. Havia tantas notas de desespero.— Abra! — a voz dela saiu em tom de