Benjamin
Meu lobo queria rasgar sua garganta, tamanha era a falta de prudência daquela loba. Ela não era de nossa região, não conhecia nada aqui, e achava que estava segura ao andar pelas matas sem supervisão.
"Idiota." Rosnei alto, enquanto a carregava ainda em meus braços, desacordada. Entramos no estacionamento do subsolo do hospital, onde uma equipe médica já nos aguardava. Todos ali eram lobos e sabiam quem eu era.
"Senhor, coloque-a aqui." rosnei, fazendo o que ele pediu e o homem gemeu. "Cuidaremos muito bem da senhora."
"Faça seu melhor. Não sei se a armadilha estava envenenada." ele confirmou, pedindo um toxicológico e correndo pelos corredores com ela.
Olhei para meus homens que me olhavam com interesse. "Sumam daqui." todos abaixaram as cabeças e desapareceram.
Fiquei andando de um lado a outro tentando acalmar meu lobo que uivava irado em minha mente, como um bicho enjaulado. Respirei algumas vezes, até que meu celular tocou e o atendi instantaneamente.
"Ton?" falei de forma grave. "Conseguiu descobrir algo?" falei começando a andar para dentro do hospital a passos largos.
"As informações estão chegando, mas pelo que vi, temos uma bomba – relógio nas mãos." parei olhando para a sala de espera, completamente vazia.
"O que quer dizer?" Ton era o Beta de meu pai, mas também era um grande amigo meu. Desde que me lembro, ele esteve do nosso lado e ajudou nossa família a realizar grandes feitos. Sua mente era afiada, e suas sugestões assertivas.
"Não quero tirar conclusões precipitadas, Ben, mas se ela for mesmo quem diz, temos que nos livrar dela logo." meu lobo uivou e me senti desconfortável.
"Estou no hospital com ela, traga para mim tudo o que descobrir, quanto antes." falei solene.
"Logo chegarei aí, Ben." ele falou e desliguei, apertando o celular em meus dedos.
Quem era aquela loba? Por que Ton achava que ela representava perigo? O que o beta não me contou?
"Senhor?" ouvi o médico me chamar e fui em sua direção. "A paciente está bem, por sorte, não havia nenhum veneno na armadilha, e os ossos do pé iram se remodelar em pouco tempo." concordei, aliviado. "Quer vê-la?"
"Com toda a certeza." agora era o meu momento de colocá-la em seu devido lugar.
Cheguei ao quarto e Ravenna estava em sua forma humana, deitada em uma maca com um avental do hospital. Sua aparência parecia bem melhor. Meu lobo uivou assim que seus olhos se encontraram novamente com o meu.
"Vou deixá-los a sós." O médico fechou a porta, e ela se virou me evitando e se contraindo sobre a minha presença.
"Está com medo de mim, agora?" grunhi ferozmente perto de seu ouvido.
"Sinto muito." ela falou em tom baixo e eu ri, irritado.
"Sinto muito? É só isso que tem para me dizer, senhora Miller? Só a merda de um sinto muito, sua irresponsável." minha voz estava áspera.
"Eu não posso ficar aqui." falou novamente, e segurei seu braço, a fazendo se virar para mim assustada.
"Quantas vezes vou dizer, que sou eu que dou as ordens aqui? Achou mesmo que se esconderia em meu território?" ela puxou o braço com força se afastando de mim.
"Você não é meu dono, senhor Reynolds, pare de agir como tal. Cansei de ser domesticada!" meu cérebro registou essa palavra e rosnei, esfregando meu cabelo exasperado.
"Eu ainda não te prendi em uma jaula, loba, mas estou começando a considerar a ideia." com um impulso ela se levantou, evitando colocar o pé machucado no chão.
Seu perfume natural invadiu o ambiente, e as notas de orvalho e limão invadiram o ambiente, me deixando confuso e ansioso.
"Não é porque me salvou, que pode fazer o que quiser comigo. Sou maior de idade e tenho livre arbítrio para andar por onde quiser." me enfureci com suas palavras.
"Realmente, não é por que você estava prestes a virar um troféu na casa de um caçador que você me deve alguma coisa." rosnei alto, me afastando. "Seu companheiro deve tê-la rejeitado, essa é a única explicação para estar perambulando por minha cidade." ela vibrou baixo e me virei para encará-la.
"Você não sabe o que diz..." ela falou irritada se apoiando na cama, com uma expressão assustada.
