Benjamin
A reação da mulher em meus braços, me fez ficar ainda mais em alerta. Não era incomum, lobos errantes aparecerem em nossa porta pedindo ajuda, porém uma loba grávida naquele estado...
"Não vai responder minha pergunta?" perguntei novamente assim que a porta do elevador se abriu e Valery, minha assistente, já estava do lado de fora junto com a enfermeira.
"Por aqui senhor." segui a mulher até a sala preparada para tender os acidentes de trabalho que poderiam ocorrer em nossa empresa.
Pousei-a sobre a maca e ela se encolhei escondendo o rosto nos joelhos. Aquilo chamou a atenção de todos, e Valery se aproximou de mim.
"Devo chamar a polícia?" ela sussurrou, mas a loba se virou imediatamente para nós.
"Não preciso de polícia." sua voz vibrou em um rosnado profundo.
"Eu resolvo isso, Valery. Volte para o meu escritório e peça para o Ton me ligar, assim que possível." ela concordou e saiu. Ao abrir a porta, vários funcionários estavam amontoados na frente da sala esperando alguma informação. Olhei para enfermeira e ela entendeu que deveria cuidar da moça, até eu voltar.
"Senhor, nos desculpe, mas quem é essa loba?" Uma das diretoras da empresa, questionou. "Corremos perigo?" rosnei irritado.
"Voltem para o serviço de vocês. Resolverei tudo que estiver relacionado a ela." eles me olharam assustados, mas concordaram e saíram.
Enquanto a enfermeira cuidava da loba grávida, minha mente trabalhava freneticamente para entender a situação. Uma loba grávida errante em Seattle, sem registro ou alerta das outras alcateias, era algo completamente incomum. Olhei meu celular, procurando qualquer pista, mesmo maltratada, eu podia ver uma força naquela loba, que não se aplicava a um ômega. Podia sentir sua força, duelando com a vulnerabilidade humana.
Voltei a sala e bati a porta esperando a enfermeira liberar minha entrada.
"Entre, senhor." ela abriu a porta me dando espaço para entrar. A loba estava sentada de frente para min, com a cabeça baixa. Seus cabelos antes soltos, agora estavam amarrados e sua pele limpa. Havia curativo nos joelhos e nas mãos. "Foram pequenas escoriações, senhor. E pelo sonar fetal, os batimentos cardíacos do bebê estão normais, mas isso não descarta uma ida ao hospital."
"Já disse que não é necessário." ela rosnou baixo, me fazendo olhar para a enfermeira.
"Obrigada por seu esforço, agora me deixe a sós com a senhora." ela confirmou e se retirou da sala.
Coloquei as mãos no bolso, dando alguns passos em sua direção.
"Vamos começar com uma pergunta simples." falei observando seu corpo tremer. "Qual seu nome, loba?" o cheiro do medo invadia a sala.
"Já estou de saída, agradeço o que fez por nós, mas ..." arrastei a cadeira de alumino e me sentei a sua frente, deixando meus olhos na altura dos dela.
Meu lobo se remexeu desconfortável, quando os enormes olhos me avaliaram. Sem a sujeira das ruas, a loba parecia apenas uma criança indefesa, assim como minhas irmãs. Seu cabelo negro, combinava perfeitamente com ela.
"Nenhum lobo errante cai em meu território e sai sem ser identificado, pode ser simples e comigo, ou pode ser complicado e doloroso com o beta, a escolha é sua." cruzei os braços, e apoiei a canela esquerda na perna direita.
"Não pode me manter presa sem uma acusação." ela se ajeitou na maca e vi uma pequena cicatriz em seu braço.
"Como disse, são apenas formalidades. Não queremos problemas com as outras alcateias, e se você não pertence a nenhuma, não tem por que não me dizer seu nome." ela apertou com força a maca, rosnando antes de me olhar.
"Meu nome é Ravenna." falou de uma vez se levantando. "Já posso ir embora." neguei, indicando que ela voltasse a se sentar.
"Ravenna, meu nome é Benjamin Jones-Reynolds. Filho do alfa do Oeste." me apresentei, fazendo seu queixo cair e ela tremer ainda mais. "De qual alcateia a senhora pertence? Devo notificar sua família?" ela mordeu o lábio com força.
"Não, não há ninguém a ser notificado." ela apertava as mãos com pressão. "Eu só quero ir embora, senhor. Não há nada que saber sobre mim, apenas me deixe seguir meu caminho. Não quero criar problemas." sorri, virando minha cabeça de lado e analisando seu perfil tenso.
"Então voltamos a minha primeira pergunta, de quem está fugindo?" seu olhar se fixou no meu, e novamente meu lobo rosnou em meu peito, me deixando irritado.
Será que ele queria me alertar de alguma coisa? O que eu não estava vendo? Deixei que ele dominasse minha mente por um segundo, e olhasse para ela de forma animal.
"Não estou fugindo de ninguém, apenas estava com pressa." falou emburrada, se fechando novamente.
