Cristal— Espalhem a calda do vestido. — Regina, a organizadora pede assim que paramos bem na frente da igreja. Ela deixa algumas instruções e através das brechas da porta consigo ver noivo balbuciar algo para o meu irmão que está do seu lado. Ele passa o lenço branco na testa e respira fundo. Parece nervoso e eu só consigo pensar: calma amor, eu já estou indo ao seu encontro. O som de um piano começa a preencher a nave da igreja e as portas finalmente se abrem para mim. Meu coração dispara como um louco quando nossos convidados se levantam, mas sorrio ao ver Isabelly e Daniel em pé no altar. Ela está grávida de cinco meses e céus, com está linda! A nossa frente está o Cristopher Ávila, um belo rapazinho de quase dez anos entrando com as nossas alianças. A Victória sua irmã de quatro anos entra logo em seguida lançando pétalas de rosas brancas pelo comprido tapete vermelho, abrindo caminho para mim.— Nervosa? — Papai inquire, enquanto cumprimenta sutilmente os convidados, a medida qu
MickMeses depois...— Desculpe, senhores, mas não posso permitir que entrem todos de uma só vez na sala. — A enfermeira avisa, olhando para a multidão de parentes que insiste em participar do ultrassom que revelará o sexo do nosso bebê.— Que absurdo! — Senhor Alcântara resmunga contrariado. — Eu sou o avô e tenho direito de assistir o ultrassom.— Eu também sou o avô e tenho o mesmo direito! — Papai rebate um tanto chateado. Puxo a respiração e olho para a minha esposa, que parece se divertir com essa confusão.— Ok! — digo chamando a atenção de todos para mim. — Entraremos apenas a Cristal e eu. Eu prometo pedir um CD do exame para cada um de vocês, pode ser? — Jogo uma sugestão na esperança de acalmar os ânimos, porém, a confusão recomeça. Luís, Armando, Edgar, Ana, Rose e Lisa, todos falando ao mesmo tempo. A enfermeira se ver louca com o barulho de todos e impaciente rolo os olhos. — Já chega! — esbravejo e o silêncio toma conta do lugar. Respiro fundo e seguro a mão da minha es
JonathanSe tem um lugar que eu amo de paixão e que adotei como meu cantinho, é o monumento do Cristo Redentor. Mas vocês já sabem disso. Aqui me sinto livre e ponho as minhas ideias no lugar. Me sinto calmo, forte e abençoado. Mas não é a qualquer momento ou em qualquer tempo e ainda a qualquer hora do dia. O efeito maior é quando vejo os primeiros raios de sol surgirem no horizonte. Aí vem os pássaros cantando na alvorada e as cores brincando no céu quase iluminado. Como ver, tem todo um ritual para isso acontecer. Respiro o ar frio da madrugada que me envolve nesse momento. Isso mesmo. É aqui que eu estou nesse exato momento, no Cristo Redentor. Contudo, dessa vez não estou sozinho, a minha família está aqui comigo. Não todos, na verdade. Apenas os mais íntimos, se é que isso é possível. Olho para o meu relógio. Estou ansioso, muito mesmo. Quando pedi Jasmine em casamento a dois anos atrás e ela me disse aquele sim emocionado, passei a sonhar com esse dia desde então. Quem disse qu
JasmineMOMENTOS DOS PREPARATIVOS DO CASAMENTO...Você já fez um acordo com alguém e não conseguiu levar a diante? Eu fiz... A dois anos atrás, quando chegamos ao Brasil eu e o Jonathan resolvemos não voltar mais para a casa dos seus pais. Alugamos um apartamento e de cara abrimos as nossas empresas. Algo pequeno, singelo, de acordo com os nossos esforços. Acredite, tio Luís quis e muito envolver o seu dinheiro e nos favorecer, mas tanto eu quanto o meu tínhamos um objetivo: seguir os nossos sonhos juntos e tínhamos muitas estradas para trilhar, acredite. De fato, nós conseguimos e com o lucro das empresas saímos do aluguel e compramos a nossa casa em um dos bairros mais nobres do estado. Ipanema. Mais um sonho realizado. Esse pensamento sempre me faz sorrir. Me lembro do dia que ele sem mais nem menos se sentou ao meu lado na cama e falou: vamos marcar a data do nosso casamento? Sim, fui pega de surpresa, porém, eu estava mais do que pronta para esse momento. Oficializar o que já tín
