JOANA
Depois de encontrar Alex no restaurante para tratar de negócios, levei Rebeca para casa e, como ela já tinha adormecido, levei-a direto para o berço. Tirei os saltos e troquei o vestido pelo meu pijama confortável, mas como estava muito agitada, sabia que não conseguiria dormir então fui para a sala e peguei meu celular antes de me jogar no sofá. Havia umas quatro mensagens da minha mellhor amiga.
Lili: Amiga, você não vai mesmo me contar o que aconteceu nesse seu encontro de negócios?
Lili: Amiga, me responde. Por favor!
Lili: Vai mesmo me deixar na curiosidade?
Lili: Você sabe que eu não aguento não saber das coisas, sou ansiosa.
Meu Deus. Como minha minha melhor amiga era dramática quando queria saber de um fofoca, mas eu gostava dela mesmo assim e até entendia a curiosidade/preocupação dela. Se fosse o contrário, eu com certeza, faria de tudo para tentar descobrir o que tinha acontecido.
Joana: Eu vou te contar quando você vier aqui em casa.
Lili: Por que demorou a me responder? Quer me deixar preocupada?
Joana: Estava cuidando de Rebeca.
Lili: Você sabe que amanhã mesmo estarei aí na sua casa?
Joana: Sim, eu sei. Aproveita e traz o café com alguns donuts, daqueles que eu amo.
Depois da troca de mensagens com Lili, aproveitei para entrar na minha rede social e procurei por Alexander Balmer, mas não tive nenhum resultado na minha pesquisa. Ok, ele não tinha rede social e isso explicava o fato da família dele não conhecer a ex noiva. Digitei o nome dele na barra de pesquisa do navegador e apareceram somente artigos científicos publicados. Nenhuma foto, nenhuma matéria em revista e nem um perfil social. Será que esse médico era mesmo uma pessoa de bem ou só estava tentando me enganar?
Pela manhã, acordei assustada com batidas na porta e dei um pulo do sofá. Meu pescoço doeu por causa da posição ruim que eu tinha adormecido. Dei uma olhada pelo olho mágico da porta só para me certificar de quem era e respirei aliviada quando vi que era Lili.
— O que está fazendo aqui, tão cedo?
— Cedo nada, amiga. Já são mais de oito e meia da manhã.
Droga! Eu tinha dormido demais, mas Rebeca ainda não tinha nem resmungado. Fui até o quarto e encontrei minha filha acordada, quietinha e abraçada ao seu coelhinho de pelúcia, mas assim que me viu, ela ficou de pé dentro do berço.
Peguei-a no colo, depositei um beijo em sua bochecha gorducha e voltei para a sala, onde Lili já estava devorando seu donut cor de rosa. Passei Rebeca para seu colo e fui até a cozinha preparar a mamadeira da princesa.
Quando voltei, a bendita galinha azul cheia de pintinhas já estava dançando e cantando na tela da televisão. Claro que Lili já foi logo fazendo perguntas sobre o jantar de negócios e eu acabei contando tudo para ela, sem economizar nos detalhes e quando cheguei ao final, ela simplesmente parecia em choque.
— Amiga, você tirou a sorte grande. — Foi a única coisa que saiu de sua boca.
— Não tenho tanta certeza assim.
— Quem me dera se um cara rico aparecesse na minha frente e falasse que vai me pagar uma fortuna para fingir ser sua noiva por um final de semana.
— Mas já pensou na merda que vai dar se descobrirem que é mentira? E ainda por cima ter que envolver a minha Rebeca.
— Ela ainda é muito pequena, amiga. Nem vai se dar conta do que está acontecendo.
— O problema não é ela, mas ele se apegar demais.
— E você já deu uma resposta para ele?
— Não!
— E tá esperando o que?
— Eu preciso pensar a respeito.
— Ok. Então vá se arrumar porque vamos sair para você espairecer a cabeça.
