Capítulo 138

CELINA MARTINI NARRANDO.

ITÁLIA.

A fome é um buraco negro. Ela corrói, devora por dentro, deixando uma dor aguda que não se compara a qualquer outra. Faz dias que não consigo comer, e cada minuto que passa parece esticar o tempo, transformando horas em eternidades. Estou em cima da cadeira de rodas, a mesma cadeira que se tornou uma extensão de mim, mas hoje parece mais um fardo do que nunca. As ruas são implacáveis, e aqui, a dor é constante, mas a fome... a fome é o que mais me destrói.

Eu estou sentada no mesmo canto, onde o tráfego é pesado e as pessoas passam apressadas, ignorando a minha presença como se eu fosse parte da paisagem. Ninguém me vê. Ou talvez me vejam, mas escolham não olhar. Eu me tornei invisível, uma sombra, alguém que não merece nem mesmo uma segunda olhada. A cadeira range a cada movimento que faço, um lembrete gritante da minha condição. É desconfortável, mas não tenho escolha. Se pudesse, sairia andando daqui, fugiria de tudo isso, mas minhas pernas não me
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