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capítulo 04: o demônio

Quando deitei na cama aquela noite, eu tentei entender o que havia acontecido naquele quarto. Mas nenhuma explicação lógica me vinha à cabeça, afinal o modo como Julian havia agido não fazia sentido. Mas eu não queria pensar naquilo, eu não iria pensar naquilo. Porque se não, minha mente me levaria a lugares que eu não queria ir.

Quando acordei pela manhã o sol entrava pelas frestas do navio, eu me pus de pé rapidamente e subi até o convés.

Os marujos estavam afoitos aquela manhã, enquanto iam e vinham de um lado para o outro. Eu me inclinei para frente e avistei o porque dessa agitação. O porto das uvas estava logo à frente.

Eu engoli em seco, pensando que aquela era minha única forma de fugir, mas também lembrava do que Julian havia dito sobre isso.

Eu me empertiguei e senti um arrepio na nuca, quando olhei para o lado e vi Julian conversando com um marujo. Ele estava usando um grande casaco negro de pele de urso, e seu rosto estava muito sério.

Seu olhar recaiu sobre mim, enquanto nos aproximavamos do porto.

Ele deixou o marujo e andou até mim.

-- imagino que você lembre da nossa conversa sobre uma tentativa de fuga? -- eu me forcei a assentir.

-- pois bem, espero que você saiba quais as consequências que podem vir a surgir se você tentar algo desse tipo. -- sua voz estava grave. Ele não estava brincando, ou blefando.

-- não tentarei nada.

-- ótimo. -- e logo ele se afastou, não me dando espaço para questionar sobre a noite passada. O que me deixou frustrada.

Sem demora nós atracamos, Julian se certificou de ficar ao meu lado enquanto desciamos.

O porto das uvas era lindo, havia tanta natureza e paz. Parecia um lugar irreal.

Eu estava maravilhada.

Continuamos andando, com Julian me segurando pela cintura. por onde passavamos algumas pessoas esticavam o pescoço para olhar para nós.

Eu não entendia bem, será que eles me reconheciam?

Chegamos no meio do porto, onde havia um grande casarão. Julian me fitou e logo adentramos, rapidamente eu descobri que aquilo era um bordel. Mulheres dançavam nuas nas mesas, enquanto homens ficavam em posições... Inadequadas.

Passamos por todas aquelas coisas e eu estava tão vermelha que parecia que iria explodir.

Julian me guiou até uma mesa, onde havia um homem gorducho de cabelos grisalhos e expressão séria.

Eu estava quase sentando quando Julian o fez o primeiro, e me puxou para o seu colo. Eu arregalei os olhos e tentei levantar, mas ele me segurou pela cintura, me mantendo onde eu estava. Eu não sabia se respirava.

O homem me encarou lentamente e logo após Julian.

-- bela empreitada essa que você arrumou. -- ele pegou um copo de vinho na mesa e bebeu.

-- gostou? Eu disse que conseguiria.

-- muito, nunca duvidei de sua capacidade.  -- eu encarei aquele velho. Parecia que eu era um animal a ser negociado. Julian apertou minha cintura e subiu um pouco mais seus dedos até meu ombro, eu estremeci.

-- consegui domar essa aqui, não foi tão difícil. -- o velhote sorriu, eu só queria cuspir nele. O homem se inclinou sobre a mesa, se aproximando mais de Julian.

-- há boatos sobre você amigo, sobre o que você está fazendo! -- eu me concentrei naquela conversa.

-- ah é? E sobre o que estão comentando?

-- dizem que você quer libertar o povo de rocha nublada, que você mesmo irá enfrentar Hector e libertar nosso povo da escravidão, matando aquele maldito bastardo usurpador.

O velho cuspiu no chão.

Então Hector era o usurpador a quem Julian estava me levando.

Ele se inclinou um pouco, fazendo eu me mover em seu colo, foi uma estranha sensação.

-- como eu poderia fazer isso Arthur? -- o velho o fitou.

-- você tem planos, você é bom nisso... em esconder as coisas! Em planejar. -- Julian sorriu.

-- por quê você me chamou aqui Julian?

