08:40— Faculdade. —Sala de aula — EUA — Washington.
Entrando na sala eu sigo calmamente para o meu lugar, coloquei minha mochila sobre a mesa e me sentei, tirei o meu caderno normal e peguei um lápis, irei primeiro fazer um rascunho e depois eu passo a limpo.
Bom, vejamos. O que a porta representa para mim.
Escrevo o título no caderno como: O que ela representa.
Comecei a escrever o que veio à minha mente.
A porta representa para mim algo que está indeciso, ao ver essa imagem me faz querer abrir essa porta e ser livre, mas algo me prende dentro dela e faz com o que eu não tenha coragem de abri-la. Representa indecisão, confusão, insegurança e medo. Medo que se eu abrir a porta não seja como eu sempre imaginei, tenho medo do desconhecido, correntes em volta do meu pescoço me impedem de avançar, não sei se algum dia eu irei conseguir ter coragem de quebrar essas correntes e abrir essa porta.
A porta pode parecer linda por fora, mas por dentro dela tem algo sombrio e doloroso, algo que ninguém pode ajudar. Às vezes eu me pergunto, vou ter coragem algum dia? Como será fora dessa porta? Será que é como eu imaginei? Liberdade? Ainda não tenho as respostas, para isso eu tenho que me libertar dessas correntes em meu pescoço. Sinto que quando eu mais me aproximo dessa liberdade, mais correntes chegam e acabam me envolvendo, me puxando para mais dentro dessa porta.
Parei de escrever para respirar um pouco, porque é capaz de eu começar a chorar aqui ao colocar todos os meus sentimentos nesse papel. Eu espero que a professora não venha me perguntar o porquê disso, sinto que cada dia que passa eu estou mais frágil.
— Bom dia, alunos. — Me assustei com a voz da professora entrando na sala.
Merda, eu ainda preciso terminar o resumo.
— Nem irei fazer chamadas, aqueles que já tem seus resumos prontos, venham aqui me entregar e voltem para seus lugares em silêncio.
Todos os alunos começaram a se levantar, rapidamente voltei a focar no meu resumo e tentei escrever mais algumas coisas enquanto os alunos entregavam seus resumos.
Merda! Merda! Merda! Não vai dá tempo, eu não vou ter coragem de entregar depois, porque irei chamar atenção deles para mim, e eu não quero isso.
— Alguém mais? — Olhei desesperada para ela ao ver que todos os alunos já tinham entregado.
Fiquei surpresa quando a Hailey pegou o meu resumo e levantou a mão.
— Falta eu, professora. — Ela se levantou e foi na direção da professora. — Aqui. — Entregou o meu resumo e o dela.
— Certo.
Fiquei encarando ela muito surpresa.
Ela se sentou ao meu lado de volta.
— De nada. — Falou sem olhar para mim.
Voltei a olhar para frente sentindo um sentimento de culpa me corroendo por dentro.
Porque ela continua fazendo isso? Enquanto eu tento afastá-la, ela continua tentando. Eu quero muito ser amiga dela, quero muito. Mas infelizmente eu não posso.
— Porque? — Não consegui ficar calada. — Porque me ajudou?
Ela me olhou e suspirou.
— Não consegui ficar parada vendo o seu desespero, então resolvi dá uma ajudinha.
— Porque? Eu fui mal com você, porque continua se aproximando de mim? — Ela deu de ombro e nem me respondeu.
Fiquei muito frustrada por não ter a resposta que eu queria.
— Bom, irei ler um resumo que achei interessante aqui. — A professora falou chamando a minha atenção.
Ela começou a ler o resumo do aluno Dylan, foi muito bem resumido e bem explicado, cheguei a pensar se o meu realmente estava bom, porque eu gostei bastante do seu resumo.
— Olha, eu gostei muito desse resumo, meus parabéns, Dylan. Explicou muito bem o que a sua obra representa para você.
— Obrigado, professora.
As aulas continuaram normalmente com a professora lendo os resumos dos outros alunos, espero que ela não leia o meu.
Espera aí! Merda! Eu esqueci de pôr o meu nome no papel! Agora como a professora vai saber que é o meu. O desespero foi tão grande que esqueci a coisa mais importante, o nome! O meu nome! Porque está tudo dando errado para mim.
Suspirei muito aliviada quando o sinal do intervalo soou.
— Na próxima aula continuaremos a ler os seus resumos e a debater sobre isso.
Os alunos começaram a se levantar para ir almoçar, passei a mão em meus cabelos, eu queria amarrá-los, mas não gosto da sensação de tê-los expostos. Já que meu pai costumava sempre me enforcar, então passei a ter medo de deixar o meu pescoço amostra.