Um mês depois... — Jonathan Alcântara, não se atreva! — ralho e corro para longe dele como uma desesperada pela areia branca e fina da praia. Meu marido vem logo atrás de mim, com uma rapidez impressionante e me agarra, se desequilibrando, e cai me levando junto consigo. Não consigo conter a sonora gargalhada. Contudo, ele prende os meus punhos e leva as minhas mãos acima da minha cabeça, montando-me no mesmo instante, inclinando-se só um pouco e o seu rosto fica perto demais do meu. Fecho os meus olhos, livrando-me da intensidade dos seus e me preparo para mais um beijo arrebatador. Contudo, ele não vem e curiosa, volto a abri-los. Sorrio quando encontro o seu sorriso. Ele está me olhando e a sua intensidade continua ali, me mantendo cativa.— Fala — Ele pede e eu finjo confusão.— Falar o que? — Divirto-me com a sua curiosidade.— Você sabe que eu não vou aguentar até de tarde, Bonitinha. Não seja uma garota má —resmunga e o meu sorriso se amplia.— Eu não sei do que está falando,
JonathanQuando se é apenas um adolescente a sua única preocupação é estudar, se formar e um dia ser o melhor, além de olhar, cobiçar e pegar as garotas mais lindas que você conseguir na sua frente. Mas quando o seu coração está flechado e a sua mente amadurece, a sua visão é completamente. Olho para a minha linda família junto aos nossos parentes e amigos. Eles sorriem animados, enquanto conversam e se divertem. As minhas filhas estão correndo pelo imenso e verde jardim, brincando com seus primos. E, cara, como é incrível que elas sejam tão idênticas, assim como os primos. Quais as chances de isso acontecer duas vezes em uma única família? Gravidez de gêmeos univitelinos. Isso é tão... engraçado e ao mesmo tempo impressionante. E acredite, às vezes é difícil dizer quem é quem. É preciso muita atenção para identificá-los. Maitê por exemplo, tem um sinal sutil debaixo do queixo, a Lorena é um pouquinho mais alta que suas irmãs, é algo quase imperceptível e a jade tem um sinal um pouco
Cristal— Mamãe, posso pegar um? — Alan pede de olho nos doces arrumados de forma estratégica sobre as bandejas e automaticamente Arthur, e Alisson se aproximam. Não tem como evitar, eles são como abelhinhas, completamente loucos por doces. Como uma mãe coruja que sou, assinto para eles com um sorriso e cada um pega o seu doce, e saem correndo na direção da porta. Na minha adolescência não me via casada com o Mick, menos ainda construindo uma família com ele, mas poxa, o destino junta as peças e arma cada uma! Quando os meus olhos o viram de uma forma completamente diferente, eu pensei comigo mesma... Me apaixonei, e agora? Rio dos meus pensamentos sem noção. Como sou do tipo que paga pra ver, corri atrás e olha no que deu! Ah, eu estou apaixonada por esse homem a cada dia que se passa e os Mick mirins completam esse sentimento avassalador. Nossa, acordar com seus beijos e a bagunça que eles fazem todas as manhãs na minha cama não tem preço. Por ser a única mulher da casa, sou conside
Um mês antes...Luís RenatoVocê já sofreu por amor? Foi uma pergunta retórica, afinal, quem nunca? Mas, de verdade, eu acreditei que isso nunca fosse acontecer comigo. Sério, eu pensei que pelo fato de ser um cara legal, bem remunerado e de ter bons amigos fosse o suficiente para ter sorte no amor. Grande engano! Depois que todos saem, depois que a solidão me abraça e depois de uma garrafa de uísque importado, aqui estou eu: ferido, machucado e chorando. Porra, eu estou chorando por causa dela! Como cheguei a esse ponto? Eu, Luís Renato Alcântara, C.E.O. de uma das maiores e mais renomadas empresas de construção e hotelaria, estou literalmente caído ao chão, completamente embriagado e chorando por ela. Mas, aprendi a minha lição. A porra do amor não existe e se existe, não é para todos. Pelo menos não é para mim. Não amarei mais ninguém, nunca mais. Forço-me a levantar do chão e saio do escritório olhando cada canto desse lugar. Um apartamento extremamente luxuoso, comprado há poucos