Capítulo 7

JOANA

Quando meu turno finalmente chegou ao fim, entrei no primeiro ônibus de volta para casa. Eu precisava me arrumar, preparar uma outra bolsa com fraldas e leite para deixar na casa de Lili e ir me encontrar com o médico bonitão.

Tomei um banho relaxante, enrolei a toalha no corpo e fiquei parada diante do meu guarda-roupa aberto, tentando escolher algo para vestir que não fosse tão simples e nem muito chique, porque pelo que tinha visto numa pesquisa rápida da internet, o restaurante era fino e tinha um ar chique.

Liguei para Lili por chamada de vídeo para que ela me ajudasse a escolher uma roupa e ia me vestindo e mostrando a ela o look até escolher o vestido preto, os meus scarpins de salto alto favoritos e um par de brincos que tinha ganhado de presente de Lili. Aproveitei que ainda tinha tempo e sequei o cabelos, fazendo algumas ondas com o babyliss.

Decidi ir com um carro de aplicativo para o restaurante porque ele poderia insistir em me trazer de volta para casa e se eu fosse com meu fusca azul, poderia ficar com vergonha diante do restaurante. Durante todo o caminho até o restaurante, fiquei pensando que era a primeira vez, desde que Rebeca tinha nascido, que eu iria me encontrar com um homem. Mesmo não sendo um encontro romântico, eu me estava me sentindo nervosa.

Quando o táxi parou em frente ao restaurante, paguei o motorista e desci. Respirei fundo e caminhei até a entrada, onde uma hostess me recebeu.

— Boa noite, tem uma pessoa me esperando lá dentro... Acho que o sobrenome é Palmer.

— O Sr. Balmer, certo?

— Isso mesmo!

— Me acompanhe, por favor!

Enquanto caminhava pelo salão, aproveitei para dar uma olhada ao meu redor e o lugar realmente fazia jus as fotos da internet. Era tudo muito limpo e arrumado com perfeição. Quando a hostess me indicou a mesa, onde o homem alto e forte, com os cabelos loiros penteados para trás, agradeci e me aproximei.

— Sr. Balmer? — chamei-o.

Quando o homem a minha frente ergueu a cabeça, seus belos olhos azuis me fitaram. Ele estava vestido impecavelmente e dei graças a Deus por Lili ter me ajudado a escoher uma roupa. tinha sido pega de surpresa com a beleza daquele homem.

— Que bom que veio.

— Fiquei curiosa para saber que negócios poderia querer tratar comigo — tentei soar despretensiosamente.

Antes que eu pudesse me sentar, fui surpreendida quando ele puxou a cadeira para que eu me sentasse antes de voltar ao seu lugar.

— Obrigada!

— Disponha!

— Mas você não precisava fazer isso, sou perfeitamente capaz de me sentar sozinha.

— Minha mãe me ensinou bem a como tratar uma mulher.

— E pelo visto ela fez um ótimo trabalho.

Depois que um garçom se aproximou, trazendo uma taça de água para mim e encheu a dele com um pouco mais de vinho, além de anotar nossos pedidos. Quando voltamos a ficar sozinhos, Alexander começou a me contar:

— Eu tenho evitado voltar para minha cidade natal já faz bastante tempo e da última vez, eles ficaram sabendo que eu estava noivo e que seria pai.

Eu estava sem palavras. Se ele seria pai, porque tinha me chamado para vir até aqui? Esse seu pequeno comentário tinha me deixado ainda mais curiosa.

— Bom, num belo dia, eu cheguei em casa mais cedo e... — Ele não parecia contente de ter que me contar aquilo. — Eu peguei minha noiva na cama com outro homem.

— E o bebê?

— Estou esperando nascer para fazer um exame de DNA.

— E onde eu entro nessa história toda? — perguntei realmente curiosa.

— Bem, eu não contei para minha família sobre essa traição e com o aniversário do meu pai chegando, minha mãe está querendo reunir toda a família e eu ainda não estou preparado para contar a verdade para eles, por isso, preciso da sua ajuda.

