Ah! Como era bom ser Bennie Vincent!... Como ele adorava ser cruel com as pessoas, mais ainda com as que mereciam. Era tão divertidamente prazeroso ver a falsa aura angelical de Elizabeth vir abaixo mediante a raiva e ódio que cresciam dentro da mesma por si diante daquelas palavras.
— Agora, escute aqui, seu idiota... — como previsto, Elizabeth se colocara de pé, e havia tanto ódio em suas palavras e olhar que deu a Vincent a vontade de sorrir divertidamente. — Ian e eu vamos ficar juntos. Isso, é mais que uma promessa, é um objetivo que eu vou cumprir. Ele é meu, você ouviu? Meu. E não me importa quantas garotas eu tenha que afastar, ou quantas amizades dele eu tenha que destruir... Eu e ele vamos ficar juntos, e não há ninguém que vai me impedir de conseguir isso. Você entendeu?
Vincent riu divertidamente, o corpo inclinando-se lentamente sobre o dela. A loucura daquela garota era tão grande e absurda que chegava a ser deliciosamente divertido provocá-la, uma vez que ela também não passava de uma vadia mimada.
— Você é louca. — sussurrou o Bennie divertidamente, antes de se afastar e com a voz mais firme finalizou. — Louca e patética. Não vai ser eu ou qualquer outra pessoa que vai te impedir de ficar com Ian, Elizabeth. É ele que jamais vai querer você. — sorriu prazerosamente demoníaco, recebendo como resposta um estreitar de olhos perigosos vindo de Elizabeth, assim como a aura assassina da mesma, que em nada o assustava.
Por fim, Elizabeth riu. Riu alto. Gargalhou. Fazendo o Bennie franzir levemente o cenho.
— Vocês realmente não me conhecem... — ela disse, ainda em meio a traços de riso. Tornou a sentar, cruzando as longas pernas e descansando a cabeça no encosto do sofá sem jamais desviar o olhar de Vincent. — Eu sou capaz de fazer qualquer coisa para ter o Ian ao meu lado, Vincent. Lembre-se disso. Absolutamente capaz de qualquer coisa. — as risadas felizes recomeçaram, e Vincent só fez estreitar os olhos. Ela era, definitivamente, louca.
(...)
Numa corrida apressada que envolvia tropeços leves e diversos corpos dançantes esbarrando no seu, Alana seguia atrás de Ian chamando pelo mesmo. Sabia que ele a ouvia, não estavam tão distantes assim para não ouvir, e além disso estava a gritar.
Ian deu a volta na pista de dança, e foi na diminuída de velocidade de seus passos que Alana viu a chance de enfim alcançá-lo. Apressou os próprios passos, desviando dos corpos que dançavam e pulavam, desviando-se das mãos másculas que a tentavam agarrar e trazê-la para a pista de dança. Quando, enfim alcançou o loiro, bastou um toque em seu ombro e de repente Alana se viu imprensada contra uma parede num dos cantos mais obscuros do estabelecimento. Ofegou.
— O que você quer, Alana? — a sua frente, com a voz rouca e os olhos fincados no seu, estava Ian. — O que veio fazer aqui?
— E-Eu... Eu vim atrás de você. Estava preocupada. — disse, suas respiração saindo tão rápida quanto eram as batidas de seu coração. Ian riu divertido, jogando a cabeça para trás um momento antes de voltar a cravar seus olhos sobre ela.
— Preocupada?... Porque? — ele quis saber, sua voz tornando-se cada vez mais fria, ele se tornando cada vez mais frio. Cada vez mais distante. — ... Você não tem mais motivos para se preocupar comigo. Não namoramos mais, se lembra? Você terminou comigo... — sorriu amargamente, fazendo Alana se sentir pequena demais mediante a tanta magoa e raiva que haviam em suas palavras.
— Por favor Ian, não faça isso... — ela suplicara baixo; tentou tocá-lo a face mas Ian desviou o rosto do gesto, só fazendo aumentar o peso em seu peito. Engoliu o choro, segurou as lágrimas e continuou. — ... Não se afaste de mim.
Ian deu um passo para trás, dessa vez gargalhando mais alto. Quando tornou a falar seu tom não podia ser mais acusativo do que fora.
— Me afastar?... Foi você que se afastou, lembra?... Ou você não sabia que quando se termina a porra de um namoro com uma pessoa é por que você não a quer mais perto?
Alana baixou os olhos, apertando o tecido do vestido rente ao coração com uma mão, tentando fazer a dor do mesmo parar.
