Riddick
Por mais que tentamos não cometer erros, sempre o destino dá uma virada, e aquele erro que você fez de tudo para evitar te acerta em cheio no meio da cara.
Resumindo tudo: O carma é uma merda.
Eu não sou uma pessoa boa, e nem quero ser, afinal, ninguém é tão bom assim. Também não sou tão ruim, posso ser denominado como um homem marcado pelas guerras, violências ou qualquer coisa que possa desestabilizar um ser humano. Tenho a mente quebrada, e não faço questão de reconstruir.
Aprendi desde cedo para nunca ser bonzinho demais, pois caras bons arriscam levar um abraço pela frente, e uma facada por trás. Foi através desse pensamento que construí meu império, minha empresa de segurança. De um simples soldado, quer dizer, eu não era um simples soldado, eu era o melhor no que fazia. Mas voltando ao que estávamos falando, hoje sou um homem bem requisitado, faço de tudo um pouco. Caço fugitivos, forneço segurança e quando o governo fica de mãos atadas, é a mim que eles procuram para consertar suas cagadas.
Acabamos de chegar ao Brasil, precisamente em Salvador, a capital da Bahia. Se eu não tivesse vindo a trabalho, com certeza daria uma volta para conhecer a cidade, a qual é muito linda por sinal. Mas como vim com outro propósito em mente, descartei qualquer coisa que me tire o foco.
Estava distraído com meus devaneios quando me surpreendi com uma bela visão. É a mulher mais linda que já vi, e olha que já vi muitas. Negra, com um olhar marcante, seu corpo não dá para ver, infelizmente ela está dentro de um ônibus e pela sua expressão, não está muito bem. Sua fisionomia é de uma pessoa triste, eu vi o exato momento em que limpou uma lágrima. Eu não entendo por que isso me incomodou, eu nem a conheço, mas de alguma forma ela me chamou a atenção.
— John, John… — Saí do transe, quando JJ me chamou. Não gostei de ser interrompido.
— O quê? — Falei exasperado. Sou grosso, não posso mudar esse fato, na verdade, não faço nenhuma questão de fazer algo do tipo.
— O que tanto você olha ali? — Questionou, já procurando. Eu não entendo o porquê de ser tão curioso, merda.
— Não lhe interessa, porra! — Falei frustrado. Agora me perguntem, por quê? Não faço a menor ideia. Mesmo eu dizendo que não o interessa, ele fez questão de olhar e deu um assovio. Esse puto.
— Puta merda, que negra gata! — Lancei um olhar mortal a ele que levantou suas mãos em rendição.
— Você é um idiota! — Falei sem paciência. Não sei qual é o maldito problema comigo.
— Calma chefinho! — riu debochado. — Deixa a Mara saber que você está olhando mulheres gostosas.
O que Mara tem a ver com isso? Ela não tem nada sério comigo. Nós só transamos e pronto. Juntamos o útil ao agradável. Eu não sei de onde ele tira tanta merda.
— Vai se lascar JJ. — Fiz questão de mostrar o dedo do meio para não haver dúvidas. Esse miserável dá sorte que, somos amigos, ou, eu partiria a cara dele agora mesmo.
Só em pensar que ele olhou aquela deusa, afinal, eu a vi primeiro. Vocês devem estar pensando que louco, que sem noção. Mas fodam-se todos, eu sempre pego o que quero. E se meu pau quer aquela negra gostosa, quem sou eu para recusar? Quem sabe quando terminar essa operação, eu não vá fazer uma visita a ela, e até possa consolá-la de várias formas possíveis. Devem está se perguntando, como eu a encontraria. Simples! Basta apenas eu ver a pessoa, posso hackear as câmeras de trânsitos. Encontro-a em menos de dez minutos. Tudo bem que parece trabalhoso, mas tenho certeza que valeria super a pena.
Chegamos ao hotel, e Mara vem em meu encalço.
— Amor! — Gritou se jogando em cima de mim. Olhei feio para ela.
— Eu já disse para não me chamar de amor, e pare de agir feito uma criança! — Bradei nervoso. Detesto insistir em algo que já falei várias e várias vezes.
— Desculpa John, eu esqueço… — Proferiu com uma falsa tristeza. Sei que está mentindo. Que faz de propósito.