"Não? Se fosse minha companheira que estivesse fugindo, eu a caçaria até o quinto dos infernos..." me aproximei dela, fazendo meu corpo crescer, perto do seu. "A traria de volta e a ensinaria como respeitar, seu macho e sua alcateia." ela engoliu em seco e o medo se espalhou pelo ar. Um medo latente e corrosivo, daqueles que só tinha presenciado em torturas de inimigos. Sua expressão se tornou apática, e sua pele começou a embranquecer. Observei a loba tentar se encostar na cama.
"Eu ...eu odeio... ter encontrado...o senhor..." sua voz se tornou ofegante, e ela lutava para manter os olhos abertos. Me aproximei, tocando seu rosto com cuidado, e senti sua pele fria.
"Ravenna?" chamei seu nome, tentando fazê-la focar em mim.
"Me deixe em paz." falou desfalecendo em meus braços e a segurei antes que tocasse o chão. A peguei no colo e senti um líquido quente se espalhar por meu braço. O cheiro de sangue invadiu meu nariz.
"Merda!" a coloquei de volta na cama e apertei o botão de emergência que ficava ao lado da cama. "Ravenna, abra os olhos." dei leves batidas em seu rosto, enquanto aguardava a equipe médica chegar.
"O que está acontecendo." me afastei enquanto as enfermeiras avaliavam a situação. "Chamem o obstetra, ela está tento uma hemorragia."
Benjamin "Senhor Reynolds, saia do quarto, por favor." olhei para toda a situação e concordei, sabendo que não conseguiria ajudar em nada, naquele momento. Meus braços e minha roupa estavam manchados com o sangue dela e me direcionei até o banheiro para me lavar. Não conseguia entender por que aquela loba estava mexendo tanto com meus sentidos. Nunca tive a necessidade de resolver os problemas causados por lobos errantes, como eu sentia por ela. Algo estava me prendendo aquela loba e eu não conseguia identificar o que era. Sai do banheiro, dobrando a manga manchada da camisa e liguei para minha assistente. "Valery, traga uma troca de roupas para mim. Estou no Memorial Trenton." minha assistente se assustou, mas cortei seu desespero. "Apenas uma calça e uma camiseta são suficientes." desliguei sem esperar a mulher falar mais nada. Eu não estava com paciência para o drama humano. Enquanto aguardava, minha mente continuava a girar em torno de Ravenna. Seus olhos, cheios de determina
RavennaAcordei vendo tubos presos aos meus braços, e aparelhos a minha barriga. O monitor cardíaco era acompanhado por um monitor fetal."O que aconteceu?" falei ao sussurro vendo a enfermeira anotar os resultados em uma prancheta."Senhora Miller, que bom que acordou. Estávamos preocupados." tentei levar a mão a barriga, mas meus movimentos foram parados por amarras em meu braço e a olhei assustada. "Oh, sinto muito, já vou soltá-la. A senhora tentou arrancar os fios enquanto dormia, tivemos que prendê-la até que acordasse e não fizesse mais isso.""Por que eu tenho que ficar conectada a essa máquina?" questionei, olhando pelo quarto e vendo que não havia mais ninguém."Não sou a pessoa certa a lhe dar essa informação, vou pedir para que o médico venha vê-la e tire todas as suas dúvidas." concordei me sentindo emotiva. Novamente olhei pelo quarto, esperando que alguém estivesse ali para me apoiar naquele momento, contudo eu sabia que não tinha ninguém. Não tinha por quem esperar."
