-- obrigada, doce menina. -- a senhora pálida e franzina disse quando entreguei a ela uma grande bandeja de comida. -- não há de quê, amanhã eu prometo que trago um pedaço enorme de bolo de chocolate para você e para os meninos. -- ela sorriu para mim. E eu retribui me afastando. Quando saí de sua pequena casinha, Camila já me esperava na porta. Ela me encarava de forma assustada e nervosa. -- já voltei, viu. -- você sabe que eu detesto vir aqui. -- ela se aproximou e arrumou o capuz em minha cabeça, para que meu rosto ficasse coberto. -- sim, você já deixou claro! Agora vamos. -- ela bufou nervosa enquanto saímos da pequena e mal iluminada aldeia. Enquanto eu passava, pessoas a quem eu ajudava me reconheciam e sorriam para mim. Camila me encarava brava enquanto andávamos. -- você sabe como isso é imprudente. -- essas pessoas passam fome com as guerras que vem acontecendo, não posso ficar simplesmente parada e fingir que não as vejo. -- Camila cruzou os braços brava. -- você
Ele me segurou fortemente pela cintura, eu não sabia como agir. Ou o que fazer. Mas eu sabia que ele não estava brincando, ele não era um príncipe. E eu estava sendo sequestrada. Sem opções eu mordi seu pescoço, ele pareceu confuso e me soltou. Eu saí correndo em disparada para dentro do barco, pois eu já não podia pular no mar. O barco já estava zarpando, e eu não sabia nadar. Corri o mais rápido possível para o compartimento de dentro, e encontrei uma sala aberta. Eu adentrei desesperada e tranquei a porta em seguida. Logo comecei a procurar por algo afiado, ou pontudo, mas nada encontrei.Eu já estava me escondendo de baixo da mesa, quando ouvi ele mexer na maçaneta da porta. Mas não havia como ele abrir, estava trancada. Até que ele simplesmente quebrou a maçaneta, como se não fosse nada. Com uma força anormal, ela ficou amassada.Quando ele entrou na sala, seus olhos me fitaram. Havia algo confuso ali, eu queria correr. Mas não havia como, lentamente ele desfilou até mim. --
Já estava ficando exausta de ficar naquela sala apertada, e conforme o barco balançava meu estômago se revirava. Eu estava decidida a sair. Abri lentamente a porta e dei de cara com dois homens que estavam me vigiando. -- eu gostaria de sair. -- eles se olharam e nada disseram. -- por favor já estou exausta de ficar aqui e além do mais... não há como eu fugir. Eles continuaram se encarando, como se estivessem pensando se era ou não uma boa ideia. Eu bufei já nervosa e sentindo um vômito iminente, passei por eles correndo. Eles tentaram me agarrar, mas rapidamente eu subi para cima. O brilho do sol quase me deixou cega, os diversos marujos me encararam confusos. Eu apenas passei por eles e corri até a borda do barco, vomitando tudo o que havia comido. Quando eu reabri os olhos, meu coração parecia estar saindo por minha garganta. Eu não acreditava no que estava vendo, o mar tão grande, imenso e azul. Eu quase caí para fora do barco, quando senti a mão dele me segurando pela ci
Quando deitei na cama aquela noite, eu tentei entender o que havia acontecido naquele quarto. Mas nenhuma explicação lógica me vinha à cabeça, afinal o modo como Julian havia agido não fazia sentido. Mas eu não queria pensar naquilo, eu não iria pensar naquilo. Porque se não, minha mente me levaria a lugares que eu não queria ir. Quando acordei pela manhã o sol entrava pelas frestas do navio, eu me pus de pé rapidamente e subi até o convés. Os marujos estavam afoitos aquela manhã, enquanto iam e vinham de um lado para o outro. Eu me inclinei para frente e avistei o porque dessa agitação. O porto das uvas estava logo à frente. Eu engoli em seco, pensando que aquela era minha única forma de fugir, mas também lembrava do que Julian havia dito sobre isso. Eu me empertiguei e senti um arrepio na nuca, quando olhei para o lado e vi Julian conversando com um marujo. Ele estava usando um grande casaco negro de pele de urso, e seu rosto estava muito sério. Seu olhar recaiu sobre mim, enqu
