RIDDICK
RIDDICK
Por: Liliane Mira
PRÓLOGO

Riddick

Por mais que tentamos não cometer erros, sempre o destino dá uma virada, e aquele erro que você fez de tudo para evitar te acerta em cheio no meio da cara. 

Resumindo tudo: O carma é uma merda.

Eu não sou uma pessoa boa, e nem quero ser, afinal, ninguém é tão bom assim. Também não sou tão ruim, posso ser denominado como um homem marcado pelas guerras, violências ou qualquer coisa que possa desestabilizar um ser humano. Tenho a mente quebrada, e não faço questão de reconstruir.

Aprendi desde cedo para nunca ser bonzinho demais, pois caras bons arriscam levar um abraço pela frente, e uma facada por trás. Foi através desse pensamento que construí meu império, minha empresa de segurança. De um simples soldado, quer dizer, eu não era um simples soldado, eu era o melhor no que fazia. Mas voltando ao que estávamos falando, hoje sou um homem bem requisitado, faço de tudo um pouco. Caço fugitivos, forneço segurança e quando o governo fica de mãos atadas, é a mim que eles procuram para consertar suas cagadas.

Acabamos de chegar ao Brasil, precisamente em Salvador, a capital da Bahia. Se eu não tivesse vindo a trabalho, com certeza daria uma volta para conhecer a cidade, a qual é muito linda por sinal. Mas como vim com outro propósito em mente, descartei qualquer coisa que me tire o foco.

Estava distraído com meus devaneios quando me surpreendi com uma bela visão. É a mulher mais linda que já vi, e olha que já vi muitas. Negra, com um olhar marcante, seu corpo não dá para ver, infelizmente ela está dentro de um ônibus e pela sua expressão, não está muito bem. Sua fisionomia é de uma pessoa triste, eu vi o exato momento em que limpou uma lágrima. Eu não entendo por que isso me incomodou, eu nem a conheço, mas de alguma forma ela me chamou a atenção. 

— John, John… — Saí do transe, quando JJ me chamou. Não gostei de ser interrompido.

— O quê? — Falei exasperado. Sou grosso, não posso mudar esse fato, na verdade, não faço nenhuma questão de fazer algo do tipo.

— O que tanto você olha ali?  — Questionou, já procurando. Eu não entendo o porquê de ser tão curioso, merda.

— Não lhe interessa, porra! — Falei frustrado. Agora me perguntem, por quê? Não faço a menor ideia. Mesmo eu dizendo que não o interessa, ele fez questão de olhar e deu um assovio. Esse puto.

— Puta merda, que negra gata! — Lancei um olhar mortal a ele que levantou suas mãos em rendição.

— Você é um idiota! — Falei sem paciência. Não sei qual é o maldito problema comigo. 

— Calma chefinho! — riu debochado. — Deixa a Mara saber que você está olhando mulheres gostosas.

O que Mara tem a ver com isso? Ela não tem nada sério comigo. Nós só transamos e pronto. Juntamos o útil ao agradável. Eu não sei de onde ele tira tanta merda.

— Vai se lascar JJ. — Fiz questão de mostrar o dedo do meio para não haver dúvidas. Esse miserável dá sorte que, somos amigos, ou, eu partiria a cara dele agora mesmo. 

Só em pensar que ele olhou aquela deusa, afinal, eu a vi primeiro. Vocês devem estar pensando que louco, que sem noção. Mas fodam-se todos, eu sempre pego o que quero. E se meu pau quer aquela negra gostosa, quem sou eu para recusar? Quem sabe quando terminar essa operação, eu não vá fazer uma visita a ela, e até possa consolá-la de várias formas possíveis. Devem está se perguntando, como eu a encontraria. Simples! Basta apenas eu ver a pessoa, posso hackear as câmeras de trânsitos. Encontro-a em menos de dez minutos. Tudo bem que parece trabalhoso, mas tenho certeza que valeria super a pena. 

Chegamos ao hotel, e Mara vem em meu encalço.

— Amor! — Gritou se jogando em cima de mim. Olhei feio para ela.

