POV: AARONUm sussurro ao longe chamou minha atenção para um ponto da sala durante a reunião com meus lacaios, onde elaborávamos um plano de ataque às outras alcateias. Sentia os olhos pousados sobre mim, o medo palpável, as incertezas e a necessidade de proteção. Meu lobo rugia em meu peito, rasgando-me por dentro com um instinto impulsivo de correr em direção à loba cega e ficar ao seu lado.— Rei Lycan? — Chamou o Beta, olhando para o ponto onde eu fixei meu olhar. — Está tudo bem?Rosnei, fazendo a mesa estremecer e todos os lobos se encolherem, abaixando suas cabeças.— Tracem um bom plano, apresentem-me seus motivos para atacar a alcateia; não estou certo sobre este. — Apontei no mapa, sentindo um alarde do meu lobo.— Para onde o senhor vai? — Indagou Jaxon.Rugir, fazendo-o ceder alguns passos, agachando-se em sua forma humana em reverência.— Perdoe-me, meu rei... — Ele sussurrou entre as presas.Saí do local a passos largos, Kemilly vinha em minha direção com um largo sorris
— Venha, loba, daremos um passeio! — Inclinei a cabeça para o doutor, que tirou seus acessos. Peguei-a no colo, ela se remexia nervosa. Notei que suas orelhas se moviam em vários sentidos, junto com o focinho que farejava sem parar. Talvez esse fosse o seu jeito singelo de enxergar através de outros sentidos.— Você vai me matar? — Ela sussurrou, tremula.— Se eu fosse, o que faria? — Respondi seco, avaliando suas reações.— Sorrirei diante do meu destino, mas não antes de lhe implorar para que seja algo rápido, quase indolor... — Pegando-me de surpresa, seu focinho pousou em meu pescoço, descarregando ondas de choque por todo meu corpo.— Qual é o seu nome, loba?— Meu nome? — Erguendo a cabeça, seus pelos fizeram meu nariz coçar. Mexi-me, e ela pareceu notar, abaixando a cabeça novamente. — Perdão, eu não quis incomodá-lo...— Você tem um nome, não tem? Ou devo chamá-la de cega? Tola? Loba? — Rosnei impaciente. — Pare de pedir perdão, é irritante!— Perdão... — Limpando a garganta,
POV: CALLIECogitei em fugir, conhecia aos arredores e tinha isto como vantagem... Anos sendo caçada como uma presa ajudaram a treinar meus instintos de sobrevivência, meu olfato era meus olhos e cada árvore daquela floresta eu recordava bem o cheiro.Minha mãe era uma loba sábia, Hunter havia capturado de outra cidade, não sei com precisão de qual alcateia que ela pertencia... Em um momento de fúria do meu pai, ao rasgar minha carne em uma de suas caçadas e arremessar-me contra uma rocha, o ouvir rugir:— Eu achei que com o sangue raro da Lyra teria filhotes como descentes fortes, mas não, a Deusa resolveu nos punir e derramar sobre nós uma maldição graças a você... Desgraça da alcateia! — Brandou ele arrancando com as presas um pedaço do meu coro da barriga.— Eu não sei se você está divagando ou bolando um plano de fuga. — A voz de Aaron me trouxe de volta ao momento.— Eu.... — Murmurei, engolindo o nó na garganta incerta sobre o quanto deveria falar. — Não sei te explicar como fi
— Se quiser sobreviver, loba cega, terá que aprender a se transformar, senão irei machucá-la até que aprenda! — Explodiu maliciosamente Kemilly. — Será um prazer eliminar o peso morto que você representa nesta terra.Meu coração acelerava, pulsando intensamente, enquanto tremia compulsivamente ciente de que aquelas ameaças não eram vazias. Senti uma forte pressão em meu estômago, como se tivesse sido chutada e lançada com força contra a parede, grunhindo desesperadamente, arfei tentando me levantar.— Levante-se, Loba, transforme-se! — Rugiu a loba enfurecida. — Posso passar o dia todo nesta brincadeira.— Eu não sei como... — Sussurrei, sentindo minha cabeça sendo erguida pela pelagem puxada. — Por favor... isto dói!— Estamos só começando, criatura nojenta. — Gargalhou Kemilly. — Por que o Alfa faria, eu, sua futura Luna, perder tempo com uma coisa insignificante como você?Foi estranho, a menção de futura Luna causou mais dor em meu peito do que as próprias feridas físicas. Rosnei
