AstoriaNão preciso nem dizer que nossa lua de mel foi quase toda vivida dentro daquele quarto de hotel. Depois que Connor me marcou, era como se algo primal tivesse sido liberado entre nós. Ele não conseguia tirar as mãos de mim, e eu também não conseguia afastar as minhas dele. Era uma necessidade crua, desesperada, que nos conectava em todos os sentidos. Eu nunca soube que a ligação entre nós poderia se aprofundar tanto, que esse laço, físico e espiritual, seria tão visceral.Quando voltamos à rotina, foi estranho no começo. Acostumar com a distância enquanto ele saía para suas obrigações e eu para as minhas, era difícil, mas sempre dávamos um jeito de compensar à noite. Cada reencontro era um mergulho em tudo o que éramos juntos. Essas noites nos levaram até o dia de hoje, onde minha barriga pontuda já não passava despercebida.Hoje era o chá revelação do nosso bebê, e a excitação no ar era palpável. Meus sobrinhos corriam de um lado para o outro, gritando e rindo, e eu não consegu
RavennaQuanto tempo ainda faltava para chegar a Seattle? Meus olhos se fixavam nas placas que cruzavam o caminho do ônibus onde eu estava, enquanto eu acariciava suavemente minha pequena barriga que começava a crescerCada dia mais distante do local que um dia eu chamei de lar. Cada dia mais distante dos horrores que vivi na mão de quem deveria me amar. Um companheiro deveria representar, apoio, segurança e amor, mas Mason não era assim.Mason era o oposto de tudo que planejei para minha vida.Minha prisão, ou melhor, meu casamento, foi arranjado com o mais temido alfa de toda a região Sul. Não tinha uma alcateia que não evitasse passar perto dele. Infelizmente meu destino e o dele estavam cruzados, e por dois anos passei pelas piores atrocidades. Nem mesmo um prisioneiro de guerra sofria tanto quanto eu, nas mãos do Alfa, no caso, meu marido.Mason só queria um filho e enquanto não conseguiu colocá-lo em meu ventre, ele não parou. Quanto mais eu pedia por piedade, mais violento ele
BenjaminA reação da mulher em meus braços, me fez ficar ainda mais em alerta. Não era incomum, lobos errantes aparecerem em nossa porta pedindo ajuda, porém uma loba grávida naquele estado..."Não vai responder minha pergunta?" perguntei novamente assim que a porta do elevador se abriu e Valery, minha assistente, já estava do lado de fora junto com a enfermeira."Por aqui senhor." segui a mulher até a sala preparada para tender os acidentes de trabalho que poderiam ocorrer em nossa empresa. Pousei-a sobre a maca e ela se encolhei escondendo o rosto nos joelhos. Aquilo chamou a atenção de todos, e Valery se aproximou de mim."Devo chamar a polícia?" ela sussurrou, mas a loba se virou imediatamente para nós."Não preciso de polícia." sua voz vibrou em um rosnado profundo."Eu resolvo isso, Valery. Volte para o meu escritório e peça para o Ton me ligar, assim que possível." ela concordou e saiu. Ao abrir a porta, vários funcionários estavam amontoados na frente da sala esperando alguma
Ravenna"A história toda é muito longa." falei me afastando dele. "Por acaso, hoje eu não tenho mais nenhuma reunião. Você trombou em mim quando eu estava de saída." seu sorriso, mexia com minha loba, e isso era estranho."Eu preciso sair do país, só isso. Eu não posso voltar para casa, sou uma loba errante, senhor Reynolds." aquelas palavras apareceram irritá-lo e ele me olhou com maior severidade."Acredito que o pai do bebê que carrega, não pense isso." tremi com a menção de Mason.Aquele homem odioso, me mataria assim que colocasse suas mãos em mim. Eu sabia que não tinha escolha quando resolvi fugir para nos salvar. "Ele pensa pior." ri da minha desgraça e aquilo pareceu chamar sua atenção de alguma forma."Tem certeza, que nunca nos vimos antes?" sua desconfiança me deixou agitada. Pela posição de meu marido, era claro que ele teria me visto em alguma das reuniões. Os alfas e suas famílias sempre eram convidados para fazer parte da cúpula do alfa supremo, relatando os aconteci
