HANA * O dia da nossa viagem finalmente chegou, e foi uma mistura de tristeza por ir sem nosso filho, com a ansiedade de voltar a encarar o meu passado de frente. A viagem correu bem, fora a sensação ruim que eu senti a voltar a entrar naquele aeroporto, reviver essas lembranças me deram calafrios. Ao chegarmos, fomos direto pra casa do John. Eu nunca imaginei que voltaria a cruzar aquele portão. E, no entanto, ali estava eu, dentro do carro, na entrada da casa que um dia testemunhou o meu fundo do poço, tentando controlar a enxurrada de sentimentos que me consumia. Quase dois anos haviam se passado desde que parti, desde que deixei o portão escancarado, como se ele pudesse refletir o estado da minha alma naquele dia. Aberto, vulnerável, despedaçado. Me lembrei de como saí correndo dali, com lágrimas queimando meu rosto e o coração esmigalhado no peito. O peso da dor era tão grande que parecia que eu não conseguiria respirar. Voltando para a casa da Ingrid, pensei
JONH*Chegou o momento em que eu parei e pensei: Finalmente eu vou poder consertar todos os meus erros, encerrar todos os ciclos, e me sentir limpo o suficiente pra merecer a Hana.Eu já estava casado com ela, mas ainda não me sentia digno de todo o amor que ela transmitia pra mim, ela havia me dado o melhor presente de todos, Jhonatan, e ainda sim, eu precisava me sentir limpo o suficiente pra repassar pro meu filho algo de bom, eu não queria me sentir um hipócrita e dar pra ele ensinamentos pelo qual eu não vivenciei, eu não tinha intenção nenhuma de mentir pra ele sobre como a minha história e da mãe dele havia começado, mas eu queria contar essa história de maneira que eu tivesse orgulho de tudo o que me tornei pra enfim merecer o amor da mãe dele, e isso incluía honrar.Voltar pra Las Vegas trouxe junto todas as memórias ruins que passamos lá, não só pra mim, mas principalmente pra Hana, que se manteve em silêncio, encarando a entrada da minha casa, como se tivesse vivenciando t
HANA*Eu acreditava que o amadurecimento chegou quando eu me tornei mãe, mas na verdade ele chegou quando fui capaz de encarar meus traumas e medos de frente.Quando eu disse que iriamos criar novas memórias naquela casa eu não estava falando apenas do local, mas também do meu interior.Cada toque do Jhon em meu corpo, foi um choque de realidade, aquilo era a minha vida, e eu...Bem, eu precisava estar disposta a viver aquilo sem o peso que eu insistia em carregar, eram muitas lamentações e poucas atitudes, eu só precisava viver o presente, e deixar o peso do passado no passado, então eu me entreguei.Não era como se entregar ao amor como fiz tantas vezes desde que eu e ele nos acertamos, era diferente. Eu me entreguei a vida nova que nós estávamos construindo, não foi qualquer sexo na escada da piscina, foi a minha libertação de tudo o que passei até ali, e tudo de bom que eu merecia viver, sim...EU MERECIA.Fomos pro quarto, o mesmo em que ele me humilhou tão covardemente, e eu nunc
Entrar na agência novamente depois de tanto tempo era como cruzar um portal para um passado cheio de dor e insegurança. Mas dessa vez era diferente. Não estava sozinha. Jonh abriu a porta para mim com um gesto galante e, antes de entrarmos, segurou minha mão com firmeza e me puxou para um beijo breve, mas intenso.— Pronta? Ele perguntou, seus olhos azuis brilhando de confiança.Assenti, respirando fundo. Era hora de mostrar a todos que eu não era mais a garota que pagaram pra comer.Caminhamos juntos pela entrada principal, nossas mãos entrelaçadas. A segurança com que ele segurava minha mão me fez sentir invencível, como se nada pudesse me atingir enquanto estivesse ao lado dele.Logo avistamos a recepção, e ali estavam elas. Duas modelos que conhecia muito bem, conversando animadamente até nos notarem. Uma delas deu um leve cutucão na outra, e ambas se viraram em nossa direção, os olhos imediatamente pousando em Jonh. Era sempre assim. Elas o olhavam como se ele fosse algum tipo d