Passamos o dia todo fora de casa, fomos ao parque, shopping e aproveitamos para almoçar uma lasanha deliciosa preparada pela mãe de Lili e só voltei para casa quando já começa a escurecer. Foi então que decidi enviar uma mensagem para o médico bonitão.
Joana: Já tenho uma resposta para te dar.
Não esperava que ele fosse me responder tão rápido, até me assustei quando chegou a notificação e o nome dele apareceu na tela.
Alex: E qual é?
Joana: Me encontre amanhã de manhã no parque central e te direi a minha decisão.
Rebeca estava chorosa, com sono então deixei o celular de lado e preparei um banho bem quentinho e relaxante para ela antes de, finalmente, poder deitar e descansar ao lado da minha pequena. O dia seguinte seria longo e eu precisava estar bem disposta.
Por volta das nove da manhã, me arrumei e coloquei uma Rebeca animada para o passeio no carrinho e dirigi até o parque central, onde esperaria o médico bonitão para a gente poder conversar. Dei uma volta pelo parque e não o encontrei em nenhum canto. Será que ele não viria?
Uma hora já tinha se passado e o sol estava ficando quente demais para Rebeca e, por isso, decidi que já estava na hora de ir embora. Se Alex não tinha aparecido, era porque não tinha interesse, talvez já tivesse até arrumado outra que tenha aceitado de primeira fazer parte dessa farsa.
Alex: Em que ponto do parque você está?
Joana: A caminho do estacionamento para ir embora.
Alex: Estarei aqui te esperando então.
Preferi não enviar uma resposta, ainda estava meio chateada peo atraso dele. Continuei caminhando para fora do parque até que o avistei parado e com o quadril apoiado no próprio carro. Ele estava vestido de forma bem casual, mas sem deixar de passar seu charme.
— Me desculpe pelo atraso, Joana. — Ele disparou assim que me aproximei.
— É assim que eu percebo o quanto você está empenhado em receber minha ajuda.
— Eu só tive um contratempo.
— Garanto que esse contratempo tem haver com alguma mulher.
— Como você sabe?
— Por causa dessa marca de batom vermelho na gola da sua camisa — apontei para a gola da sua camisa.
— E então, você disse que tinha uma resposta para me dar e eu estou reamente curioso para saber.
— Sim, eu tomei uma decisão, mas antes precisava conversar com você sobre algumas questões.
— Claro!
— A primeira coisa que quero pedir a você é que enquanto estivermos "juntos" não quero outras mulheres perto da minha família além da sua família, se é que me entende.
— Tem a minha palavra de que isso não vai acontecer.
— A segunda coisa que queria te perguntar era se você estava falando sério mesmo quando disse que me ajudaria a encontrar outro emprego.
— Mas é claro que sim, Joana.
— Ótimo porque eu pedi demissão do meu emprego e preciso do dinheiro na minha conta.
— Isso quer dizer que você aceitou minha proposta?
— Sim. — Ela estendeu a mão. — Acordo fechado?
— Fechado. — Não pude conter o sorriso largo que chegava a doer minhas bochechas.
Ele se abaixou, ficando na altura do carrinho da minha filha e começou a falar:
— Viu, pequena. Agora serei o seu pai de mentirinha.
— É, sei que minha filha pode ser irresistível com essa bochechas gorduchas, mas não se apegue demais porque será somente por um final de semana.