BenjaminMeu lobo queria rasgar sua garganta, tamanha era a falta de prudência daquela loba. Ela não era de nossa região, não conhecia nada aqui, e achava que estava segura ao andar pelas matas sem supervisão."Idiota." Rosnei alto, enquanto a carregava ainda em meus braços, desacordada. Entramos no estacionamento do subsolo do hospital, onde uma equipe médica já nos aguardava. Todos ali eram lobos e sabiam quem eu era."Senhor, coloque-a aqui." rosnei, fazendo o que ele pediu e o homem gemeu. "Cuidaremos muito bem da senhora." "Faça seu melhor. Não sei se a armadilha estava envenenada." ele confirmou, pedindo um toxicológico e correndo pelos corredores com ela.Olhei para meus homens que me olhavam com interesse. "Sumam daqui." todos abaixaram as cabeças e desapareceram.Fiquei andando de um lado a outro tentando acalmar meu lobo que uivava irado em minha mente, como um bicho enjaulado. Respirei algumas vezes, até que meu celular tocou e o atendi instantaneamente."Ton?" falei de fo
Benjamin "Senhor Reynolds, saia do quarto, por favor." olhei para toda a situação e concordei, sabendo que não conseguiria ajudar em nada, naquele momento. Meus braços e minha roupa estavam manchados com o sangue dela e me direcionei até o banheiro para me lavar. Não conseguia entender por que aquela loba estava mexendo tanto com meus sentidos. Nunca tive a necessidade de resolver os problemas causados por lobos errantes, como eu sentia por ela. Algo estava me prendendo aquela loba e eu não conseguia identificar o que era. Sai do banheiro, dobrando a manga manchada da camisa e liguei para minha assistente. "Valery, traga uma troca de roupas para mim. Estou no Memorial Trenton." minha assistente se assustou, mas cortei seu desespero. "Apenas uma calça e uma camiseta são suficientes." desliguei sem esperar a mulher falar mais nada. Eu não estava com paciência para o drama humano. Enquanto aguardava, minha mente continuava a girar em torno de Ravenna. Seus olhos, cheios de determina
RavennaAcordei vendo tubos presos aos meus braços, e aparelhos a minha barriga. O monitor cardíaco era acompanhado por um monitor fetal."O que aconteceu?" falei ao sussurro vendo a enfermeira anotar os resultados em uma prancheta."Senhora Miller, que bom que acordou. Estávamos preocupados." tentei levar a mão a barriga, mas meus movimentos foram parados por amarras em meu braço e a olhei assustada. "Oh, sinto muito, já vou soltá-la. A senhora tentou arrancar os fios enquanto dormia, tivemos que prendê-la até que acordasse e não fizesse mais isso.""Por que eu tenho que ficar conectada a essa máquina?" questionei, olhando pelo quarto e vendo que não havia mais ninguém."Não sou a pessoa certa a lhe dar essa informação, vou pedir para que o médico venha vê-la e tire todas as suas dúvidas." concordei me sentindo emotiva. Novamente olhei pelo quarto, esperando que alguém estivesse ali para me apoiar naquele momento, contudo eu sabia que não tinha ninguém. Não tinha por quem esperar."
BenjaminVê-la naquela situação mexeu com meu lobo, algo se partiu dentro do meu peito de uma forma que eu não esperava. Não conhecia aquela mulher, mas desejava cuidar dela, como cuidava das mulheres de minha família e aquilo era uma coisa apavorante."Não precisa ser em sua casa, senhor. Pode ser em um quartinho qualquer, prometo pagar todas as despesas assim que conseguir um emprego." sorri com raiva."Não se preocupe quanto a isso, minha empresa tem uma fundação para lobos errantes, você será colocada no programa de proteção." menti. Mesmo que isso existisse, o processo para entrar não era tão simples quanto eu queria que parecesse. Muitas pesquisas eram feitas, para saber a real procedência do lobo e se nossa alcateia não correria riscos."Descanse Ravenna, vou providenciar tudo o que for necessário." dei uma última olhada em sua barriga ainda exposta, com os fios ligados ao monitor. Um rosnado baixo saiu de meus lábios involuntariamente, e me virei, saindo do quarto e indo em