— Mas sua família não conhecia sua noiva?

— Não, porque meus irmãos moram foram do país e meus pais raramente saem do interior para vir a cidade.

— Então deixa eu ver se entendi — cruzei os dedos sobre a mesa. — Você quer a minha filha para fingir que é sua filha porque é um frouxo e não contou a verdade para sua família.

— Mais ou menos.

Eu não podia concordar com essa loucura, senti meu sangue ferver e a paciência se esvair completamente do meu corpo. Aquilo era um tremendo absurdo e, por um momento, esqueci que estávamos rodeados de outras pessoas.

— Desculpa, mas a minha filha não está a venda! 

— Eu não estou querendo comprar sua filha! Longe de mim fazer uma crueldade dessas.

— Então o que você quer?

— Por favor, sente-se! Ouça minha proposta e depois pode ir embora, se quiser.

Contra a minha vontade, voltei a me sentar, mas a minha vontade era sair daquele restaurante e voltar para casa para ficar com a minha menininha.

— Então, Alex... — Comecei, prendendo sua atenção. — Qual é a sua proposta?

Um garçom serviu nossos pratos e depois que o rapaz se afastou, ele pareceu perceber que eu ainda o encarava, esperando uma resposta.

— Por que não jantamos primeiro e falamos de negócios depois? — Ele sugeriu, mas eu já tinha perdido a fome. — A comida parece estar deliciosa.

— Porque eu não vou ficar aqui a noite inteira esperando o momento em que você vai me falar que proposta é essa. Tenho uma filha para cuidar.

— Ok. — Ele ergueu as mãos em sinal de rendição. — Tudo bem, eu falo.

— Estou esperando.

— A minha proposta é a seguinte... — Percebi quando ele apoiou o garfo na borda do prato. — Você e sua filha viajam comigo para a festa de aniversário do meu pai, se passam pela minha família de mentirinha por alguns dias e eu te pago uma boa quantia em dinheiro.

— De quanto estamos falando?

Dinheiro. Tínhamos chegado na parte que mais me interessava na proposta. Eu precisava de dinheiro? Com certeza, mas não admitiria isso na frente do médico bonitão. 

— Dinheiro suficiente para que você largue aquele emprego deplorável.

— E que garantia eu tenho disso?

— Se você aceitar, amanhã mesmo já faço a transferência do valor para a sua conta.

Diante do meu silêncio, ele continuou falando:

— Se quiser também posso arrumar um emprego decente para você.

— Tudo isso está me parecendo bom demais. Qual a pegadinha?

— Você só precisa aceitar passar o final de semana na casa dos meus pais e fingir ser minha noiva e deixar que Rebeca seja minha filha de mentirinha.

— Eu preciso de um tempo para pensar.

— Justo, porém preciso da sua resposta até terça-feira.

— Tudo bem.

Depois de selar nosso acordo com um aperto de mãos, começamos a comer e tudo estava correndo muito bem até que decidi comentar:

— Você não parece o tipo de homem que precisa pagar para ter uma mulher ao seu lado.

— E não preciso mesmo, mas nenhuma das outras mulheres que conheço tem uma filha — Ele explicou enquanto bebericava seu vinho.

Se antes estava achando que ele, ao menos, me achava bonita e por isso tinha decidido me fazer a proposta de um final de semana, depois de sua explicação, fiquei me sentindo a última bolacha do pacote. Ele só tinha me procurado porque não tinha outra alternativa.

Quando terminamos de jantar, um garçom se aproximou para perguntar se queríamos uma sobremesa, mas falei que não, então ele pagou a conta e me acompanhou para fora do restaurante, onde entrei no primeiro táxi que parou e fui embora.

Passei ao motorista o endereço da casa de Lili, onde pedi que esperasse por um minuto enquanto eu pegava Rebeca. Claro que minha melhor amiga quis saber de tudo, mas prometi que depois contaria tudo para ela, mas que eu precisava ir para casa, tinha muita coisa para pensar.

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