LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.A tensão dentro do jato era palpável. Eu não conseguia me concentrar em nada além da urgência de ver Rafaella. Desde o momento em que soube que ela estava viva, o meu mundo virou de cabeça para baixo. A viagem de volta para a Itália parecia se arrastar eternamente, cada segundo uma agonia enquanto a minha mente se enchia de pensamentos de como ela poderia estar, o que ela havia passado, o que a fazia estar no hospital.Finalmente, quando as rodas do jato tocaram a pista, me senti mais perto dela, mas ainda assim atormentado pela distância. As minhas mãos tremiam levemente quando peguei o telefone e liguei para Lorenzo.— Lorenzo, onde ela está? — Perguntei, mal conseguindo controlar o desespero na minha voz.— Ela está no hospital, Leonardo. Chegou hoje de manhã, está tudo bem agora — Ele respondeu, tentando me tranquilizar, mas a palavra "hospital" reverberava na minha cabeça.Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, desliguei a ligação e ord
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Finalmente, o dia chegou. Depois de dois dias no hospital, estávamos prontos para voltar para casa. Não foi fácil ficar ali, em um ambiente que constantemente me lembrava dos momentos de dor e incerteza que passei, mas o pior havia passado. Eu estava com Leonardo e com o nosso filho, e isso era tudo o que eu precisava. Quando Lorenzo entrou no quarto com a alta médica, senti um alívio imediato. Era hora de começar uma nova fase, de deixar para trás os pesadelos e encontrar a paz que tanto desejávamos.No caminho de volta para casa, a tensão se acumulava dentro de mim. A quietude de Leonardo, que normalmente me acalmaria, agora apenas aumentava a minha ansiedade. Eu sabia que ele estava tentando ser forte por mim, tentando manter o foco no que importava: nossa família. Mas não podia mais guardar aquilo dentro de mim.— Leonardo, eu... eu não aguento mais. — A minha voz quebrou o silêncio do carro. Ele me olhou, preocupado, mas não disse nada, esperand
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Os últimos meses trouxeram a paz que eu nunca pensei que fosse possível alcançar novamente. Ricardo estava crescendo forte e saudável, com uma energia que me fazia sorrir todos os dias. A casa, que antes parecia envolta em sombras, agora estava cheia de luz, cheia de vida. Leonardo e eu conseguimos reconstruir o que Rocco tentou destruir, e cada dia que passava era uma vitória para nós, uma prova de que o amor verdadeiro consegue superar qualquer obstáculo.Naquela noite, algo em particular me fez perceber o quanto as coisas tinham mudado para melhor. Leonardo sugeriu que saíssemos para um jantar, apenas nós dois. Era raro termos um momento só para nós, com Ricardo exigindo tanta atenção, mas eu sabia que precisávamos desse tempo juntos. Precisávamos lembrar do que éramos antes de todas as tragédias, antes das separações e do sofrimento. Precisávamos lembrar do amor que nos uniu.Me vesti para aquela noite trouxe de volta um sentimento que há muito e
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIAAcordei sentindo o calor do corpo de Leonardo envolto ao meu. Ele estava abraçado em mim, os braços firmes me mantendo próxima a ele, como se tivesse medo de me deixar ir, mesmo durante o sono. Não pude evitar um sorriso suave ao sentir o ritmo constante de sua respiração contra o meu pescoço, um sinal de tranquilidade e segurança que há muito tempo eu não sentia. Esse simples gesto me lembrava de como éramos abençoados por termos sobrevivido a tudo o que passamos. Olhei para o teto, ainda mergulhada na penumbra da manhã, e silenciosamente agradeci a Deus pela nossa família. Ricardo estava crescendo saudável, e Leonardo e eu tínhamos conseguido reconstruir o nosso lar e o nosso amor.Mas, à medida que os pensamentos sobre a nossa felicidade me preenchiam, um nome ecoou em minha mente: Celina. Um calafrio percorreua minha espinha ao me lembrar dela. O que teria acontecido com Celina? Depois de tudo o que ela fez, depois de toda a dor que causou, o que