— Não vai comer? — Me virei para ela que me encarava intensamente, acabei ficando bem envergonhada com o seu olhar.
— Eu não trouxe dinheiro. — Ela acenou com a cabeça e se levantou e foi saindo da sala de aula.
Vejo que não tinha mais ninguém na sala, eu rapidamente levanto um pouco dos meus cabelos e suspirei quando senti o vento do ventilador bater na minha nuca.
Ah, isso é muito bom.
Deitei minha testa na mesa e fiquei sentindo o vento na minha nuca.
— Porque não prende o seu cabelo se está com calor? — Quase que eu gritei com a presença dela.
Puta merda! Hoje é o dia de me assustar?
Soltei o meu cabelo e notei que ela está com uma sacola.
— Gosto dele solto. — Ela não falou mais nada e colocou a sacola em cima da sua mesa.
Senti um cheiro muito bom, arregalei os olhos quando ela colocou dois hambúrgueres e uma coca cola na minha frente.
— O que? — Fiquei sem entender.
— É seu. Não precisa me olhar assim.
— Eu não posso aceitar isso. Não tenho dinheiro para te pagar de volta, Hailey. — Fico desesperada com isso, porque eu realmente não tenho dinheiro.
Ela bufou e se sentou no seu lugar.
— Não quero que me pague de volta. — Ela se virou para mim. — Madison, quando alguém te dar algo por vontade própria, não questione. Eu não quero nada, agora coma.
Ela começou a comer o seu hambúrguer me ignorando totalmente.
Olhei para os hambúrgueres e senti a minha barriga roncar por causa do cheiro.
— Quer que eu te der na boca? — Perguntou com um sorriso malicioso.
— Eu posso comer sozinha!
Peguei o hambúrguer e dou uma mordida a fazendo rir.
— Que bom, pensei que eu teria que te dar na boca. Confesso que eu não me importaria com isso. — Resolvi ignorar.
Quase que eu chorava por ser alimentada com algo tão bom, essa é a minha primeira vez comendo algo assim.
— Obrigada. — Agradeci sem olhá-la.
— Só coma.
Sorri de leve com isso.
Eu estava me segurando para não devorar esses dois hambúrgueres com tanta pressa, mas não quero que ela desconfie de algo.
— Quantos anos você tem? — Perguntou do nada.
— Tenho vinte anos. — Mordi os lábios. — E você? — Resolvi perguntar por curiosidade, não porque eu quero conversar com ela, foi por curiosidade.
— Tenho vinte e três. — Respondeu e depois deu um gole no seu refrigerante.
— Você tem cara de vinte cinco. — Ela riu e isso me fez achar que ela ficou surpresa. — Me desculpe.
— Muitos já me disseram isso, você não é a única. Não precisa se desculpar.
O silêncio entre nós voltou, resolvi terminar de comer os hambúrgueres e terminar de tomar o refrigerante.
— Ainda não pretende aceitar ser a minha amiga?
A encarei de volta.
Eu queria muito ser a sua amiga, Hailey. Queria mesmo, não quero ser essa pessoa fria o tempo todo, porque eu não sou assim. Sou alguém assustada, traumatizada, só quero ser amada por alguém. Mas eu ainda não quero te machucar, não quero que você sofra por minha causa, meu pai é um homem perigoso e conhece muitas pessoas ruins que podem acabar com você o seu marido. Não quero isso.
— Você está chorando? — Perguntou preocupada.
— O que? — Coloquei a mão em minha bochecha e senti a molhada. — Não! Eu não estou! — Limpei minhas lágrimas rapidamente.
— Madison. — Eu me levantei rapidamente e comecei a guardar minhas coisas. — Ei! Madison. — Ela tentou segurar o meu braço e eu me afastei rapidamente.
— Eu sinto muito! Mas não posso ser a sua amiga. — Senti meus olhos lacrimejar novamente.
Passei por ela rapidamente e fui correndo pelos corredores sem olhar para trás, ignorei as dores em meu corpo e fui saindo da faculdade ainda correndo. Comecei a sentir gotas de chuvas em mim, ignorei tudo ao meu redor e continuei a correr, só fui parar quando minhas pernas cederam e eu caí de joelhos no chão. A chuva engrossou e começou a cair fortemente na cidade, só sobrou eu no meio da calçada.
Porque eu não posso ser feliz!? Porque eu não posso só morrer? Porque?
Comecei a chorar e o meu choro foi abafado com o som da chuva.
— E-Eu só quero ser feliz... — Sussurrei para mim mesma.
Não sei por quanto tempo eu passei ajoelhada no chão, mas resolvi me levantar e continuar andando em direção aquele lugar onde sinto meu corpo acorrentado.
