Madison Conner.
07:00 — Casa dos Conner. — EUA — Washington.
— Acorda porra!! Quero a minha comida!!!
Tomei um enorme susto com a voz do meu pai dentro do meu quarto, quase que eu caia da cama.
— Estou com muita fome! Irei tomar banho, e quando eu sair quero a comida já pronta. — Saiu do meu quarto fechando a porta com força.
Apoio a minha mão sob o meu coração por causa do susto, quase que passo mal.
Levantei da cama e senti minhas pernas bambas, acho que foi por causa do susto, porque ele teve que aparecer assim do nada? Saí do quarto usando as mesmas roupas de ontem, desci os degraus com dificuldade e fui caminhando até a cozinha.
— Merda, esqueci que eu tenho que fazer o resumo sobre a atividade de ontem. — Balanço a cabeça já sentindo ela começar a doer.
Abri o armário e peguei pão em caixa e coloquei em cima do balcão, fui até a geladeira e peguei o queijo e o presunto, isso vai ter que servir. Assim que terminei de montar os sanduíches, ele entrou na cozinha e foi em direção a geladeira, pegou sua cerveja e veio na minha direção, rapidamente dei uns passos para trás com medo dele me bater.
— Se chegar tarde de novo! — Engoli seco com o seu olhar sombrio. — Eu vou adorar te bater novamente. — Pegou o prato com os sanduíches e foi para sala de estar.
Passei a mão em meus cabelos e caminhei de volta para a sala de estar, ignoro totalmente ele e subo para o meu quarto, preciso tomar um banho para relaxar um pouco o meu corpo.
Tranquei a porta ao entrar no quarto e caminhei até o banheiro, arfei surpresa ao ver o grande roxo na minha bochecha pelo tapa de ontem.
— Como vou esconder isso? — Questionei a mim mesma muito desesperada.
Lembro da maquiagem que a vizinha me deu para esconder meus machucados, já que ela não tinha coragem para denunciar o meu pai. Corri de volta para o meu quarto e fui até o guarda-roupa, revirei o guarda-roupa todinho procurando por essa maquiagem. Não posso ir para a faculdade desse jeito, também não quero ficar nessa casa com ele.
— Achei. — Suspirei aliviada com isso.
Aproveito para escolher a minha roupa, quer dizer, nem roupas eu tenho direito. Escolhi uma calça jeans azul clara, uma camisa preta com mangas longas até o pulso, isso vai ajudar, para usar por baixo dessa blusa, escolhi uma regata também preta. Coloquei tudo em cima da cama e a calcinha também, voltei para o banheiro.
Retirei minhas roupas e vejo os machucados das noites anteriores, minha barriga está com um grande roxão, minhas coxas também estão bem roxas, assim como minhas costelas e costas.
Eu ainda me pergunto como estou conseguindo andar com todos esses machucados, talvez seja o desespero para ficar longe dessa casa que me dá força, talvez seja isso mesmo.
Entrei embaixo do chuveiro e liguei a água, mordi os lábios ao sentir o quanto que a água estava gelada, peguei o sabonete e comecei a me lavar rapidamente, como o tempo está meio frio, a água está um gelo.
****
Estou neste momento escondendo o meu machucado do rosto com a maquiagem, eu não sei usar muito bem essas coisas, mas eu consegui esconder o roxo em minha bochecha. Deixei a maquiagem em cima da pia e voltei para o quarto, peguei minha mochila e fui saindo do quarto com os meus cabelos soltos, já que eu não gosto de mostrar muito a minha garganta.
Desci os degraus e vejo que o meu pai já consumiu bastante álcool.
— Estou indo para a faculdade. — Avisei com medo dele tentar alguma coisa.
Ele me olhou sério e deu um gole na sua cerveja.
— Então vaza daqui!
Corri para a cozinha e com bastante receio, peguei duas fatias do pão de caixa e sai pelas portas do fundo, devorei as duas fatias com tanta fome que eu estava, meu estômago ainda queria mais.
— Sinto muito estômago, mas não tenho coragem de voltar para pegar mais. — Sussurrei para o meu estômago. — Vai ser isso por hoje.
Eu tenho que chegar cedo na faculdade, ainda preciso fazer o meu resumo, não quero perder ponto.