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.. Rafaella estava silenciosa, perdida em pensamentos depois de tudo o que havia acontecido minutos antes, quando vimos Celina na rua. Não consegui deixar de observar como ela tentava processar tudo, como as emoções se desenhavam em seu rosto, alternando entre alívio e um traço de amargura.O garçom trouxe os nossos pedidos, colocando uma xícara de café fumegante na frente de Rafaella e um prato com pães e frutas. Ela agradeceu com um aceno de cabeça, mas não parecia realmente focada no que estava ao redor. Os seus olhos encontraram os meus, e eu soube que havia algo mais que ela precisava discutir, algo que a estava incomodando.— Leonardo — Ela começou, com a voz um pouco hesitante, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras.— O que aconteceu com Olívia e Gabriel? Onde eles estão agora?Eu sabia que essa pergunta viria eventualmente. Rafaella sempre foi uma pessoa que precisava entender o destino das pessoas que marcaram a sua vida, para
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.1 ANO DEPOIS...O hospital estava tomado por uma energia tensa e ansiosa. Corri pelos corredores com o coração acelerado, sentindo cada segundo pesar em meu peito como se fossem horas. A notícia chegou de repente, e eu larguei tudo o que estava fazendo para chegar aqui o mais rápido possível. Não conseguia pensar em mais nada além de Rafaella, e do fato de que o nosso segundo filho estava prestes a nascer.Os meus passos ecoavam pelos corredores frios e brilhantes, cada um me levando mais perto da sala de parto onde Rafaella estava. Não poderia perder este momento por nada no mundo. Ricardo foi um milagre, e agora estávamos prestes a experimentar essa bênção novamente.Finalmente, alcancei a porta que me separava de Rafaella e do nosso bebê. Pude ouvir a sua voz abafada do outro lado, e o som fez o meu coração pular. Entrei na sala apressado, quase sem fôlego, e a primeira coisa que vi foi Rafaella deitada na cama, lágrimas escorrendo pelo rosto.— Le
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.O sol estava alto no céu, com a sua luz quente e dourada inundando o quintal de nossa casa. A brisa leve e fresca que passava pelas árvores fazia com que as folhas dançassem, criando um ambiente perfeito para um dia de churrasco. O aroma da carne assando na churrasqueira se misturava com o cheiro das flores do jardim, e o som alegre das risadas das crianças enchia o ar.Eu estava à beira da churrasqueira, virando os espetos com um cuidado quase meticuloso. A carne estava ganhando uma crosta dourada, e o som da grelha era como uma melodia reconfortante. Os meus olhos se desviaram da churrasqueira para observar o que acontecia ao meu redor. No gramado, Rafaella estava deitada sobre uma manta, brincando com Isabella e Ricardo. Os dois pequenos estavam adorando o momento, as suas risadas e gritos de alegria preenchendo o espaço com uma vibração contagiante.Ricardo, agora um garoto de quatro anos com uma energia inesgotável, corria em círculos, tentando c
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.A brisa suave da manhã entrava pela janela do quarto, trazendo um aroma fresco e tranquilizador. O sol estava começando a despontar no horizonte, tingindo o céu com tons de rosa e dourado. Acordei cedo, como de costume, mas hoje parecia ser um dia especial. As primeiras horas do dia sempre foram momentos de reflexão para mim, e, ao olhar para a minha vida, não pude deixar de sentir um profundo senso de gratidão.Os meus olhos se voltaram para o quadro na parede ao lado da cama, onde uma foto minha com Leonardo e os nossos filhos, Isabella e Ricardo, estava emoldurada. Olhar para essa imagem sempre me trazia uma onda de emoções, uma mistura de felicidade e realização. Eu sabia que, apesar de todas as dificuldades que havia enfrentado, eu estava exatamente onde deveria estar.A vida nunca foi fácil para mim. Passei por desafios que pareciam insuperáveis, e as feridas do passado eram profundas. No entanto, com o tempo, aprendi a perdoar. Perdoar as pess