ALEX
Já saí com tantas mulheres que fica até difícil tentar lembrar de todas, mas nenhuma delas fez despertar dentro de mim uma paixão avassaladora como a dos meus pais. Algumas são tão fáceis e fúteis que nem tem a graça da conquista ou, simplesmente, não conseguem manter uma conversa inteligente por mais de cinco minutos, mas o destino me deu uma mãozinha e eu conheci Paola. Uma mulher linda, inteligente, carinhosa e que parecia corresponder aos meus sentimentos.Paola se mostrou ser a mulher perfeita para mim, não ficava chateada quando eu tinha que passar algumas noites fora de casa por causa do meu plantão no hospital. Sempre a recompensava pela minhas faltas e não demorou muito para que eu ficasse caidinho por aquela mulher e a pedisse em noivado. O que eu não esperava era que ela fosse capaz de me trair da maneira mais suja possível.Eu tinha conseguido sair do congresso e pegar o voo de volta para casa mais um dia mais antes do que tinha falado para Paola, queria fazer uma surpresa para minha noiva já que era seu aniversário. A caminho de casa, comprei uma garrafa do vinho que ela mais gostava, além de um buquê de rosas cor de rosa chá e uma caixa de chocolates. Tinha planejado tudo para comemorar o aniversário dela de uma forma muito especial.Assim que consegui destrancar a porta do apartamento, estranhei as luzes estarem apagadas então deduzi que Paola estivesse no quarto dormindo. Deixei a mala ao lado da porta para não fazer barulho, o vinho ficou sobre a mesa de jantar e então segui para o nosso quarto.Ao abrir a porta, foi como se, de repente, tivessem puxado meu tapete e eu estivesse caindo em um buraco sem fundo. Eu não estava acreditando no que estava vendo. Talvez fosse um pesadelo e eu acordaria a qualquer minuto. Tudo ao meu redor ficou parado.Meus olhos não queriam acreditar que aquela mulher deitada na cama, gemendo e cavalgando outro homem à minha frente, fosse a minha noiva. As roupas deles estavam espalhadas pelo chão do quarto, como se tivessem tido pressa em se livrar delas.Não sei dizer exatamente quanto tempo fiquei ali, parado , em choque e sem esboçar nenhuma reação, mas quando tentei me afastar, acabei esbarrando na porta, o que acabou fazendo barulho. Paola deu um pulo na cama e o rapaz se virou, puxando um travesseiro para se cobrir assim que me viu.— Merda! Paola, você tinha me falado que o seu marido só voltaria daqui a dois dias.
— Mas era o que ele tinha me falado. — Ela então se virou na minha direção. — O que você está fazendo aqui, Alex?
— Que eu saiba esse apartamento ainda é meu então, quem me deve explicações é você. Quem é esse sujeitinho?
Paola abriu a boca para me responder, mas voltou a fechá-la quando o homem, me olhou como se eu tivesse ofendido a masculinidade dele e se apresentou como o personal trainer dela. Como se tivesse se dado conta da confusão que tinha se metido, Paola começou a falar apressadamente, tentando se explicar, buscando desculpas, mas já estava farto de ouvir tudo aquilo então saí do quarto.
Como já era esperado, Paola pegou um roupão e o vestiu antes de vir atrás de mim. Ela tentou segurar meu pulso enquanto continuava a falar, mas me afastei e levantei uma mão, o gesto foi suficiente para ela se calar imediatamente.
— Eu te dou vinte e quatro horas para você pegar suas coisas e sair do meu apartamento.
— Você não pode fazer isso comigo, Alex.
— Posso e já estou fazendo até porque o nosso noivado está terminado.
Joguei as flores na direção dela, fazendo com que algumas pétalas das rosas caíssem no chão, a caixa de chocolate e a garrafa de vinho ficaram sobre a mesa de jantar.
— Vou sair do apartamento e quando eu voltar não quero ver nada seu ou qualquer coisa que me faça lembrar de você por aqui mais. Entendeu?
— Alex, deixa eu me explicar. Por favor.
— Não tem nada para explicar, eu vi tudo o que você estava fazendo com os meus próprios olhos e, estava adorando cavalgar no pau de outro homem, né?
— Me perdoa, meu amor.
— Não me chame assim nunca mais.
— Eu sei que cometi um deslize, mas podemos superar e viver felizes.
— Você não cometeu um deslize, escolheu me trair e na minha própria cama e não poderemos ser felizes juntos nunca mais.
Olhei para Paola, examinando-a dos pés a cabeça, o roupão não estava totalmente fechado e deixava pedaços de pele à mostra. Ainda era surreal acreditar que a mulher que dizia que me amava, que queria uma família comigo, tinha me traído dentro do meu apartamento.
— Eu ainda te amo, Alex.
— Não, você ama o meu dinheiro e a vida luxuosa que eu te proporcionava. — Passei a mão pelos cabelos. — Não acredito no quanto fui burro em acreditar que você me amava de verdade.