****
08:25 — Faculdade — EUA — Washington.
Eu acho que demorei meia hora para chegar, pelo menos consegui chegar um pouco cedo, eu acho, nem sei que horas são. Recuperei o meu fôlego e fui indo em direção a faculdade, mas parei no lugar ao ver um carro bem luxuoso se aproximando do portão.
Quem será que é? Nunca vi um carro assim.
Minha boca só faltou cair ao ver que são a Hailey e o homem que ela estava beijando ontem.
Eles realmente são lindos demais juntos, são um par perfeito. Admito-me dizer que estou com inveja disso. Eu queria ter alguém assim, alguém que me amasse, me protegesse de todo o mal. Mas eu não tenho coragem de estragar a vida de alguém por causa da minha felicidade, meu pai poderia matá-lo por minha causa, eu não quero isso.
Balancei a cabeça para espantar esses pensamentos depressivos e voltei a caminhar em direção a entrada. Preciso focar no meu resumo, porque a minha vida não vai mudar só porque estou pensando nisso.
— Madison! — Parei de andar rapidamente por causa do susto.
Olhei para o lado e vejo ela vindo na minha direção com um grande sorriso.
— Fico feliz em vê-la novamente. Aliás, bom dia.
Acho que fiquei admirando o sorriso dela demais, porque ela sorriu mais ainda. Faço um barulho com a garganta e ajeitei melhor a minha mochila.
— Bom dia. — Não posso negar um bom dia.
— Deixe-me te apresentar. — Ela puxou o homem do seu lado. — Esse é o meu marido Dominic Maxwell. Amor, essa é a minha amiga Madison.
Amiga? Eu já falei que não quero fazer amizades, ela ainda não entendeu?
— Prazer em conhecê-la, Madison. — Engoli seco ao escutar a sua voz.
Uau!! Ele já é lindo, eu nem sabia que poderia ficar melhor. A sua voz é bem grave, confesso que a minha pele acabou se arrepiando.
Percebi que ele tinha estendido a mão, para não ser vergonhoso para ele, resolvi aceitar.
— O prazer é meu. — Respondi em um tom baixo pela vergonha.
O aperto da sua mão é bem firme, a sua mão é bem macia. Puxei a minha mão de volta e apertei com força a alça da minha mochila.
— Preciso ir, tenho que fazer o resumo de ontem. — Falei tentando soar um pouco frio, mas eu não sei se deu muito certo.
— Irei com você. — Ela sorriu e se virou para o seu marido. — Te vejo mais tarde, meu amor. — Ela deu um selinho nele e eu rapidamente virei o rosto para o lado.
— Boa aula, amor.
Tomei mais um susto ao sentir ela entrelaçar os seus braços envolta dos meus.
— Vamos? — A encarei sem entender o porquê dessa intimidade toda.
Ela foi me puxando para dentro da faculdade e tentei puxar meus braços dos seus.
— Me solte, por favor. — Ela parou de andar assim que chegamos no corredor.
— Irei confessar uma coisa. — A encarei sem entender. — Eu não sou uma pessoa que desiste fácil, gostei de você, do seu jeito. Então eu quero ser a sua amiga.
Puxei meus braços dos seus e suspirei, preciso ser firme e mostrar que suas palavras não me afetaram. Estou fazendo isso para o bem dela, ela não precisa sofrer por minha causa.
— Hailey, eu agradeço por querer ser a minha amiga. Mas como eu já disse, não vim para fazer amigos e sim me graduar. Então, por favor. Não tente ser a minha amiga, porque eu não quero ser a sua, quero que me deixe em paz, só fale comigo se for algo relacionado às atividades.
Passei por ela a deixando um pouco chocada com minhas palavras, mas isso foi o melhor para ela e para mim. Não quero me apegar a ninguém, a Hailey tem cara que seria uma ótima amiga, infelizmente não posso ter a sua amizade e de mais ninguém.
Ninguém precisa sofrer por minha causa.