JONH * Voltar à agência com Hana ao meu lado era mais do que um simples retorno. Era um momento de redenção. Eu sabia que sua presença causaria impacto, especialmente depois de ela se posicionar com tanta elegância e firmeza diante das modelos. Cada passo que dávamos juntos pelas instalações era um lembrete do quanto tínhamos superado. No entanto, o momento que mais nos emocionou foi inesperado, o convite pra sermos padrinhos do bebê de Flávia nos deixou muito felizes. Hana ficou sem palavras, mas seus olhos se encheram de lágrimas. Eu, por outro lado, me senti inundado por uma mistura de gratidão e nostalgia. Flávia e Hana se abraçaram, e eu não pude deixar de pensar em tudo que havíamos vivido. Era surreal ver as duas tão próximas depois de tantos conflitos e rivalidades. Me lembrei do amor que um dia Flávia nutriu por mim, dos ciúmes que Hana e ela sentiram, das brigas intensas entre as duas. Mas estávamos unidos, com tudo isso no passado. Passamos o restante do dia coloc
HANA *Eu cheguei a pensar que nada poderia estragar o meu dia, mas como tudo na minha vida, sempre havia algo que colocasse em questão a minha felicidade e bem estar.Eu sabia que havia muito a ser conversado entre o Jonh e a Flávia, então eu acompanhei todas as pautas e problemas até surgiram no tempo em que ele esteve no Brasil comigo, porém tudo ficou tenso quando a Flávia lançou uma bomba que fez o chão abaixo de mim tremer. "Shell"... Aquele nome soou como um eco, reverberando em todos os cantos da sala e, pior, dentro de mim.Minha primeira reação foi a de me calar. Engoli a seco, tentando manter a compostura, mas as memórias que aquele nome trouxe me atacaram como um vendaval. Eu conhecia Jonh e o histórico dele com Shell. Não era só um nome; era um lembrete de um passado que, embora ele garantisse estar enterrado, sempre parecia pronto para ressurgir, afinal, ela era a mulher que sempre estava na cama dele, mas que sempre desejou ser assumida oficialmente.Quando Flávia d
Eu andei pelos corredores da agência com passos rápidos, sentindo a cabeça latejar de tão confusa e irritada. As palavras de Flávia ainda ecoavam na minha mente. — Dois anos de contrato... para o bem da agência." Eu entendia o lado dela, mas era impossível ignorar a sombra que Shell poderia lançar sobre o meu relacionamento com Jonh.Quando cheguei na porta da sala onde ele estava, hesitei. Por um momento, fiquei ali, com a mão na maçaneta, respirando fundo. "Você confia nele, Hana," repeti para mim mesma como um mantra. Mas confiança precisava de diálogo, e eu sabia que precisava enfrentá-lo com calma, apesar da tormenta dentro de mim.Abri a porta devagar. Jonh estava sentado à mesa, com as mãos entrelaçadas e os cotovelos apoiados, parecendo tão perdido em pensamentos quanto eu. Ele levantou os olhos ao ouvir a porta e, ao me ver, se ajeitou na cadeira, visivelmente preocupado.— Hana...Ele começou, sua voz suave, mas carregada de tensão. — Eu estava pensando em ir te procur
JONH*A Flávia decidiu ir atrás de Hana e tentar explicar os motivos que a levaram a contratação de Shell, e enquanto eu estava sozinho, vários pensamentos me atormentaram.Não era exatamente medo que eu sentia, mas a sensação de parte do meu passado aflingir o coração de Hana, quando eu prometi que nada a faria se sentir daquela forma outra vez.Eu me lembrei da última vez que eu e Shell nos vimos, foi naquele maldito evento que eu a levei quando eu achei ser possível viver sem Hana, o mesmo dia em que o meu egoísmo e falta de caráter levou a Hana pra cama de outro homem.Shell viu as lágrimas nos meus olhos naquele dia, mesmo sem eu dizer nada, ela soube que aquelas lágrimas não eram por ela. Nunca conversamos sobre aquilo, e talvez seja por isso que a vida exigia o retorno dela, como uma sombra do meu passado, disposta a me encarar de frente.As possibilidades do que poderia dar errado continuavam a me atormentar. E se Shell tentasse desestabilizar meu casamento? Não seria difíc