— Eu te amo, de verdade.
— Você traiu a minha confiança e eu já não confio mais em você.
Vi quando as lágrimas começaram a rolar pelo rosto dela, ela caiu de joelhos na minha frente, abraçando minhas pernas e começava a entrar em desespero ao perceber que eu estava irredutível em minha decisão.
— Me solte — exigi. — Volte para o seu amante e me esqueça de vez.
— Por favor, Alex. — Ela implorava. — Me dê outra chance sei que não vai mais acontecer isso.
— Não vai mesmo, porque já falei que está tudo terminado entre a gente.
— Alex!
— Que parte do eu NÃO te amo mais, você não entendeu?
Saí do apartamento antes mesmo que ela pudesse proferir uma resposta. Estava magoado e ferido demais para continuar olhando para a cara dela e ouvindo a sua voz. Ela ainda tentou me seguir até o elevador, mas as portas metálicas logo se fecharam. Somente quando estava na segurança do meu carro, me permiti chorar, os soluços sacudiam meu corpo. Tinha que admitir que tinha sido um golpe difícil.
Depois de me acalmar um pouco, fiquei vagando com o carro pela cidade até decidir ir para a praia porque seria o último lugar onde aquela traidora me procuraria. Eu precisava ficar sozinho para digerir tudo aquilo que tinha presenciado.
Fiquei sentado na areia, apenas observando as poucas pessoas que estavam por ali, o céu já estava escurecendo quando me levantei e fui para o primeiro bar que encontrei no caminho até meu carro. Eu estava precisando esquecer a realidade e, por isso, resolvi beber.
ALEXAlgumas semanas depois...Já passava das seis da noite quando saí do hospital em direção ao estacionamento. Senti meu celular vibrar no bolso da calça, resgatei o aparelho e vi o nome de minha mãe piscar na tela, meio a contragosto acabei atendendo.— Oi, mãe.— Está podendo falar, meu filho?— Posso sim, acabei de sair do plantão e estou a caminho de casa.— Você está lembrando que o aniversário do seu pai está chegando?— Sim, eu sei.— Os seus irmãos vão vir para fazer uma surpresa e gostaria que você e sua noiva viessem também para reunirmos a família toda. Estou ansiosa para conhecê-la.Eu ainda não tinha tido coragem de contar para minha família que tinha terminado o noivado, por isso que, só de me imaginar no meio dos meus irmãos, suas esposas e filhos era quase uma tortura. Era como se esfregassem na minha cara que eles tinham conseguido tudo o que eu mais quero para minha vida. Não me leve a mal, eu amo minha família, mas às vezes tenho um pouquinho de inveja deles.— Al
JOANADepois de um dia extremamente cansativo de trabalho no restaurante, eu finalmente estava indo para casa pra ficar com a minha filha, mas antes. como de costume, teria que passar na casa de Liliane, minha melhor amiga e madrinha da minha pequena, para pegá-la.Logo que cheguei, Lili já veio toda apressada, Rebeca estava aos berros no colo dela, a expressão no seu rosto não era das melhores e a preocupação logo surgiu, consumindo todo o meu ser.— Ainda bem que você chegou.— O que aconteceu?— Ela passou o dia todo com febre, sem querer comer nadinha.— E por que você não me ligou?— Eu não queria te preocupar e nem que você perdesse o dia de trabalho porque sei que o dinheiro faz falta para você.— Mas a minha filha é a minha prioridade.— Eu até levei ela no postinho de atendimento aqui do bairro.— E o que o médico disse?— Ele falou um negócio lá, mas não confiei muito na palavra dele porque, sinceramente, ele nem encostou na menina, seria melhor levá-la ao hospital.— Vou ve
ALEXDepois que cheguei em casa, deixei as chaves sobre a mesa e me joguei no sofá. Tinha sido um plantão complicado e eu só queria descansar um pouco. Depois de entrar debaixo do chuveiro, deixei que a água fria caísse sobre meu corpo, relaxando os músculos tensos.Quando já estava me sentindo bem melhor, enrolei uma toalha enrolada no quadril e voltei ao quarto para pegar uma roupa, mas fui interrompido pelo meu celular que não parava de apitar, vi pela barra de notificações que eram mensagens de Felipe, meu irmão mais velho."E aí, irmãozinho.""Você vai na festa de aniversário do pai? Estou ansioso para te ver e conhecer sua noiva."Merda.Por um momento eu tinha me esquecido dessa confusão que estava metido. Deixei o celular de lado porque ainda não sabia o que responder, eu iria ao aniversário do meu pai, mas antes precisava arrumar uma mulher que aceitasse ser minha noiva falsa e que tivesse uma filha, já que Paola era mãe de uma garotinha quando a conheci.A mera menção ao nom