Madison Conner.08:40— Faculdade. —Sala de aula — EUA — Washington.Entrando na sala eu sigo calmamente para o meu lugar, coloquei minha mochila sobre a mesa e me sentei, tirei o meu caderno normal e peguei um lápis, irei primeiro fazer um rascunho e depois eu passo a limpo.Bom, vejamos. O que a porta representa para mim.Escrevo o título no caderno como: O que ela representa.Comecei a escrever o que veio à minha mente.A porta representa para mim algo que está indeciso, ao ver essa imagem me faz querer abrir essa porta e ser livre, mas algo me prende dentro dela e faz com o que eu não tenha coragem de abri-la. Representa indecisão, confusão, insegurança e medo. Medo que se eu abrir a porta não seja como eu sempre imaginei, tenho medo do desconhecido, correntes em volta do meu pescoço me impedem de avançar, não sei se algum dia eu irei conseguir ter coragem de quebrar essas correntes e abrir essa porta.A porta pode parecer linda por fora, mas por dentro dela tem algo sombrio e dolo
Hailey Maxwell.Desde o meu nascimento a minha vida tem sido bem difícil, meus pais são pessoas narcisistas e só pensam em si mesmo, eles acham que são o centro do universo. Nunca tive uma infância boa, nunca tive nenhum amigo, porque a única coisa que os meus pais vinham em mim era a beleza. Fui forçada a participar de vários desfiles enquanto eu ainda era muito nova, minha mãe controlava os meus alimentos e me impedia de comer coisas que pudessem me fazer engordar. E quando eu ganhava os prêmios, todo o dinheiro eles usavam para luxar, viajavam bastantes e me deixavam em casa com babá. Eles nunca me olharam como um ser humano.Na medida que eu ia crescendo os abusos deles iam piorando, queriam que eu tirasse fotos para uma agência de revistas playboy, ou como dizem, revistas pornô. Já que ofereceram muito dinheiro para meus pais, claro que eles não conseguiram a minha permissão, já que eu os ameacei dizendo que eu iria contar para a polícia, então me deixaram em paz.Eu comecei a od
Madison Conner.06:50 — Casa dos Conner. — Quarto da Madison — EUA — Washington.Sou acordada ao sentir bastante frio pelo meu corpo, tentei me levantar do chão, mas o meu esforço foi em vão, porque eu não consegui.— Droga!Notei que a minha voz saiu um pouco estranha, meu corpo todo está muito pesado, talvez eu tenha pegado um resfriado.Claro que eu peguei um maldito resfriado, eu tomei um banho de chuva e acabei adormecendo com as minhas roupas molhadas nesse chão frio, ficaria surpresa se eu não adoencesse.Tentei mais uma vez ficar em pé e finalmente consegui, fui me arrastando para o banheiro e observei o meu reflexo no espelho, meu Deus, eu estou horrível. Meus olhos estão inchados de tanto chorar ontem, estou muito mais pálida, também estou sentindo o meu corpo bem quente.Apoio a minha mão na testa e suspirei ao ver que eu estou com febre, mas eu não quero ficar aqui nessa casa, prefiro passar mal em outro lugar do que aqui, porque é capaz dele me espancar só por ficar em ca
Dominic Maxwell.Eu não tive uma boa infância, meus pais eram pessoas muito rígidas comigo, principalmente o meu pai. Como ele era o CEO de uma empresa muito famosa nos Estados Unidos, ele não queria que o filho mais velho tivesse algum erro, ele queria que eu fosse um homem perfeito para herdar a empresa. Ele também não queria que tivesse algum escândalo sobre mim pelos jornais, porque isso iria arruinar a sua imagem.Meu pai cuidava da minha educação de forma muito rígida, desde que comecei andar eu já tinha professores particulares ao meu redor, eu não tinha paz, não podia dizer não, eu era um robô nas mãos deles. Quando eu não atingia as expectativas deles eu sofria as consequências, meu pai me batia enquanto fazia perguntas de matemática para mim, se eu errasse as respostas sofreria mais ainda.O papel da minha mãe era me ensinar etiquetas, nunca se deve falar enquanto se come na mesa, meu andar deveria ser de alguém digno, eu jamais deveria abaixar a cabeça, porque um Maxwell nã