ALEXDepois que Joana se afastou, entrei no meu carro, mas fiquei esperando para ver onde ela iria e para sanar minha curiosidade de qual era o carro dela. Para minha surpresa ela entrou num fusca azul, que tenho que dizer, estava em ótimo estado de conservação, mas a pequena Rebeca merecia um pouco mais de segurança do que um carro velho.Quando finalmente cheguei em casa, estava me sentindo muito mais leve como se tivesse tirado um elefante das costas. Joana tinha aceitado fazer parte do meu plano maluco e eu conseguiria mentir para minha família. Me orgulhava disso? Claro que não, mas era covarde demais para contar a verdade.Por estar acostumado a ficar sozinho em casa aos domingos, coloquei a blusa suja de batom no cesto de roupa suja, tomei um pouco do suco de laranja que estava na geladeira e aproveitei para voltar para cama e dormir mais um pouco.Quando voltei a acordar, já passava da uma da tarde. Minha cabeça tinha parado de doer e meu estômago dava sinais de vida. Me pus d
JOANADepois que saí do parque, passei na casa de Lili, eu precisava da minha melhor amiga para me dar forças e garantir que tudo ficaria bem, mas infelizmente ela não estava em casa. Enviei uma mensagem para ela e em resposta descobri que ela estava na casa dos pais. Isso me fez lembrar de que fazia uma semana que eu não visitava os meus.— O que acha de visitar a vovó e o vovô, minha princesa? — perguntei enquanto olhava para minha filha presa em sua cadeirinha no banco de trás.Ela chacoalhou o brinquedo que tinha em mãos e abriu um largo sorriso. Antes de ir para a casa dos meus pais, precisava passar na cafeteria e pedir minha demissão, o que claro, não foi muito bem aceito pelo dono, mas eu não lhe dei outra alternativa.Logo que saí da cafeteria, enviei uma mensagem para Alex, mas como não recebi uma resposta imediata, deduzi que estivesse ocupado.Joana: Estou enviando essa mensagem só para avisar que já pedi a demissão do meu trabalho e agora você tem que cumprir sua parte do
ALEXDois dias depois...Já fazia uns dois dias que Joana tinha aceitado minha proposta e precisávamos marcar um dia para uma reunião para conversarmos e trocarmos algumas informações que seriam de grande importância no final de semana, afinal, conhecendo minha família, sabia que eles fariam muitas perguntas e uma resposta errada seria o suficiente para descobrirem que tudo era uma tremenda mentira.Alex: Será que podemos marcar de nos encontrar amanhã para discutir algumas coisas para o final de semana?Joana: Pode ser.Alex: Qual o melhor horário para você?Joana: Se você topar, pode ser no horário do almoço porque assim meu trabalho não fica prejudicado.Alex: Por mim está ótimo. Passo aí para te pegar.Joana: Achei que almoçaríamos num restaurante aqui por perto.Alex: Eu gosto de almoçar sempre no mesmo lugar quando estou no trabalho.Joana: Mas não vai me atrasar, né?Alex: Pode ficar tranquila que não vou te atrasar.Joana: Combinado então.Na segunda-feira à noite, Tony tinha
JOANANa segunda-feira acordei bem cedo, tomei um bom banho e vesti a minha melhor roupa, eu precisava impressionar o tal amigo de Alex na entrevista para garantir que a vaga seja minha. Tinha combinado de Lili vir ficar com Rebeca até eu voltar para casa para que eu não tivesse que enfrentar o trânsito até a casa dela.O táxi me deixou em frente ao enorme prédio da Tourist Heaven com vinte minutos de antecedência, ainda na calçada, respirei fundo e tomei a coragem para entrar. Do lado de dentro havia mais umas duas pessoas esperando para fazer a entrevista, mas tentei me manter firme e confiante.Eu fui a última a entrar na sala para a entrevista e fiquei surpresa ao me deparar com um homem alto, de porte atlético que mais parecia um guarda-roupa. A pele escura de sua cabeça raspada brilhava contra a luz. Ele era intimidador, mas muito educado e foi fazendo as perguntas de maneira de fiquei super tranquila.Quando ele anunciou que eu era a mais qualificada e que a vaga era minha, eu