A loba parecia ter notado minha presença reverenciando em minha direção, rosnei em repreensão a Kemilly, agarrando sua garganta, aquela loba me irritava profundamente, mas sabia que não podia elimina-la sem um motivo palpável, não neste momento. Ficando a sós com Callie, meu lobo explodiu em meu peito vindo átona na mutação, algo do qual nunca havia acontecido!O conflito interno entre meu lado humano e lobo desde a primeira vez que senti seu cheiro estava constante. A encurralei perto da parede com uma necessidade crescente de sentir seus pelos nos meus, notei que ela se surpreendia quando esfreguei nela, sendo surpreendido juntamente com minhas reações.— Vamos logo! — Rosnei irritado em sua direção, avaliando que apesar da falta de visão ela caminhava sem tropeçar ou bater em algo, seu focinho trabalhava sem parar guiando-a.Jaxon vinha em minha direção olhando para loba cega e depois voltando para mim, soltando um leve rosnado em descontentamento.— Já obtivemos as informações sob
POV: CALLIESenti Aaron seguir diretamente para seu destino final, um frio na espinha percorreu em alarde. Como na visão, eu sabia o desfecho daquele ataque... Minha loba se agitava, algo dentro de mim implorava para que o parasse e o tirasse dali para que não sucumbisse.— Guie o alfa supremo... — A voz divina me alcançou em uma ordem.Arriscando tudo, me joguei à sua frente, fazendo-o recuar. Os sinais da Deusa estavam se tornando mais evidentes em minha mente. Farejando o ar, uma brisa tocava meus pelos, desenhando aromas em um caminho que nos guiava para poças de lama, para fugirmos das garras envenenadas dos alfas.— Um lago... — Sussurrei dentro da gruta, após rolar pela lama, e corri para o fundo.Em passos cautelosos, o chão vibrava, indicando que os lobos me seguiam e paravam próximos às águas correntes.— Para onde será que este canal nos levará? — Indagou o beta.— Sigam o caminho... — A voz angelical divina da Lua sussurrou novamente, nos guiando.— Devemos seguir o curso
POV: AARONAs percepções da loba cega eram curiosas. Quando mencionou que a Deusa havia a instruído, meu lobo se acalmou, em concordância com sua resposta. Eram poucos os lobos que tinham resposta da Deidade; somente seus escolhidos possuíam tamanho privilégio, e eu já fui um deles!A lua havia poupado minha vida na noite do ataque, quando Hunter assassinou cruelmente minha família, arrastando seus corpos em meio à cidade para que todos vissem seu poder. Meus pequenos irmãos, Zaí e Zeni, tinham 10 anos e foram mortos cruelmente por tentarem proteger Davina, que possuía 6 anos. Os três brincavam próximos à clareira.Naquela noite em especial, tive o primeiro chamado da Deusa, que me guiou para longe da alcateia. Seus sussurros me levaram a uma cachoeira onde vi sua forma lupina resplandecente, sentada majestosamente sobre uma enorme rocha em meio às correntezas intensas do rio impiedoso.— Seu destino mudará dolorosamente esta noite, minha criança — ressoou a divindade. — Sua dor é sen
— Diga-me, beta... Quando alguém não me dá o que quero, o que faço? — Parei à sua frente, ameaçador, terminando de quebrar a garrafa entre minhas mãos, segurando apenas o caco de vidro e encostando-o no pescoço do lobo amedrontado à minha frente. — Eu os torturo até que implorem por suas vidas e forneçam absolutamente tudo que almejo!— Entendido, meu rei. — Engolindo em seco, Jaxon tremia, com uma gota de suor se formando em sua testa medíocre humana.Com o caco de vidro, pressionei em sua pele, coletando a gota de suor junto ao sangue, e levei à boca, lambendo o vidro.— Agora suma da minha frente e só retorne quando tiver as informações que preciso! — Rosnei enfurecido.— Sim, meu rei! — Gaguejou o beta, saindo correndo do local.Farejei até o alto da escada, onde o cheiro adocicado da loba impregnava todo o ambiente. Inquieto e impulsivo, meu lobo nos arrastou para cima, parando ao batente da porta. Cruzei os braços, avaliando o doutor finalizar pontos nas laterais das costelas pe