Ele me segurou fortemente pela cintura, eu não sabia como agir. Ou o que fazer. Mas eu sabia que ele não estava brincando, ele não era um príncipe. E eu estava sendo sequestrada.
Sem opções eu mordi seu pescoço, ele pareceu confuso e me soltou. Eu saí correndo em disparada para dentro do barco, pois eu já não podia pular no mar. O barco já estava zarpando, e eu não sabia nadar.Corri o mais rápido possível para o compartimento de dentro, e encontrei uma sala aberta. Eu adentrei desesperada e tranquei a porta em seguida. Logo comecei a procurar por algo afiado, ou pontudo, mas nada encontrei.Eu já estava me escondendo de baixo da mesa, quando ouvi ele mexer na maçaneta da porta. Mas não havia como ele abrir, estava trancada.Até que ele simplesmente quebrou a maçaneta, como se não fosse nada. Com uma força anormal, ela ficou amassada.Quando ele entrou na sala, seus olhos me fitaram. Havia algo confuso ali, eu queria correr. Mas não havia como, lentamente ele desfilou até mim.-- NÃO SE APROXIME! -- um sorriso de canto surgiu em seu rosto. Ele parecia uma rocha de tão alto.-- ou o quê? Vai jogar um livro em mim? -- eu me abaixei procurando algo, mas quando me voltei para frente, ele estava bem ao meu lado. Como ele havia feito aquilo tão rápido e sem nenhum barulho?Corri até a porta, estava quase passando por ela quando ele a fechou atrás de mim, e me prendeu contra a porta.Eu fiquei de costas para ele, e sentia que iria desmaiar.Ele aproximou sua cabeça da minha, e me virou de frente para ele. Eu estava imóvel.-- se você se acalmar e parar de fugir, talvez eu possa explicar a você o que está acontecendo, amor. -- eu senti a garganta secar.-- não há o que explicar! Você me sequestrou... você... você não é um príncipe. -- ele assentiu ironicamente.-- não, não sou.-- e... e... por que eu estou aqui? O que está acontecendo!? Você é algum espião de um dos inimigos de meu pai? Quer me levar para me prender e pedir uma boa recompensa? -- seus olhos me fitaram de cima a baixo, e lentamente ele se afastou caminhando até a mesa com leveza e de forma elegante. Eu não entendia como um homem tão alto demonstrava tanta leveza.Ele se aproximou da mesa e pegou o que parecia ser um whisky que estava escondido dentro do armário. Ele colocou dois copos sobre a mesa e despejou a bebida em cada um. Ele me ofereceu, mas eu fiquei onde estava. Ele deu de ombros e sentou-se de frente para mim, como se aquilo fosse muito normal.-- respondendo a sua... longa pergunta, eu não estou levando-a para alguém que irá pedir uma recompensa por você. -- eu estremeci. Então realmente estava sendo levada para um inimigo de meu reino.-- sou um contratado, meu "mandante" é uma pessoa muito reclusa, mas... que alguns de seu reino devem conhecê-lo. -- eu me empertiguei onde estava.-- q... quem?-- ele reside em rocha nublada. -- eu quase desmaiei.-- não... não pode ser! Ele não existe, é só uma lenda para crianças assustadas. -- um leve sorriso de canto surgiu em seus lábios.-- não, amor ele existe! E sim... ele realmente é assustador. -- eu estava lutando contra a vontade de chorar.-- as histórias contam que ele é um monstro que bebe sangue, e não pode sair a luz do dia! Que é um tirano deformado! Isso... isso não pode ser real. -- ele inclinou a cabeça para o lado, me fitando inteira.-- sim é real, ele me contratou! Pois ele quer você, mas ele sabia que não poderia se revelar, você sabe as pessoas o reconheceriam. Então... começou todo o plano de ganhar a confiança de seus pais, mandando jóias, dinheiro e etc. Seus pais foram tão tolos de acreditar no príncipe de "Cardonia" e agora você está aqui, indo para rocha nublada. -- eu estava lentamente perdendo a força das pernas.-- o que ele quer comigo? Por que justo eu? -- ele deu de ombros bebendo mais um pouco.-- o seu reino é forte, muito forte! Um casamento com você... é tudo o que um monstro como ele quer, quem não iria querer? -- eu fiquei estática.