— Está vendo isso aqui? — indaguei, mostrando-lhe a aliança. Ela me lançou um olhar espantado e eu sorri. — Isso mesmo, queridinha — emendei. — Ele é meu. Vê se “você” desaparece, porque ao que me consta, é você quem está sobrando aqui! — ralhei baixo, mas cheia de fúria e me afastei de Camilly, que agora não estava tão elegante, com seus cabelos desgrenhados, o rosto vermelho e inchado, por conta dos tapas e a boca suja de sangue. Entrei no meu carro com a adrenalina a mil. Liguei o motor e sai cantando pneus e ainda assim podia ouvir os seus gritos.— SUA VADIA! VOCÊ ME PAGA! EU VOU DESTRUIR VOCÊ! AAAAAHHHH!O trânsito a essa hora estava calmo e eu pus uma música para tentar me acalmar. Dirigi direto para um restaurante, para encontrar-me com Mônica. Havíamos marcado para conversarmos um pouco e de pôr o nosso papo em dia. Assim que entrei, vi minha a amiga me aguardando em uma mesa reservada. Ela sorriu para mim, mas logo o seu sorriso se desfez, quando percebeu que eu estava séria
— Nada de tomar partido? — inquire depois de um tempo. Sorrio.— Nada de tomar partido — confirmo. — Qualquer problema, eles que se virem!— Bom, se você está garantindo, eu também me garanto — diz.— Prometido, então. — Resolvo mudar de assunto. — Você não me falou como foi seu dia aí em São Paulo.— Chato, muito chato! — diz sério. Ele respira fundo antes de continuar. — Por dois motivos. O primeiro, você não está aqui ao meu lado e eu estou morrendo de saudades suas. E o segundo, tem muitas reuniões, uma atrás da outra. Mas o bom disso tudo é que vamos fechar um bom negócio por aqui — conclui animado.— Hum, quanto ao seu primeiro problema. Acho que resolvemos isso amanhã, certo? — Ele sorri.— Certo. — Suspira audível. — Estou roxo de saudades suas, Ana!— Eu também. Estou dormindo com a sua roupa para sentir o seu cheiro, assim eu me sinto mais perto de você!— Huuum! Isso é uma ideia tentadora! Posso trazer sua calcinha na próxima viagem! — diz sugestivo e eu solto uma risada go
Quando se acomoda ao meu lado na mesa, noto que Marta não está mais no cômodo e que estamos a sós. Enquanto jantamos, conversamos sobre qualquer assunto e rimos feito dois bobos de tudo. Depois a levo até a garagem. Eu a observo se acomodar no banco do motorista, em seu carro, largar sua bolsa no banco traseiro, pôr o cinto de segurança e antes de ligar o motor, ela me joga um beijo no ar. Automaticamente ergo uma mão e finjo segurar o seu beijo, guardando-o do lado do meu coração. Minha pequena sorri. É incrível que ela se encaixe com tanta perfeição em tudo em minha vida. Penso suspirando baixinho. O carro entra em movimento e ela pegar o trânsito em seguida. Levo as mãos aos bolsos da minha caça e volto para dentro do prédio em seguida. Sentado no sofá da sala, eu pego o jornal para ler as últimas notícias da cidade carioca, mas a campainha começa a tocar e eu o largo para ir abrir a porta. Encontro a minha vizinha Karol, com um sorriso estampado no rosto e assim que me ver, ela me
Em algum lugar do Brasil...CamillyEstou dentro desse muquifo há dias. Um quarto pequeno e apertado e em uma cama igualmente pequena e apertada. O lugar tem um cheiro forte de mofo e as paredes estão sujas e caindo aos pedaços. Onde eu fui parar? Não sei onde eu estava com a cabeça quando deixei um homem como Luís Renato Alcântara por um Carlos qualquer! Puxo a respiração e abro a porta do banheiro. Droga, isso é um chiqueiro!— Onde eu fui amarrar o meu bode? — rosno baixinho. — Se arrependimento matasse, eu já estaria a sete palmos do chão! — digo, sentindo a minha cabeça latejar. Paro em frente a pequena pia, que tem um espelho pequeno e retangular na parede e encaro o olho roxo e o pequeno corte no canto da minha boca. Bufo de modo audível. — Aquela vadia vai me pagar! Isso vai sair muito caro pra ela! — rosno entre dentes, ainda encarando o meu reflexo no espelho manchado na parede. Volto para o quarto no mesmo instante em que a porta se abre com um rangido e Carlos entra no côm