Eu só queria dormir e não acordar mais, isso é pedir muito?
Eu não sei o porque, mas acabei chegando tão rápido nessa casa, talvez a minha mente esteja tão cansada que nem percebi que andei tanto assim. Fui entrando e não vejo o meu pai, caminhei em direção às escadas e fui para o meu quarto, tranquei a porta assim que adentrei o lugar, fui deslizando para o chão.
Puxei meus joelhos até o meu queixo e voltei a chorar silencioso, sufoquei os soluços e o som da chuva me confortava um pouco.
Comecei a me sentir sonolenta de tanto chorar, fechei os meus olhos e acabei adormecendo no chão do meu quarto.
Hailey Maxwell.Desde o meu nascimento a minha vida tem sido bem difícil, meus pais são pessoas narcisistas e só pensam em si mesmo, eles acham que são o centro do universo. Nunca tive uma infância boa, nunca tive nenhum amigo, porque a única coisa que os meus pais vinham em mim era a beleza. Fui forçada a participar de vários desfiles enquanto eu ainda era muito nova, minha mãe controlava os meus alimentos e me impedia de comer coisas que pudessem me fazer engordar. E quando eu ganhava os prêmios, todo o dinheiro eles usavam para luxar, viajavam bastantes e me deixavam em casa com babá. Eles nunca me olharam como um ser humano.Na medida que eu ia crescendo os abusos deles iam piorando, queriam que eu tirasse fotos para uma agência de revistas playboy, ou como dizem, revistas pornô. Já que ofereceram muito dinheiro para meus pais, claro que eles não conseguiram a minha permissão, já que eu os ameacei dizendo que eu iria contar para a polícia, então me deixaram em paz.Eu comecei a od
Madison Conner.06:50 — Casa dos Conner. — Quarto da Madison — EUA — Washington.Sou acordada ao sentir bastante frio pelo meu corpo, tentei me levantar do chão, mas o meu esforço foi em vão, porque eu não consegui.— Droga!Notei que a minha voz saiu um pouco estranha, meu corpo todo está muito pesado, talvez eu tenha pegado um resfriado.Claro que eu peguei um maldito resfriado, eu tomei um banho de chuva e acabei adormecendo com as minhas roupas molhadas nesse chão frio, ficaria surpresa se eu não adoencesse.Tentei mais uma vez ficar em pé e finalmente consegui, fui me arrastando para o banheiro e observei o meu reflexo no espelho, meu Deus, eu estou horrível. Meus olhos estão inchados de tanto chorar ontem, estou muito mais pálida, também estou sentindo o meu corpo bem quente.Apoio a minha mão na testa e suspirei ao ver que eu estou com febre, mas eu não quero ficar aqui nessa casa, prefiro passar mal em outro lugar do que aqui, porque é capaz dele me espancar só por ficar em ca
Dominic Maxwell.Eu não tive uma boa infância, meus pais eram pessoas muito rígidas comigo, principalmente o meu pai. Como ele era o CEO de uma empresa muito famosa nos Estados Unidos, ele não queria que o filho mais velho tivesse algum erro, ele queria que eu fosse um homem perfeito para herdar a empresa. Ele também não queria que tivesse algum escândalo sobre mim pelos jornais, porque isso iria arruinar a sua imagem.Meu pai cuidava da minha educação de forma muito rígida, desde que comecei andar eu já tinha professores particulares ao meu redor, eu não tinha paz, não podia dizer não, eu era um robô nas mãos deles. Quando eu não atingia as expectativas deles eu sofria as consequências, meu pai me batia enquanto fazia perguntas de matemática para mim, se eu errasse as respostas sofreria mais ainda.O papel da minha mãe era me ensinar etiquetas, nunca se deve falar enquanto se come na mesa, meu andar deveria ser de alguém digno, eu jamais deveria abaixar a cabeça, porque um Maxwell nã
Madison Conner.Vou voltando a consciência ao escutar alguns bip ao meu lado, isso me deixou um pouco agoniada com o barulho, fui abrindo meus olhos aos poucos e rapidamente os fechei por causa da enorme claridade.O que? Que luz forte é essa? Onde eu estou? Eu morri?Tentei mais uma vez abrir os olhos e fechei algumas vezes, mas logo fui me acostumando com a claridade e a realidade me acertou ao reparar que estou em um hospital.Não! Não!! Não!! Eles não podem saber! Não podem!O barulho do bip começou aumentar e me assustei quando a porta foi aberta, arregalei os olhos ao ver a Hailey.— Madison! — Ela correu até mim e fiquei mais ainda surpresa quando ela me abraçou.Seus braços são tão quentes, quase que eu me aproximava mais do seu abraço, acabei me afastando.— Hailey, porque estou no hospital? — Ela suspirou e segurou meu rosto, não consegui me afastar.— Nós sabemos o que aconteceu com você. — Senti o meu coração começar a acelerar.— O-O-O que? — Tentei mais uma vez me afasta
Madison Conner.Cinco dias depois.Durante esses cinco dias que eu fiquei no hospital, eu somente dormia, comia e dormia, era somente isso. O médico disse que é por causa dos remédios que eu estava tomando, eles me deram sono. Confesso que estou muito nervosa, hoje é o dia que eu irei conhecer a casa deles, o lugar que eu irei ficar até... Eu não sei dizer até quando, eu ainda tenho que perguntar isso a eles.Durante esses cinco dias, os dois sempre estavam ao meu lado assim que eu acordava, a Hailey me alimentava, já que eu não conseguia comer direito com uma mão. Sempre que pegava a colher, minha mão acabava tremendo, então ela começou a me alimentar bastante animada.Mas eu ainda tenho minhas preocupações, minhas inseguranças relacionadas ao meu pai, o Dominic me avisou que ele já deu parte para a polícia, agora é só esperar eles irem atrás dele. Claro que eles queriam me interrogar, mas ele não permitiu, somente o depoimento dos médicos já eram provas o suficiente para prendê-lo.