— Eu estou aqui agora... Eu voltei por você. — sussurrou, e sabia que embora o sussurro tivesse sido abafado pela música e todo barulho do local, Ian havia entendido pois sabia ler seus lábios.
— Se está tendo que voltar é por que antes foi embora...
— Eu estava magoada e com raiva de você... — Alana explicou, dando um passo a frente, aproximando-se novamente. Olhou-o nos olhos, e ao ver o vazio que havia se estabelecido nas orbes azuis sentiu-se desesperar. — Por favor, não vamos falar disso agora... Só... Só vamos sair daqui. Você está machucado, eu estou machucada mas... Mas a gente pode dar um jeito. Podemos curar um ao outro.
Ian a encarava. As palavras dela ecoando em sua mente. Queria acreditar nelas, mas simplesmente não podia. Oh, não! Estava perdido demais, com raiva, com dor demais para acreditar em qualquer coisa.
— Eu não posso te curar Alana. — disse com lentidão, vendo os olhos pérolas encherem-se de lágrimas que ela fazia força para segurar. — E você também não pode me curar...
— Eu posso... Eu posso... — Alana soluçou em desespero. Suas pequenas mãos seguraram a camisa de Ian, apertando o pano macio enquanto lágrimas começaram a escorrer por sua face. — Por favor... Por favor... Não faça isso. Não deixe de ser o Ian que eu amo...
De repente, Alana sentiu suas costas novamente de encontro a parede e as mãos de Ian estavam cada uma de um lado de seu corpo. Soluçou. E, estremeceu ao sentir a cabeça de Ian descansar em seu ombro apenas por um segundo antes de ouvir a voz arrasta dele em seu ouvido.
— O Ian que você ama... Está morto. Assim como a minha irmã...
Encararam-se, e o vazio que Alana viu nos olhos azuis dele só fez com que mais lágrimas rolassem por sua face. A dor se transformou em medo, e o medo em desespero quando Alana o viu se afastar. Sentiu-se oca. Vazia. E mais uma vez, quebrada. Mas não, não podia se sentir assim. Não queria. Descolou o corpo da parede e alcançou Ian antes dele dar um passo a mais. Fora certeiro. No instante em que sentira o leve toque em seu ombro, Ian virou-se. Tentou afastá-la para longe de si, mas Alana era esperta e enrolou firmemente as mãos em sua camisa, levando-o junto. Logo, a situação que se seguia era a de Alana com o corpo encostado numa pilastra e Ian colado a si.
— Por que você não me deixa ir?... Não vê o que estou fazendo, Alana?... Estou destruindo a nós dois!
A Steawart soluçou.
— Eu sei. — disse, fungando em meio a uma respiração profunda e lágrimas que continuavam a transbordar-lhe os olhos. — Eu só... Eu só não consigo. Não me importa quantas vezes você me machuque, ou quantas lágrimas me faz derramar por sua causa, eu não vou te deixar sozinho.
— Eu mereço ficar sozinho... — Ian disse firme, muito embora sua testa estivesse junta da dela.
— Você não precisa ficar... — sussurrou em resposta.
Alana observou, com um nó na garganta, a face de Ian se contorcer naquela já tão familiar expressão agoniada. Ela sempre se fazia presente quando o loiro parecia estar num duelo pessoal consigo mesmo, e Alana nunca sabia o que poderia sair dali. Estava prestes a perguntar quando, novamente, os olhos de Ian enfim pareceram voltar a se focalizar no seu. Não houve tempo pra perguntas. No instante em que seus olhares se cruzaram e se mantiveram, Alana sentiu seu fôlego ser tomado pelos lábios de Ian que capturaram os seus.
Tudo em volta havia desaparecido, de repente. Música. Pessoas. Não havia nada. Absolutamente nada para eles que não um ao outro.
Quando a língua de Ian deslizou para dentro de sua boca, Alana sentiu que não havia mais nada no mundo que não ele, que não aquele momento. As mãos pequenas, mais depressa foram as costas dele, as unhas fincando-se na carne por cima da camisa do mesmo enquanto o sentia apertá-la de encontro a seu corpo.
Não era um beijo como nenhum outro que já haviam trocado, e ambos sabiam disso. Nenhum beijo entre eles havia sido tão desesperado e tão terrivelmente prazeroso quanto ao que compartilhavam no momento.
Era o desespero de suas almas. Era o prazer de seus corpos.
E era com um prazer doentio, com uma dor sublime que eles notaram o quanto podiam fazer bem e o quanto podiam fazer mal um ao outro. Era irônico. Era destrutivo. Era feliz. Era real. Era eles.
