Eu arrisquei ir até o lugar sem o dinheiro, caso algo desse errado, eu recorreria ao cartão do Jonh.Cada quilômetro naquela estrada parecia um pesadelo que se estendia. As luzes da cidade ficaram para trás, dando lugar ao silêncio frio e à escuridão que consumia tudo. Eu dirigia em automático, sentindo o estômago revirar, os dedos tremendo no volante. Tudo o que eu conseguia pensar era no Jonathan, o medo paralisante de que ele estivesse em perigo, assustado, sem ninguém para protegê-lo. Minha única esperança era que esse encontro, por mais desesperador que fosse, me levasse a ele.Finalmente, o carro parou em frente a um casebre abandonado, uma construção apodrecida, envolta na escuridão. Uma única lamparina acesa projetava sombras nas paredes frágeis. Eu senti um arrepio percorrer minha espinha, e cada instinto me gritava para sair correndo dali. Mas eu precisava do meu filho. Respirei fundo, tentando domar o pânico, e fui em direção à porta, notando o silêncio absoluto. Nenh
JONH*Acordei com uma sensação estranha, como se algo estivesse fora do lugar. Minha mente estava lenta, como se ainda estivesse presa em um nevoeiro de cansaço. O toque insistente na porta me trouxe de volta à realidade, e a voz grave de um dos seguranças ecoou do outro lado.Eu me levantei num pulo, ainda atordoado, olhando ao redor. A cama ao meu lado estava vazia. Hana não estava lá. O pânico começou a se formar no fundo do meu peito enquanto eu abria a porta.— O que aconteceu? Perguntei, minha voz ainda rouca de sono.O segurança hesitou, passando a mão na nuca.— Desculpe incomodar, senhor, mas achei melhor avisar, vi a senhora Hana saindo. Ela parecia nervosa. Perguntei se ela precisava que eu a acompanhasse, mas ela disse que estava indo encontrar a Srt. Ingrid. Só que... — Ele pausou, visivelmente desconfortável. — Bem, às duas e meia da manhã não parece um horário apropriado pra isso.Meu estômago deu um nó.— Quanto tempo faz que ela saiu? — Minha voz subiu um tom,
HANA * Eu mal conseguia respirar. O cheiro de mofo e sujeira do casebre me enjoava, misturado ao suor frio que deslizava pela minha pele. Aquele homem estava ali, cada passo dele ecoando no chão de madeira como um prenúncio de terror. — Agora você é só minha, Hana. Sua voz era baixa e arrastada, carregada de uma malícia que me fazia querer gritar até perder a voz. O olhar dele era de pura satisfação doentia enquanto seus dedos puxavam a gola da minha blusa, a rasgando, com um som seco que parecia reverberar na minha alma. — Não… por favor, não faça isso! Minha voz saiu em um sussurro desesperado, quase inaudível, enquanto lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Meus peitos estavam expostos, enquanto via o olhar dele percorrer por eles. — Sempre quis isso. Você sabia, não sabia? Ele riu, uma risada baixa e debochada que me causava náuseas. Meu corpo tremia incontrolavelmente. Eu tentei lutar, me mexer, fazer qualquer coisa, mas eu não conseguia. Ele então co
JONH * A imagem de Hana naquele casebre ficará gravada na minha mente para sempre, como uma cicatriz impossível de apagar. Quando arrombei aquela porta, tudo dentro de mim implorava para que fosse um pesadelo, algo que eu pudesse acordar e esquecer. Mas o que vi lá dentro era uma realidade brutal, um horror que nunca deveria ter acontecido. Ela estava encurralada, com a blusa rasgada, expondo seu corpo de uma forma que me fez sentir algo além da raiva, uma fúria primitiva que queimava no fundo do meu peito. Aquele maldito... Aquele lixo humano estava ali, sujo, ofegante, com as calças parcialmente abaixadas. Ele a segurava como se ela fosse uma posse, um brinquedo. Ele se virou, surpreso, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, eu o alcancei com um soco no rosto que o fez cambalear para trás. Cada golpe que dei em seguida era alimentado por todo o ódio e desprezo que sentia por ele. Queria matá-lo. Deus, como eu queria. Minha mente gritava para acabar com ele ali mesmo, p