— Eu já disse para não me chamar de amor, e pare de agir feito uma criança! — Bradei nervoso. Detesto insistir em algo que já falei várias e várias vezes.

— Desculpa John, eu esqueço… — Proferiu com uma falsa tristeza. Sei que está mentindo. Que faz de propósito.

— John não, porra! Eu já disse para me chamar de Riddick, apenas isso. — Esse negócio de John, fica muito íntimo. E daí que transo com ela? A partir do momento que eu a deixar me chamar pelo primeiro nome, o nível aumenta, e eu não quero isso de jeito nenhum.

— Você age como se não fossemos íntimos. — Falou com os olhos marejados. Tudo fingimento, claro.

E não somos.

— Nós só transamos Mara, ponha isso em sua cabeça, não passará disso. — Falei grosso.

— Eu o amo! — Tentou tocar em mim, porém, não deixei. — Você não vai falar nada? — Questionou chorosa, e por incrível que pareça, não senti nada! Quando digo nada, é nada mesmo.

— O que posso dizer? — Dei de ombros, demonstrando o quanto estou cagando e andando para essa porra de fingimento.

— Que me ama também! — Falou com uma tristeza fingida. 

Está na hora, de acabar, com essa palhaçada.

— Se eu falasse isso, estaria mentindo e, eu odeio mentiras. — Suspendi seu queixo para me fitar nos olhos. — Já chega Mara, não faça eu me arrepender de tê-la trazido. Agora vá para porra do seu quarto e se recomponha, temos muito trabalho pela frente.

— Você é um grosso! — Ela saiu batendo o pé, e, a única coisa que eu podia pensar, é no quanto é infantil. 

O que vi nela? Qual foi o atrativo mesmo? Paro para pensar, e não vem nada em minha mente.

Fui para o quarto, tomei um banho, ainda com aquela deusa em minha mente. Claro que preciso tirar essa frustração de mim, porque não está dando certo ficar só no pensamento. 

Depois do descanso, me levantei e reuni toda a equipe, quero resolver isso logo, ficar livre para botar meu plano pessoal em prática. Ao término da reunião, resolvemos atacar no dia seguinte, o horário noturno é o momento mais propício.

A noite transcorreu bem, dormi feito uma pedra. Na manhã seguinte, repassamos o plano mais uma vez, para nada sair errado. Só uma coisa me incomodava, e antes de entrarmos no prédio, para fazer o planejado, pegar o fugitivo. Falei o que pensava.

— Mara, eu não quero que você vá! — Falei incisivo. Não sou nenhuma criança, conduzo isso há muito tempo, e sei que é muito perigoso. Na verdade, ela é uma mulher muito mimada, quer tudo do jeito dela.

— Amor, não se preocupe, eu darei conta. — Sorriu maliciosa. — Sou boa, no que faço.

— Já conversamos sobre isso. Não me chame assim! — Cruzei os braços. — Ainda não estou certo disso. Toda essa situação está me parecendo muito fácil. Sinto que há algo errado, apenas não sei o quê.

— Será rápido, eu irei entrar e sair, precisamos pegar esse cara. — Respondeu, certa no que afirmava. Essa mulher é muito insistente. 

Detesto ser contrariado. Sou John Riddick, um ex-coronel do corpo de fuzileiros dos Estados Unidos, um franco-atirador. Na verdade, tenho muitas condecorações conquistadas através de muitos sangues derramados. Eu não gosto muito de lembrar sobre essa minha fase da vida. Mas a questão é outra. Sou um homem de 30 anos, não posso ser dominado, por uma mulher qualquer. Na verdade, por nenhuma mulher.

— Está bem! Você venceu!  — Avisei sério. — Vocês têm cinco minutos, não passem disso. Falei autoritário para a equipe que entraria no prédio. Mara sorriu em contentamento e me deu beijo casto na boca. Procuro no meu íntimo, o porquê de ainda estar enrolado com ela, e não encontro nada. Eu não a amo e tão pouco quero iludi-la. Quando terminar esse trabalho, porei um ponto final nisso tudo.

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