Madison Conner.Vou voltando a consciência ao escutar alguns bip ao meu lado, isso me deixou um pouco agoniada com o barulho, fui abrindo meus olhos aos poucos e rapidamente os fechei por causa da enorme claridade.O que? Que luz forte é essa? Onde eu estou? Eu morri?Tentei mais uma vez abrir os olhos e fechei algumas vezes, mas logo fui me acostumando com a claridade e a realidade me acertou ao reparar que estou em um hospital.Não! Não!! Não!! Eles não podem saber! Não podem!O barulho do bip começou aumentar e me assustei quando a porta foi aberta, arregalei os olhos ao ver a Hailey.— Madison! — Ela correu até mim e fiquei mais ainda surpresa quando ela me abraçou.Seus braços são tão quentes, quase que eu me aproximava mais do seu abraço, acabei me afastando.— Hailey, porque estou no hospital? — Ela suspirou e segurou meu rosto, não consegui me afastar.— Nós sabemos o que aconteceu com você. — Senti o meu coração começar a acelerar.— O-O-O que? — Tentei mais uma vez me afasta
Madison Conner.Cinco dias depois.Durante esses cinco dias que eu fiquei no hospital, eu somente dormia, comia e dormia, era somente isso. O médico disse que é por causa dos remédios que eu estava tomando, eles me deram sono. Confesso que estou muito nervosa, hoje é o dia que eu irei conhecer a casa deles, o lugar que eu irei ficar até... Eu não sei dizer até quando, eu ainda tenho que perguntar isso a eles.Durante esses cinco dias, os dois sempre estavam ao meu lado assim que eu acordava, a Hailey me alimentava, já que eu não conseguia comer direito com uma mão. Sempre que pegava a colher, minha mão acabava tremendo, então ela começou a me alimentar bastante animada.Mas eu ainda tenho minhas preocupações, minhas inseguranças relacionadas ao meu pai, o Dominic me avisou que ele já deu parte para a polícia, agora é só esperar eles irem atrás dele. Claro que eles queriam me interrogar, mas ele não permitiu, somente o depoimento dos médicos já eram provas o suficiente para prendê-lo.
Hailey Maxwell.Fico observando a fase adormecida dela, com muito cuidado eu retiro a mecha de cabelo que caiu em seus olhos. Ela se remexeu e acabou se aproximando do meu pescoço, isso acabou causando arrepios pelo meu corpo.— O que você está fazendo comigo, Madison? — Esfreguei o meu polegar em sua bochecha com carinho.Eu percebi que durante esses cinco dias o carinho que eu sinto por ela, está me deixando muito confusa, eu quero está cada vez mais perto dela, quero fazer ela feliz, sinto uma enorme vontade de abraçá-la, não consigo ficar longe dela. Notei que o Dom também está agindo do mesmo jeito que eu, de fato eu ainda não consigo entender esse sentimento.A porta do carro foi aberta pelo Dom, ele entrou e fechou a porta com cuidado para não acordá-la.— Faz tempo que ela dormiu? — Perguntou em um tom baixo.— Faz uns cinco minutos. — Respondi. — Porque demorou?Ele cruzou as pernas e colocou a sacola de remédio em seu colo.— A fila estava bem cheia. — Aceno com a cabeça.—
Madison Conner.— Acorda logo, garota!!Olhei para o lado vendo o meu pai.O que? Como assim? Eu não estava no carro com a Hailey.— C-C-Como? — Ele sorriu e se aproximou de mim.— Achou mesmo que conseguiria fugir de mim? — Ele agarrou o meu pescoço com muita força, que acabou cortando o meu ar. — Nunca que eu vou deixar você ser feliz!!Ele me jogou no chão e começou a me chutar.— P-Para!— Você deveria ter morrido naquela sala! — Puxou meus cabelos. — Acha mesmo que esses dois vão te proteger de mim? Eu vou matá-los!— N-Não! Não!— Maddie! Maddie!Dou um sobressalto na cama assustada, senti braços me envolvendo com carinho.— Calma, eu estou aqui. — A voz do Dominic me alcançou.— D-Dom... Ele... Ele estava aqui... E-Ele estava. — Comecei a chorar em seus braços.— Foi só um sonho, querida. Você agora está segura. — Ele se sentou na cama e me puxou para o seu colo com cuidado. — Ninguém mais vai te machucar.Deixei o meu rosto em seu pescoço e o abracei com muita força.— E-Eu te