Madison Conner.
14:15 — Faculdade — EUA — Washington.
Soltei um suspiro quando a aula terminou, eu consegui desenhar uma porta, para mim essa porta representou a minha vida, porque eu não sei se consigo abrir essa porta e sair, então a mantenho fechada por medo. Minha barriga está roncando demais, quando deu meio dia, todo mundo saiu para poder ir comprar suas comidas, mas eu permaneci na sala terminando de desenhar a minha atividade. Já que eu não tenho dinheiro para comprar algo, então foi melhor eu ter ficado na sala.
A Hailey saiu da sala e eu pude finalmente me sentir um pouco melhor, mas nem deu vinte minutos e logo ela retornou a sala, eu tive que focar muito bem no meu desenho para não ficar olhando para ela. Mas eu sentia o seu olhar sobre mim.
— Bom, o desenho que vocês fizeram, não precisam me entregar, eu quero que na próxima aula me entregue um resumo sobre o que esse desenho representa para vocês. — Ela guardou suas coisas. — Vejo vocês amanhã.
Comecei a guardar minhas coisas rapidamente, não quero ser espancada por ter demorado novamente. Mordi meus lábios com muita força quando eu me levantei rápido, isso fez o meu corpo doer mais ainda, ficar cinco horas sentada complica.
— Você está bem? — Hailey perguntou ao ver a minha expressão de dor.
— Sim. — Passei por ela e fui descendo os degraus.
— Espera! — Tentei ignorar o seu pedido, mas eu também nem consigo andar rápido.
Porque ela insiste em falar comigo?
— Ei. — Ela segurou o meu braço. — Eu fiz alguma coisa para você? — Percebi a confusão em seu rosto.
Puxei o meu braço da sua mão.
— Olha, eu não estou aqui para fazer amizades, só quero poder aprender artes e me graduar, somente isso. Peço que não se esforce para ser a minha amiga, porque não quero ser. — Dou as costas para ela e voltei a caminhar.
Eu sinto muito, Hailey. Mas isso é melhor para nós duas.
Vejo a placa do banheiro e resolvo entrar, é melhor eu me esvaziar a minha bexiga, já que irei andar bastante até em casa. Entrei dentro de uma cabine e coloquei a minha mochila na frente da porta e com muita dificuldade eu abaixei a minha calça, observo minhas coxas bastante roxas pela surra de ontem.
Suspirei e faço minhas necessidades, senti um grande alívio por ter esvaziado a minha bexiga, peguei o papel higiênico e limpo o resíduo de xixi. Saí da cabine com a minha mochila no meu ombro e vou até a pia, lavei minhas mãos e observei o meu reflexo no espelho.
— Cada dia que passa eu fico mais pálida. — Converso comigo mesmo.
Joguei um pouco de água em meu rosto e depois saí do banheiro, desci os degraus e fui saindo da faculdade, sempre tenho costume de olhar para o chão, mas resolvi olhar para frente e acabei tendo uma grande surpresa ao ver a Hailey beijando um homem.
Quase que fiquei de boca aberta ao ver o homem que ela está beijando.
Uau! Ele é muito lindo.
Ele é moreno, muito alto, deve ter um metro e noventa, tem ombros bem largos e é musculoso, está usando um terno escuro que cai perfeitamente em seu corpo. A cor dos seus cabelos são castanhos claros, consegui ver as cores dos seus olhos, são castanhos muito claros, o formato do seu rosto é triangular.
Ele é um homem lindo demais. Os dois juntos se tornam o casal mais lindos que eu já vi. Mas ele parece ser um pouco mais velho que ela, deve ter uns vinte e sete anos ou mais, não sou boa nisso.
Balanço a cabeça para espantar esses pensamentos de análise, eu preciso me apressar, tenho que chegar em casa cedo. Voltei a caminhar tentando ignorar eles dois na saída, mas parece que a Hailey tem outros planos, porque ela chamou o meu nome, infelizmente eu tive que me virar.
— Vejo você amanhã? — Perguntou com um sorriso bem gentil.
Porque ela ainda insiste em falar comigo? Eu não já não fui clara?
Percebi que o homem do lado dela me olhou, fiquei bem nervosa com o seu olhar.
— Talvez sim. — Digo somente isso e voltei a caminhar rapidamente, não quero que ela me chame novamente.
