POV: AARONAs percepções da loba cega eram curiosas. Quando mencionou que a Deusa havia a instruído, meu lobo se acalmou, em concordância com sua resposta. Eram poucos os lobos que tinham resposta da Deidade; somente seus escolhidos possuíam tamanho privilégio, e eu já fui um deles!A lua havia poupado minha vida na noite do ataque, quando Hunter assassinou cruelmente minha família, arrastando seus corpos em meio à cidade para que todos vissem seu poder. Meus pequenos irmãos, Zaí e Zeni, tinham 10 anos e foram mortos cruelmente por tentarem proteger Davina, que possuía 6 anos. Os três brincavam próximos à clareira.Naquela noite em especial, tive o primeiro chamado da Deusa, que me guiou para longe da alcateia. Seus sussurros me levaram a uma cachoeira onde vi sua forma lupina resplandecente, sentada majestosamente sobre uma enorme rocha em meio às correntezas intensas do rio impiedoso.— Seu destino mudará dolorosamente esta noite, minha criança — ressoou a divindade. — Sua dor é sen
— Diga-me, beta... Quando alguém não me dá o que quero, o que faço? — Parei à sua frente, ameaçador, terminando de quebrar a garrafa entre minhas mãos, segurando apenas o caco de vidro e encostando-o no pescoço do lobo amedrontado à minha frente. — Eu os torturo até que implorem por suas vidas e forneçam absolutamente tudo que almejo!— Entendido, meu rei. — Engolindo em seco, Jaxon tremia, com uma gota de suor se formando em sua testa medíocre humana.Com o caco de vidro, pressionei em sua pele, coletando a gota de suor junto ao sangue, e levei à boca, lambendo o vidro.— Agora suma da minha frente e só retorne quando tiver as informações que preciso! — Rosnei enfurecido.— Sim, meu rei! — Gaguejou o beta, saindo correndo do local.Farejei até o alto da escada, onde o cheiro adocicado da loba impregnava todo o ambiente. Inquieto e impulsivo, meu lobo nos arrastou para cima, parando ao batente da porta. Cruzei os braços, avaliando o doutor finalizar pontos nas laterais das costelas pe
POV: CALLIEAguardei o Alfa sair do banho, mas manter-me em pé estava ficando cada vez mais difícil. Ao correr para a guerra e lançar-me em frente ao lobo negro, terminei por abrir as feridas causadas por Kemilly. A tontura começou a se intensificar, até que a escuridão tomou conta da minha consciência!Despertei com o odor de medo e dor, não sabia ao certo se exalava de mim ou de outro ser, até notar sua presença intensa. Ouvia seu lobo feroz rugindo ameaçador, pronto para atacar, minha loba agitada em meu peito em resposta à sua euforia.— Todos te temem... — Comentei ao Alfa, tomada de ódio.Fui surpreendida por mais cuidados. Após a morte da minha mãe, apenas Orion cuidava de mim com tanto zelo dentro de suas limitações. Suspirei, envergonhada com o contato de suas mãos sobre meus pelos, permitindo à mente vagar e sonhar em como seria o contato de sua pele com a minha. A sensação era intensa como agora? Segui em minhas lembranças sobre a visão, onde seu rosto fazia morada em minha
POV: AARONA menção de um amor anterior por parte de Callie fez meu lobo enfurecer ferozmente. Havia alguém prometido a ela, e cerrei os punhos, determinado a caçar o desgraçado. Se seu corpo não tivesse sucumbido ao ataque, eu mesmo o faria definhar dolorosamente!— Vamos descansar, é necessário para você. Amanhã começaremos o seu treino de mutação. — Rosnei, levando a loba para minha cama. Ao lado, a governanta havia colocado frutas e alguns aperitivos. — Coma!Farejando o ambiente, Callie levou seu focinho até a bandeja e voltou assustada em minha direção.— Este quarto é seu?— Sim. — Continuei analisando sua fisionomia lupina, imaginando como ela seria em sua forma humana. Era uma loba bonita, apesar de magra por privação de alimento.— Então... esta cama é sua? — Ponderou ela, agitada.— Cega, não tola, se lembra? — Respondi ríspido, sentando-me ao seu lado e pegando a bandeja, aproximando-a para que conseguisse comer em sua forma de loba. — Coma logo.— Pelo cheiro, há muitos a
