— Ana? — Ouvi o seu som receoso me chamar. Despertei e olhei. Queria pular para os seus braços e beijá-lo inteirinho e sem medidas, mas me mantive no mesmo lugar e segurei um grito de empolgação.— Sim! — sussurrei sem conseguir deixar de sorrir. Vi o seu sorriso aparecer no meio de tantas lágrimas e todo o seu nervosismo desapareceu como mágica. Luís soltou a respiração, parecia aliviado e voltou a subir na cama. Ele me beijou, na verdade, devorou a minha boca e eu me deixei levar pela ardência que esse sentimento nos proporcionava. O dia mal tinha começado e as surpresas pareciam não acabar! Luís me convidou para irmos à área de lazer da casa. Era a primeira vez que estávamos realmente tendo um dia só para nós. Sem trabalho, sem reuniões, sem contratos, e-mails. Só nós dois e sem pressa alguma de acabar. Estávamos dentro da piscina, curtindo a água fresca, dando mergulhos ousados, brincando de jogar água um no outro, curtindo o sol caloroso do dia lindo que esse final de semana nos
— Gostando do que vê, senhor Alcântara? — perguntei. Sim, eu estava me divertindo em deixá-lo daquele jeito e me sentia poderosa. — Muito! Mais do que você imagina. — respondeu, encontrando os meus olhos e isso fez minhas bochechas queimarem. ***Às vinte e uma horas, estávamos parados em frente ao barzinho, como havíamos combinado com a Mônica. E para a minha surpresa, tudo estava quieto e apagado lá dentro. O que era difícil de acreditar. Poxa, isso é um bar e era para funcionar nos finais de semana, certo?— Não acredito que não vai funcionar hoje! — resmunguei decepcionada.Luís tentou me tranquilizar e me convenceu a ir até porta, para ver se poderíamos falar com algum responsável. Não sei se vai mudar alguma coisa, mas podíamos tentar. Ele abriu a porta e me deu passagem e assim que pus meus pés dentro do prédio, fui surpreendida pelas luzes, os gritos, assobios, palmas e as bolas coloridas que caíam do teto. Emocionada, levei as mãos ao rosto e sorri feito uma boba. Todos est
Alguns dias depois...Ana JúliaEstou tão feliz! Esses últimos dias muitas coisas boas estão acontecendo em minha vida. Estou namorando um homem lindo e que ama, o meu noivado, a faculdade. E falando em faculdade, hoje é o meu terceiro dia de aula no curso de arquitetura e confesso que estou amando tudo o que aprendi até agora. Saber que vou dar continuidade a minha vida e ao meu futuro e que logo, logo estarei formada, me preenche ainda mais de felicidade e de orgulho de mim mesma. Chego a sonhar com os meus futuros projetos, com grandes projetos, na verdade. Quem diria que, da medicina eu iria me encantar com a arquitetura? Com certeza há uma diferença gritante entre os dois cursos.— Por hoje é só, turma. Por favor, não se esqueçam da redação, com pelo menos cem palavras, falando sobre o curso de arquitetura. Quero saber o que se passa na cabeça de vocês. — O professor encerra a aula e automaticamente eu começo a guardar meus materiais dentro da bolsa.— Oi, meu nome é Sara. — Uma
— Está vendo isso aqui? — indaguei, mostrando-lhe a aliança. Ela me lançou um olhar espantado e eu sorri. — Isso mesmo, queridinha — emendei. — Ele é meu. Vê se “você” desaparece, porque ao que me consta, é você quem está sobrando aqui! — ralhei baixo, mas cheia de fúria e me afastei de Camilly, que agora não estava tão elegante, com seus cabelos desgrenhados, o rosto vermelho e inchado, por conta dos tapas e a boca suja de sangue. Entrei no meu carro com a adrenalina a mil. Liguei o motor e sai cantando pneus e ainda assim podia ouvir os seus gritos.— SUA VADIA! VOCÊ ME PAGA! EU VOU DESTRUIR VOCÊ! AAAAAHHHH!O trânsito a essa hora estava calmo e eu pus uma música para tentar me acalmar. Dirigi direto para um restaurante, para encontrar-me com Mônica. Havíamos marcado para conversarmos um pouco e de pôr o nosso papo em dia. Assim que entrei, vi minha a amiga me aguardando em uma mesa reservada. Ela sorriu para mim, mas logo o seu sorriso se desfez, quando percebeu que eu estava séria
