4. Hospital

Benjamin

Meu lobo queria rasgar sua garganta, tamanha era a falta de prudência daquela loba. Ela não era de nossa região, não conhecia nada aqui, e achava que estava segura ao andar pelas matas sem supervisão.

"Idiota." Rosnei alto, enquanto a carregava ainda em meus braços, desacordada. Entramos no estacionamento do subsolo do hospital, onde uma equipe médica já nos aguardava. Todos ali eram lobos e sabiam quem eu era.

"Senhor, coloque-a aqui." rosnei, fazendo o que ele pediu e o homem gemeu. "Cuidaremos muito bem da senhora." 

"Faça seu melhor. Não sei se a armadilha estava envenenada." ele confirmou, pedindo um toxicológico e correndo pelos corredores com ela.

Olhei para meus homens que me olhavam com interesse. "Sumam daqui." todos abaixaram as cabeças e desapareceram.

Fiquei andando de um lado a outro tentando acalmar meu lobo que uivava irado em minha mente, como um bicho enjaulado. Respirei algumas vezes, até que meu celular tocou e o atendi instantaneamente.

"Ton?" falei de forma grave. "Conseguiu descobrir algo?" falei começando a andar para dentro do hospital a passos largos.

"As informações estão chegando, mas pelo que vi, temos uma bomba – relógio nas mãos." parei olhando para a sala de espera, completamente vazia.

"O que quer dizer?" Ton era o Beta de meu pai, mas também era um grande amigo meu. Desde que me lembro, ele esteve do nosso lado e ajudou nossa família a realizar grandes feitos. Sua mente era afiada, e suas sugestões assertivas.

"Não quero tirar conclusões precipitadas, Ben, mas se ela for mesmo quem diz, temos que nos livrar dela logo." meu lobo uivou e me senti desconfortável.

"Estou no hospital com ela, traga para mim tudo o que descobrir, quanto antes." falei solene.

"Logo chegarei aí, Ben." ele falou e desliguei, apertando o celular em meus dedos.

Quem era aquela loba? Por que Ton achava que ela representava perigo? O que o beta não me contou?

"Senhor?" ouvi o médico me chamar e fui em sua direção. "A paciente está bem, por sorte, não havia nenhum veneno na armadilha, e os ossos do pé iram se remodelar em pouco tempo." concordei, aliviado. "Quer vê-la?"

"Com toda a certeza." agora era o meu momento de colocá-la em seu devido lugar.

Cheguei ao quarto e Ravenna estava em sua forma humana, deitada em uma maca com um avental do hospital. Sua aparência parecia bem melhor. Meu lobo uivou assim que seus olhos se encontraram novamente com o meu.

"Vou deixá-los a sós." O médico fechou a porta, e ela se virou me evitando e se contraindo sobre a minha presença.

"Está com medo de mim, agora?" grunhi ferozmente perto de seu ouvido.

"Sinto muito." ela falou em tom baixo e eu ri, irritado.

"Sinto muito? É só isso que tem para me dizer, senhora Miller? Só a merda de um sinto muito, sua irresponsável." minha voz estava áspera.

"Eu não posso ficar aqui." falou novamente, e segurei seu braço, a fazendo se virar para mim assustada.

"Quantas vezes vou dizer, que sou eu que dou as ordens aqui? Achou mesmo que se esconderia em meu território?" ela puxou o braço com força se afastando de mim.

"Você não é meu dono, senhor Reynolds, pare de agir como tal. Cansei de ser domesticada!" meu cérebro registou essa palavra e rosnei, esfregando meu cabelo exasperado.

"Eu ainda não te prendi em uma jaula, loba, mas estou começando a considerar a ideia." com um impulso ela se levantou, evitando colocar o pé machucado no chão.

Seu perfume natural invadiu o ambiente, e as notas de orvalho e limão invadiram o ambiente, me deixando confuso e ansioso.

"Não é porque me salvou, que pode fazer o que quiser comigo. Sou maior de idade e tenho livre arbítrio para andar por onde quiser." me enfureci com suas palavras.

"Realmente, não é por que você estava prestes a virar um troféu na casa de um caçador que você me deve alguma coisa." rosnei alto, me afastando. "Seu companheiro deve tê-la rejeitado, essa é a única explicação para estar perambulando por minha cidade." ela vibrou baixo e me virei para encará-la.

"Você não sabe o que diz..." ela falou irritada se apoiando na cama, com uma expressão assustada.

"Não? Se fosse minha companheira que estivesse fugindo, eu a caçaria até o quinto dos infernos..." me aproximei dela, fazendo meu corpo crescer, perto do seu. "A traria de volta e a ensinaria como respeitar, seu macho e sua alcateia." ela engoliu em seco e o medo se espalhou pelo ar. Um medo latente e corrosivo, daqueles que só tinha presenciado em torturas de inimigos. Sua expressão se tornou apática, e sua pele começou a embranquecer. Observei a loba tentar se encostar na cama.

"Eu ...eu odeio... ter encontrado...o senhor..." sua voz se tornou ofegante, e ela lutava para manter os olhos abertos. Me aproximei, tocando seu rosto com cuidado, e senti sua pele fria.

"Ravenna?" chamei seu nome, tentando fazê-la focar em mim.

"Me deixe em paz." falou desfalecendo em meus braços e a segurei antes que tocasse o chão. A peguei no colo e senti um líquido quente se espalhar por meu braço. O cheiro de sangue invadiu meu nariz.

"Merda!" a coloquei de volta na cama e apertei o botão de emergência que ficava ao lado da cama. "Ravenna, abra os olhos." dei leves batidas em seu rosto, enquanto aguardava a equipe médica chegar.

"O que está acontecendo." me afastei enquanto as enfermeiras avaliavam a situação. "Chamem o obstetra, ela está tento uma hemorragia." 

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