BenjaminVê-la naquela situação mexeu com meu lobo, algo se partiu dentro do meu peito de uma forma que eu não esperava. Não conhecia aquela mulher, mas desejava cuidar dela, como cuidava das mulheres de minha família e aquilo era uma coisa apavorante."Não precisa ser em sua casa, senhor. Pode ser em um quartinho qualquer, prometo pagar todas as despesas assim que conseguir um emprego." sorri com raiva."Não se preocupe quanto a isso, minha empresa tem uma fundação para lobos errantes, você será colocada no programa de proteção." menti. Mesmo que isso existisse, o processo para entrar não era tão simples quanto eu queria que parecesse. Muitas pesquisas eram feitas, para saber a real procedência do lobo e se nossa alcateia não correria riscos."Descanse Ravenna, vou providenciar tudo o que for necessário." dei uma última olhada em sua barriga ainda exposta, com os fios ligados ao monitor. Um rosnado baixo saiu de meus lábios involuntariamente, e me virei, saindo do quarto e indo em
RavennaAs últimas palavras daquele lobo me deixaram atordoadas. A postura impecável e o olhar severo, não haviam me mostrado aquele lado dele. O flerte foi involuntário e senti uma louca vontade de rir assim que ele fechou a porta.Não espera por nada daquilo. Nem roupas, nem uma casa como aquela, muito menos a atenção. Nada disso esteve presente nos meus últimos dois anos. Peguei uma calça de moletom e uma blusa regata dentro da gaveta. Explorei o restante do closet localizando algumas lingeries e pantufas, e me animei as abraçando. Estava com saudades de roupas limpas.Fui até o banheiro e percebi que vários produtos de higiene pessoal já me esperavam. O shampoo e o condicionador, eram de capim-limão, uma fragrância suave e refrescante, assim como o cheiro dele. Sorri involuntariamente com esse pensamento.Tomei um banho rápido para evitar ficar de pé por muito tempo e me vesti, sentindo as roupas se acomodarem perfeitamente em meu corpo. Enrolei a toalha em meu longo cabelo e cal
Benjamin Esperei até que ela saísse do banheiro, mas os segundos foram se transformando em minutos e nada dela abrir aquela porta. Meu lobo estava agitado e me incentivava a interferir em sua privacidade, enquanto meu lado humano esperava por sua permissão. "Ravenna, está tudo bem?" perguntei depois de algum tempo, abrindo e fechando minhas mãos, para tentar afastar a ansiedade que corroía meu corpo. Não havia respostas, apenas uma série de barulhos que me faziam crer que minha escolha de alimentos não tinha sido das melhores. Me sentei na cama, secando minhas mãos suadas na calça de moletom e olhando fixamente para a porta, apenas esperando a deixa que me fizesse arrombá-la. Não demorou muito até que ouvi seu choro baixinho e me levante, forçando a fechadura com mais força que o necessário. Encontrei Ravenna sentada no chão, com a cabeça encostada no azulejo e respirando rápido. Seu peito se movimentava de forma acelerada, acompanhando as lágrimas que escorriam por seu rosto. "
Benjamin "Eu preciso de respostas." falei apertando o copo em minha mão até ouvi-lo estralar com a pressão. "Me dê isso aqui, não precisamos de mais problemas." Connor arrancou o copo de mim e analisou minha postura. "Trazê-la para cá foi um desafio claro ao meu pai. Preciso que mantenha a descrição." ele me olhou surpreso e passei a mão com força por meu cabelo, o segurando no final e dando um leve puxão. "Por que está fazendo isso?" o encarei de forma mortal, e ele levantou as mãos. "Benji, eu só quero entender. Você nunca trouxe ninguém que não fosse da sua família para esse apartamento. Agora simplesmente traz uma desconhecida e ignora as ordens do alfa?" suas palavras me deixaram desconfortável e me sentei a poltrona do outro lado da sacada, abaixando minha cabeça entre as pernas, tentando deixar que minhas ideias se reformulassem. "Eu não sei explicar, só preciso de tempo." voltei a me sentar e respirei fundo. "Só mais alguns dias para entender." Connor se aproximou com cuid
RavennaSeu comentário me deixou mexida. A forma que ele me olhava estava diferente e arrumei minha postura abaixando a cabeça, para não ter mais que encarar sua intensidade azul."Peço desculpas novamente." falei olhando para o chão."Ravenna, se eu estivesse incomodado, você não estaria aqui, concorda?" seu indicador levantou meu queixo e o encarei. "Não faço nada que eu não tenha vontade, lembre-se disso." ele sorriu de forma enigmática, soltando meu queixo."Vou tentar me lembrar." dei um passo para trás, saindo de perto de seu corpo, que parecia chamar pelo meu de uma forma nova."Deveria ir se deitar. O médico disse que seu estado ainda é delicado, e que as contrações do seu estomago podem piorar o caso." ele cruzou os braços e suspirei baixo."Me sinto entediada, só isso. Teria algum livro que poderia me emprestar?" ele concordou e segurou meu pulso, me fazendo segui-lo."Pode vir até o meu escritório, quando quiser." ele abriu a porta que ficava em frente ao meu quarto.Um esc
RavennaMeu coração estava batendo de forma descontrolada, parecendo que iria sair de meu peito e dançar no chão do quarto. Minhas pernas e braços tremiam, pela emoção daqueles toques.Como aquilo tinha acontecido? Quando parei de enxergá-lo como meu anfitrião e deixei que as coisas acontecessem daquela forma?Corri ao banheiro, passando &aacu