— Nada de tomar partido? — inquire depois de um tempo. Sorrio.— Nada de tomar partido — confirmo. — Qualquer problema, eles que se virem!— Bom, se você está garantindo, eu também me garanto — diz.— Prometido, então. — Resolvo mudar de assunto. — Você não me falou como foi seu dia aí em São Paulo.— Chato, muito chato! — diz sério. Ele respira fundo antes de continuar. — Por dois motivos. O primeiro, você não está aqui ao meu lado e eu estou morrendo de saudades suas. E o segundo, tem muitas reuniões, uma atrás da outra. Mas o bom disso tudo é que vamos fechar um bom negócio por aqui — conclui animado.— Hum, quanto ao seu primeiro problema. Acho que resolvemos isso amanhã, certo? — Ele sorri.— Certo. — Suspira audível. — Estou roxo de saudades suas, Ana!— Eu também. Estou dormindo com a sua roupa para sentir o seu cheiro, assim eu me sinto mais perto de você!— Huuum! Isso é uma ideia tentadora! Posso trazer sua calcinha na próxima viagem! — diz sugestivo e eu solto uma risada go
Quando se acomoda ao meu lado na mesa, noto que Marta não está mais no cômodo e que estamos a sós. Enquanto jantamos, conversamos sobre qualquer assunto e rimos feito dois bobos de tudo. Depois a levo até a garagem. Eu a observo se acomodar no banco do motorista, em seu carro, largar sua bolsa no banco traseiro, pôr o cinto de segurança e antes de ligar o motor, ela me joga um beijo no ar. Automaticamente ergo uma mão e finjo segurar o seu beijo, guardando-o do lado do meu coração. Minha pequena sorri. É incrível que ela se encaixe com tanta perfeição em tudo em minha vida. Penso suspirando baixinho. O carro entra em movimento e ela pegar o trânsito em seguida. Levo as mãos aos bolsos da minha caça e volto para dentro do prédio em seguida. Sentado no sofá da sala, eu pego o jornal para ler as últimas notícias da cidade carioca, mas a campainha começa a tocar e eu o largo para ir abrir a porta. Encontro a minha vizinha Karol, com um sorriso estampado no rosto e assim que me ver, ela me
Em algum lugar do Brasil...CamillyEstou dentro desse muquifo há dias. Um quarto pequeno e apertado e em uma cama igualmente pequena e apertada. O lugar tem um cheiro forte de mofo e as paredes estão sujas e caindo aos pedaços. Onde eu fui parar? Não sei onde eu estava com a cabeça quando deixei um homem como Luís Renato Alcântara por um Carlos qualquer! Puxo a respiração e abro a porta do banheiro. Droga, isso é um chiqueiro!— Onde eu fui amarrar o meu bode? — rosno baixinho. — Se arrependimento matasse, eu já estaria a sete palmos do chão! — digo, sentindo a minha cabeça latejar. Paro em frente a pequena pia, que tem um espelho pequeno e retangular na parede e encaro o olho roxo e o pequeno corte no canto da minha boca. Bufo de modo audível. — Aquela vadia vai me pagar! Isso vai sair muito caro pra ela! — rosno entre dentes, ainda encarando o meu reflexo no espelho manchado na parede. Volto para o quarto no mesmo instante em que a porta se abre com um rangido e Carlos entra no côm
— Só tem metade do que ele pediu aqui! — rosna, irritado. Seu bafo de bebida se espalha pelo ambiente. Automaticamente levo a mão ao nariz, sentindo a bílis subir a garganta. Que nojo!— Deixa de ser otário, Carlos! Você só vai dar a outra metade quando o serviço estiver feito. Já falou com o homem?— Já. Ele está só esperando o sinal. Vou levar pra ele agora mesmo — diz, se levantando com dificuldade. Ele se aproxima de mim e me beija no rosto, me deixando enojada com o seu cheiro, depois sai e fecha a porta atrás de si. Eu limpo a minha face com um lenço de papel e o jogo na lixeira.— Idiota nojento! — resmungo, indo para o banheiro, a fim de tomar um banho rápido.***Duas horas depois...— Está tudo certo, Camilly. Passei para ele todas as informações sobre a garota. Seus horários, o endereço do emprego, da faculdade e até a marca e placa do carro dela. Agora e só esperar o momento certo. — Carlos diz assim que passa pela porta do meu quarto. Noto a empolgação em sua voz e sorrio