Tento ignorar as dores no meu corpo por estar andando bem rápido, eu só não quero apanhar mais, sinto que se eu apanhar mais uma vez é capaz de eu desmaiar. Meu corpo implora por comida, minha cabeça está latejando de tanta dor, também estou com muito calor, infelizmente não posso retirar minha camisa.
Eu tive que parar um pouco para descansar, meus pés estão latejando demais, senti até um pouco de falta de ar, respirei fundo várias vezes e finalmente consegui respirar de volta. Voltei a caminhar um pouco lento, meus pés estão doendo demais e não consigo andar mais rápido do que isso.
— Eu só queria ter passagem. — Sussurro para mim mesma.
Quantos minutos fazem que estou andando? Dez? Vinte? Estou muito cansada, minha cabeça parece que vai explodir de tanta dor.
Sem perceber, quase que atravesso a rua com um carro vindo, tomei um susto com o carro buzinando.
— Presta atenção porra!! — O motorista falou furioso.
Meu coração só faltou parar pelo susto.
Meu Deus! Estou tão cansada.
Quase suspirei de alívio ao ver que já estou chegando em casa, tenho medo de entrar naquele lugar, infelizmente eu não tenho nenhum lugar para ir, não tenho nenhum outro parente para me ajudar nessa situação com o meu pai. Meus vizinhos sabem o que eu passo com ele, claro que ninguém vai denunciá-lo, já que ele é envolvido com coisas que não devem.
Chegando em casa abri a porta e gelei no lugar ao vê-lo na sala de estar com uma garrafa de cerveja na mão.
— C-Cheguei, pai. — Avisei bastante nervosa.
Ele me olhou e reparei seus olhos vermelhos, rapidamente olhei para a pequena mesinha no centro da sala de estar e vejo que ele estava cheirando pó.
— Olha se não é a putinha da minha filha. — Mordi os lábios quando ele se levantou e veio na minha direção.
— P-Pai. — Ele deu um tapa na minha cara, acabei me desequilibrando e caindo no chão.
— Não me chama de pai!!! Você matou a mulher que eu mais amava!! — Senti meus olhos lacrimejar.
— E-E-Eu... — Ele chutou meu estômago com tanta força que senti o sabor metálico do sangue na minha boca.
— Você nunca deveria ter nascido!! — Puxou meus cabelos com tanta força.
— P-P-Por favor! — Bateu mais uma vez no meu rosto.
— Cala a porra da boca!!
Minhas lágrimas caíram sem parar pelas minhas bochechas.
— Você só está viva porque eu quero!! Já que você nasceu, vai viver o resto da sua vida sendo a minha empregada e o meu saco de espancamento!!
Soltou o meu cabelo e agarrou o meu maxilar com força.
— Sabe o que eu poderia fazer com você? — Ele sorriu. — Poderia chamar meus amigos e deixar eles te foderem sempre que quiserem.
Arregalei os olhos.
— N-Não... Por favor! — Implorei chorando. — Por favor.
Ele riu.
— Implore mais.
Eu não aguento mais essa humilhação.
— P-Por favor, pai. Por favor, não faça isso. — Ele riu e soltou meu maxilar.
— Eu poderia ganhar uma boa grana se você engravidasse deles, venderia a criança no mercado negro. — Senti tanta vontade de vomitar agora.
Ele voltou para o sofá e pegou sua carteira.
— Irei sair, volto amanhã ou hoje mesmo, não sei. — Se aproximou de mim e sorriu ao ver o meu estado. — Você tem sorte de se parecer com a sua mãe, porque se não fosse isso, eu teria trago todos os meus amigos para eles foderem essa sua bocetinha virgem.
Saiu de casa sem dizer mais nada, comecei a chorar de dor, de humilhação e de medo.
Porque!!? Porque isso foi acontecer justo comigo!!? Eu não queria ter nascido!! Não queria!!
Com muito esforço eu consegui me manter em pé, apoio minha mão na barriga e fui indo em direção ao meu quarto, subi os degraus com muita dificuldade, quase que eu caia da escada por causa que minhas pernas falharam, mas consegui me segurar. Entrei no meu quarto pequeno, só tem uma cama, um guarda-roupa velho e uma mesinha para estudar.
Caminhei até a cama e me deitei sentindo muita dor na barriga e no meu rosto.
Queria que ele nunca mais voltasse.