— John não, porra! Eu já disse para me chamar de Riddick, apenas isso. — Esse negócio de John, fica muito íntimo. E daí que transo com ela? A partir do momento que eu a deixar me chamar pelo primeiro nome, o nível aumenta, e eu não quero isso de jeito nenhum.
— Você age como se não fossemos íntimos. — Falou com os olhos marejados. Tudo fingimento, claro.
E não somos.
— Nós só transamos Mara, ponha isso em sua cabeça, não passará disso. — Falei grosso.
— Eu o amo! — Tentou tocar em mim, porém, não deixei. — Você não vai falar nada? — Questionou chorosa, e por incrível que pareça, não senti nada! Quando digo nada, é nada mesmo.
— O que posso dizer? — Dei de ombros, demonstrando o quanto estou cagando e andando para essa porra de fingimento.
— Que me ama também! — Falou com uma tristeza fingida.
Está na hora, de acabar, com essa palhaçada.
— Se eu falasse isso, estaria mentindo e, eu odeio mentiras. — Suspendi seu queixo para me fitar nos olhos. — Já chega Mara, não faça eu me arrepender de tê-la trazido. Agora vá para porra do seu quarto e se recomponha, temos muito trabalho pela frente.
— Você é um grosso! — Ela saiu batendo o pé, e, a única coisa que eu podia pensar, é no quanto é infantil.
O que vi nela? Qual foi o atrativo mesmo? Paro para pensar, e não vem nada em minha mente.
Fui para o quarto, tomei um banho, ainda com aquela deusa em minha mente. Claro que preciso tirar essa frustração de mim, porque não está dando certo ficar só no pensamento.
Depois do descanso, me levantei e reuni toda a equipe, quero resolver isso logo, ficar livre para botar meu plano pessoal em prática. Ao término da reunião, resolvemos atacar no dia seguinte, o horário noturno é o momento mais propício.
A noite transcorreu bem, dormi feito uma pedra. Na manhã seguinte, repassamos o plano mais uma vez, para nada sair errado. Só uma coisa me incomodava, e antes de entrarmos no prédio, para fazer o planejado, pegar o fugitivo. Falei o que pensava.
— Mara, eu não quero que você vá! — Falei incisivo. Não sou nenhuma criança, conduzo isso há muito tempo, e sei que é muito perigoso. Na verdade, ela é uma mulher muito mimada, quer tudo do jeito dela.
— Amor, não se preocupe, eu darei conta. — Sorriu maliciosa. — Sou boa, no que faço.
— Já conversamos sobre isso. Não me chame assim! — Cruzei os braços. — Ainda não estou certo disso. Toda essa situação está me parecendo muito fácil. Sinto que há algo errado, apenas não sei o quê.
— Será rápido, eu irei entrar e sair, precisamos pegar esse cara. — Respondeu, certa no que afirmava. Essa mulher é muito insistente.
Detesto ser contrariado. Sou John Riddick, um ex-coronel do corpo de fuzileiros dos Estados Unidos, um franco-atirador. Na verdade, tenho muitas condecorações conquistadas através de muitos sangues derramados. Eu não gosto muito de lembrar sobre essa minha fase da vida. Mas a questão é outra. Sou um homem de 30 anos, não posso ser dominado, por uma mulher qualquer. Na verdade, por nenhuma mulher.
— Está bem! Você venceu! — Avisei sério. — Vocês têm cinco minutos, não passem disso. Falei autoritário para a equipe que entraria no prédio. Mara sorriu em contentamento e me deu beijo casto na boca. Procuro no meu íntimo, o porquê de ainda estar enrolado com ela, e não encontro nada. Eu não a amo e tão pouco quero iludi-la. Quando terminar esse trabalho, porei um ponto final nisso tudo.
