POV: RIGAN
Quando as forças retornaram, corri até as patas queimarem e protestarem. Nenhum sinal da fera de meu pai. O campo de batalha era um cenário de completa devastação, com corpos espalhados e o cheiro acre de queimado ainda impregnando o ar. Por entre a destruição, um telefone tocava. O som estridente cortava o silêncio mortal ao meu redor.
Procurei freneticamente entre os corpos até localizar a origem do som. Era o corpo de Meliodas, o Alfa daquela alcateia, estendido no chão. Ao lado dele, um aparelho celular vibrava incessantemente. Agachei, pegando o telefone com mãos trêmulas, e vi o nome de seu irmão, Constantine, na tela.
Suspirei, sentando-me no chão. Nada disso podia ser real. O peso da tragédia parecia insuportável. Gritei alto, um som primal de dor que fez os pássaros em volta levantarem voo em um fren
POV: RIGANUm apito ao fundo e o cheiro penetrante de álcool chamaram minha atenção. Aos poucos, fui abrindo os olhos, confuso. Estava olhando para um teto branco. Olhei em volta, assustando-me quando enormes mãos pousaram sobre meu ombro.— Rigan, você despertou! — A voz poderosa soou familiar, mas o medo e a confusão me dominaram.— Pai? — Disse, intrigado e em choque, olhando diretamente para ele.— Sim, filho. Você está bem? — Ele ameaçou encostar em mim novamente, mas desviei, arisco, rosnando de maneira instintiva.— Sua fera está controlada? — perguntei, a voz mais feroz do que eu pretendia, enquanto o medo e a raiva se misturavam dentro de mim.— Rigan, o que houve? — Ouvi minha mãe dizer, se aproximando. Olhei em volta, percebendo
Minha pata batia contra a poça de água fria da floresta, os sons de caça estavam cada vez mais altos e próximos. Com o coração disparado, o medo se instalava em meu âmago, o desespero tomava conta. Parei, no absoluto escuro, minha vida era assim, sem poder enxergar, precisei desenvolver meus outros sentidos para sobreviver aos ataques dos lobos de minha própria alcateia.Farejei o ambiente. Já fui solta naquela fauna por meu pai, que me usava como presa viva para treinar seus guerreiros, aparentemente era a única forma que eu servia para contribuir com a alcateia.Devido a minha condição de cega, era considerada um fardo para os lobos, ainda mais no momento delicado em que estávamos vivendo com a falta de recursos. Algo do qual foi atribuído a mim, como a renegada da Deusa Lua, minha alcateia julgava-me culpada pela falta de alimento e fome que sofríamos.Mas eu sabia que isto era apenas uma desculpa do meu Rei e pai que por diversão, às vezes, se juntava à caçada apenas para me acuar
O cheiro do sangue era tão forte que parecia palpável no ar, misturando-se aos gritos intensos que ecoavam por toda a alcateia. Rosnados seguidos de rugidos aumentavam a sensação de caos:— Estamos sendo atacados! — Gritou alguém ao longe.Olhei para minhas mãos, tocando meu rosto assustada. Puxei alguns fios de cabelo para frente e vi as pontas roxas. Uma visão que me deixou perplexa.— Minha Deusa, eu estou enxergando? — Olhei ao redor, vendo vários lobos caídos. Era uma carnificina. Não muito longe, avistei meu pai se aproximando em sua forma de lobisomem. Ele tirou a mão do local ferido, onde deveria estar o coração, havia um enorme buraco. Ele se arrastou até ficar a centímetros do meu rosto, pousando sobre meu pescoço.— Tudo isso é culpa sua, da maldição que você carrega! — Rosnando fraco, Hunter me encarava com extremo ódio. — Vou levá-la junto comigo.Apertando com mais força, encarei a barriga do meu pai e vi uma mão atravessá-la próximo ao meu corpo. Algo em suas costas cha
— O que? Por que eu faria isso? — Orion perguntou inquieto. — Teve outra visão? Algo ruim está para acontecer, não está?— Não sei com clareza, mas preciso que você esteja seguro... Por favor, eu insisto que saia da alcateia hoje! — Supliquei, mesmo sem poder enxergar, senti que ele ponderava. — Orion?— Está bem..., Mas e você? — Suspirando, senti que ele se erguia.— Ficarei bem, apenas se mantenha seguro, você é como um irmão para mim. — Esforcei um sorriso.— Irmão... — Rosnou o ômega contra o gosto. — Acho bom estar viva quando eu retornar à alcateia!— Farei o meu melhor!Senti que ele havia saído. Em uma prece, clamei à Deusa:— Por favor, proteja o meu amigo e irmão de coração.Cedi novamente à exaustão dos ferimentos e despertei em minha escuridão com um forte chute em minha barriga. Gemi desesperada, sentindo as lágrimas se acumularem, e farejando a nuance dos cheiros, percebi de alguém conhecido que estava presente e furioso.— Maldita, me deixou mal na frente do Alfa hoje!
