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CAPÍTULO 04 - LOBO DO DESTINO

— Ele sofreu? — Respondi rapidamente e com firmeza, almejando que aquele maldito tivesse sentido a pior dor imaginável.

— Sou conhecido por minha impiedade, loba... Não ouviu os gritos de desespero de seu pai? — Notei um leve tom divertido na voz do lobo misterioso.

— O que ouvi foi pouco perto do que aquele monstro já me fez, ele não era meu pai! — Rosnei irritada, sentindo a fraqueza se instalar e cedendo o corpo ao chão, mas não antes de desejar saber. — Ele sofreu?

— Magnificamente muito! — A vibração mudou, farejei, notando que ele se agachou à minha frente. — Agora, o que farei com você?

— Mate-a, meu rei, uma loba cega não tem serventia para nossa alcateia. Não precisamos de um peso morto! — O odor repulsivo de um lobo chamou minha atenção em sua direção.

— Cale-se, Beta! — A voz empoderada do lobisomem era temível, até minha loba queria curvar-se a ele em respeito e temor. — Onde estávamos?

— Lobo negro, seu beta tem razão... Ceife minha vida e livre o mundo de minha presença amaldiçoada, serei uma boca a menos para sustentar, porém antes... — Engoli em seco, sentindo meus pelos queimarem, arrepiando com as nuances que sentia, como se seus olhos estivessem cravados sobre mim.

— Antes? — Ele indagou, reforçando. — Você é cega, como sabe o tom de minha pelagem?

— Eu... — Fiquei inquieta sem saber explicar. Não queria ser atacada de novo como uma loba maluca, e exclamei meu alívio pela morte do maldito genitor. — Obrigada!

— Interessante... Ao que exatamente está me agradecendo, loba? — Um leve sorriso parecia ter escapado de suas presas, ao menos era o som que eu identificava.

— Por livrar nossa alcateia de um rei tirano. — Engoli em seco.

— E quem disse que eu serei mais bondoso? — O tom do lobisomem se tornou sombrio.

Estremeci, quando algo ecoou em minha mente:

— Destino... — A voz divina se fez presente.

— Intuição apenas, Alfa. — Sussurrei, erguendo um pouco o corpo e curvando com dificuldade, tombando para frente.

Sendo amparada pelo lobo misterioso, uma corrente elétrica percorreu nossos corpos, levando-nos para sua mente. Parecia que eu enxergava através de seus olhos, pois vi uma jovem loba com tons marrons e dourados à minha frente, caída ao chão, toda machucada em estado crítico, porém com uma áurea orgulhosa. Só então percebi que aquela criatura era eu!

POV: AARON

Uivei para meus seguidores adentrarem a floresta, guiado pelo cheiro que me era familiar. O vento soprava com intensidade em minha pelagem, carregado de sussurros místicos.

— Siga seu caminho, lobo do destino... — Dizia a brisa suave.

— Meu alfa, não deveríamos ir direto para a pequena cidade da alcateia Lâminas da Lua? Este desvio não estava previsto. — Questionou o Beta Jaxon, preocupado.

— Nossa Deusa guia nossos caminhos. Atenderemos aos seus pedidos! — Rosnei ameaçador, com os caninos para fora. — Dividiremos o bando. Vocês sigam com o beta para a cidade adentro e destruam a todos que se opuserem a nós.

— E aos que se renderem? — Jaxon olhou de canto.

— Prendam-nos até subjugar sua lealdade a nós e avaliarmos sua competência para a evolução da alcateia! — Rugi, parando e fechando os olhos. Imagens sutis pairavam em minha mente, como se eu pudesse enxergar através da escuridão... O medo era palpável junto com sua dor, uma intensidade que eu nunca havia sentido. — Por aqui, o tempo está acabando.

— O tempo de quem? — Indagou um dos lobos que me seguiam.

Rosnei ferozmente em sua direção, silenciando-o de imediato. Adentramos a floresta, onde o odor de ferrugem impregnava o ar. A passos singelos, lá estava meu maior inimigo, o maldito lobo que havia tirado todos aqueles que eu amava e me deixara à beira da morte. Notei uma criatura pequena, magra e frágil ao chão, completamente machucada e à beira da vida. Farejei o ar quando uma forte corrente de ventania soprou sobre o Alfa inimigo, afastando-o da loba ferida. Um tom divino ressoou em uma ordem:

— Novo destino... — Sussurrou o vento.

Instintivamente, meu lobo se jogou à frente em proteção, brandindo ameaçador. Caminhei agachado à sua frente, inalando seu cheiro adocicado, o mesmo que me trouxera até sua presença, o mesmo que instigava e clamava por nós sem ao menos proferir uma palavra. Minhas orelhas captaram a hostilidade do inimigo. Sussurrei para que apenas a loba desconhecida ouvisse minhas palavras:

— Aguente firme!

Preguiçosamente, avaliei o monstro do meu pesadelo quando filhote, o maldito que matou sem piedade meus irmãos pequenos e meus pais.

— Chegou o dia do seu julgamento.

Me vejo diante de Hunter, o Alfa sádico que destruiu minha vida quando eu era apenas um filhote. Seus olhos brilham com crueldade enquanto avança, confiante em sua força e poder. Mas eu não sou mais o fraco e assustado filhote que ele encontrou naquela noite fatídica.

Transformado em um Lobisomem Alfa supremo, sinto a raiva pulsando em minhas veias, os olhos em chamas mergulhados no poder divino passado pela linhagem pura dos antigos lobos, impulsionando-me a lutar com todas as minhas forças. Nossos rosnados ecoam pela clareira, anunciando o início de uma batalha brutal.

Com um rugido feroz, Hunter investe contra mim, suas garras afiadas buscando minha carne. Eu me esquivo com agilidade, retalhando sua pele com meus próprios golpes, divertindo-me. Cada troca de golpes é intensa e implacável, ambos determinados a sair vitoriosos.

Sinto o odor do sangue escorrendo por seu corpo, misturando-se com a terra sob seus pés. Lambi as garras, deleitando-me com o sangue inimigo. Sua dor só alimentava minha determinação e prazer. Abocanhando seu pescoço, girei seu corpo e o lancei ao chão. O lobo arfou em dor, uivando em desespero. Cravei as garras nas laterais de suas costelas, aprofundando os cortes, palpando o pulmão e o perfurando.

Com um rugido ensurdecedor, Hunter ruge:

— Maldito, não... eu não posso perder para uma criatura tão insignificante como você...

Olhei nos olhos dele, vendo o medo pela primeira vez.

— Você é fraco, a escória de nossa espécie... Por isso sempre atacou os mais fracos. Não sabe o que é força e poder. — Brandei, acompanhando suas passadas pesadas em direção à loba ferida. — Como se sente sendo uma presa tão insignificante?

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