Marcos Albuquerque— Já se passaram três dias, Gui. Luís está com ar de louco e eu estou muito preocupado com ele, cara! E se Ana não acordar? — questiono olhando nos olhos do meu irmão. Estamos na casa do Guilherme, aguardando Gisele chegar com alguma novidade sobre o acidente de Ana. Ela passou a semana inteira empenhada em descobrir o que realmente aconteceu e hoje cedo nos ligou dizendo que descobriu algo.— Ela vai acordar, Marcos. Temos que pensar positivo.— Tá, mas e se...— Não tem e se, Marcos, pelo amor de Deus! — diz, impaciente. — Só temos que acreditar, ok? — Seu tom de voz agora é confiante. — Ana é uma garota muito forte, ela ama o Luís e eu sei que ela vai conseguir sair dessa. Assinto, pois preciso acreditar nisso. —— Espero que você esteja certo, mano. Não sei se aguento ver meu amigo desabar de novo e viver isolado naquele mundo doloroso outra vez — digo e esvazio o meu copo.— Oi, meninos, demorei? — Gisele pergunta animada e adentrando a sala. Ela dá um beijo cá
Luís RenatoNão existe pior coisa na vida do que esperar! Esperar por notícias, esperar que tudo esteja bem, esperar que o amor da sua vida acorde de um sono profundo... Olhá-la em cima dessa cama e não poder fazer nada é o meu inferno. Me sinto inútil, fraco e isso me machuca cada vez que a olho adormecida em uma cama de hospital— Hoje faz três dias, minha pequena. Preciso que você aqui comigo. Acorde, meu amor, por favor! — sussurro ao seu lado, enquanto seguro a sua mão, deixando alguns beijos na sua palma — Meu amor, abre esses olhos lindos pra mim — peço baixinho para a minha Ana. Para a minha felicidade, ela já não está mais com todos aqueles os fios em seu corpo e não precisa mais da ajuda de aparelhos para respirar e nem das máquinas para monitorá-la. Apenas o soro ainda estar em sua mão. Acaricio o seu rosto com suavidade e beijo a sua boca com cuidado. Deus, sinto tantas saudades de ouvir o som da sua voz, de ouvir o som do seu riso. Sinto sua falta, Ana! Alguém bate na por
Apenas um desabafo...Mônica SampaioDurante toda a minha vida, eu sempre perdi alguém e sempre que os perdia, eu me sentia como se um punhal atravessasse o peito, fazendo o meu coração sangrar. Foi assim com a minha mãe, que nos deixou ainda muito cedo. Eu tinha apenas quinze anos e mesmo sendo ainda tão jovem, tive que assumir as responsabilidades de um adulto dentro de casa. Foi assim com a minha irmã mais velha, que em um dia estava do meu lado, me dando o apoio de que eu precisava e no outro, me deixou sozinha, com um pai doente e uma bebê recém-nascida. Mas nenhuma dessas dores se comparava à dor de ver minha melhor amiga entre à vida e à morte. Quando conheci a Ana, tinha apenas seis anos de idade. Ela era novata no bairro e sua mãe trabalhava muito. Lembro-me que a minha mãe ficava com ela em minha casa, enquanto a Rose ia para o trabalho. Então, fomos criadas como irmãs. Nós estudamos na mesma escola, paqueramos os mesmos garotos na adolescência, comemos muitos chocolates dur
Ana JúliaAbrir os olhos pela manhã nunca foi tão doloroso como agora. Eu forço as pálpebras pesadas e aos poucos vou me acostumando com a luz que invade o quarto. Encontro a minha amiga sentada em um pequeno sofá ao lado da cama. Ela está mexendo em seu notebook em seu colo e tem alguns papéis espalhados em cima de uma mesinha. Assim que percebe que estou acordada, ela sorri para mim e larga o que está fazendo, para se aproximar ainda mais.— Oi, como está se sentindo? — pergunta enquanto ajeita alguns fios dos meus cabelos atrás da minha orelha.— Parece que fui passada em um moinho. Estou toda quebrada — resmungo e tento me ajeitar na cama, soltando um gemido de dor no processo.— Me deixe ajudá-la. — Mônica ajeita o travesseiro em minhas costas e mexe no controle para erguer um pouco a cama. Solto o ar com força.— Por que isso dói tanto? — resmungo mal-humorada. A porta do banheiro se abre e Luís sai de lá exasperado e vem até mim.— Deixa que eu te ajudo, meu amor! — diz todo at
— Está bem, mas se soubesse de alguma coisa, me contaria, certo? — indago, buscando os seus olhos. Mônica não consegue esconder bem as coisas de mim. Ela sempre foi assim. Para os outros ela tem toda uma fachada dura, onde bloqueia qualquer sentimento que não queira demostrar, mas comigo sempre fica uma brecha de demonstração. Seus olhos refletem tudo o que eu quero saber e que ela faz questão de esconder.— Sim, eu contaria. Agora, por favor, vamos mudar de assunto! — diz, irritada. Ela está sendo sincera. Eu tinha um fio de esperança de saber se havia o dedo de uma certa pessoa nisso tudo.— Tenho uma cisma — digo de repente, encarando os seus olhos escuros. Mônica me olha intrigada.— Ah, é? Qual?— Acho que a Camilly tem algo a ver com isso. — Ela arqueia as sobrancelhas.— Por que acha isso?— Por causa do nosso último encontro...— Qual último encontro, Ana? — Assusto-me ao ver Luís abrir a porta do quarto de uma vez e entrar no quarto em um rompante — Quer me falar sobre isso?