Riddick— Vão! — Eu não entrei com eles, mesmo querendo fazer isso, por que existiam coisas muito complexas para se fazer, que só eu posso. Às vezes me arrependo de não ter passado esses conhecimentos que tenho. Mas eu sei por que não fiz isso. Não fiz, pois não achei a pessoa certa.Estamos atrás de um contrabandista. Ele contrabandeava tudo que você possa imaginar. De drogas, a pessoas. Eu soube de uma fonte segura que ele estaria aqui, o chamam de Trayrom! Particularmente, acho isso uma cafonice, mas tudo bem. Não faço ideia do por que, apenas quero pegá-lo, e acabar com a raça desse desgraçado.— Equipe diamante, podem entrar! — Falei pelo alto-falante da escuta. Eu tenho muitos homens que trabalham para mim, todos altamente treinados, por mim, é claro. Divido todos em equipes; são quatro ao total: Equipe prata, ouro, bronze e diamante.— As escutas estão oks? — Perguntei apenas para confirmar. Eu não sei o que, mas sinto que algo não está bem, e pior que isso, está me inquietando
Abla Dinis— Quando ela foi? — Não me importei se a pergunta soou rude.— Ontem! — Respondeu calmamente. Meu coração estava apertado desde ontem, só que eu não sabia o porquê, até agora.— Agradeço pela informação. — Entrei correndo, tomei um banho rápido e me preparei para sair de novo. Ela não me disse que estava grávida, na verdade não nos comunicamos muito nesses sete anos separadas. Como é que ela falaria?Quando cheguei ao hospital, estava lotado. Não estranhei, afinal, o SUS no Brasil é uma miséria. Andei para cima e para baixo, para ter uma notícia da minha irmã e não foi fácil. As informações eram sempre contrárias, sempre diferentes.— Família de Panyin Dinis? — Ouvi gritarem.— Aqui! — Levantei a mão, eufórica, e corri para onde a mulher me chamou, estava um pouco longe.— Siga-me, o médico deseja falar com você! — Informou friamente, sem ao menos olhar em meus olhos. Achei uma falta de empatia da parte dela, afinal de contas, estou nervosa, e com muito medo que algo esteja
Dias atuais…RiddickQuatro anos haviam se passado, e nada foi feito. Sempre informações falsas chegavam até mim, só que ainda não desistir. Estou com 34 anos. Possuo as mesmas capacidades de combate, eu acho até que bem melhores. Treino todos os dias sem parar.Tenho as mesmas equipes trabalhando comigo, porém, o mais chegado a mim continua sendo JJ, ele ainda é o meu braço direito e meu melhor amigo. Lutamos lado a lado no Vietnã.A minha empresa está situada em New York, várias pessoas de todas as partes do mundo vêm pedir a minha ajuda. Às vezes faço alguns trabalhos Pro Bono, outras vezes não. Eu não sou padre, e tão pouco voluntário. Não faço caridades. Por escolha minha, me tornei um homem frio, quer dizer mais frio do que eu era. Se antes eu não buscava relacionamentos fixos, agora piorou. Só dou prazer e recebo em troca, apenas isso.Não me acho um homem lindo, mas tenho meus atributos físicos que dão inveja a muitos por aí. Fora meu corpo atlético, sei que elas gostam disso.
Abla Dinis.Faz exatamente, quatro anos que estou aqui em New York. Naquele mesmo dia em que perdi minha gêmea, tomei a decisão de ir embora da minha cidade, Salvador, capital da Bahia. Mas, o que me surpreendeu mesmo, foi à necessidade de partir do meu país. Eu escolhi essa cidade, na verdade aleatoriamente, não foi porque eu a amava. Em primeiro lugar, nunca havia pisado nela. Foi muito difícil dar esse passo, no entanto, eu estava decidida. Para ajudar a nossa mudança, pedi um favor a uma conhecida, ela conseguiu um visto para mim, e para as meninas. Desde que eu cheguei, trabalhei em vários lugares. Tudo isso para dar uma boa estrutura às minhas meninas. No tempo do exército, consegui guardar uma boa soma, mas quando se vive com duas crianças, o dinheiro evapora. Eu preciso de um emprego que possa ganhar melhor, sei que ficarei muito tempo longe delas, mas é necessário para nós três.Vocês devem ter reparado que as meninas me chamam de mãe! Na verdade, é uma opção delas. Assim qu
