ALEX
Aquela noite depois de sair do restaurante, foi a noite mais difícil para eu conseguir dormir. Eu tinha saído daquele restaurante mais nervoso e angustiado do que quando tinha entrado. Saber que o meu futuro dependia exclusivamente de uma desconhecida era complicado demais.
Os dias estavam se passando e a espera por uma resposta de Joana estava sendo uma verdadeira tortura. Eu passava quase o tempo inteiro com o celular próximo de mim e a cada notificação de uma nova mensagem, eu corria para ver se era a resposta de Joana. Ela devia estar gostando de me torturar.
Era sábado à noite, já não aguentava mais essa incerteza, coloquei duas pedras de gelo em um copo, me servi de uma dose de uísque. Saí para a sacada do meu apartamento, apoiei as mãos sobre o batente do guarda-corpo e inspirei fundo. Se aquela mulher não me desse uma resposta logo, eu acabaria ficando louco e, quase como se tivesse lido minha mente, uma mensagem chegou.
Joana: Já tenho uma resposta para te dar.
Simples assim. Ela só tinha escrito isso, nada mais, nenhum detalhe, nenhuma pista de que indicasse qual seria a sua decisão.
Alex: E qual é?
Um longo tempo se passou antes que eu recebesse uma outra mensagem dela, o que me deixou ansioso e esperançoso. De fato a proposta era muito mais benéfica para ela do que para mim, confesso que, eu tinha jogado sujo oferecendo o dinheiro que eu sabia que ela precisava para quitar suas dívidas.
Joana: Me encontre amanhã de manhã no parque central e te direi a minha decisão.
Que ótimo, ela estava de joguinho comigo. O pior seria chegar no parque amanhã e descobri que sua resposta seria uma negativa e perder meu tempo. Voltei para a sala, onde me joguei no sofá e comecei a pesquisar na minha rede social mulheres bonitas e que tivessem filhas. Claro que não apareceram muitas e acabei desistindo.
Quando Tony me ligou, convidando para sair, eu não pensei duas vezes e aceitei porque se ficasse em casa acabaria ficando louco de tanta angústia. Acabamos na boate, onde a batida da música eletrônica juntamente com a bebida e todas aquelas mulheres, me distraíram.
Ao abrir os olhos, percebi que já era de manhã, eu não sabia nem como tinha conseguido chegar em casa. Quando tentei me esticar, percebi que havia outra pessoa na cama, uma linda ruiva com corpo voluptuoso, fiz de tudo para me lembrar de seu nome, mas isso só fez minha cabeça doer ainda mais.
Depois de verificar a hora no relógio de cabeceira, quase caí da cama, já passava das dez da manhã e eu ainda tinha que ir encontrar Joana no parque, isso se ela ainda estivesse por lá. Fui ao banheiro, joguei um pouco de água fria no rosto e peguei um analgésico na parte alta do armário.
Eu estava fedendo a bebida então seria mais prudente tomar um banho rápido antes de ir me encontrar com Joana e Rebeca, porque isso poderia fazê-la mudar de ideia. Escolhi vestir uma bermuda cáqui, uma camisa branca e um sapatênis confortável.
Ainda estava na cozinha pegando um copo de água quando a ruiva apareceu vestindo apenas sua calcinha e sutiã. A verdadeira visão do paraíso e, se estivesse com mais tempo, a levaria para cama de novo e não deixaria que fosse embora tão cedo. Infelizmente, eu não tinha esse tempo e já estava mais do que atrasado.
— Oi, gata. Eu vou precisar sair então quando você for embora, é só bater a porta.
— Onde pensa que vai assim tão cedo? — Ela perguntou com aquela voz preguiçosa.
— Eu tenho um compromisso para o qual já estou mega atrasado.
— Tudo bem. — Ela pareceu um pouco desapontada.
Peguei as chaves do carro e o óculos escuro porque não seria capaz de encarar o sol forte que fazia do lado de fora. Dei graças a Deus pelas ruas quase desertas e consegui chegar em menos de cinco minutos ao parque, foi então que me deparei com um baita problema, o parque era enorme e demoraria pelo menos uma meia hora para eu localizar Joana.
Alex: Em que ponto do parque você está?
A resposta dela não demorou a chegar.
Joana: A caminho do estacionamento para ir embora.
Alex: Estarei aqui te esperando então.
Depois que enviei minha mensagem, não recebi mais nenhuma resposta de Joana. Droga. Será que ela tinha ficado chateada e mudado de ideia?Já estava pensando em entrar no carro e ir embora quando a avistei caminhando em minha direção empurrando um carrinho de bebê e, inevitavelmente, um sorriso se formou em meu lábios.
Joana estava linda usando aquele vestido azul claro e estampado de mini margaridas branca e a pequena Rebeca estava usando um lindo vestidinho rosa bebê enquanto mordiscava um de seus brinquedos. Aquela era uma cena apaixonante.
— Me desculpe pelo atraso, Joana. — Fui o primeiro a falar.