Mas Ian não queria pensar em nenhuma daquelas coisas no momento, não, não queria. Ele sabia que quando aquele beijo terminasse, novamente se veria perdido em meio a tanta dor, raiva, mágoa e desespero. Não queria perder aquele momento, aquele único momento em que todas essas emoções eram diminuídas. Em que nada mais existia para si. Só Alana. Só existia Alana.
Apertou-a mais contra si, desfrutando do prazer que era ter aquele corpo pequeno de encontro ao seu, do prazer que lhe era sugar os lábios, do prazer que era sentir as pequenas unhas dela lhe arranhar as costas por cima da camisa.
Alana odiava o oxigênio. Decretou isso em mente no instante em que a falta do mesmo obrigou-lhe a separar os lábios dos de Ian. Com o coração batendo a mil e ainda ofegante, lentamente fora abrindo os olhos com um sorriso tímido nos lábios. Um sorriso que sumiu por completo diante da expressão vazia com a qual era encarada por Ian.
Ela soube, antes mesmo que ele falasse, que, mais uma vez, ele lhe quebraria.
— Esse beijo não muda nada...
Estava certa afinal de contas, e já podia sentir as tão familiares lágrimas retornarem a seus olhos.
— ... Não sou mais o seu Ian, Alana. Desculpe-me. Eu não posso ser o que você precisa agora.
Ele havia sumido, Alana notou isso em desespero enquanto encarava as orbes azuis, completamente vazias de emoções. O seu Ian havia sumido. Não havia... absolutamente nada ali, não havia nada de Ian em seus olhos azuis. Tudo o que havia no momento, e ela notou isso com o coração em frangalhos no peito, era uma casca. Não uma casca vazia, pois estava preenchida de ressentimento, culpa, dor e raiva consigo mesmo; mas ainda sim, apenas uma casca. Uma casca de Ian.
De repente, estava de volta ao local. A música continuava alta, as pessoas envolta continuavam a se divertir, alucinados, e Ian se virava na intenção de se afastar. Sentiu o coração falhar uma batida com a visão de Ian lhe dando as costas, e foi com dor que se perguntou por quantas vezes mais ele faria isso. Quantas vezes mais o permitiria lhe dar as costas? Por que era tão difícil abrir mão dele, mesmo que sua razão gritasse loucamente no fundo de sua mente que era exatamente isso que deveria fazer para não sofrer ainda mais?
— Eu sabia que você ia tentar sair.
Alana piscou, despertando de seus pensamentos e voltando a realidade do presente. Vincent estava parado frente a Ian, encarando-o seriamente. Provavelmente estranhara a demora do retorno do loiro e fora conferir.
— Saia da minha frente, Vincent. — ao aproximar-se lentamente Alana ouviu Ian murmurar por entre os dentes.
— Vamos levá-lo para casa. Seu pai está a ponto de colocar a polícia atrás de você e...
— Porra! Eu mandei sair da minha frente! — berrou o loiro numa explosão de raiva, e antes que qualquer um pudesse prever Vincent ia ao chão com o soco de direita que, mais uma vez no espaço de vinte e quatro horas, Ian lhe desferiu.
O Bennie caiu por sobre uns corpos que dançavam, e quase no mesmo instante em que Alana gritava em susto, a mesma já estava a se abaixar para ajudá-lo a reerguer-se. Ajuda que, orgulhoso como era, negou e levantou-se sozinho.
— Cadê ele? — rosnou o moreno, um filete de sangue escorria do canto esquerdo de seu lábio, enquanto assim como Alana buscava por um sinal de Ian.
Era tarde. O loiro que, assim que derrubara Vincent, saíra em disparada para a porta agora já se encontrava no corredor estreito, seguido por Elizabeth que observara tudo de longe com um sorriso doce nos lábios.
— Me dê a chave do seu carro... — ordenou Ian, deixando a palma da mão aberta para receber o'que havia requerido.
— Por quê?... Aonde vamos? — perguntou Lizzie sem jamais perder a falsa inocência que trazia sempre na voz, muito embora já depositasse o molho de chaves na mão do loiro.
— David está aí fora. Com certeza, fazendo plantão frente ao meu carro. — murmurou, a contragosto a idéia de deixar o próprio carro para trás. Mas, tudo bem, voltaria para buscá-lo depois.
Assim que romperam pela porta de metal, chegando a rua e ignorando por completo a garota na portaria e as pessoas na fila que só se fazia aumentar, Ian olhou para Elizabeth.