-- eu tenho planos, mas preciso de ajuda! De mais guerreiros que estejam dispostos a luterem ao meu lado, e quem melhor do que você Arthur? -- Arthur se recostou na cadeira.

-- você ainda tem aquele problema? -- Julian ficou quieto, imóvel. Parecia não respirar.

-- não.

-- é mesmo? Então porque parece o contrário? -- tudo parecia ter ficado mais silencioso.

Julian se recostou novamente na cadeira e encarou Arthur, ele não parecia tenso. Mas eu sabia que estava.

-- eu não preciso provar nada para você, você sabe da minha capacidade! Do que eu posso fazer. Está vendo ela? Ela está aqui não está? Eu consigo fazer isso. -- sua voz ficou mais grave, mais firme. Arthur se empertigou.

-- não duvido que consiga, o problema... é que você perde o controle! E isso... isso é perigoso meu amigo, lembra-se da...

-- chega! -- eu me assustei, ele apertou minha cintura muito forte. Arthur ficou quieto.

-- não falaremos disso. -- eu estava tão nervosa, engoli em seco.

-- eu preciso ir ao banheiro.

Julian parecia ter esquecido minha presença, mesmo eu estando em seu colo.

-- espere.

-- eu não consigo. -- senti as bochechas queimando.

Ele bufou, uma dançarina alta e esbelta estava passando ao nosso lado, Julian segurou seu pulso e a trouxe para perto.

-- leve-a até o banheiro amor, e não deixe que ela fuja! Ou se não... você vai perder sua habilidade de dançar. -- a dançarina engoliu em seco e me encarou, eu me pus de pé. Julian segurou meu pulso, e me lançou um olhar explicativo. Eu assenti e segui a mulher.

Ela ficou ao lado de fora. o banheiro era sujo e fedido mas eu estava apertada. Rapidamente eu comecei a fazer, quando ouvi um estrondo na porta. Eu me sobressaltei, e me pus de pé.

-- Olá? Você ainda está aí? -- ela não respondeu, eu andei até a porta, quando ela foi aberta bruscamente. Dois homens enormes me encararam, me puxaram para junto de si. Eu se quer tive tempo de gritar quando eles me colocaram dentro de um saco, e me puxaram para fora do casarão pelas portas dos fundos. Eu mal via pelos buracos do saco, enquanto me debatia.

-- ele foi tolo de trazê-la aqui.

Um deles riu.

-- ele ainda acha que pode ganhar, esse desgraçado vai virar cinzas. -- eu fui arremessada para dentro de uma carruagem que começou a andar, eu gritava e me debatia mas ninguém ouvia.

Estávamos indo muito rápido pela floresta, quando eu comecei a rasgar o saco com os dentes e abriu um buraco, que eu rasguei com as mãos.

Rapidamente eu consegui pôr a cabeça para fora, os dois estavam na parte da frente da carruagem. Eu saí de dentro do saco, quando um deles me viu.

-- SUA M*****A. -- ele tentou me pegar, mas eu chutei. Enquanto o outro parava a carruagem. Eu me joguei para fora, correndo o mais rápido que podia.

Mas um deles me alcançou, me puxando para junto de si. Eu tentei chutá-lo, mas ele segurou minhas pernas.

-- acho que eu vou ter que domar você princesa. -- ele quis levantar meu vestido, eu gritei com medo. Eu estava quase em seus braços, quando o outro homem berrou de dor. De uma forma dolorida e sofrida. O que me puxava parou rapidamente, me soltou e tirou da calça uma adaga.

-- FILIPE? -- eu me encolhi.

-- dane-se ele. -- ele se voltou para mim, eu estava quase berrando quando uma mão passou por dentro de seu peito, arrancando seu coração como se não fosse nada.

O homem ficou com os olhos vidrados, enquanto sangue escorria por sua boca.

Eu quis gritar, mas não havia voz em minha garganta.

Ele caiu de joelhos, e eu pude ver quem estava atrás dele.

Julian segurava o coração ensanguentado do homem.

Seus olhos estavam vermelhos como fogo, seu rosto cheio de sangue e em sua boca haviam duas enormes presas animalescas.

Julian era um demônio bebedor de sangue.

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