Renato andava de um lado para outro, impaciente. Estava no jardim da sua mansão onde aconteceria seu casamento com Susana Paiva, a mulher que amava. Só estava fazendo-na esperar porque o pedido veio de seu melhor amigo, Iago Guimarães. Deveria ser algo importante,senão ele não estaria incomodando àquela hora; aliás, deveria estar lá, já que era o padrinho. O que ele havia dito, preocupou muito.
— Alô, Renato? Preste atenção amigo, me espere aí, eu vou demorar um pouco, mas você não pode casar. Se for da sua vontade, faça-o, mas apenas depois que eu mostrar as fotos que tenho em mãos, entendeu?
— Cara, você está louco ou bêbado? Estou te esperando para o meu casamento;está atrasado há meia hora e, aliás, nessa meia hora, minha noiva ficou dentro da limusine derretendo, isso tem que ser importante senão te mato.
— Confia, amigo. Infelizmente é, mas não posso falar mais. Me aguarda — e desligou.
Renato tinha um mau pressentimento em relação àquilo, porque sentia que tinha a ver com Susana. Era apaixonado por aquela mulher e poderia haver poucas coisas nessa vida que o separariam dela. Já tinha mandado um de seus seguranças ir tranquilizá-la, dizer que estava tudo bem, apenas que a cerimônia iria demorar um pouco. Poderia ter pedido a um de seus familiares para ir acalmá-la, mas eles provavelmente fariam ela correr dali, já quenunca se conformaram com o relacionamento dos dois, tudo isso porque Susana não pertencia a alta sociedade. Longe daquilo. Ela era suburbana, e quando a conheceu trabalhava de dançarina em festas e eventos; inclusive foi em um desses que a conheceu, enquanto ela dançava salsa terrivelmente sexy em um vestido vermelho. Naquela noite, Susana jogou todo o seu charme para Renato. Mas que mulher não jogaria? Era um espetáculo de homem: loiro, com 1,90m, olhos de gato e corpo definido.Epodre de rico.
Renato a convidou para jantar no dia seguinte, e tiveram uma noite de sexo quente. Depois, ele viajaria à Rússia para inaugurar uma nova Franchise de sua marca, e ficaria lá por cinco dias. Chamou-a para ser sua companhia, e foi aí que se apaixonaram. Ele confessava que quando a conheceu a intenção era apenas ter uma noite de diversão: Renato não era nenhum pervertido, mas tinha suas diversões de vez em quando.Saía com uma mulher quando se sentia atraído por ela, não simplesmente porque podia ter quantas quisesse (isso era uma verdade, porque na posição que ele ocupava, mesmo que não tivesse a aparência que tinha, teria quantas quisesse). Porém, ele não era assim, não acreditava que isso faria dele um homem melhor; ao contrário, não gostava de usar as pessoas nem de ser usado, pois o sexo tinha que ser mútuo e consensual, algo que aconteceria inteiramente por desejo, e não por interesses externos.
Foi assim que aconteceu entre ele e Susana: o que era para ser apenas sexo, tornou-se algo mais, porque ele gamou com a alegria dela. Além de ser uma mulher decidida, que sabia o que queria, tinha malícia, sensualidade, o que o envolveu completamente. Poucos meses de namoro ele a colocou para morar em um de seus apartamentos, quase se mudando para lá, para estar com ela constantemente. Ela já não precisava viver de apresentações porque ele tinha comprado sua própria oficina de dança, à qual ela gerenciava e dava aulas de dança. Renato não se importava de dar o que ela quisesse, pedisse ou até mesmo sonhasse. Ele ia lá e fazia, podia, não era novidade para ninguém. Com apenas 28 anos, era um dos jovens mais bem-sucedidos do mundo:saía em capas de revista graças a suabeleza e fortuna. Portanto, sua mulher merecia o mundo.
Seu amigo chegou com um envelope na mão, e sua expressão revelava que tinha visto o diabo, mas Renato não ficava atrás, porque estava muito nervoso.
Iago estendeu o envelope ao amigo sem dizer uma palavra. Renato abriu-o e conferiu, perdendo toda a cor da face.Ali estava sua noiva em um bar com o seu irmão Guilherme, aos beijos. A sequência das fotos era pior, pois logo em seguida os dois entravam num hotel quase se comendo enquanto faziam o check-in. Raiva e, ao mesmo tempo, incredulidade invadiram sua mente tirando o pouco do discernimento que estava conseguindo ter naquele momento.Seus sentimentos eram contraditórios, oscilando entre matar oumorrer.
— Que merda é essa, Iago? Não estou entendendo como você conseguiu isso. Isso é real?Tem certeza que não poderiamser montagens?
— Se é nisso que quer acreditar... Isso é real, Renato, mas se não acredita, vá lá e confronte-a, aí saberá.
— Deus, co-como você descobriu isso, e conseguiu essas fotos? —balbuciou,tamanha era sua dor.