— É assim que eu percebo o quanto você está empenhado em receber minha ajuda.
— Eu só tive um contratempo.
— Garanto que esse contratempo tem haver com alguma mulher.
— Como você sabe?
— Por causa dessa marca de batom vermelho na gola da sua camisa.
— E então, você disse que tinha uma resposta para me dar e eu estou reamente curioso para saber — tentei mudar o assunto da conversa.
— Sim, eu tomei uma decisão, mas antes precisava conversar com você sobre algumas questões.
— Claro!
— A primeira coisa que quero pedir a você é que enquanto estivermos "juntos" não quero outras mulheres perto da minha família além da sua família, se é que me entende.
— Tem a minha palavra de que isso não vai acontecer.
— A segunda coisa que queria te perguntar era se você estava falando sério mesmo quando disse que me ajudaria a encontrar outro emprego.
— Mas é claro que sim, Joana.
— Ótimo porque eu pedi demissão do meu emprego e preciso do dinheiro na minha conta.
— Isso quer dizer que você aceitou minha proposta?
— Sim. — Ela estendeu a mão. — Acordo fechado?
— Fechado. — Não pude conter o sorriso largo que chegava a doer minhas bochechas.
Me abaixei e apoiei um joelho no chão para ficar na altura de Rebeca, que parecia mais interessada no brinquedo do que em mim. Era tão bom vê-la melhorzinha.
— Viu, pequena. Agora serei o seu pai de mentirinha.
— É, sei que minha filha pode ser irresistível com essa bochechas gorduchas, mas não se apegue demais porque será somente por um final de semana. — Joana interviu.
JOANADepois de encontrar Alex no restaurante para tratar de negócios, levei Rebeca para casa e, como ela já tinha adormecido, levei-a direto para o berço. Tirei os saltos e troquei o vestido pelo meu pijama confortável, mas como estava muito agitada, sabia que não conseguiria dormir então fui para a sala e peguei meu celular antes de me jogar no sofá. Havia umas quatro mensagens da minha mellhor amiga.Lili: Amiga, você não vai mesmo me contar o que aconteceu nesse seu encontro de negócios?Lili: Amiga, me responde. Por favor!Lili: Vai mesmo me deixar na curiosidade?Lili: Você sabe que eu não aguento não saber das coisas, sou ansiosa.Meu Deus. Como minha minha melhor amiga era dramática quando queria saber de um fofoca, mas eu gostava dela mesmo assim e até entendia a curiosidade/preocupação dela. Se fosse o contrário, eu com certeza, faria de tudo para tentar descobrir o que tinha acontecido.Joana: Eu vou te contar quando você vier aqui em casa.Lili: Por que demorou a me respon
ALEXDepois que Joana se afastou, entrei no meu carro, mas fiquei esperando para ver onde ela iria e para sanar minha curiosidade de qual era o carro dela. Para minha surpresa ela entrou num fusca azul, que tenho que dizer, estava em ótimo estado de conservação, mas a pequena Rebeca merecia um pouco mais de segurança do que um carro velho.Quando finalmente cheguei em casa, estava me sentindo muito mais leve como se tivesse tirado um elefante das costas. Joana tinha aceitado fazer parte do meu plano maluco e eu conseguiria mentir para minha família. Me orgulhava disso? Claro que não, mas era covarde demais para contar a verdade.Por estar acostumado a ficar sozinho em casa aos domingos, coloquei a blusa suja de batom no cesto de roupa suja, tomei um pouco do suco de laranja que estava na geladeira e aproveitei para voltar para cama e dormir mais um pouco.Quando voltei a acordar, já passava da uma da tarde. Minha cabeça tinha parado de doer e meu estômago dava sinais de vida. Me pus d
JOANADepois que saí do parque, passei na casa de Lili, eu precisava da minha melhor amiga para me dar forças e garantir que tudo ficaria bem, mas infelizmente ela não estava em casa. Enviei uma mensagem para ela e em resposta descobri que ela estava na casa dos pais. Isso me fez lembrar de que fazia uma semana que eu não visitava os meus.— O que acha de visitar a vovó e o vovô, minha princesa? — perguntei enquanto olhava para minha filha presa em sua cadeirinha no banco de trás.Ela chacoalhou o brinquedo que tinha em mãos e abriu um largo sorriso. Antes de ir para a casa dos meus pais, precisava passar na cafeteria e pedir minha demissão, o que claro, não foi muito bem aceito pelo dono, mas eu não lhe dei outra alternativa.Logo que saí da cafeteria, enviei uma mensagem para Alex, mas como não recebi uma resposta imediata, deduzi que estivesse ocupado.Joana: Estou enviando essa mensagem só para avisar que já pedi a demissão do meu trabalho e agora você tem que cumprir sua parte do