HANA*Cada quilômetro até em casa foi uma tortura. Enquanto o carro deslizava pela estrada, meu corpo permanecia imóvel, mas minha mente era um turbilhão de pensamentos caóticos. Cada imagem, cada toque, cada palavra nojenta daquele homem se repetia na minha cabeça como um pesadelo sem fim. Eu olhava pela janela, tentando não me desfazer ali mesmo, tentando fingir uma força que já não existia.Sentia o olhar de Jonh sobre mim de tempos em tempos, preocupado, tentando alcançar algo que eu não conseguia expressar. Mas como explicar? Como dizer a ele que eu me sentia suja, indigna, quebrada?Quando finalmente chegamos, saí do carro antes que ele pudesse me deter. Passei pela sala sem olhar para trás, minhas pernas se movendo automaticamente até o banheiro, como se ali fosse o único lugar onde eu poderia encontrar alívio, mesmo que temporário.Fechei a porta e parei por um momento, encarando meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam inchados, o rosto marcado pelas lágrimas. Mas o que
Cada quilômetro até a delegacia parecia um teste para minha sanidade. O meu coração estava disparado, e as mãos suavam enquanto seguravam firmemente as de Jonh. Ele dirigia em silêncio, mas seu olhar atento pra mim sempre que podia me dava forças. Nosso filho. Estávamos indo buscar nosso filho. A ideia me dava esperança e medo na mesma proporção.Quando chegamos, o ambiente era frio, cinza. As paredes gastas e os olhares cansados dos policiais mostravam que aquele lugar carregava histórias pesadas. Assim que entramos, vi rostos desconhecidos, mas no fundo do corredor, um movimento chamou minha atenção.Minha mãe estava ali. Algemada. Ela parecia mais velha, desgastada, mas minha raiva não me permitia sentir pena. Desviei o olhar, engolindo a bile que subia na garganta, e foi então que vi.Uma mulher, provavelmente uma assistente social, segurava meu filho. Meu filho. Ele estava ali, vivo, pequeno e assustado. Não pensei. Não hesitei.— Meu bebê!Gritei, correndo na direção dele.A mu
JOHN *Enquanto eu estava cuidando de Hana, o telefone tocou, e o meu coração quase parou. As últimas horas haviam sido uma sequência de horrores, como se o universo tivesse decidido testar todos os limites possíveis da nossa força. Quando ouvi a voz do delegado do outro lado da linha dizendo que haviam encontrado Jonathan, senti algo que só posso descrever como um milagre.Meus joelhos cederam, e por um instante, o mundo giro, mas esse fato passou totalmente despercebido aos olhos de Hana, que estava com o olhar fixo na fisionomia do meu rosto. Nosso filho estava bem. Depois de tanto medo, ele estava seguro.Quando essa notícia foi dita em voz alta, ela balançou a cabeça, murmurando baixinho para si mesma.— Ele está bem. Ele está bem...Era como se ela precisasse repetir para que aquilo fosse verdade. Era doloroso vê-la assim. Hana, que sempre foi tão forte, tão resoluta, naquele momento parecia quebrada, como se a única coisa que a mantivesse de pé fosse a ideia de ter Jonathan
HANA*Depois de tudo o que havíamos passado, estar em casa parecia surreal. Cada canto da sala parecia acolher a nossa dor e, ao mesmo tempo, prometia um recomeço. Jonh estava na cozinha, provavelmente preparando algo para nós com a esperança de trazer algum conforto. Eu me sentei no chão do banheiro enquanto banhava Jonathan, tentando focar apenas nos movimentos suaves de limpar a pele dele, mas o nó na minha garganta não me deixava respirar direito.Então o celular tocou.Olhei para o visor e vi o nome de Ingrid. Suspirei antes de atender, sabendo que a conversa seria longa.— Oi, Ingrid.— Hana! Finalmente! Achei que você tivesse sumido do mapa. Vocês chegaram bem em Las Vegas? Por que não me ligou pra avisar? Eu fiquei preocupada!A pergunta me pegou de surpresa, e por um segundo, eu não sabia como começar. Respirei fundo, tentando manter a voz estável.— Ingrid… a gente não foi para Las Vegas.— O quê? Como assim?— Não deu tempo de sair do Brasil Comecei, minha voz falhando le