— Há alguns meses eu os vi conversando num jantar de família, os olhares estranhos, com muita intimidade.Eles não me notaram. Ele agarrou o braço dela e levou-a a um lugar reservado, mas antes conferiu se ninguém estava olhando. Você sabe: eu sou muito observador e intuitivo, sabia que ali tinha algo de estranho. No olhar deles havia atração, medo, química... Foi aí que eu resolvi contratar um detetive.
— Droga, Iago! Então por que você não me contou? Trata-se da minha maldita vida, meu maldito casamento, minha maldita noiva e meu maldito irmão. Se você tivesse me dito, eu teria investigado por mim mesmo e não seria o enganado da história por tanto tempo.
— Como eu poderia te dizer algo assim? Se nem eu mesmo tinha certeza, precisava de provas antes de fazer uma acusação dessas. Fica calmo cara, eles não merecem que você destrua sua vida por causa dessa escória de gente.
— Você pensa que eu sou assim tão otário? Eu sei que isso era tudo que meu irmão desejava.Mesmo morto, o desgraçado iria rir de mim por estar atrás das grades, pois tudo o que Guilhermequer é me destruir.Eu jamais mataria por causa de uma vagabunda, agora deixe que eu resolvaminha vida.
— Renato... — foi tudo o que o amigo conseguiu dizer até que os dois se abraçaram. — Eu estarei sempre contigo, amigo!
Iago estava sofrendo a dor de seu amigo; o moreno de olhos verdes não queria nem imaginar ser traído daquela forma por alguém a quem deu e dedicou tanto, pois tinha conhecido na pele a grande generosidade de Renato.Eles estudaram juntos na mesma universidade,e até fizeram o mesmo curso de Publicidade. Iago era um bolsista; o amigo, apesar de ser da mais alta sociedade, jamais teve preconceito com ele e até ia àsua casa no subúrbio, comer e conviver com seus familiares. Entretanto, não poderia dizer o mesmo de sua família, que eram um bando de esnobes. O único que prestava ali dentro era Renato. Sendo o irmão mais velho, foi promovido a diretor geral quando o pai se aposentou, em menos de um ano o velho teve que engolir o orgulho e chamar seu filho mais novo para reparar os estragos que Guilherme tinha feito, a empresa estava um caos, funcionários insatisfeitos pela desorganização e falta de trabalho em grupo, o cretino aumentou o lucro da empresa, pois reduziu salários e estava usando material de menos qualidade nos produtos, tudo isso para encher os bolsos, a empresa além de enfrentar uma crise econômica ainda teve que suportar os escândalos da má publicidade quando descobriram as falcatruas de Guilherme.
Foi aí que Álvaro Sampaio disse o primeiro NÃO da vida ao filho, que o fez ficar ainda mais revoltado com o irmão, sempre fez a vida de Renato um inferno já que o irmão era três anos mais jovem. Renato sempre soube da preferência de seus pais, isso não importava mais para ele, afinal agora era um adulto. O porquê de seu irmão sempre tê-lo odiado, isso ele já havia parado de tentar entender já que nunca encontrou nenhuma razão, o rapaz fazia asneiras e sempre culpava o irmão mais novo, era ardiloso e sua desenvoltura e boa lábia sempre agradaram os pais, ele conseguia enganar a todos com sua falsa simpatia, menos Renato e Iago, possuía um humor negro, era do tipo que perdia o amigo, mas não perdia a piada, sempre com seu sarcasmo barato.
Quando Renato assumiu a empresa colocou todo seu empenho, não tinha a simpatia fingida de seu irmão, era um homem sério, alguns até o consideravam tímido, mas mostrou qualidades que em seu irmão eram desconhecidas, como visão e justiça, deu seu toque na empresa que já era uma empresa bem sucedida há mais de 50 anos, mas que estava passando por uma grave crise, tornando-a conhecida também internacionalmente, Naturente, uma empresa de cosméticos totalmente naturais, era amiga do ambiente, extraía o melhor da natureza sem prejudicá-la. Investiu em publicidade, porque disso ele entendia bem, com a ajuda de seu melhor amigo. Iago tinha muita gratidão pelo amigo, hoje era um dos maiores publicitários do mundo, graças a oportunidade que seu amigo lhe deu de ingressar numa empresa tão bem sucedida e respeitada, agora mundialmente. Seu amigo merecia o melhor, merecia a felicidade, e tudo que ele pudesse fazer para que ele a alcançasse, ele faria.