ALEXDois dias depois...Já fazia uns dois dias que Joana tinha aceitado minha proposta e precisávamos marcar um dia para uma reunião para conversarmos e trocarmos algumas informações que seriam de grande importância no final de semana, afinal, conhecendo minha família, sabia que eles fariam muitas perguntas e uma resposta errada seria o suficiente para descobrirem que tudo era uma tremenda mentira.Alex: Será que podemos marcar de nos encontrar amanhã para discutir algumas coisas para o final de semana?Joana: Pode ser.Alex: Qual o melhor horário para você?Joana: Se você topar, pode ser no horário do almoço porque assim meu trabalho não fica prejudicado.Alex: Por mim está ótimo. Passo aí para te pegar.Joana: Achei que almoçaríamos num restaurante aqui por perto.Alex: Eu gosto de almoçar sempre no mesmo lugar quando estou no trabalho.Joana: Mas não vai me atrasar, né?Alex: Pode ficar tranquila que não vou te atrasar.Joana: Combinado então.Na segunda-feira à noite, Tony tinha
JOANANa segunda-feira acordei bem cedo, tomei um bom banho e vesti a minha melhor roupa, eu precisava impressionar o tal amigo de Alex na entrevista para garantir que a vaga seja minha. Tinha combinado de Lili vir ficar com Rebeca até eu voltar para casa para que eu não tivesse que enfrentar o trânsito até a casa dela.O táxi me deixou em frente ao enorme prédio da Tourist Heaven com vinte minutos de antecedência, ainda na calçada, respirei fundo e tomei a coragem para entrar. Do lado de dentro havia mais umas duas pessoas esperando para fazer a entrevista, mas tentei me manter firme e confiante.Eu fui a última a entrar na sala para a entrevista e fiquei surpresa ao me deparar com um homem alto, de porte atlético que mais parecia um guarda-roupa. A pele escura de sua cabeça raspada brilhava contra a luz. Ele era intimidador, mas muito educado e foi fazendo as perguntas de maneira de fiquei super tranquila.Quando ele anunciou que eu era a mais qualificada e que a vaga era minha, eu
ALEXA quinta-feira à noite chegou mais rápido do que eu estava esperando e já fazia alguns minutos que eu tinha saído do meu plantão e estava com o carro estacionado na frente do prédio de Joana para levar as duas para minha casa.Quando meu celular começou a tocar, vi que era minha mãe, provavelmente estava ansiosa para o dia seguinte, ter todos seus filhos reunidos de novo depois de tantos anos, então retirei o aparelho do suporte no painel e atendi.— Oi, mãe!— Filho. Está ocupado?— Não, já saí do meu plantão e estou em frente a casa de Joana, esperando ela descer com as malas.— Estou tão ansiosa e feliz de poder te rever e, finalmente, conhecer sua noiva e a filha dela.— Ela também está, não fala de outra coisa — menti.— Seus irmãos chegam amanhã.— Nós também, mãe.— Que maravilha! Já vou preparar aquele bolo indiano que você ama.Só de pensar no bolo indiano que minha mãe fazia, já podia sentir a boca enchendo de água. Aquele bolo sempre foi a minha perdição, eu trocaria t
JOANA A semana passou voando. No trabalho, eu estava me saindo muito bem, já tinha conseguido analisar quase todos papéis das pilhas que tinham me dado e tinha encontrado alguns erros e anotei para que apontasse as soluções na primeira reunião que participaria. Rebeca tinha se acostumado a ficar com a babá, que se mostrou muito carinhosa com a minha pequena. Na quinta-feira à tarde, depois que cheguei da empresa, estava me sentindo cansada, mas ainda tinha que terminar de arrumar a minha mala e a de Rebeca porque Alex tinha me enviado uma mensagem pela manhã dizendo que passaria aqui em casa para nos buscar depois que saísse de seu plantão no hospital. Aproveitei que a babá ainda estava cumprindo o horário e fui tomar um banho tranquilamente, sem precisar me preocupar em terminar rápido porque Rebeca poderia estar fazendo alguma bagunça. Por volta das oito da noite, estava terminando de dar comida para minha filha quando meu celular vibrou em cima da bancada da cozinha. Alex: Já e
ALEXComo saimos cedinho de casa, não tivemos problema nenhum em sair da cidade e pegar a estrada já que eram poucos os carros que circulavam pelas ruas. Com pouco tempo de viagem, Rebeca acabou adormecendo em sua cadeirinha e Joana estava distraída, ouvindo alguma música em seus fones de ouvido.Agradeci pelo silêncio no carro, já que eu, apesar de transparecer estar tranquilo, estava muito nervoso. Tudo que tinha sair perfeito nesse final de semana, mas eu tinha dúvidas se daria já que eu e Joana não tivemos muito tempo juntos e o fato de eu ter lhe beijado na noite anterior deixava as coisas um pouco mais complicadas.Com um pouco mais de uma hora e meia que estávamos na estrada, Joana cochilava no banco de trás ao lado da cadeirinha da filha, mas de repente o silêncio foi quebrado pelo choro incessante de Rebeca e acabamos nos assustando.— Será que você pode parar no primeiro posto de gasolina que aparecer?— O que aconteceu?— Uma emergência de fralda cheia.— Ugh!Por sorte, ti