— Levante-se e corra... — Outra corrente de vento se fez presente, ecoando a voz da Deidade em minha mente.— Eu não consigo, não suporto mais... — Respondi mentalmente.— LEVANTE-SE! — A ventania se tornou mais intensa como um redemoinho, e a rajada empurrou Hunter, tirando-o de cima de mim.Comecei a me arrastar floresta adentro em uma tentativa desesperada de agradar à Deusa Lua antes de morrer e ter minha alma perdoada por qualquer coisa que tenha feito.— Você não vai fugir, presa! — O Alfa brandou, fincando as garras em minhas patas traseiras.Gemi, grunhindo e ainda tentando me arrastar, deixando um rastro de sangue e lágrimas, até que bati a cabeça em algo. Farejando, o aroma que guiava meu caminho estava à minha frente, seu cheiro mesclava-se ao predatório e assassino. Tremi ainda mais, seria mais um predador que brincaria com a minha vida?O chão vibrava diante de seu poder, e até as nuances de pressão de poder alteraram, emanando uma áurea que, mesmo sem poder enxergar, era
— Ele sofreu? — Respondi rapidamente e com firmeza, almejando que aquele maldito tivesse sentido a pior dor imaginável.— Sou conhecido por minha impiedade, loba... Não ouviu os gritos de desespero de seu pai? — Notei um leve tom divertido na voz do lobo misterioso.— O que ouvi foi pouco perto do que aquele monstro já me fez, ele não era meu pai! — Rosnei irritada, sentindo a fraqueza se instalar e cedendo o corpo ao chão, mas não antes de desejar saber. — Ele sofreu?— Magnificamente muito! — A vibração mudou, farejei, notando que ele se agachou à minha frente. — Agora, o que farei com você?— Mate-a, meu rei, uma loba cega não tem serventia para nossa alcateia. Não precisamos de um peso morto! — O odor repulsivo de um lobo chamou minha atenção em sua direção.— Cale-se, Beta! — A voz empoderada do lobisomem era temível, até minha loba queria curvar-se a ele em respeito e temor. — Onde estávamos?— Lobo negro, seu beta tem razão... Ceife minha vida e livre o mundo de minha presença
Ri sombriamente, atravessando sua barriga com as mãos e rasgando suas entranhas. O maldito seguia guiado pelo ódio até a criatura ferida ao chão, onde agarrou seus ombros, culpando-a por toda sua maldição. Um verdadeiro covarde!Parei às suas costas, predatório, olhando diretamente para a loba, que notei ser cega. Os rumores eram verdadeiros; este lobo era desprezível e repulsivo. Tirei minhas garras de sua barriga, atravessando a carne de seu peito e arrancando o coração pulsante, apertando cada vez mais até suas batidas diminuírem e o órgão estourar em minhas mãos. Hunter sucumbiu, deslizando o corpo sobre a loba frágil até ceder em seus pés!A imagem, mesmo que borrada, se desenhava em meio à escuridão. Senti minha mente retornar ao ambiente onde estávamos e encarei surpreso a loba que havia amparado em meus braços lupinos.— O que foi isso? — Sussurrei surpreso, avaliando que aquela criatura tinha algo a mais além de sua fraqueza e deficiência. — Deusa, o que espera com tudo isso?
— Sou Ryan, pequena loba. — O timbre de sua voz era suave e genuíno, algo raro nos cheiros. Apenas em minha mãe e Orion havia sentido esses aromas.Apaguei por completo, encontrando-me diante de um riacho de águas cristalinas onde carpas saltavam tentando subir a cachoeira violenta.— Veja só, apesar de a força da água ser muito maior do que a dos peixes, e a correnteza determinar o fluxo de seus caminhos, as carpas insistem em lutar contra em busca de seus próprios destinos, — uma voz angelical ecoou atrás de mim.Virei, surpresa ao constatar que não havia ninguém ali. Voltei a fitar a água, surpreendendo-me com o reflexo. Cenas se desenrolavam, revelando a imagem de um homem com uma aura de poder e beleza, possuindo uma fisionomia marcante e um porte físico impressionante. Seus traços eram esculpidos, com um maxilar forte e olhos expressivos que transmitiam determinação e intensidade. Seu cabelo, talvez escuro e espesso, caía com uma selvageria controlada sobre sua testa, adicionand