Renato caminhou desesperado por toda a decoração de seu casamento, tudo parecia com ela, as rosas eram vermelhas contornando todo o tapete da mesma cor, os detalhes também eram todos nessa cor encarnada. Tudo tinha sido escolhido por ela, ele sempre tinha lhe feito todas as vontades, todos os caprichos, e olha no que havia dado? Ela nem sequer o respeitou, o atraiçoou duas vezes, uma por ter estado com outro homem, outra por esse homem ser seu irmão e maior inimigo, era triste para ele dizer aquilo, seu próprio irmão como pior inimigo, mas ele tampouco escolheu aquilo como destino, jamais provocou a ira de seu irmão, pelo contrário, sempre foi a vítima passiva da história, porque nem conseguia reagir a tanto ódio sem sentido. Foi até a garagem aberta e lá estava ela, que abriu
Renato despertou, pensava ter tido apenas um pesadelo, daqueles bem ruins, se seu rosto não estivesse tão dolorido, ao ponto de ele mal conseguir abrir a boca. Deus, isso é real.Estava num lugar úmido e sombrio, deitado no chão sobre alguma coisa dura, que devia ser de palha, tentou mover-se, mas não conseguia, nos tornozelos havia cordas, bem como nos pulsos, que se encontravam presos em suas costas.— Que porra é essa? — tentou falar, mas além da dor na mandíbula, sua garganta estava seca. Aquilo não podia estar acontecendo, podia? E ele que havia pensado ser a pessoa mais infeliz do mundo, naquele exato momento lhe vei
— Se você encostar um dedo em mim, seu filho da puta, pode se considerar um homem morto.— Ah, é? E é você que me diz isso ou pretende chamar o irmãozinho pra te defender? — Mauro disse com ar de deboche.— Com você me entendo sozinha, fique longe de mim.— Quanto mais difícil pra mim, melhor é.— Acorde desse sonho, eu pra você não sou difícil, sou impossível.
Iago bebericava seu uísque, estava afogando suas mágoas sozinho na mesa de um bar, pensando no quanto a vida podia ser injusta, se sentindo culpado pelo sumiço de seu amigo, porque se ele não tivesse levado aquelas malditas fotos, naquele momento seu amigo não estaria desaparecido, sabia Deus onde, ferido ou morto, ele nem ao menos conseguia imaginar essa hipótese sem sentir uma dor dilacerante no peito. Seu amigo estava vivo, ele sentia isso.Várias mulheres passavam por ele, acenando, mandando beijinhos, algumas até se aproximavam, era natural, já que possuía uma beleza exótica, moreno de olhos verdes, grande e musculoso, mas com o humor em que ele se encontrava, estava espantando todas.Até que ele avistou uma morena que acabava de chegar, estava conversando num grupo de amigo
Rafaela acordou ao amanhecer, como a família fazia todos os dias naquela casa, com os galos cantando, o aroma delicioso de café, tudo tão característico, como amava o seu lar.Levantou, foi tomar um banho, vestiu um vestido de algodão com estampa floral que marcava a cintura e caía solto, colocou um shortinho também de algodão por baixo, porque iria andar de bicicleta e queria estar a vontade.Foi para a cozinha, sua mãe já estava lá, tinha um incrível cheiro de bolo de milho e pão caseiro, então ela deu um beijo na bochecha de sua mãe e um bom dia, sentou à mesa da cozinha, se serviu de café, bolo e um pedaço de pão de batata doce. Seu pai e seu irmão também sentaram, depois de dar beijos nela e desejar um bom dia. Rafaela pedalava o mais depressa possível para chegar logo à sua fazenda, chamar o seu irmão e entrarem o quanto antes na Picape para buscar Renato.Que belo nome, que belos olhos cor de âmbar — pensou, mas logo recobrou a consciência, isso não era hora para estar pensando no quanto o homem era lindo e nem que ele tinha dito que ela era seu anjo, Deus, se seu irmão ouvisse isso riria do rapaz e diria que ela estava mais para pequeno demônio. Riu ao imaginar a cena.Precisava ajudá-lo, ela ficou com um aperto no peito tamanha era a vulnerabilidade que encontrou naqueles lindos olhos, também viu uma carência ali, só queria ficar ali com ele lhe abraçando, dizendo que tudo ficaria bem.Renato resolveu então Capítulo 7
— Posso saber que porra é essa? Onde ele está?— Senhor, ele escapou. Dedin e Lacraia apareceram cada um com um punhal cravado no peito. Não sei que merda foi essa, já que eles estavam armados, o cara com certeza teve ajuda pra escapar, estava amarrado e muito ferido.— Bando de incompetentes, é o que vocês são. Onde vocês estavam quando isso tudo aconteceu?— Estava na nossa hora de descanso, chefe, e eles nos substituíram.— Não tentem me fazer de otário. Eles me ligaram quando chegaram aqui; dizendo que o preso tinha fugido e o posto estava vazio. — Os homens perderam a cor.
—Vou sair do quarto pra você se vestir, tem cinco minutos, vou trazer sua comida.— Sim senhora! — ambos riram.Rafaela saiu e voltou com uma bandeja, Renato já estava vestido com a roupa de seu irmão, uma calça de pijama azul escura e uma camiseta branca, e diga-se de passagem, lhe ficava muito bem, mas afinal, o que não ficaria bem naquele homem? Sem dúvida, ele não precisava de nada, sem roupa era a coisa mais fabulosa que Rafaela tinha visto na vida.— O senhor deveria estar deitado, vejo que é teimoso.—Tenha calma, senhorita, acabei de me vestir, você me deu cinco minutos, quase que não consegui esse feito.