— Gostando do que vê, senhor Alcântara? — perguntei. Sim, eu estava me divertindo em deixá-lo daquele jeito e me sentia poderosa. — Muito! Mais do que você imagina. — respondeu, encontrando os meus olhos e isso fez minhas bochechas queimarem. ***Às vinte e uma horas, estávamos parados em frente ao barzinho, como havíamos combinado com a Mônica. E para a minha surpresa, tudo estava quieto e apagado lá dentro. O que era difícil de acreditar. Poxa, isso é um bar e era para funcionar nos finais de semana, certo?— Não acredito que não vai funcionar hoje! — resmunguei decepcionada.Luís tentou me tranquilizar e me convenceu a ir até porta, para ver se poderíamos falar com algum responsável. Não sei se vai mudar alguma coisa, mas podíamos tentar. Ele abriu a porta e me deu passagem e assim que pus meus pés dentro do prédio, fui surpreendida pelas luzes, os gritos, assobios, palmas e as bolas coloridas que caíam do teto. Emocionada, levei as mãos ao rosto e sorri feito uma boba. Todos est
Alguns dias depois...Ana JúliaEstou tão feliz! Esses últimos dias muitas coisas boas estão acontecendo em minha vida. Estou namorando um homem lindo e que ama, o meu noivado, a faculdade. E falando em faculdade, hoje é o meu terceiro dia de aula no curso de arquitetura e confesso que estou amando tudo o que aprendi até agora. Saber que vou dar continuidade a minha vida e ao meu futuro e que logo, logo estarei formada, me preenche ainda mais de felicidade e de orgulho de mim mesma. Chego a sonhar com os meus futuros projetos, com grandes projetos, na verdade. Quem diria que, da medicina eu iria me encantar com a arquitetura? Com certeza há uma diferença gritante entre os dois cursos.— Por hoje é só, turma. Por favor, não se esqueçam da redação, com pelo menos cem palavras, falando sobre o curso de arquitetura. Quero saber o que se passa na cabeça de vocês. — O professor encerra a aula e automaticamente eu começo a guardar meus materiais dentro da bolsa.— Oi, meu nome é Sara. — Uma
— Está vendo isso aqui? — indaguei, mostrando-lhe a aliança. Ela me lançou um olhar espantado e eu sorri. — Isso mesmo, queridinha — emendei. — Ele é meu. Vê se “você” desaparece, porque ao que me consta, é você quem está sobrando aqui! — ralhei baixo, mas cheia de fúria e me afastei de Camilly, que agora não estava tão elegante, com seus cabelos desgrenhados, o rosto vermelho e inchado, por conta dos tapas e a boca suja de sangue. Entrei no meu carro com a adrenalina a mil. Liguei o motor e sai cantando pneus e ainda assim podia ouvir os seus gritos.— SUA VADIA! VOCÊ ME PAGA! EU VOU DESTRUIR VOCÊ! AAAAAHHHH!O trânsito a essa hora estava calmo e eu pus uma música para tentar me acalmar. Dirigi direto para um restaurante, para encontrar-me com Mônica. Havíamos marcado para conversarmos um pouco e de pôr o nosso papo em dia. Assim que entrei, vi minha a amiga me aguardando em uma mesa reservada. Ela sorriu para mim, mas logo o seu sorriso se desfez, quando percebeu que eu estava séria
— Nada de tomar partido? — inquire depois de um tempo. Sorrio.— Nada de tomar partido — confirmo. — Qualquer problema, eles que se virem!— Bom, se você está garantindo, eu também me garanto — diz.— Prometido, então. — Resolvo mudar de assunto. — Você não me falou como foi seu dia aí em São Paulo.— Chato, muito chato! — diz sério. Ele respira fundo antes de continuar. — Por dois motivos. O primeiro, você não está aqui ao meu lado e eu estou morrendo de saudades suas. E o segundo, tem muitas reuniões, uma atrás da outra. Mas o bom disso tudo é que vamos fechar um bom negócio por aqui — conclui animado.— Hum, quanto ao seu primeiro problema. Acho que resolvemos isso amanhã, certo? — Ele sorri.— Certo. — Suspira audível. — Estou roxo de saudades suas, Ana!— Eu também. Estou dormindo com a sua roupa para sentir o seu cheiro, assim eu me sinto mais perto de você!— Huuum! Isso é uma ideia tentadora! Posso trazer sua calcinha na próxima viagem! — diz sugestivo e eu solto uma risada go