JOANA Depois de uma noite mal dormida, em que fiquei acordando de cinco em cinco minutos para verificar se a febre de Rebeca tinha ido mesmo embora, acordei ouvindo alguns resmungos vindo de dentro do berço e tive que me levantar para começar o dia. Quando olhei dentro do berço, vi minha menininha segurando um dos pés para o alto enquanto reclamava, mas logo que me viu, ela abriu um largo sorriso. Ela era tão boazinha que nem chorava quando acordava e eu não vinha logo em seu socorro. — Bom dia, minha bonequinha! Em resposta, ela se segurou nas barras laterais do berço e ficou de pé enquanto fazia borbulhas de saliva com a boca. Peguei-a no colo e levei até o seu quartinho, onde troquei a fralda suja por uma limpinha e em seguida, a levei sala, onde a coloquei sentada no tapete da sala, cercada por almofadas e alguns de seus brinquedos enquanto ia preparar sua mamadeira e um pouco de café para mim. Enquanto Rebeca tomava seu leite jogada nas almofadas, aproveitei para dar uma olh
ALEX Depois que cheguei em casa, me joguei no sofá e fiz uma ligação rápida para o meu restaurante favorito na cidade toda e, por sorte, consegui reservar uma mesa para duas pessoas. Enviei o endereço do restaurante por mensagem para Joana e ela só respondeu com um joinha. Passei a tarde quase toda terminando de escrever um artigo científico sobre a minha pesquisa e quando percebi já passava das sete da noite. Do lado de fora já estava escuro, a lua estava alta no céu e eu tinha uma hora para ficar pronto e ir para o restaurante. Enquanto a água quente relaxava meus músculos, diversos pensamentos passavam pela minha cabeça e a insegurança se fez presente. Será que Joana ia aparecer? Será que ela toparia fazer parte do meu plano? Optei por vestir uma calça de alfaiataria num tom de azul escuro, uma camisa branca com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos e preferi deixar os dois primeiros botões abertos para parecer um pouco mais descontraído. Ali estava eu, sentado em um res
JOANAQuando meu turno finalmente chegou ao fim, entrei no primeiro ônibus de volta para casa. Eu precisava me arrumar, preparar uma outra bolsa com fraldas e leite para deixar na casa de Lili e ir me encontrar com o médico bonitão.Tomei um banho relaxante, enrolei a toalha no corpo e fiquei parada diante do meu guarda-roupa aberto, tentando escolher algo para vestir que não fosse tão simples e nem muito chique, porque pelo que tinha visto numa pesquisa rápida da internet, o restaurante era fino e tinha um ar chique.Liguei para Lili por chamada de vídeo para que ela me ajudasse a escolher uma roupa e ia me vestindo e mostrando a ela o look até escolher o vestido preto, os meus scarpins de salto alto favoritos e um par de brincos que tinha ganhado de presente de Lili. Aproveitei que ainda tinha tempo e sequei o cabelos, fazendo algumas ondas com o babyliss.Decidi ir com um carro de aplicativo para o restaurante porque ele poderia insistir em me trazer de volta para casa e se eu foss
ALEXAquela noite depois de sair do restaurante, foi a noite mais difícil para eu conseguir dormir. Eu tinha saído daquele restaurante mais nervoso e angustiado do que quando tinha entrado. Saber que o meu futuro dependia exclusivamente de uma desconhecida era complicado demais.Os dias estavam se passando e a espera por uma resposta de Joana estava sendo uma verdadeira tortura. Eu passava quase o tempo inteiro com o celular próximo de mim e a cada notificação de uma nova mensagem, eu corria para ver se era a resposta de Joana. Ela devia estar gostando de me torturar.Era sábado à noite, já não aguentava mais essa incerteza, coloquei duas pedras de gelo em um copo, me servi de uma dose de uísque. Saí para a sacada do meu apartamento, apoiei as mãos sobre o batente do guarda-corpo e inspirei fundo. Se aquela mulher não me desse uma resposta logo, eu acabaria ficando louco e, quase como se tivesse lido minha mente, uma mensagem chegou.Joana: Já tenho uma resposta para te dar.Simples a
JOANADepois de encontrar Alex no restaurante para tratar de negócios, levei Rebeca para casa e, como ela já tinha adormecido, levei-a direto para o berço. Tirei os saltos e troquei o vestido pelo meu pijama confortável, mas como estava muito agitada, sabia que não conseguiria dormir então fui para a sala e peguei meu celular antes de me jogar no sofá. Havia umas quatro mensagens da minha mellhor amiga.Lili: Amiga, você não vai mesmo me contar o que aconteceu nesse seu encontro de negócios?Lili: Amiga, me responde. Por favor!Lili: Vai mesmo me deixar na curiosidade?Lili: Você sabe que eu não aguento não saber das coisas, sou ansiosa.Meu Deus. Como minha minha melhor amiga era dramática quando queria saber de um fofoca, mas eu gostava dela mesmo assim e até entendia a curiosidade/preocupação dela. Se fosse o contrário, eu com certeza, faria de tudo para tentar descobrir o que tinha acontecido.Joana: Eu vou te contar quando você vier aqui em casa.Lili: Por que demorou a me respon