Mantinha os dedos das mãos entrelaçados de maneira muito displicente, o corpo inclinado para frente, em direção a mesa, e apertava os olhos a cada nova pontada de dor que lhe atingia a cabeça. Suspirou baixo e lentamente, controlando o impulso de levar às mãos a cabeça para massagear as têmporas como se de alguma forma isso fosse fazer com que a dor infernal sumisse.
— Aqui Vincent, tome... — o Bennie quase – quase, apenas – pulou da cadeira e abraçou Cassandra ao ver que ela trazia um copo com água em uma mão, e um pequeno comprimido branco e redondo na outra palma aberta. — Vai ajudar com a dor de cabeça. — concluiu a rosada, entregando-lhe o comprimido e deixando o copo frente a ele antes de tomar lugar na outra extremidade da mesa.— Obrigado. — murmurou ele, baixo demais para um agradecimento, alto o suficiente para que— Oh meu Deus... — ofegou. — Ele está bem?— Eu não sei. Não entendi direito o que sua amiguinha disse, ela estava falando muito rápido... — o Bennie suspirou, metendo as mãos nos bolsos da calça e estralando os ossos do pescoço. — Parece que nossa conversa vai ter que ficar pra depois, Cassandra. Sua amiga pediu para que eu fosse até o apartamento de vocês, talvez Ian esteja lá... Não sei. Não consegui entender nada além das palavras ‘Ian’, ‘minha casa’ e ‘imediatamente’. — bufou. — Já desconfiava da mentalidade da sua amiga apenas pelo fato dela se envolver com Ian, mas, sinceramente, não pensei que ela fosse tão mentalmente perturbada assim. Não conseguiu sequer formular uma frase corretamente antes de desligar o telefone na minha cara. Na minha cara! — botou &ecir
[...]Cassandra segurou o grito assustado quando chegaram a seu prédio e deram com a porta do apartamento completamente escancarada. Estava tudo escuro lá dentro, e a rosada sentia o coração aos saltos dentro do peito.— Alana? — chamou com a voz estrangulada. Deus, o que poderia ter acontecido? Deu um passo a frente, vencendo o medo do que poderia encontrar lá dentro, mas parou ao ouvir a voz de Vincent ao seu lado.— Espere. Eu vou. Fique aqui com a fedelha...Ele passou Eva – que caíra no sono no banco traseiro de seu ca
A sala pequena estava mergulhada em um silencio tão profundo e tenso que se uma agulha caísse no chão, soaria como se fosse um tijolo. Na poltrona de couro marrom, Loren jazia imóvel, seu rosto marcado por lágrimas. No sofá, Alana com os olhos baixos e marejados, Cassandra com os olhos arregalados e Vincent – que em algum momento do grande relato de Loren achou melhor se sentar – mais pálido do que normalmente era.— E-Eu não... E-eu não consigo acreditar nisso... — Cassandra quebrou o silencio, mas sua voz saiu tão baixa que era quase como se ela não tivesse falado nada. Ergueu os olhos para Alana, como que perguntando se aquilo tudo que acabara de ouvir era mesmo verdade.Alana suspirou, parecia que havia um sapo em sua garganta por que quando falou sua voz parecia levemente esganiçada.— Olhe
[...]Seus olhos azuis eram como dois pontos luminosos na escuridão do amplo escritório em sua casa. A luz bruxuleante da lareira acessa não era o suficiente para iluminar nem mesmo um terço da sala, a madeira precisava ser trocada pois já havia sido queimada quase toda, mas levantar de onde estava não era uma opção que consideraria. Oh, não. Só queria continuar ali, sentado na cadeira confortável e giratória atrás da grande mesa de mogno; um copo quase vazio em uma mão e a garrafa de whisky na outra.O inchaço em seus olhos seria notável de i
[...]Alana nunca esteve na mansão Norton antes; esteve, sim, diversas vezes na cobertura de Ian, mas na mansão Norton, onde Ian morou com a irmã e com o pai por um longo tempo, não. E, claro, estava impressionada com ela. A começar pelo imenso portão de ferro na frente da mansão, Alana achava seriamente que nada poderia colocar abaixo aquele portão a considerar a grossura que era o ferro, retorcido e com pequenas lanças pontiagudas e que pareciam bastante afiadas no topo. As lanças, claro, asseguravam que nenhum engraçadinho tentasse escalar o grande portão; não q
— O que aconteceu? — a pergunta sussurrada partiu de Alana. Ela já sabia a história, mas de uma maneira resumida, apenas das partes onde Loren era presente, e não todo o contexto.Frederick fechou os olhos brevemente, deslizando uma mão pelo cabelo antes de continuar. Ian sequer se movia ou expressava qualquer emoção, o que tornava ainda mais difícil falar sem saber o que se passava na mente do filho.— Elain teve depressão pós-parto. — disse, os olhos de Alana se arregalaram um pouco em surpresa, Vincent estreitou os próprios lançando um breve olhar para a referida, e Ian... este não esboçou nada. Era uma folha em branco. — Foi uma fase realmente complicada aquela; eu estava começando a ter mais controle das empresas, havíamos acabado de ter nossa primeira filha e então isso... Lembro qu
Ian não discordava daquilo. A mansão Norton na Inglaterra era cinco vezes maior que aquela, parecendo um castelo. E isso sem falar de todo o resto da propriedade, do campo extenso que ela tinha, do estábulo com os cavalos, da garagem e todo o resto. Havia até mesmo uma lancha lá.— ... Era um bom lugar, como eu disse. — continuou Frederick. — O acesso era restrito, e Loren teria todo o cuidado necessário ali. Claro, ela teve que trancar a faculdade pelo tempo da gestação, mas aquilo não era um problema contanto que pudesse retomar os estudos depois. Elain também foi, afinal, precisávamos manter as aparências. O que todos sabiam, no Japão e no mundo, era que Elain estava passando uma gestação tranqüila numa das propriedades da família na Inglaterra.— Yara estava lá? — perguntou Ian.&
"É incrível quanto estrago pode ser feito quando só se tem boas intenções." - Pretty Little Liars.Otic-tac do relógio na parede era o único barulho na sala que conseguia ouvir com clareza. Sabia que não estava sozinha, que no sofá Eva desenhava qualquer coisa em um pedaço de papel, e que Cassandra estava na cozinha, preparando algo para o jantar. Ainda sim, tudo o que conseguia ouvir era o tic-tac, a marcação do relógio denunciando o correr do tempo.Tempo. Era tão estranho, ela pensava. Parecia que havia sido ontem em que tudo aconteceu, no entanto ela sabia que não era. As férias haviam chegado, e agora já estavam acabando. O tempo corria rápido, seguia. Alana que sentia que havia ficado parada no lugar.— Acha que ele vai gostar desse aqui? — perguntou Eva, lhe tirando