ALEXA quinta-feira à noite chegou mais rápido do que eu estava esperando e já fazia alguns minutos que eu tinha saído do meu plantão e estava com o carro estacionado na frente do prédio de Joana para levar as duas para minha casa.Quando meu celular começou a tocar, vi que era minha mãe, provavelmente estava ansiosa para o dia seguinte, ter todos seus filhos reunidos de novo depois de tantos anos, então retirei o aparelho do suporte no painel e atendi.— Oi, mãe!— Filho. Está ocupado?— Não, já saí do meu plantão e estou em frente a casa de Joana, esperando ela descer com as malas.— Estou tão ansiosa e feliz de poder te rever e, finalmente, conhecer sua noiva e a filha dela.— Ela também está, não fala de outra coisa — menti.— Seus irmãos chegam amanhã.— Nós também, mãe.— Que maravilha! Já vou preparar aquele bolo indiano que você ama.Só de pensar no bolo indiano que minha mãe fazia, já podia sentir a boca enchendo de água. Aquele bolo sempre foi a minha perdição, eu trocaria t
JOANA A semana passou voando. No trabalho, eu estava me saindo muito bem, já tinha conseguido analisar quase todos papéis das pilhas que tinham me dado e tinha encontrado alguns erros e anotei para que apontasse as soluções na primeira reunião que participaria. Rebeca tinha se acostumado a ficar com a babá, que se mostrou muito carinhosa com a minha pequena. Na quinta-feira à tarde, depois que cheguei da empresa, estava me sentindo cansada, mas ainda tinha que terminar de arrumar a minha mala e a de Rebeca porque Alex tinha me enviado uma mensagem pela manhã dizendo que passaria aqui em casa para nos buscar depois que saísse de seu plantão no hospital. Aproveitei que a babá ainda estava cumprindo o horário e fui tomar um banho tranquilamente, sem precisar me preocupar em terminar rápido porque Rebeca poderia estar fazendo alguma bagunça. Por volta das oito da noite, estava terminando de dar comida para minha filha quando meu celular vibrou em cima da bancada da cozinha. Alex: Já e
ALEXComo saimos cedinho de casa, não tivemos problema nenhum em sair da cidade e pegar a estrada já que eram poucos os carros que circulavam pelas ruas. Com pouco tempo de viagem, Rebeca acabou adormecendo em sua cadeirinha e Joana estava distraída, ouvindo alguma música em seus fones de ouvido.Agradeci pelo silêncio no carro, já que eu, apesar de transparecer estar tranquilo, estava muito nervoso. Tudo que tinha sair perfeito nesse final de semana, mas eu tinha dúvidas se daria já que eu e Joana não tivemos muito tempo juntos e o fato de eu ter lhe beijado na noite anterior deixava as coisas um pouco mais complicadas.Com um pouco mais de uma hora e meia que estávamos na estrada, Joana cochilava no banco de trás ao lado da cadeirinha da filha, mas de repente o silêncio foi quebrado pelo choro incessante de Rebeca e acabamos nos assustando.— Será que você pode parar no primeiro posto de gasolina que aparecer?— O que aconteceu?— Uma emergência de fralda cheia.— Ugh!Por sorte, ti
JOANA Depois de pegar estrada, o remédio de enjoo que eu tinha tomado começou a fazer efeito e acabei adormecendo, até ser acordada pelo um choro incessante da minha filha. Eu não sabia quanto tempo tinha se passado e nem quanto da estrada tínhamos percorrido. Mas quando senti um odor terrível e não tive outra opção a não ser pedir que Alex parasse no primeiro posto de gasolina que aparecesse. — O que aconteceu? — Nossos olhares se cruzaram pelo retrovisor interno. — Uma emergência de fralda cheia. — Ugh! Fui tentando distrair minha pequena até que Alex, finalmente, parou no primeiro posto de gasolina que apareceu. Rapidamente levei minha filha para o banheiro feminino, mas logo descobri que não tinha um trocador. Por sorte, eu sempre carregava o tapete emborrachado de brincar de Rebeca então fiz um trocador improvisado em cima da pia. Quando voltei para perto do carro, encontrei Alex com o quadril apoiado na lataria do carro e comendo alguma coisa, mas ele parecia meio entediado