HANA * Eu mal conseguia respirar. O cheiro de mofo e sujeira do casebre me enjoava, misturado ao suor frio que deslizava pela minha pele. Aquele homem estava ali, cada passo dele ecoando no chão de madeira como um prenúncio de terror. — Agora você é só minha, Hana. Sua voz era baixa e arrastada, carregada de uma malícia que me fazia querer gritar até perder a voz. O olhar dele era de pura satisfação doentia enquanto seus dedos puxavam a gola da minha blusa, a rasgando, com um som seco que parecia reverberar na minha alma. — Não… por favor, não faça isso! Minha voz saiu em um sussurro desesperado, quase inaudível, enquanto lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Meus peitos estavam expostos, enquanto via o olhar dele percorrer por eles. — Sempre quis isso. Você sabia, não sabia? Ele riu, uma risada baixa e debochada que me causava náuseas. Meu corpo tremia incontrolavelmente. Eu tentei lutar, me mexer, fazer qualquer coisa, mas eu não conseguia. Ele então co
JONH * A imagem de Hana naquele casebre ficará gravada na minha mente para sempre, como uma cicatriz impossível de apagar. Quando arrombei aquela porta, tudo dentro de mim implorava para que fosse um pesadelo, algo que eu pudesse acordar e esquecer. Mas o que vi lá dentro era uma realidade brutal, um horror que nunca deveria ter acontecido. Ela estava encurralada, com a blusa rasgada, expondo seu corpo de uma forma que me fez sentir algo além da raiva, uma fúria primitiva que queimava no fundo do meu peito. Aquele maldito... Aquele lixo humano estava ali, sujo, ofegante, com as calças parcialmente abaixadas. Ele a segurava como se ela fosse uma posse, um brinquedo. Ele se virou, surpreso, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, eu o alcancei com um soco no rosto que o fez cambalear para trás. Cada golpe que dei em seguida era alimentado por todo o ódio e desprezo que sentia por ele. Queria matá-lo. Deus, como eu queria. Minha mente gritava para acabar com ele ali mesmo, p
HANA*Cada quilômetro até em casa foi uma tortura. Enquanto o carro deslizava pela estrada, meu corpo permanecia imóvel, mas minha mente era um turbilhão de pensamentos caóticos. Cada imagem, cada toque, cada palavra nojenta daquele homem se repetia na minha cabeça como um pesadelo sem fim. Eu olhava pela janela, tentando não me desfazer ali mesmo, tentando fingir uma força que já não existia.Sentia o olhar de Jonh sobre mim de tempos em tempos, preocupado, tentando alcançar algo que eu não conseguia expressar. Mas como explicar? Como dizer a ele que eu me sentia suja, indigna, quebrada?Quando finalmente chegamos, saí do carro antes que ele pudesse me deter. Passei pela sala sem olhar para trás, minhas pernas se movendo automaticamente até o banheiro, como se ali fosse o único lugar onde eu poderia encontrar alívio, mesmo que temporário.Fechei a porta e parei por um momento, encarando meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam inchados, o rosto marcado pelas lágrimas. Mas o que
JONH*Quando eu era pequeno, eu sonhava em ser médico, cresci fazendo planos que nunca aconteceriam, pois a vida tinha outro destino pra mim.Cansado de estar sempre no vermelho, e sempre precisando pedir dinheiro ao meu pai, eu decidi vender minha casa e tudo o que eu tinha, e saí do país, a minha intenção era ir atrás de oportunidades que me tirassem da vida miserável que eu levava.Eu saí do Brasil e fui pra Las Vegas, onde consegui um emprego como dançarino em uma boate, e foi lá que eu conheci o mundo da prostituição.As mulheres com quem eu me envolvia me abriram portas, eu fiz contatos importantes, ganhei muito dinheiro saindo com mulheres ricas e famosas, e logo veio a oportunidade de ser modelo, pois eu tinha o padrão perfeito das agências, eu só não sabia que a prostituição também existia lá, camuflada de desfiles e eventos, a diferença era que eu passei a ganhar o triplo do que eu ganhava na boate.Eu abracei aquela oportunidade, prestei atenção em como tudo aquilo funcion