Já não conseguia manter mais os meus olhos abertos, acabei apagando.
Madison Conner.07:00 — Casa dos Conner. — EUA — Washington.— Acorda porra!! Quero a minha comida!!!Tomei um enorme susto com a voz do meu pai dentro do meu quarto, quase que eu caia da cama.— Estou com muita fome! Irei tomar banho, e quando eu sair quero a comida já pronta. — Saiu do meu quarto fechando a porta com força.Apoio a minha mão sob o meu coração por causa do susto, quase que passo mal.Levantei da cama e senti minhas pernas bambas, acho que foi por causa do susto, porque ele teve que aparecer assim do nada? Saí do quarto usando as mesmas roupas de ontem, desci os degraus com dificuldade e fui caminhando até a cozinha.— Merda, esqueci que eu tenho que fazer o resumo sobre a atividade de ontem. — Balanço a cabeça já sentindo ela começar a doer.Abri o armário e peguei pão em caixa e coloquei em cima do balcão, fui até a geladeira e peguei o queijo e o presunto, isso vai ter que servir. Assim que terminei de montar os sanduíches, ele entrou na cozinha e foi em direção a
Madison Conner.08:40— Faculdade. —Sala de aula — EUA — Washington.Entrando na sala eu sigo calmamente para o meu lugar, coloquei minha mochila sobre a mesa e me sentei, tirei o meu caderno normal e peguei um lápis, irei primeiro fazer um rascunho e depois eu passo a limpo.Bom, vejamos. O que a porta representa para mim.Escrevo o título no caderno como: O que ela representa.Comecei a escrever o que veio à minha mente.A porta representa para mim algo que está indeciso, ao ver essa imagem me faz querer abrir essa porta e ser livre, mas algo me prende dentro dela e faz com o que eu não tenha coragem de abri-la. Representa indecisão, confusão, insegurança e medo. Medo que se eu abrir a porta não seja como eu sempre imaginei, tenho medo do desconhecido, correntes em volta do meu pescoço me impedem de avançar, não sei se algum dia eu irei conseguir ter coragem de quebrar essas correntes e abrir essa porta.A porta pode parecer linda por fora, mas por dentro dela tem algo sombrio e dolo
Hailey Maxwell.Desde o meu nascimento a minha vida tem sido bem difícil, meus pais são pessoas narcisistas e só pensam em si mesmo, eles acham que são o centro do universo. Nunca tive uma infância boa, nunca tive nenhum amigo, porque a única coisa que os meus pais vinham em mim era a beleza. Fui forçada a participar de vários desfiles enquanto eu ainda era muito nova, minha mãe controlava os meus alimentos e me impedia de comer coisas que pudessem me fazer engordar. E quando eu ganhava os prêmios, todo o dinheiro eles usavam para luxar, viajavam bastantes e me deixavam em casa com babá. Eles nunca me olharam como um ser humano.Na medida que eu ia crescendo os abusos deles iam piorando, queriam que eu tirasse fotos para uma agência de revistas playboy, ou como dizem, revistas pornô. Já que ofereceram muito dinheiro para meus pais, claro que eles não conseguiram a minha permissão, já que eu os ameacei dizendo que eu iria contar para a polícia, então me deixaram em paz.Eu comecei a od
Madison Conner.06:50 — Casa dos Conner. — Quarto da Madison — EUA — Washington.Sou acordada ao sentir bastante frio pelo meu corpo, tentei me levantar do chão, mas o meu esforço foi em vão, porque eu não consegui.— Droga!Notei que a minha voz saiu um pouco estranha, meu corpo todo está muito pesado, talvez eu tenha pegado um resfriado.Claro que eu peguei um maldito resfriado, eu tomei um banho de chuva e acabei adormecendo com as minhas roupas molhadas nesse chão frio, ficaria surpresa se eu não adoencesse.Tentei mais uma vez ficar em pé e finalmente consegui, fui me arrastando para o banheiro e observei o meu reflexo no espelho, meu Deus, eu estou horrível. Meus olhos estão inchados de tanto chorar ontem, estou muito mais pálida, também estou sentindo o meu corpo bem quente.Apoio a minha mão na testa e suspirei ao ver que eu estou com febre, mas eu não quero ficar aqui nessa casa, prefiro passar mal em outro lugar do que aqui, porque é capaz dele me espancar só por ficar em ca