Quando se acomoda ao meu lado na mesa, noto que Marta não está mais no cômodo e que estamos a sós. Enquanto jantamos, conversamos sobre qualquer assunto e rimos feito dois bobos de tudo. Depois a levo até a garagem. Eu a observo se acomodar no banco do motorista, em seu carro, largar sua bolsa no banco traseiro, pôr o cinto de segurança e antes de ligar o motor, ela me joga um beijo no ar. Automaticamente ergo uma mão e finjo segurar o seu beijo, guardando-o do lado do meu coração. Minha pequena sorri. É incrível que ela se encaixe com tanta perfeição em tudo em minha vida. Penso suspirando baixinho. O carro entra em movimento e ela pegar o trânsito em seguida. Levo as mãos aos bolsos da minha caça e volto para dentro do prédio em seguida. Sentado no sofá da sala, eu pego o jornal para ler as últimas notícias da cidade carioca, mas a campainha começa a tocar e eu o largo para ir abrir a porta. Encontro a minha vizinha Karol, com um sorriso estampado no rosto e assim que me ver, ela me
Em algum lugar do Brasil...CamillyEstou dentro desse muquifo há dias. Um quarto pequeno e apertado e em uma cama igualmente pequena e apertada. O lugar tem um cheiro forte de mofo e as paredes estão sujas e caindo aos pedaços. Onde eu fui parar? Não sei onde eu estava com a cabeça quando deixei um homem como Luís Renato Alcântara por um Carlos qualquer! Puxo a respiração e abro a porta do banheiro. Droga, isso é um chiqueiro!— Onde eu fui amarrar o meu bode? — rosno baixinho. — Se arrependimento matasse, eu já estaria a sete palmos do chão! — digo, sentindo a minha cabeça latejar. Paro em frente a pequena pia, que tem um espelho pequeno e retangular na parede e encaro o olho roxo e o pequeno corte no canto da minha boca. Bufo de modo audível. — Aquela vadia vai me pagar! Isso vai sair muito caro pra ela! — rosno entre dentes, ainda encarando o meu reflexo no espelho manchado na parede. Volto para o quarto no mesmo instante em que a porta se abre com um rangido e Carlos entra no côm
— Só tem metade do que ele pediu aqui! — rosna, irritado. Seu bafo de bebida se espalha pelo ambiente. Automaticamente levo a mão ao nariz, sentindo a bílis subir a garganta. Que nojo!— Deixa de ser otário, Carlos! Você só vai dar a outra metade quando o serviço estiver feito. Já falou com o homem?— Já. Ele está só esperando o sinal. Vou levar pra ele agora mesmo — diz, se levantando com dificuldade. Ele se aproxima de mim e me beija no rosto, me deixando enojada com o seu cheiro, depois sai e fecha a porta atrás de si. Eu limpo a minha face com um lenço de papel e o jogo na lixeira.— Idiota nojento! — resmungo, indo para o banheiro, a fim de tomar um banho rápido.***Duas horas depois...— Está tudo certo, Camilly. Passei para ele todas as informações sobre a garota. Seus horários, o endereço do emprego, da faculdade e até a marca e placa do carro dela. Agora e só esperar o momento certo. — Carlos diz assim que passa pela porta do meu quarto. Noto a empolgação em sua voz e sorrio
Luís Renato— Calma, Luís, estou indo aí agora, cara! — Marcos fala assim que lhe falo sobre o sumiço da Ana. Já liguei mais de dez vezes e a ligação só cai na caixa postal. Alguma coisa aconteceu, eu sei que tem alguma coisa errada. Encerro a ligação e largo o celular de qualquer jeito em cima do sofá. Marta entra na sala com uma xícara de chá, mas eu recuso. Ela tem os olhos vermelhos. Esteve chorando. Penso angustiado. Deve estar tão preocupada quanto eu, pois sabe que Ana jamais sumiria assim, tampouco deixaria de me ligar por tanto tempo. Meu celular começa a tocar e eu o pego, olhando a tela com curiosidade. O fato de o número ser desconhecido me apavora. Atendo à ligação e o levo ao ouvido. De alguma forma essa ligação me deixou com o coração apertado. Um medo sufocante fechou a minha garganta.— Alô! — sibilei receoso.— Boa noite, gostaria de falar com o senhor Alcântara! — uma voz feminina disse do outro lado. Puxei a respiração.— É ele.— Senhor Alcântara, aqui é do Hospit