-- mas... mas você casou comigo, então não há como eu ficar com ele! Pois você é meu marido. -- ele sorriu novamente.-- não houve consumação amor, então o casamento não vale! -- eu inflei as narinas e comecei a andar de um lado para o outro desesperada, enquanto ele me fitava.Eu o encarei e ousei me aproximar um pouco.-- por favor eu imploro a você! Eu dou o que você quiser, muito ouro! Muito dinheiro, tudo! Só... só me leve de volta para casa. -- seus olhos pareciam ir para dentro de minha alma.-- é uma boa proposta, mas eu tenho planos para você. -- eu franzi o cenho. Ele se pôs de pé, e andou até a porta.-- o que quer dizer com isso?Ele se voltou para mim.-- logo você saberá. -- e então ele saiu, me deixando aflita naquela sala.Eu abri levemente a porta e ele estava no corredor falando com alguns homens.-- fiquem de olho para que ela não tente nenhuma burrice, e se algum de vocês encostar um dedo em um fio se quer do cabelo dela... vão perder bem mais do que a mão. -- os homens engoliram em seco com sua ameaça, e logo ele desapareceu. ****Eu estava sentada no cantinho da sala, ouvindo minha barriga roncar. Enquanto eu já não tinha mais lágrimas para derramar. Estava sendo sequestrada, sendo levada para um monstro que faria sabe-se lá o que comigo.Eu realmente não sabia o que fazer. A porta se abriu lentamente, e eu me empertiguei.Quando logo ele surgiu entrando na sala. Seus cabelos estavam molhados, e agora ele vestia uma roupa mais fresca. Uma camisa branca entre-aberta, e uma calça azul. Ele trazia em suas mãos uma bandeija, com um prato que parecia ser frango cozido.Ele se aproximou e eu me encolhi ainda mais, ele sentou-se de frente para mim e ergueu o prato.-- os homem disseram que você não comeu, por quê? Nossa culinária não é boa o suficiente para uma princesa? -- eu engoli em seco.-- não sou esse tipo de pessoa.-- não é o que parece, desperdiçando comida como se fosse algo que tivéssemos em abundância. -- por algum motivo eu quis chorar.-- prefiro morrer de fome. -- ele abriu um sorriso sem felicidade.-- e por quê?-- porque estou sendo sequestrada e levada para um monstro! Eu não vou comer nada, prefiro morrer. - ele ficou quieto me encarando por alguns segundos desconfortáveis, e então começou a cortar o frango.-- você vai comer, por bem ou por mal. -- não havia brincadeiras em sua voz, eu sabia que ele não era um homem de blefes. O que me dava ainda mais medo.-- terá que me forçar. -- seus olhos brilharam quando disse tal coisa. Ele colocou o prato de lado, e se inclinou na minha direção. Eu tentei me afastar, mas minha cabeça se chocou contra a parede atrás de mim.Ele se aproximou ainda mais e ficou á centímetros de meus lábios.Eu prendi a respiração.-- você acha que... -- sem demora ele me beijou, eu não sabia como reagir. Senti a intensidade de seus lábios contra os meus, a forma como ele parecia ansioso e desesperado, a forma como senti sua língua entrando na minha boca. Eu fechei os olhos por impulso e me deixei levar. Ele se afastou, e eu fiquei com a boca aberta, me assustando quando ele enfiou um pedaço de frango em minha boca. Eu quase engasguei. Ele me encarou com malícia.-- é melhor comer, ou nós ficaremos nisso a noite toda. Eu tenho tempo. -- eu queria cuspir nele, mas aquela não era a melhor ocasião. Então apenas continuei a mastigar furiosa.Quando acabei, eu estava brava comigo mesma.Ele se pôs de pé e andou até a porta, se voltando lentamente para mim.