— Só tem metade do que ele pediu aqui! — rosna, irritado. Seu bafo de bebida se espalha pelo ambiente. Automaticamente levo a mão ao nariz, sentindo a bílis subir a garganta. Que nojo!— Deixa de ser otário, Carlos! Você só vai dar a outra metade quando o serviço estiver feito. Já falou com o homem?— Já. Ele está só esperando o sinal. Vou levar pra ele agora mesmo — diz, se levantando com dificuldade. Ele se aproxima de mim e me beija no rosto, me deixando enojada com o seu cheiro, depois sai e fecha a porta atrás de si. Eu limpo a minha face com um lenço de papel e o jogo na lixeira.— Idiota nojento! — resmungo, indo para o banheiro, a fim de tomar um banho rápido.***Duas horas depois...— Está tudo certo, Camilly. Passei para ele todas as informações sobre a garota. Seus horários, o endereço do emprego, da faculdade e até a marca e placa do carro dela. Agora e só esperar o momento certo. — Carlos diz assim que passa pela porta do meu quarto. Noto a empolgação em sua voz e sorrio
Luís Renato— Calma, Luís, estou indo aí agora, cara! — Marcos fala assim que lhe falo sobre o sumiço da Ana. Já liguei mais de dez vezes e a ligação só cai na caixa postal. Alguma coisa aconteceu, eu sei que tem alguma coisa errada. Encerro a ligação e largo o celular de qualquer jeito em cima do sofá. Marta entra na sala com uma xícara de chá, mas eu recuso. Ela tem os olhos vermelhos. Esteve chorando. Penso angustiado. Deve estar tão preocupada quanto eu, pois sabe que Ana jamais sumiria assim, tampouco deixaria de me ligar por tanto tempo. Meu celular começa a tocar e eu o pego, olhando a tela com curiosidade. O fato de o número ser desconhecido me apavora. Atendo à ligação e o levo ao ouvido. De alguma forma essa ligação me deixou com o coração apertado. Um medo sufocante fechou a minha garganta.— Alô! — sibilei receoso.— Boa noite, gostaria de falar com o senhor Alcântara! — uma voz feminina disse do outro lado. Puxei a respiração.— É ele.— Senhor Alcântara, aqui é do Hospit
— Também te amo, minha pequena! — sussurro, encostando minha testa no vidro. — Volta logo para mim, por favor! — peço em tom de súplica. Uma mão aperta levemente o meu ombro, me fazendo olhar de lado e vejo o meu amigo em pé ao meu lado. Marcos tem um olhar cansado e preocupado.— Vai dar tudo certo, meu amigo! — sibila com voz firme e baixa. Eu apenas assinto com a cabeça. Do outro lado do corredor, Mônica parece desolada. Ela está falando ao telefone com algumas pessoas. Penso na amizade delas. É incrível como são fiéis uma a outra! Uma amizade linda e forte. Elas já passaram por tantas coisas juntas.Guilherme e Gisele entram no meu campo de visão, assim que entram no corredor e Gui vem ao meu encontro, me puxando para um abraço firme e forte, que eu recebo, como um bote salva-vidas. Gisele faz o mesmo com Mônica, para depois vir para mim.— Como ela está? — indaga assim que se afasta.— Ainda não recebemos nenhuma notícia — falo com um suspiro audível.— Há quanto tempo estão espe
Marcos Albuquerque— Já se passaram três dias, Gui. Luís está com ar de louco e eu estou muito preocupado com ele, cara! E se Ana não acordar? — questiono olhando nos olhos do meu irmão. Estamos na casa do Guilherme, aguardando Gisele chegar com alguma novidade sobre o acidente de Ana. Ela passou a semana inteira empenhada em descobrir o que realmente aconteceu e hoje cedo nos ligou dizendo que descobriu algo.— Ela vai acordar, Marcos. Temos que pensar positivo.— Tá, mas e se...— Não tem e se, Marcos, pelo amor de Deus! — diz, impaciente. — Só temos que acreditar, ok? — Seu tom de voz agora é confiante. — Ana é uma garota muito forte, ela ama o Luís e eu sei que ela vai conseguir sair dessa. Assinto, pois preciso acreditar nisso. —— Espero que você esteja certo, mano. Não sei se aguento ver meu amigo desabar de novo e viver isolado naquele mundo doloroso outra vez — digo e esvazio o meu copo.— Oi, meninos, demorei? — Gisele pergunta animada e adentrando a sala. Ela dá um beijo cá