Quando eu cheguei na agência, eu encontrei uma das modelos discutindo com a Flávia, naquele momento eu já sabia o motivo da discussão, mas como todo chefe, eu tinha o dever de perguntar. — O que está havendo aqui? Já imaginaram se algum cliente entra aqui e encontra essa baderna?Flávia: Desculpa Sr. Carter, mas a Ingrid está se recusando a fazer book vermelho Ingrid: Eu já fiz book vermelho essa semana, o cliente quase me estrangulou com aquela gravata no meu pescoço, eu ainda estou dolorida das chicotadas que ele me deu, eu só quero um descanso pra que eu me recupere. — Tudo bem, você pode ir pra casa e a Flávia irá encontrar uma substituta pra você.Ingrid: Eu não vou participar do desfile?— Você sabe como as coisas funcionam por aqui Ingrid, a passarela é como se fosse uma vitrine pros nossos clientes, eu não posso dar um "Não" pros clientes caso eles queiram sair com você. Ingrid: Eu preciso da grana Jonh.— E eu preciso dos clientes, agora você pode ir.Eu vi ela se retirar
HANA*Eu me lembro daquele dia como se fosse hoje, o dia em que a minha mãe me expulsou de casa pra que o relacionamento dela pudesse funcionar, como se fosse eu o motivo de todas as brigas que ela tinha com o namorado dela. Por várias vezes eu me perguntei que tipo de mãe faria algo assim, colocando o amor de um homem acima do amor de uma filha, homem esse que não valia porra nenhuma, homem esse que ficava olhando eu me trocar pelas brechas da porta, que ficava me olhando com desejo, como se eu não tivesse consciência de tudo aquilo que ele gostaria de fazer comigo. Quando eu falei pra minha mãe o que ele fazia e que ela precisava encontrar um homem que a respeitasse, ela mandou eu arrumar as minhas coisas e ir embora, eu quase não acreditei naquela atitude.O único teto que eu tinha pra ir, era a casa da minha irmã por parte de pai, era a única pessoa que eu sabia que iria me acolher e me ajudar a levantar, sem passar exatamente nada na minha cara.Às 23:00 horas daquele dia, eu
Eu e a Ingrid tivemos uma longa conversa, ela me contou com detalhes sobre como ela conseguiu bancar toda a reforma da casa dela, assim também como conseguiu pagar todas as dívidas que ela tinha, e apesar de eu não concordar com tudo o que ela permitia que aqueles caras fizessem com ela, eu não poderia julgá-la.Eu fiquei pensativa, pois apesar de saber que ela ganhava muito bem, eu não tinha como ajudá-la financeiramente, já que eu estaria morando com ela era obrigação minha contribuir com as contas da casa.Ingrid: Que cara é essa?– Eu preciso arranjar um emprego, eu não posso ficar aqui dependendo totalmente de você.Ingrid: Eu ganho o suficiente pra nós duas Hana, isso não será um problema.– Eu quero trabalhar Ingrid, será que existe alguma possibilidade de você conseguir um emprego pra mim na agência que você trabalha?Ingrid: Você não ouviu tudo o que eu acabei de falar?– Sim, mas eu iria trabalhar apenas desfilando, eu tenho quase o mesmo padrão que o seu.Ingrid: Você ainda
JONH*No ramo em que eu estava trabalhando não poderia haver erros, e eu não poderia falhar com a marca contratante, porém a recusa da Ingrid me trouxe grandes problemas.Flávia: Bom dia Sr. Carter, eu estou ligando para avisar que a pessoa que eu tinha em vista para substituir a Ingrid não vai poder participar do desfile.— Isso não pode acontecer, você sabe muito bem que não podemos ter desfalques nesse desfile, ligue para Ingrid agora e tente convencê-la a participar.Flávia: Sim senhor.Haviam muitas modelos na agência, mas poucas delas possuíam o padrão que a marca contratante queria, e uma das modelos mais requisitadas era a Ingrid, pois ela possuía o padrão que a maioria das marcas procuravam, não só as marcas a queriam, como também os clientes.Eu achava que eu não deveria me preocupar, pois a Flávia era muito competente no que fazia, e eu tinha certeza que ela conseguiria convencer a Ingrid, porém não foi isso o que aconteceu.Eu estava tomando o meu café quando o meu celula