"A mentira escorre por sua pele, Ravenna." sorriu de forma sombria, e a loba se afastou.
"Não estou mentindo, não pode me manter aqui. Não fiz nada que infringisse suas regras ou suas leis. Apenas esbarrei no senhor." mesmo com minha pressão, ela se mantinha respeitosa.
"Bom, se quer manter as coisas assim, chamarei uma equipe técnica para lidar com você e levá-la ao seu destino." me levantei, arrumando meu terno e colocando a cadeira de volta no lugar.
"Equipe téc..técnica?" ela gaguejou, mas se recompôs tentando manter sua força.
"Como disse, nenhum lobo entra em meu território sem ser identificado, e convenhamos, Ravenna, eu nem sei se esse é mesmo seu nome." sorri.
"É meu nome. Ravenna Miller..." as palavras morreram em sua boca e sorri triunfante. A loba começou a bater com as mãos na cabeça, se amaldiçoando por falar. Fui até ela e segurei seus pulsos, impedindo que ela se ferisse.
"É tão ruim assim eu saber seu nome?" meu lobo rosnou para ela, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.
"É a minha maldição, senhor." as lágrimas começaram a escorrer e me afastei.
"Se acalme, pense no seu filho." falei sem saber o que fazer. Odiava ver mulheres chorando. Com 4 irmãs, isso era um evento constante em minha vida, mas nunca soube como acalmá-las.
"O senhor não entende, eu só preciso ir embora. Eu preciso sair do país." falou com a voz embargada.
"Se me contar a história toda, posso te ajudar." ela passou a mãos enfaixadas sobre o rosto. "Mas quero a história completa, Ravenna Miller." senti sua loba estremecer sob minhas palavras.
Ravenna"A história toda é muito longa." falei me afastando dele. "Por acaso, hoje eu não tenho mais nenhuma reunião. Você trombou em mim quando eu estava de saída." seu sorriso, mexia com minha loba, e isso era estranho."Eu preciso sair do país, só isso. Eu não posso voltar para casa, sou uma loba errante, senhor Reynolds." aquelas palavras apareceram irritá-lo e ele me olhou com maior severidade."Acredito que o pai do bebê que carrega, não pense isso." tremi com a menção de Mason.Aquele homem odioso, me mataria assim que colocasse suas mãos em mim. Eu sabia que não tinha escolha quando resolvi fugir para nos salvar. "Ele pensa pior." ri da minha desgraça e aquilo pareceu chamar sua atenção de alguma forma."Tem certeza, que nunca nos vimos antes?" sua desconfiança me deixou agitada. Pela posição de meu marido, era claro que ele teria me visto em alguma das reuniões. Os alfas e suas famílias sempre eram convidados para fazer parte da cúpula do alfa supremo, relatando os aconteci
BenjaminMeu lobo queria rasgar sua garganta, tamanha era a falta de prudência daquela loba. Ela não era de nossa região, não conhecia nada aqui, e achava que estava segura ao andar pelas matas sem supervisão."Idiota." Rosnei alto, enquanto a carregava ainda em meus braços, desacordada. Entramos no estacionamento do subsolo do hospital, onde uma equipe médica já nos aguardava. Todos ali eram lobos e sabiam quem eu era."Senhor, coloque-a aqui." rosnei, fazendo o que ele pediu e o homem gemeu. "Cuidaremos muito bem da senhora." "Faça seu melhor. Não sei se a armadilha estava envenenada." ele confirmou, pedindo um toxicológico e correndo pelos corredores com ela.Olhei para meus homens que me olhavam com interesse. "Sumam daqui." todos abaixaram as cabeças e desapareceram.Fiquei andando de um lado a outro tentando acalmar meu lobo que uivava irado em minha mente, como um bicho enjaulado. Respirei algumas vezes, até que meu celular tocou e o atendi instantaneamente."Ton?" falei de fo
Benjamin "Senhor Reynolds, saia do quarto, por favor." olhei para toda a situação e concordei, sabendo que não conseguiria ajudar em nada, naquele momento. Meus braços e minha roupa estavam manchados com o sangue dela e me direcionei até o banheiro para me lavar. Não conseguia entender por que aquela loba estava mexendo tanto com meus sentidos. Nunca tive a necessidade de resolver os problemas causados por lobos errantes, como eu sentia por ela. Algo estava me prendendo aquela loba e eu não conseguia identificar o que era. Sai do banheiro, dobrando a manga manchada da camisa e liguei para minha assistente. "Valery, traga uma troca de roupas para mim. Estou no Memorial Trenton." minha assistente se assustou, mas cortei seu desespero. "Apenas uma calça e uma camiseta são suficientes." desliguei sem esperar a mulher falar mais nada. Eu não estava com paciência para o drama humano. Enquanto aguardava, minha mente continuava a girar em torno de Ravenna. Seus olhos, cheios de determina
RavennaAcordei vendo tubos presos aos meus braços, e aparelhos a minha barriga. O monitor cardíaco era acompanhado por um monitor fetal."O que aconteceu?" falei ao sussurro vendo a enfermeira anotar os resultados em uma prancheta."Senhora Miller, que bom que acordou. Estávamos preocupados." tentei levar a mão a barriga, mas meus movimentos foram parados por amarras em meu braço e a olhei assustada. "Oh, sinto muito, já vou soltá-la. A senhora tentou arrancar os fios enquanto dormia, tivemos que prendê-la até que acordasse e não fizesse mais isso.""Por que eu tenho que ficar conectada a essa máquina?" questionei, olhando pelo quarto e vendo que não havia mais ninguém."Não sou a pessoa certa a lhe dar essa informação, vou pedir para que o médico venha vê-la e tire todas as suas dúvidas." concordei me sentindo emotiva. Novamente olhei pelo quarto, esperando que alguém estivesse ali para me apoiar naquele momento, contudo eu sabia que não tinha ninguém. Não tinha por quem esperar."