— Qual deles? — questionou, lançando um olhar para a fileira de carros do outro lado da calçada.
— Ferrari vermelha. — respondeu-lhe, os olhos parando sobre o veículo vermelho, um pouco antes apenas do Mazda de Ian. E foi seguindo o olhar frente ao carro laranja e preto que avistaram David e Lisandra, ao que parecia, numa discussão.
— Merda. — praguejou o loiro, sua cabeça indo de um lado para o outro antes de suspirar.
Não esperou por Elizabeth, sabia que ela iria segui-lo não importando o quanto aquilo o desagradasse. Caminhou com passos rápidos, mas não em corrida para não chamar a atenção do casal que discutia. O plano foi por água abaixo ao destravar o alarme do veículo. Os faróis traseiros da Ferrari vermelha piscaram, e de imediato as cabeças de David e Lisandra estavam voltadas na mesma direção, os olhos cravados em Ian.
— Ian!!! — a Sheroman exclamou ao que David já corria para alcançar o loiro que sem demora entrou no carro.
— Trave a porta! — rosnou o Norton à Elizabeth, e sorrindo em satisfação a fuga do mesmo aos amigos, a garota assim o fez.
Ian já estava pronto a arrancar com a Ferrari, quando David surgiu ao lado de sua janela, espalmando as mãos no vidro.
— Ian... Desça do carro. — esbravejou o ruivo, franzindo o cenho quando os olhos de Ian pousaram em si. O Norton estreitou os olhos, e sem expressão alguma engatou a marcha. David saltou para cima da calçada, apenas para evitar ter os pés esmagados pelos pneus da Ferrari quando Ian acelerou, saindo com a mesma. — Bastardo miserável...
— David! — Lisandra estacionava sua BMW ao seu lado, afobada. — Vamos atrás dele, rápido!
Pouco importou o fato de que a minutos atrás ambos estavam em uma discussão acirrada sobre confiança, David simplesmente deu a volta no carro e saltou para o banco do carona, enquanto Lisandra engatava a marcha. Estava pronta a arrancar com o carro quando Vincent irrompeu pela porta do clube e praticamente atirou-se frente ao veículo prateado, espalmando as mãos sob o capo do carro.
Era, definitivamente um clube subterrâneo com dois andares. E estava a toda. Pessoas dançavam e bebiam ao som da batida alucinante, a iluminação era pouca, exceto pelas luzes néon em meio a toda fumaça cinzenta que impregnava o ar. Cheiro de álcool, sexo e drogas eram um dos aromas detectáveis, e Alana franziu o cenho para isso.Viu Vincent começar a se mover por meio da multidão de corpos agitados, cortando caminho pelas pessoas que tentavam o apalpar, tirar uma casquinha daquele deus grego, e apressou-se em segui-lo, tomando cuidado com as mãos bobas.— O encontrou? — Vincent perguntou, sua voz mais alta do que o normal para que não fosse abafada pela música, quando pararam bem no meio da pista de dança.Alana correu os olhos mais uma vez por todo o local, e foi quando olhou para cima, para o segundo andar, que
(...)Numa corrida apressada que envolvia tropeços leves e diversos corpos dançantes esbarrando no seu, Alana seguia atrás de Ian chamando pelo mesmo. Sabia que ele a ouvia, não estavam tão distantes assim para não ouvir, e além disso estava a gritar.Ian deu a volta na pista de dança, e foi na diminuída de velocidade de seus passos que Alana viu a chance de enfim alcançá-lo. Apressou os próprios passos, desviando dos corpos que dançavam e pulavam, desviando-se das mãos másculas que
— Vincent! — berrou Lisandra, o coração em disparada de susto. Poderia tê-lo atropelado se David não tivesse puxado o freio de mão.— O que diabos você pensa que está fazendo? — rosnou o Deeper, já descendo do carro. Aquela noite toda – na verdade, aquele dia em geral – estava lhe trazendo muitas dores de cabeça. — O que aconteceu lá dentro?...— Parem de discutir. Precisamos ir atrás do Ian! — gritou-lhes Lisandra, batendo as mãos no volante. — Onde está a Alana?— O deixem ir... — Vincent disse, sem fôlego devido a corrida que fez para chegar ali.— O quê? — gritaram os três. Três por que Alana chegara, também sem fôlego devido a corrida que fizera para alcançar o Bennie, e pegara o fi