Hailey Maxwell.Fico observando a fase adormecida dela, com muito cuidado eu retiro a mecha de cabelo que caiu em seus olhos. Ela se remexeu e acabou se aproximando do meu pescoço, isso acabou causando arrepios pelo meu corpo.— O que você está fazendo comigo, Madison? — Esfreguei o meu polegar em sua bochecha com carinho.Eu percebi que durante esses cinco dias o carinho que eu sinto por ela, está me deixando muito confusa, eu quero está cada vez mais perto dela, quero fazer ela feliz, sinto uma enorme vontade de abraçá-la, não consigo ficar longe dela. Notei que o Dom também está agindo do mesmo jeito que eu, de fato eu ainda não consigo entender esse sentimento.A porta do carro foi aberta pelo Dom, ele entrou e fechou a porta com cuidado para não acordá-la.— Faz tempo que ela dormiu? — Perguntou em um tom baixo.— Faz uns cinco minutos. — Respondi. — Porque demorou?Ele cruzou as pernas e colocou a sacola de remédio em seu colo.— A fila estava bem cheia. — Aceno com a cabeça.—
Madison Conner.— Acorda logo, garota!!Olhei para o lado vendo o meu pai.O que? Como assim? Eu não estava no carro com a Hailey.— C-C-Como? — Ele sorriu e se aproximou de mim.— Achou mesmo que conseguiria fugir de mim? — Ele agarrou o meu pescoço com muita força, que acabou cortando o meu ar. — Nunca que eu vou deixar você ser feliz!!Ele me jogou no chão e começou a me chutar.— P-Para!— Você deveria ter morrido naquela sala! — Puxou meus cabelos. — Acha mesmo que esses dois vão te proteger de mim? Eu vou matá-los!— N-Não! Não!— Maddie! Maddie!Dou um sobressalto na cama assustada, senti braços me envolvendo com carinho.— Calma, eu estou aqui. — A voz do Dominic me alcançou.— D-Dom... Ele... Ele estava aqui... E-Ele estava. — Comecei a chorar em seus braços.— Foi só um sonho, querida. Você agora está segura. — Ele se sentou na cama e me puxou para o seu colo com cuidado. — Ninguém mais vai te machucar.Deixei o meu rosto em seu pescoço e o abracei com muita força.— E-Eu te
Madison Conner.Depois do almoço os dois começaram a me mostrar o resto da casa, fiquei bem surpresa ao ver que eles tinham uma piscina, assim que eu vi me deu uma enorme vontade de tomar um banho, mas infelizmente eu não pude por causa do meu braço engessado. Depois eles continuaram a me mostrar o resto das coisas, conheci a biblioteca, vai ser um belo passatempo, eu gosto muito de ler, mas antigamente eu não podia por causa daquele homem.O Dom me mostrou o seu escritório e disse que se eu não o encontrasse em casa, provavelmente ele estaria no escritório e que eu poderia ir lá a qualquer momento. A Hailey me mostrou o seu estúdio de artes, o lugar era simplesmente lindo, tinha vários quadros pintados, o cheiro de tinta me deixava muito animada, eu quero logo tirar esse gesso e poder pintar. Sinto falta disso.Depois que me mostraram a casa, eu acabei dormindo por está meio cansada, o médico nos avisou que como estou com anemia, eu me cansaria muito mais, e ele estava certo, porque