Eu fiquei imóvel, minhas pernas, meu corpo não conseguia se mover. Parecia que minha cabeça não conseguia assimilar o que estava acontecendo. Julian ficou encarando aquele corpo sangrento no chão, enquanto suas presas pareciam ficar ainda maiores e seu peito subia e descia rapidamente. Eu não sei como estava tendo coragem de fazer aquilo, mas eu me pus de pé rapidamente e comecei a correr. O mais rápido que conseguia, o mais rapidamente que minhas pernas aguentavam. Tudo ficou quieto, enquanto eu corria pela floresta. Me chocando contra galhos e pedregulhos, rasgando meu joelho. Até que eu senti uma mão me puxar pela cintura, ele iria me matar eu sabia. Ele me puxou para junto de si, mas o chutei e nós acabamos caindo no chão. Eu fiquei por cima dele, e logo tentei sair. Mas ele segurou minhas mãos e me puxou para baixo dele. Eu tremia. -- ME SOLTE, SEU DEMÔNIO! seus olhos estavam vidrados em mim. O sangue já estava seco no canto de seus lábios. Ele abriu um leve sorriso de c
Passamos mais três dias em alto mar. Eu ainda estava muito nervosa e ansiosa pelo o que o futuro reservava. Tinha medo do que estava por vir, mas me sentia um pouco mais tranquila, ficando ao lado de Julian. Mesmo ele sendo o que era. Eu estava na borda do navio, fitando o grande mar azul em uma bela manhã. Quando ele se colocou ao meu lado, eu olhei para ele de canto. O homem parecia pensativo. -- faltam só algumas horas para estarmos em rocha nublada. -- eu estremeci. -- não terá perigo de Hector nos encontrar? -- eu tenho um lugar seguro e escondido, onde ele nunca descobrirá. -- assenti pensativa. -- quero que saiba que não irei machucá-la. -- eu o encarei. -- sei que tem medo de mim, pelo o que sou. -- pesar tomou sua voz. -- mas não farei nada com você, eu juro pelo sangue. -- franzi o cenho. -- como o sol não fere você? -- ele só me fere quando tomo sangue humano, quando não... eu me pareço um humano. -- eu estava tão intrigada. -- então se não beber sangue humano, o s
Fui devidamente apresentada a boa parte dos residentes daquela... comunidade. Eu não sabia bem como intitular. Mas fui apresentada como esposa de Julian, o que me deixava nervosa e receosa. Mas ver a situação que todas aquelas pessoas passavam, durante anos. Até mesmo crianças inocentes, me fazia querer ajudar a todo custo. Quando acabou a apresentação, Eris levou eu e Julian por um corredor de rocha, que subia até a parte de cima. Onde havia um grande quarto iluminado, com uma cama posta no meio do quarto. -- obrigado irmão, mais tarde conto a você as novidades. -- eu espero mesmo, tenham uma boa noite. -- ele disse cheio de malícia, e logo após se foi. Julian fechou a porta já tirando a parte de cima de sua roupa. -- por quê você está se despindo? -- questionei nervosa. Ele sorriu ao ver minha cara. -- porque estou exausto e suado, quero me refrescar e depois dormir. -- ele ficou apenas de calças, e seu peitoral tão largo e bem definido me deixou sem palavras. Eu não pude evit
Me levantei cedo demais aquela manhã, eu sabia que era dia, pois entravam pequenos raios de sol pelas frestas da fortaleza. Não sabia se Julian ainda estava no quarto, eu apenas vesti um outro vestido azul e saí pelos corredores. Andei um pouco e cheguei até o que parecia ser o lugar de alimentação daquelas pessoas, algumas distribuíam enquanto outros recebiam. -- acordou cedo. -- Eris disse se aproximando com uma bandeja cheia de frutas e peixe assado nas mãos. -- digamos que não dormi muito bem. -- pelo o modo como seu rosto ficou malicioso, eu tinha certeza que ele não havia entendido. -- pode ficar por aqui se quiser, é hora do café da manhã. -- ele já estava passando por mim, quando segurei seu braço. -- me dê uma bandeja, eu quero distribuir também. -- ele me fitou de cima a baixo.-- ora não é necessário. -- mas eu quero. -- insisti sorridente. Ele me encarou por alguns instantes e então me entregou a bandeja que segurava. -- apenas duas frutas e dois peixes. -- eu ass