— Coma a Ana está? — Gi pergunta assim que nos acomodamos nas cadeiras acolchoadas.— Bem melhor! Está conversando e está mais animada também — respondo com satisfação na voz.— E como ela reagiu quando soube dos bebês? — indaga, abrindo um sorriso. Eu bufo.— Não reagiu. Eu ainda não contei para ela — digo e os encaro.— Como não? Ela tem o direito de saber, Luís! —rebate exasperada. Eu dou de ombros.— Eu sei e ela vai saber! Só não tive a oportunidade ainda. Como estão as investigações? — mudo o foco da conversa, a final ainda não estou preparado para falar com a Ana sobre os nossos filhos.— Já descobrimos o carro, a placa e através dela também rastreamos o motorista. Infelizmente ele está foragido, mas não se preocupe, nós vamos encontrá-lo — garante. Eu apenas concordo com um aceno de cabeça.— Tenho duas coisas para contar pra vocês. A primeira coisa, a Karol me procurou por esses dias. Ela me disse que encontrou a Camilly e que ela confidenciou que estava disposta a tirar Ana
Ana JúliaPassar trinta dias confinada dentro de um hospital não foi a coisa mais agradável do mundo, mas Luís fez questão de que eu ficasse cada minuto determinado pelo médico repousando, sem fazer exatamente nada, além de dormir. Minha perna já estava bem melhor e mesmo assim, o meu noivo exigia que eu andasse de cadeira de rodas para onde quer que eu fosse. Preferi não o contrariá-lo, pois não queria tirar dele a felicidade e o prazer de cuidar de mim pessoalmente. Meu noivo deixa a pequena mala ao lado da poltrona e se acomoda ao meu lado na cada, abraçando-me e beijando-me carinhosamente. Estamos aguardando o papel da minha alta médica. Na verdade, estou contando os minutos para chegar em casa. Minutos depois, o médico entra no quarto deixando as devidas recomendações, algumas receitas e uma indicação para um obstetra, para acompanhar minha gravidez. Não demora muito e eu finalmente estou fora do hospital. Caramba, nunca fiquei tão feliz em sentir o vento bater em meu rosto. Sent
— Não quero acusar ninguém sem ter provas, meu amor, mas sim. Eu acho que isso tem muito a ver com ela e quero você e os meus pontinhos em segurança. Tudo bem pra você? — Abro um meio sorriso e beijo o cantinho dos seus lábios.— Tudo bem! Também prefiro que seja assim — falo. Ele sorri, mas é um sorriso fraco.— Vou para o meu escritório aqui de casa mesmo, tenho uma videoconferência com o pessoal do Japão, que já foi adiada por muito mais tempo do que deveria. Esses dias vou trabalhar em casa, até que esteja recuperada de verdade. Já combinei tudo com o Marcos. Ele vai ficar me passando as coisas que tenho que resolver daqui e ele cuida do resto por lá — diz e respira fundo. — Agora eu quero que você descanse um pouco, tá bom? — pede, deixando um beijo casto em meus lábios.— Tudo bem! — Luís sai do quarto e eu me deito melhor na cama, mas não tenho um pingo de sono, então resolvo ligar para Clarissa. O celular chama e ela me atende no segundo toque.— Oi, amiga, como você está?— B