Dominic Maxwell.Eu não tive uma boa infância, meus pais eram pessoas muito rígidas comigo, principalmente o meu pai. Como ele era o CEO de uma empresa muito famosa nos Estados Unidos, ele não queria que o filho mais velho tivesse algum erro, ele queria que eu fosse um homem perfeito para herdar a empresa. Ele também não queria que tivesse algum escândalo sobre mim pelos jornais, porque isso iria arruinar a sua imagem.Meu pai cuidava da minha educação de forma muito rígida, desde que comecei andar eu já tinha professores particulares ao meu redor, eu não tinha paz, não podia dizer não, eu era um robô nas mãos deles. Quando eu não atingia as expectativas deles eu sofria as consequências, meu pai me batia enquanto fazia perguntas de matemática para mim, se eu errasse as respostas sofreria mais ainda.O papel da minha mãe era me ensinar etiquetas, nunca se deve falar enquanto se come na mesa, meu andar deveria ser de alguém digno, eu jamais deveria abaixar a cabeça, porque um Maxwell nã
Madison Conner.Vou voltando a consciência ao escutar alguns bip ao meu lado, isso me deixou um pouco agoniada com o barulho, fui abrindo meus olhos aos poucos e rapidamente os fechei por causa da enorme claridade.O que? Que luz forte é essa? Onde eu estou? Eu morri?Tentei mais uma vez abrir os olhos e fechei algumas vezes, mas logo fui me acostumando com a claridade e a realidade me acertou ao reparar que estou em um hospital.Não! Não!! Não!! Eles não podem saber! Não podem!O barulho do bip começou aumentar e me assustei quando a porta foi aberta, arregalei os olhos ao ver a Hailey.— Madison! — Ela correu até mim e fiquei mais ainda surpresa quando ela me abraçou.Seus braços são tão quentes, quase que eu me aproximava mais do seu abraço, acabei me afastando.— Hailey, porque estou no hospital? — Ela suspirou e segurou meu rosto, não consegui me afastar.— Nós sabemos o que aconteceu com você. — Senti o meu coração começar a acelerar.— O-O-O que? — Tentei mais uma vez me afasta
Madison Conner.Cinco dias depois.Durante esses cinco dias que eu fiquei no hospital, eu somente dormia, comia e dormia, era somente isso. O médico disse que é por causa dos remédios que eu estava tomando, eles me deram sono. Confesso que estou muito nervosa, hoje é o dia que eu irei conhecer a casa deles, o lugar que eu irei ficar até... Eu não sei dizer até quando, eu ainda tenho que perguntar isso a eles.Durante esses cinco dias, os dois sempre estavam ao meu lado assim que eu acordava, a Hailey me alimentava, já que eu não conseguia comer direito com uma mão. Sempre que pegava a colher, minha mão acabava tremendo, então ela começou a me alimentar bastante animada.Mas eu ainda tenho minhas preocupações, minhas inseguranças relacionadas ao meu pai, o Dominic me avisou que ele já deu parte para a polícia, agora é só esperar eles irem atrás dele. Claro que eles queriam me interrogar, mas ele não permitiu, somente o depoimento dos médicos já eram provas o suficiente para prendê-lo.
Hailey Maxwell.Fico observando a fase adormecida dela, com muito cuidado eu retiro a mecha de cabelo que caiu em seus olhos. Ela se remexeu e acabou se aproximando do meu pescoço, isso acabou causando arrepios pelo meu corpo.— O que você está fazendo comigo, Madison? — Esfreguei o meu polegar em sua bochecha com carinho.Eu percebi que durante esses cinco dias o carinho que eu sinto por ela, está me deixando muito confusa, eu quero está cada vez mais perto dela, quero fazer ela feliz, sinto uma enorme vontade de abraçá-la, não consigo ficar longe dela. Notei que o Dom também está agindo do mesmo jeito que eu, de fato eu ainda não consigo entender esse sentimento.A porta do carro foi aberta pelo Dom, ele entrou e fechou a porta com cuidado para não acordá-la.— Faz tempo que ela dormiu? — Perguntou em um tom baixo.— Faz uns cinco minutos. — Respondi. — Porque demorou?Ele cruzou as pernas e colocou a sacola de remédio em seu colo.— A fila estava bem cheia. — Aceno com a cabeça.—