-- você não precisa ter medo de mim, ou do seu futuro! Eu tive uma ideia muito melhor. -- eu não sabia o que aquilo significava, mas fiquei onde estava enquanto ele saia da sala e me deixava ainda mais ansiosa sobre meu futuro.Já estava ficando exausta de ficar naquela sala apertada, e conforme o barco balançava meu estômago se revirava. Eu estava decidida a sair. Abri lentamente a porta e dei de cara com dois homens que estavam me vigiando. -- eu gostaria de sair. -- eles se olharam e nada disseram. -- por favor já estou exausta de ficar aqui e além do mais... não há como eu fugir. Eles continuaram se encarando, como se estivessem pensando se era ou não uma boa ideia. Eu bufei já nervosa e sentindo um vômito iminente, passei por eles correndo. Eles tentaram me agarrar, mas rapidamente eu subi para cima. O brilho do sol quase me deixou cega, os diversos marujos me encararam confusos. Eu apenas passei por eles e corri até a borda do barco, vomitando tudo o que havia comido. Quando eu reabri os olhos, meu coração parecia estar saindo por minha garganta. Eu não acreditava no que estava vendo, o mar tão grande, imenso e azul. Eu quase caí para fora do barco, quando senti a mão dele me segurando pela ci
Quando deitei na cama aquela noite, eu tentei entender o que havia acontecido naquele quarto. Mas nenhuma explicação lógica me vinha à cabeça, afinal o modo como Julian havia agido não fazia sentido. Mas eu não queria pensar naquilo, eu não iria pensar naquilo. Porque se não, minha mente me levaria a lugares que eu não queria ir. Quando acordei pela manhã o sol entrava pelas frestas do navio, eu me pus de pé rapidamente e subi até o convés. Os marujos estavam afoitos aquela manhã, enquanto iam e vinham de um lado para o outro. Eu me inclinei para frente e avistei o porque dessa agitação. O porto das uvas estava logo à frente. Eu engoli em seco, pensando que aquela era minha única forma de fugir, mas também lembrava do que Julian havia dito sobre isso. Eu me empertiguei e senti um arrepio na nuca, quando olhei para o lado e vi Julian conversando com um marujo. Ele estava usando um grande casaco negro de pele de urso, e seu rosto estava muito sério. Seu olhar recaiu sobre mim, enqu
Eu fiquei imóvel, minhas pernas, meu corpo não conseguia se mover. Parecia que minha cabeça não conseguia assimilar o que estava acontecendo. Julian ficou encarando aquele corpo sangrento no chão, enquanto suas presas pareciam ficar ainda maiores e seu peito subia e descia rapidamente. Eu não sei como estava tendo coragem de fazer aquilo, mas eu me pus de pé rapidamente e comecei a correr. O mais rápido que conseguia, o mais rapidamente que minhas pernas aguentavam. Tudo ficou quieto, enquanto eu corria pela floresta. Me chocando contra galhos e pedregulhos, rasgando meu joelho. Até que eu senti uma mão me puxar pela cintura, ele iria me matar eu sabia. Ele me puxou para junto de si, mas o chutei e nós acabamos caindo no chão. Eu fiquei por cima dele, e logo tentei sair. Mas ele segurou minhas mãos e me puxou para baixo dele. Eu tremia. -- ME SOLTE, SEU DEMÔNIO! seus olhos estavam vidrados em mim. O sangue já estava seco no canto de seus lábios. Ele abriu um leve sorriso de c
Passamos mais três dias em alto mar. Eu ainda estava muito nervosa e ansiosa pelo o que o futuro reservava. Tinha medo do que estava por vir, mas me sentia um pouco mais tranquila, ficando ao lado de Julian. Mesmo ele sendo o que era. Eu estava na borda do navio, fitando o grande mar azul em uma bela manhã. Quando ele se colocou ao meu lado, eu olhei para ele de canto. O homem parecia pensativo. -- faltam só algumas horas para estarmos em rocha nublada. -- eu estremeci. -- não terá perigo de Hector nos encontrar? -- eu tenho um lugar seguro e escondido, onde ele nunca descobrirá. -- assenti pensativa. -- quero que saiba que não irei machucá-la. -- eu o encarei. -- sei que tem medo de mim, pelo o que sou. -- pesar tomou sua voz. -- mas não farei nada com você, eu juro pelo sangue. -- franzi o cenho. -- como o sol não fere você? -- ele só me fere quando tomo sangue humano, quando não... eu me pareço um humano. -- eu estava tão intrigada. -- então se não beber sangue humano, o s