Abla DinisFui para casa correndo, estou com muita saudade delas. Não sei o que vai ser de mim, nunca me separei das minhas pequenas por tanto tempo. Será muito difícil. Bati na porta de Bia e minhas pimpolhas, saíram correndo para me abraçar.— A benção mãe! — As duas falaram juntas, me arrancando uma gargalhada.— Deus abençoe as duas. — Entreguei as sacolas e elas foram à frente.— Agradeço muito, Bia. Aqui está o pagamento — Sorri sem graça. — Sei que não é muito, mas quando pegar meu primeiro salário, lhe darei um melhor.— Não se preocupe senhorita Abla, gosto de cuidar das meninas. — Respondeu-me sincera. Eu sei que ela gosta, se não soubesse, ela nem ia encostar nelas.— Que bom! — Me despedir dela e fui ver meus furacões em forma de gêmeas. Porque é isso que elas são, meus melhores e mais intensos furacões.Abla Dinis— Meninas, vocês têm cinco minutos, se eu for aí, vocês não vão gostar! — Disse zangada, para elas se tocarem. Meu pai do céu, toda vez é essa luta para levanta
Abla Dinis— Não tem problema, meninas, nada de brigas. Estou muito orgulhosa de vocês.— Nós te amamos mamãe! — As duas falaram juntas, eu não aguentei comecei a chorar.— O que foi? Por que tá cholando? — Niara perguntou preocupada.— É de emoção, eu amo tanto vocês duas. Nós ficamos abraçadas um bom tempo, porém, a fome bateu. Levantamos as três, tomamos banho juntas, fiz uma janta leve, e comemos. Na hora de dormir, elas fizeram birra.— Deixa a gente dormir com a senhola hoje? — Nia pediu fazendo aquele biquinho irresistível.— Tá bom. — Respondi vencida.— Ebaaaa! — As duas gritaram, me fazendo tapa os ouvidos.— Mas só hoje, amanhã cada uma em sua cama. — Elas concordaram com a cabeça.— Vamos fazer nossa oração! — Niara falou eufórica. Ajoelhamo-nos na beira da cama e elas repetiram a oração delas, as duas falavam a mesma coisa em uma só voz.— Com Deus me deito, com Deus me levanto, com a graça de Deus e do Espírito Santo.— Anjinho da Guarda, meu bom amiguinho, me leve she
RiddickFui para a minha sala ainda mais puto do que eu estava. Se isso é possível, porra.— Cara o que foi aquilo tudo? — Nunca o vi tão chateado comigo. Por que tratou a moça daquele jeito? — Fiquei o encarando, calado. Na verdade, não sei o que dizer, nem sei por que a tratei daquele jeito. — Estou esperando! — JJ falou, contrariado.— Não tenho nada a dizer. E outra coisa, a funcionária é minha, acho bom não se meter. — Avisei voltando ao normal.— Claro que tem muito a dizer. Diga o porquê daquela raiva que vi em seus olhos quando olhou para ela. — Foi até a janela para espiar. — Claro que vou me meter. Antes você nem se importava quando me via conversando com suas funcionárias.— Não sei dizer. — Dei de ombros, ansioso. — Eu não sei cara. Tem algo estranho nessa mulher. — Em vez de ficar sério, JJ sentou de frente para mim e começou a rir. Imbecil!— Qual é a graça, porra? — Questionei batendo na mesa. Mesmo assim não o intimidei. Depois que acabou com sua crise de riso, JJ f
RiddickEntrei no meu carro e esperei até ela aparecer. Minha querida assistente entrou em um táxi, sorridente como sempre e em menos de dez minutos, ela parou em frente a um portão velho. Pagou o táxi e entrou. Eu continuei no mesmo lugar, observando. De repente uma jovem que aparenta ter uns dezoito anos, saí da casa, sorrindo. Abla dá um abraço nela e lhe entrega algo em mãos. Se eu for deduzir, diria que é dinheiro. Isso me deixou intrigado e curioso. Por que será que ela estava com uma menina na casa dela? E por que lhe entregou dinheiro? A curiosidade está me matando, peguei o meu celular e liguei para Mabel.— Algum problema, senhor Riddick? — Mabel me perguntou com sua voz assustada. Porra, as vezes isso é chato demais, caramba.— Quero que adiante a investigação sobre a senhorita Dinis! — Fui direto ao ponto sem rodeios.— Algum problema? Ela fez algo que não gostou? — Questionou preocupada. — Só faça o que eu mandei. — Falei ignorando sua pergunta.— Sim, senhor Riddick!