Capítulo 6

ALEX

Depois que cheguei em casa, me joguei no sofá e fiz uma ligação rápida para o meu restaurante favorito na cidade toda e, por sorte, consegui reservar uma mesa para duas pessoas. Enviei o endereço do restaurante por mensagem para Joana e ela só respondeu com um joinha.

Passei a tarde quase toda terminando de escrever um artigo científico sobre a minha pesquisa e quando percebi já passava das sete da noite. Do lado de fora já estava escuro, a lua estava alta no céu e eu tinha uma hora para ficar pronto e ir para o restaurante.

Enquanto a água quente relaxava meus músculos, diversos pensamentos passavam pela minha cabeça e a insegurança se fez presente. Será que Joana ia aparecer? Será que ela toparia fazer parte do meu plano? Optei por vestir uma calça de alfaiataria num tom de azul escuro, uma camisa branca com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos e preferi deixar os dois primeiros botões abertos para parecer um pouco mais descontraído.

Ali estava eu, sentado em um restaurante à espera de uma mulher que poderia salvar ou destruir completamente a minha vida. Eu muito estava nervoso, meu estômago estava até um pouco revirado. Meu futuro estava nas mãos de uma mulher que eu mal conhecia e a ideia de que ela poderia nem aparecer, deixava meu coração prestes a pular fora do peito.

— Sr. Balmer? — Uma voz doce e sexy me despertou de meus devaneios.

Ela veio.

Consegui soltar o ar que nem sabia que estava prendendo.

Fiquei de pé e encarei aquele belo par de olhos castanhos. Ela estava tão linda que quase me fez perder o fôlego. Seus cabelos escuros caíam em cascata onduladas até a altura dos ombros, o vestido preto chegava até um pouco acima de seu joelho e se ajustava perfeitamente as curvas de seu corpo, mas sem revelar muito. Os sapatos de salto altíssimo lhe davam um ar mais sexy ainda.

— Que bom que veio — tentei soar naturalmente.

— Fiquei curiosa para saber que negócios poderia querer tratar comigo.

Lembrando de ser o cavalheiro que minha mãe me ensinou a ser, levantei-me e fui até o outro lado da mesa para puxar a cadeira para que ela se sentasse, em seguida voltei ao meu lugar.

— Obrigada!

— Disponha!

— Mas você não precisava fazer isso, sou perfeitamente capaz de me sentar sozinha.

— Minha mãe me ensinou bem a como tratar uma mulher.

— E pelo visto ela fez um ótimo trabalho.

Antes que eu pudessemos começar a conversar sobre o motivo dos negócios, um garçom se aproximou, trazendo uma taça de água para ela e encheu a minha com um pouco mais de vinho, além de anotar nossos pedidos.

Quando voltamos a ficar sozinhos, limpei a garganta e criei coragem para começar a falar sobre a minha verdadeira intenção de tê-la convidado para tratar de negócios e que negócios eram aqueles, já que ela estava ali somente por curiosidade.

— Eu tenho evitado voltar para minha cidade natal já faz bastante tempo e da última vez, eles ficaram sabendo que eu estava noivo e que seria pai.

Ela permaneceu em silêncio, mas prestava atenção em tudo o que eu estava contando e, por isso, continuei:

— Bom, num belo dia, eu cheguei em casa mais cedo e... — Engoli em seco. — Eu peguei minha noiva na cama com outro homem.

— E o bebê?

— Estou esperando nascer para fazer um exame de DNA.

— E onde eu entro nessa história toda?

— Bem, eu não contei para minha família sobre essa traição e com o aniversário do meu pai chegando, minha mãe está querendo reunir toda a família e eu ainda não estou preparado para contar a verdade para eles, por isso, preciso da sua ajuda.

— Mas sua família não conhecia sua noiva?

— Não, porque meus irmãos moram foram do país e meus pais raramente saem do interior para vir a cidade.

— Então deixa eu ver se entendi. — Ela cruzou os dedos das mãos sobre a mesa. — Você quer a minha filha para fingir que é sua filha porque é um frouxo e não contou a verdade para sua família.

— Mais ou menos. 

— Desculpa, mas a minha filha não está a venda! — Ela falou enquanto ficava de pé, o que acabou atraindo alguns olhares curiosos em nossa direção.

— Eu não estou querendo comprar sua filha! Longe de mim fazer uma crueldade dessas.

— Então o que você quer?

— Por favor, sente-se! Ouça minha proposta e depois pode ir embora, se quiser.

Joana voltou a se sentar na cadeira à minha frente, mas já não estava mais tão amigável quanto antes. Merda. Eu precisava arrumar um jeito de fazê-la aceitar, mas de uma maneira mais tranquila.

— Então, Alex... — Ela começou a falar, mas pude perceber que estava inquieta. — Qual é a sua proposta?

Um garçom serviu nossos pratos e trouxe uma taça limpa para que eu experimentasse um novo vinho que combinaria com o meu bife. Depois que ele se afastou, percebi que Joana ainda me encarava, esperando uma resposta.

— Por que não jantamos primeiro e falamos de negócios depois? — sugeri. — A comida parece estar deliciosa.

— Porque eu não vou ficar aqui a noite inteira esperando o momento em que você vai me falar que proposta é essa. Tenho uma filha para cuidar.

— Ok. Tudo bem, eu falo.

— Estou esperando. — Ela remexeu o risoto com a ponta do garfo sem desviar os olhos de mim.

— A minha proposta é a seguinte... — apoiei o garfo na borda do meu prato. — Você e sua filha viajam comigo para a festa de aniversário do meu pai, se passam pela minha família de mentirinha por alguns dias e eu te pago uma boa quantia em dinheiro.

— De quanto estamos falando?

— Dinheiro suficiente para que você largue aquele emprego deplorável.

— E que garantia eu tenho disso?

— Se você aceitar, amanhã mesmo já faço a transferência do valor para a sua conta.

Ela pareceu ficar bastante interessada, por isso eu precisava deixar a proposta bastante atrativa para que ela aceitasse e, diante de seu silêncio, continuei falando:

— Se quiser também posso arrumar um emprego decente para você.

— Tudo isso está me parecendo bom demais. Qual a pegadinha?

— Você só precisa aceitar passar o final de semana na casa dos meus pais e fingir ser minha noiva e deixar que Rebeca seja minha filha de mentirinha.

— Eu preciso de um tempo para pensar.

— Justo, porém preciso da sua resposta até terça-feira.

— Tudo bem.

Joana era uma mulher de muitas qualidades. Educada, bonita, inteligente e causava uma boa impressão nas pessoas. Seria uma ótima esposa de mentirinha. Começamos a comer e tudo estava correndo muito bem até que ela comentou:

— Você não parece o tipo de homem que precisa pagar para ter uma mulher ao seu lado.

— E não preciso mesmo, mas nenhuma das outras mulheres que conheço tem uma filha — expliquei enquanto bebericava o vinho em minha taça.

Quando terminamos de jantar, um garçom se aproximou para perguntar se queríamos uma sobremesa, mas Joana negou, então pedi a conta e fiz questão de pagar. Acompanhei Joana até a entrada do restaurante, onde ela entrou num táxi e sumiu da minha vista.

Joana tinha que aceitar minha proposta, mas eu, realmente, estava em dúvida se ela o faria. Ela me pareceu orgulhosa demais e, se tratando da filha, pude perceber que ela era uma leoa.

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