Fui devidamente apresentada a boa parte dos residentes daquela... comunidade. Eu não sabia bem como intitular. Mas fui apresentada como esposa de Julian, o que me deixava nervosa e receosa. Mas ver a situação que todas aquelas pessoas passavam, durante anos. Até mesmo crianças inocentes, me fazia querer ajudar a todo custo. Quando acabou a apresentação, Eris levou eu e Julian por um corredor de rocha, que subia até a parte de cima. Onde havia um grande quarto iluminado, com uma cama posta no meio do quarto. -- obrigado irmão, mais tarde conto a você as novidades. -- eu espero mesmo, tenham uma boa noite. -- ele disse cheio de malícia, e logo após se foi. Julian fechou a porta já tirando a parte de cima de sua roupa. -- por quê você está se despindo? -- questionei nervosa. Ele sorriu ao ver minha cara. -- porque estou exausto e suado, quero me refrescar e depois dormir. -- ele ficou apenas de calças, e seu peitoral tão largo e bem definido me deixou sem palavras. Eu não pude evit
Me levantei cedo demais aquela manhã, eu sabia que era dia, pois entravam pequenos raios de sol pelas frestas da fortaleza. Não sabia se Julian ainda estava no quarto, eu apenas vesti um outro vestido azul e saí pelos corredores. Andei um pouco e cheguei até o que parecia ser o lugar de alimentação daquelas pessoas, algumas distribuíam enquanto outros recebiam. -- acordou cedo. -- Eris disse se aproximando com uma bandeja cheia de frutas e peixe assado nas mãos. -- digamos que não dormi muito bem. -- pelo o modo como seu rosto ficou malicioso, eu tinha certeza que ele não havia entendido. -- pode ficar por aqui se quiser, é hora do café da manhã. -- ele já estava passando por mim, quando segurei seu braço. -- me dê uma bandeja, eu quero distribuir também. -- ele me fitou de cima a baixo.-- ora não é necessário. -- mas eu quero. -- insisti sorridente. Ele me encarou por alguns instantes e então me entregou a bandeja que segurava. -- apenas duas frutas e dois peixes. -- eu ass
Eu sentia o corpo bem acomodado, enquanto pequenos raios de sol refletiam em meus olhos. Acordei lentamente, e logo notei que estava deitada em uma pequena cama, em volta de um cobertor quente, no que parecia ser uma tenda. Lá fora eu ouvia vozes, sobressaltada, eu me pus de pé recordando o que havia acontecido. Eu não via bem lá fora, mas dava para notar que havia um pequeno tráfego de pessoas. -- você é um maldito estúpido! -- eu reconheci aquela voz furiosa, era Ivan. -- você sabe que nós não podemos confiar naquele sanguessuga! -- Adam esbravejou. Eu estremeci, logo corri para o outro lado da tenda e tentei encontrar um modo de fugir. Eu estava quase rasgando uma parte da tenda, quando senti um braço passar por minha cintura me prendendo contra si. Ele me jogou na cama, e eu sentia o coração a mil. Ele vestia apenas uma calça preta larga, e seu rosto estava muito sério. Ivan estava ao seu lado. -- por favor... Por favor não me façam nada! Eu imploro. Adam sorriu ironicam
Eu sabia que ele mataria todos Aqueles lobisomens, seu rosto não escondia isso. Olhei ao redor e pude ver algumas mulheres escondidas nos cantos, protegendo suas crianças. Enquanto olhavam para Julian apavoradas. Aquilo seria um massacre, então sai de onde estava parada e corri até ele. Julian ainda apertava o pescoço do lobisomem, quando um outro tentou saltar contra ele, Julian sorriu. -- você está sem jeito, Ivan. -Ele era um grande lobisomem cinzento de orelhas pontudas, eu olhei para ele enquanto corria. -- JULIAN, EU ESTOU AQUI. seus olhos recairam sobre mim. Ele me fitou de cima a baixo, enquanto sua garganta oscilava. Ele vacilou um pouco, dando tempo para o lobisomem se soltar e jogá-lo para longe. Julian rugiu ao se chocar contra as árvores. Todos os lobisomens foram para cima dele ao mesmo tempo, mas eu fui mais rápida e corri me colocando na frente. Eles pararam me encarando. -- não... Não façam nada com ele, eu imploro. -- os lobisomens rugiram para mim. Julian se