POV: CALLIEO calor de seu corpo próximo trouxe uma nova sensação, me sentia estranhamente segura e acolhida, não demorou muito para que eu cedesse ao cansaço. Fui levada para o templo da Deusa, um santuário mental que havia arquitetado em minha mente quando criança, um refúgio seguro, baseado nas descrições de minha mãe em uma de suas histórias.Mas algo estava diferente, uma presença poderosa parecia me acompanhar. Farejei em sua direção até perceber que estava acompanhada de Aaron.— Você não deveria estar aqui! — Falei bruscamente, quando o velcro foi tirado de meus olhos, podendo ver claramente a beleza do homem de minhas visões.Ele era ainda mais bonito do que conseguia me lembrar, emanando poder com um simples olhar verde acinzentado. Sem tempo para contemplar, a Deusa revelou uma visão diferente de todas que havia visto antes. Lobos estavam aos pedaços, puramente em seus instintos primitivos, doentes, com fome, sendo manipulados por outros, criando guerra entre as espécies. O
Senti uma lágrima escorrer por meus olhos, quando a imagem de minha mãe se formava em minha mente. Apenas através de suas descrições pude vislumbrar sua fisionomia, mas seu aroma era único, protetor e amoroso.— Se apegue às lembranças, lembre-se dos toques... — Ele continuou, senti suas mãos humanas sobre meus pelos, tocando-me suavemente. — Sinta minha mão, tente sentir o calor de meu toque além dos seus pelos.Ergui o focinho para o céu, deixando a chuva lavar minha face lupina, inalando o cheiro, permitindo ser guiada às melhores lembranças de minha mãe. Seu abraço caloroso, o carinho em minha face com o dorso das mãos secando minhas lágrimas, a sessão de beijos em minhas bochechas, as cocegas em minhas costelas. As memórias foram substituindo as dores que receava sentir. Eu tinha medo de voltar a ser humana porque sabia que ela não estaria mais lá para me proporcionar carinho!— Você está segura, Callie, é apenas você, sua humana e sua loba lado a lado... — Aaron sussurrava.Sob
— Não deveria alisar minha boca assim, lobinha... — Aaron respondeu divertido.— É a minha forma de te enxergar... — Respondi tímida, pronta para recolher as mãos, sentindo as dele agarrar e mantê-las no lugar.— Pode continuar. — O alfa sussurrou, guiando meus dedos em volta de seus olhos, contornando as sobrancelhas, passando por suas bochechas.Fiquei de joelhos, inclinando mais para frente, descendo as duas mãos por seu rosto, permitindo que uma vagasse por seus cabelos enquanto a outra descia para o que senti ser sua orelha.— Callie... É difícil me conter com você me tocando assim, estando nua à minha frente com os seios tão próximos ao meu rosto! — Rosnou o alfa rouco, contido.Sentei-me rapidamente, apalpando em volta em busca da toalha, alcançando-a e me cobrindo.— Me desculpe! — Apressei-me em falar, envergonhada, provavelmente corada diante da situação constrangedora. — Há roupas para mim?— Hunf... Temos que trabalhar seu tato, se lembra? — Disse ele em tom ousado, senti
POV: AARONPensei que enfrentaria dificuldades ao lidar com a transformação da loba cega, mas para minha surpresa, seu lado lupino estava tão exausto e inclinado a ceder espaço para a essência humana que não hesitou na conexão. De maneira simples, conduzi a mente de Callie dentro de suas percepções limitadas, utilizando o tato como seu guia e sua memória como a chave para levá-la a recuperar sua forma física humana.Lágrimas se misturavam às gotas da chuva, que começaram a acariciar sua pele agora exposta. Fiquei maravilhado com tamanha beleza; jamais imaginaria que aquela loba cega, maltratada e magra, pudesse ser uma mulher tão deslumbrante.Embora ela precisasse ganhar um pouco de peso, fiquei encantado enquanto a observava, percorrendo suavemente seu corpo e admirando cada curva delicada e perfeitamente delineada. Seus quadris ligeiramente arredondados e sua cintura fina criavam uma silhueta elegante e atraente. Notei algumas cicatrizes marcadas em sua pele, o que me instigou aind