BenjaminVê-la naquela situação mexeu com meu lobo, algo se partiu dentro do meu peito de uma forma que eu não esperava. Não conhecia aquela mulher, mas desejava cuidar dela, como cuidava das mulheres de minha família e aquilo era uma coisa apavorante."Não precisa ser em sua casa, senhor. Pode ser em um quartinho qualquer, prometo pagar todas as despesas assim que conseguir um emprego." sorri com raiva."Não se preocupe quanto a isso, minha empresa tem uma fundação para lobos errantes, você será colocada no programa de proteção." menti. Mesmo que isso existisse, o processo para entrar não era tão simples quanto eu queria que parecesse. Muitas pesquisas eram feitas, para saber a real procedência do lobo e se nossa alcateia não correria riscos."Descanse Ravenna, vou providenciar tudo o que for necessário." dei uma última olhada em sua barriga ainda exposta, com os fios ligados ao monitor. Um rosnado baixo saiu de meus lábios involuntariamente, e me virei, saindo do quarto e indo em
RavennaAs últimas palavras daquele lobo me deixaram atordoadas. A postura impecável e o olhar severo, não haviam me mostrado aquele lado dele. O flerte foi involuntário e senti uma louca vontade de rir assim que ele fechou a porta.Não espera por nada daquilo. Nem roupas, nem uma casa como aquela, muito menos a atenção. Nada disso esteve presente nos meus últimos dois anos. Peguei uma calça de moletom e uma blusa regata dentro da gaveta. Explorei o restante do closet localizando algumas lingeries e pantufas, e me animei as abraçando. Estava com saudades de roupas limpas.Fui até o banheiro e percebi que vários produtos de higiene pessoal já me esperavam. O shampoo e o condicionador, eram de capim-limão, uma fragrância suave e refrescante, assim como o cheiro dele. Sorri involuntariamente com esse pensamento.Tomei um banho rápido para evitar ficar de pé por muito tempo e me vesti, sentindo as roupas se acomodarem perfeitamente em meu corpo. Enrolei a toalha em meu longo cabelo e cal
Benjamin Esperei até que ela saísse do banheiro, mas os segundos foram se transformando em minutos e nada dela abrir aquela porta. Meu lobo estava agitado e me incentivava a interferir em sua privacidade, enquanto meu lado humano esperava por sua permissão. "Ravenna, está tudo bem?" perguntei depois de algum tempo, abrindo e fechando minhas mãos, para tentar afastar a ansiedade que corroía meu corpo. Não havia respostas, apenas uma série de barulhos que me faziam crer que minha escolha de alimentos não tinha sido das melhores. Me sentei na cama, secando minhas mãos suadas na calça de moletom e olhando fixamente para a porta, apenas esperando a deixa que me fizesse arrombá-la. Não demorou muito até que ouvi seu choro baixinho e me levante, forçando a fechadura com mais força que o necessário. Encontrei Ravenna sentada no chão, com a cabeça encostada no azulejo e respirando rápido. Seu peito se movimentava de forma acelerada, acompanhando as lágrimas que escorriam por seu rosto. "
Benjamin "Eu preciso de respostas." falei apertando o copo em minha mão até ouvi-lo estralar com a pressão. "Me dê isso aqui, não precisamos de mais problemas." Connor arrancou o copo de mim e analisou minha postura. "Trazê-la para cá foi um desafio claro ao meu pai. Preciso que mantenha a descrição." ele me olhou surpreso e passei a mão com força por meu cabelo, o segurando no final e dando um leve puxão. "Por que está fazendo isso?" o encarei de forma mortal, e ele levantou as mãos. "Benji, eu só quero entender. Você nunca trouxe ninguém que não fosse da sua família para esse apartamento. Agora simplesmente traz uma desconhecida e ignora as ordens do alfa?" suas palavras me deixaram desconfortável e me sentei a poltrona do outro lado da sacada, abaixando minha cabeça entre as pernas, tentando deixar que minhas ideias se reformulassem. "Eu não sei explicar, só preciso de tempo." voltei a me sentar e respirei fundo. "Só mais alguns dias para entender." Connor se aproximou com cuid