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CAPÍTULO 03 - ATAQUE A ALCATEIA

— Levante-se e corra... — Outra corrente de vento se fez presente, ecoando a voz da Deidade em minha mente.

— Eu não consigo, não suporto mais... — Respondi mentalmente.

— LEVANTE-SE! — A ventania se tornou mais intensa como um redemoinho, e a rajada empurrou Hunter, tirando-o de cima de mim.

Comecei a me arrastar floresta adentro em uma tentativa desesperada de agradar à Deusa Lua antes de morrer e ter minha alma perdoada por qualquer coisa que tenha feito.

— Você não vai fugir, presa! — O Alfa brandou, fincando as garras em minhas patas traseiras.

Gemi, grunhindo e ainda tentando me arrastar, deixando um rastro de sangue e lágrimas, até que bati a cabeça em algo. Farejando, o aroma que guiava meu caminho estava à minha frente, seu cheiro mesclava-se ao predatório e assassino. Tremi ainda mais, seria mais um predador que brincaria com a minha vida?

O chão vibrava diante de seu poder, e até as nuances de pressão de poder alteraram, emanando uma áurea que, mesmo sem poder enxergar, era notavelmente maior que o poder de meu pai. Algo se agachou à minha frente, o calor de seu corpo cobrindo o meu como em uma proteção:

— Não ouse morrer agora, loba, seria uma pena ter vindo de tão longe à toa... — Aquela áurea à minha frente era a mesma de minha visão. — Alfa Hunter, hoje é o dia do seu julgamento!

Uma explosão ressoou ao longe, acompanhada de rosnados, enquanto o alarme ecoava, despertando uma sensação de urgência.

— O que está acontecendo? — Hunter rugiu, com outros lobos se aproximando pela floresta adentro. — O que está havendo?

— Estamos sendo atacados! — Um dos lobos que seguia nosso Alfa avisou.

— Quem é você, verme? Como ousa tomar minha presa? — Hunter se dirigiu ao lobo que observava tranquilamente perto do meu corpo.

O lobo misterioso suspirou tranquilamente antes de soltar um rugido ameaçador de seus lábios.

— Então os boatos sobre sua crueldade eram verdadeiros. Um alfa considerado um péssimo rei, tão indigno a ponto de atacar um ser indefeso... Você é uma vergonha para nossa raça, desprezível! — Brandou o lobo misterioso. — Não se lembra de mim?

Um silêncio tenso se estabeleceu, como se a ficha de Hunter finalmente tivesse caído, talvez reconhecendo o adversário à sua frente.

— Não pode ser, eu eliminei todos da alcateia Lâminas da Lua, matei com minhas próprias garras o Alfa supremo, junto à sua família e seus filhotes! — Brandou o rei Lycan.

— Quase todos... — Rugiu ameaçador o lobo misterioso. — Você pagará por toda a desgraça que fez à minha alcateia e pelo desequilíbrio de outras!

— Fedelho, vou terminar o que comecei, você se juntará aos fracos de sua família! — Provocou Hunter, sádico. — Vamos ver se você vai gritar tanto quanto o seu irmãozinho e mãe fizeram!

Em um sussurro, ouvi o lobo dizer algo que só eu podia escutar:

— Aguente firme!

Os sons da floresta noturna eram um eco para a batalha iminente. Um uivo profundo ecoou através das árvores, cortando o ar noturno como uma lâmina afiada. Em resposta, um rosnado baixo e ameaçador ressoou, seguido pelo som de galhos quebrando sob patas pesadas.

O primeiro ataque veio em um ruído de raiva e fúria, um som de garras afiadas rasgando o ar. O outro lobisomem em minha percepção sensorial com pressão de movimentos, esquivou habilmente, respondendo com um grunhido gutural. Suas próprias garras eram como trovões, cortando o ar em um arco mortal.

Os sons de impacto ecoaram pela floresta, misturando-se com o som de dentes cerrados e o ruído de peles grossas se chocando. Um rugido de dor e frustração se misturou com o som de um corpo sendo lançado ao chão, seguido pelo som de um ganido de vitória.

O silêncio se instalou, seguido por uma respiração pesada. Algo agarrou meus ombros com força, sua voz carregada de ódio e desprezo enviou um arrepio da espinha até o alto da minha cabeça.

— M*****a loba cega, isto tudo é culpa sua. Eu a amaldiçoo para que definhe nas garras deste alfa desgraçado e traga o inferno a todas as alcateias! — Hunter rosnou ameaçadoramente em minha face, seu hálito carregando o odor de ferrugem, o som de algo atravessando a carne era quase palpável.

As batidas do coração de Hunter estavam mais altas, como se seu coração estivesse exposto à nossa frente... Só então lembrei-me da visão e pude imaginar o que estava acontecendo. Lentamente, as batidas foram diminuindo seu ritmo, o barulho de algo estourando como uma bolha ecoou alto por toda a floresta. As garras de meu pai foram afrouxando sobre meus ombros, deslizando por meu corpo frágil e machucado, até algo gosmento umedecer minhas patas.

— O Rei Lycan caiu! — Rugiram os lobos em vitória, fazendo-me crer que minha alcateia havia se rendido.

Sentei-me nas patas traseiras, aguardando a aproximação do Lobisomem da minha visão. Em passos pesados, sua aura fazia até mesmo as árvores tremerem diante de sua presença, seu cheiro, apesar de carregado do odor de sangue, mesclava-se com outro aroma que eu não conseguia identificar.

O tilintar de garras causava um barulho agudo que irritava minha audição sensível, rosnei antes de sentir sua forte pressão próximo demais de mim. Apesar da força de seu poder de presença, eu não sentia medo. Algo naquele ser me tranquilizava.

— Então, os boatos eram verdadeiros... Hunter não só mantinha a filha como prisioneira, como também a caçava. — O timbre da voz daquele lobo fazia deliciosas cócegas em minhas orelhas. — Diga-me, loba cega, acabei de assassinar o seu pai, você me odeia por isso?

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