Estreitou o olhar mediante ao fato de que não estava sendo seguido, e fazendo uma curva fechada entrou com o carro numa ruela mal iluminada, parando. Sua cabeça foi de encontro ao volante, onde permaneceu por um tempo enquanto cerrava os olhos com força. Em sua mente havia mil e um pensamentos, o que fazia com que acabasse por não conseguir se concentrar em nenhum. Sentiu uma carícia em um de seus braços, uma mão deslizava gentil e lentamente por toda a extensão, demorando-se um pouco mais nos músculos. Ergueu os olhos, só então parecendo se lembrar de que não estava sozinho. A cabeça tornou a posição inicial, apenas um segundo antes de tombá-la contra o banco macio do veículo, e ainda de olhos fechados perguntou: — O que você está fazendo aqui, Elizabeth?... Por que voltou? Mesmo que não pudesse ver Ian sentiu a movimentação da garota no banco ao lado. Um segundo mais tarde, Elizabeth já havia
Não adiantou. Ela já sabia que não ia adiantar. Sabia, pois a única pessoa capaz de afastar sua dor era justamente aquela que causava ela. Chorou mais. Em silêncio, naquela noite chuvosa em sua sala escura. Sentiu-se bem e mal por estar sozinha; ainda faltava algumas horas para Cassandra retornar da lanchonete com Eva, e ela já não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim assim como também não sabia dizer se ter recusado educadamente a companhia de Lisandra fora a melhor idéia. Estava sozinha, e de alguma forma isso a acalentava e a assustava ao mesmo tempo.Respirou fundo, sua mente novamente lhe traindo e levando seus pensamentos em direção a Ian. Resfolegou. Qual era o problema consigo? Por que era tão difícil tirá-lo de seus pensamentos? Por que era tão difícil arrancar aquele amor que tinha a capacidade de lhe fazer tão bem quanto mal do
O sorriso esmoreceu e sua expressão que havia se suavizado tornou a ficar séria enquanto a observava, em pé ao lado da cama. O que estava fazendo? Por que fora até ali? Por que era tão difícil ficar longe dela? Por que apenas tal pensamento o feria como mil adagas lhe atravessando o corpo? Esfregou o rosto com as mãos, irritado consigo mesmo. Alana mexeu-se levemente na cama, o suficiente para fazer com que os olhos atentos de Ian se focassem novamente nela, ainda recolhida em sono profundo.Na escuridão do quarto, cortada apenas pela leve luz pálida que vinha de fora, os olhos azuis brilharam sobre ela. Era um brilho cheio de devoção a ela, e cheio de tristeza por pensar no que estava fazendo a ela, no que estava fazendo aos dois. Novamente se viu naquele turbilhão de pensamentos conflituosos e então veio a pergunta: O que estava fazendo à Alana?
Ao final da leitura, lágrimas já rolavam por sua face, molhando o papel. Resfolegou diante do final. O que poderia ter sido aquele ‘eu’ riscado?... Um ’eu amo você’? Seu coração falhou uma batida diante de possibilidade, e bateu as mãos na cabeça, ordenando a si mesma para não se iludir. Poderia ser qualquer coisa!Chorou. Chorou e chorou mais. Fora dessa maneira que Ian se sentiu quando terminou tudo entre eles? Fora essa dor, que lhe esmagava e lhe torturava, que se abateu sobre ele quando lhe disse que estava acabado?O bilhete fora largado sobre a cama e com pressa e desespero a pequena gaveta da mesinha fora aberta. De dentro dela Alana buscou um cordão de ouro, com um pingente. Um coração. Apertou o colar contra o peito. Era o colar que Ian lhe dera, e que, por alguma razão, não conseguira lhe devolver q
Mantinha os dedos das mãos entrelaçados de maneira muito displicente, o corpo inclinado para frente, em direção a mesa, e apertava os olhos a cada nova pontada de dor que lhe atingia a cabeça. Suspirou baixo e lentamente, controlando o impulso de levar às mãos a cabeça para massagear as têmporas como se de alguma forma isso fosse fazer com que a dor infernal sumisse.— Aqui Vincent, tome... — o Bennie quase – quase, apenas – pulou da cadeira e abraçou Cassandra ao ver que ela trazia um copo com água em uma mão, e um pequeno comprimido branco e redondo na outra palma aberta. — Vai ajudar com a dor de cabeça. — concluiu a rosada, entregando-lhe o comprimido e deixando o copo frente a ele antes de tomar lugar na outra extremidade da mesa.— Obrigado. — murmurou ele, baixo demais para um agradecimento, alto o suficiente para que