HANA*Entrar em casa sem o Jonathan nos braços foi como pisar num campo de lembranças que, de repente, haviam se tornado dolorosamente vazias. A ausência dele preencheu o ambiente como um peso sufocante, me esmagando a cada passo. Tudo ali parecia gritar a presença do meu filho, os brinquedos espalhados, o cobertor azul que ele arrastava pela sala, o cheirinho do seu shampoo infantil ainda impregnado no ar. Eu mal conseguia respirar.Eu me abaixei ao lado dos brinquedos, incapaz de segurar as lágrimas. A saudade e o desespero me dominavam, e cada lágrima que caía trazia consigo uma mistura de raiva e culpa. Não só por ter deixado isso acontecer, mas porque meu próprio sangue, minha mãe, tinha se aliado ao homem que sempre me causou tanto sofrimento. Como ela pôde fazer isso? Como alguém é capaz de trair a própria filha dessa forma? Me sentia como uma peça descartável no jogo dela. E o meu filho estava pagando o preço.John estava ao meu lado, mas, por mais que tentasse esconder, eu
Eu arrisquei ir até o lugar sem o dinheiro, caso algo desse errado, eu recorreria ao cartão do Jonh.Cada quilômetro naquela estrada parecia um pesadelo que se estendia. As luzes da cidade ficaram para trás, dando lugar ao silêncio frio e à escuridão que consumia tudo. Eu dirigia em automático, sentindo o estômago revirar, os dedos tremendo no volante. Tudo o que eu conseguia pensar era no Jonathan, o medo paralisante de que ele estivesse em perigo, assustado, sem ninguém para protegê-lo. Minha única esperança era que esse encontro, por mais desesperador que fosse, me levasse a ele.Finalmente, o carro parou em frente a um casebre abandonado, uma construção apodrecida, envolta na escuridão. Uma única lamparina acesa projetava sombras nas paredes frágeis. Eu senti um arrepio percorrer minha espinha, e cada instinto me gritava para sair correndo dali. Mas eu precisava do meu filho. Respirei fundo, tentando domar o pânico, e fui em direção à porta, notando o silêncio absoluto. Nenh
JONH*Acordei com uma sensação estranha, como se algo estivesse fora do lugar. Minha mente estava lenta, como se ainda estivesse presa em um nevoeiro de cansaço. O toque insistente na porta me trouxe de volta à realidade, e a voz grave de um dos seguranças ecoou do outro lado.Eu me levantei num pulo, ainda atordoado, olhando ao redor. A cama ao meu lado estava vazia. Hana não estava lá. O pânico começou a se formar no fundo do meu peito enquanto eu abria a porta.— O que aconteceu? Perguntei, minha voz ainda rouca de sono.O segurança hesitou, passando a mão na nuca.— Desculpe incomodar, senhor, mas achei melhor avisar, vi a senhora Hana saindo. Ela parecia nervosa. Perguntei se ela precisava que eu a acompanhasse, mas ela disse que estava indo encontrar a Srt. Ingrid. Só que... — Ele pausou, visivelmente desconfortável. — Bem, às duas e meia da manhã não parece um horário apropriado pra isso.Meu estômago deu um nó.— Quanto tempo faz que ela saiu? — Minha voz subiu um tom,
HANA * Eu mal conseguia respirar. O cheiro de mofo e sujeira do casebre me enjoava, misturado ao suor frio que deslizava pela minha pele. Aquele homem estava ali, cada passo dele ecoando no chão de madeira como um prenúncio de terror. — Agora você é só minha, Hana. Sua voz era baixa e arrastada, carregada de uma malícia que me fazia querer gritar até perder a voz. O olhar dele era de pura satisfação doentia enquanto seus dedos puxavam a gola da minha blusa, a rasgando, com um som seco que parecia reverberar na minha alma. — Não… por favor, não faça isso! Minha voz saiu em um sussurro desesperado, quase inaudível, enquanto lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Meus peitos estavam expostos, enquanto via o olhar dele percorrer por eles. — Sempre quis isso. Você sabia, não sabia? Ele riu, uma risada baixa e debochada que me causava náuseas. Meu corpo tremia incontrolavelmente. Eu tentei lutar, me mexer, fazer qualquer coisa, mas eu não conseguia. Ele então co
JONH * A imagem de Hana naquele casebre ficará gravada na minha mente para sempre, como uma cicatriz impossível de apagar. Quando arrombei aquela porta, tudo dentro de mim implorava para que fosse um pesadelo, algo que eu pudesse acordar e esquecer. Mas o que vi lá dentro era uma realidade brutal, um horror que nunca deveria ter acontecido. Ela estava encurralada, com a blusa rasgada, expondo seu corpo de uma forma que me fez sentir algo além da raiva, uma fúria primitiva que queimava no fundo do meu peito. Aquele maldito... Aquele lixo humano estava ali, sujo, ofegante, com as calças parcialmente abaixadas. Ele a segurava como se ela fosse uma posse, um brinquedo. Ele se virou, surpreso, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, eu o alcancei com um soco no rosto que o fez cambalear para trás. Cada golpe que dei em seguida era alimentado por todo o ódio e desprezo que sentia por ele. Queria matá-lo. Deus, como eu queria. Minha mente gritava para acabar com ele ali mesmo, p
HANA*Cada quilômetro até em casa foi uma tortura. Enquanto o carro deslizava pela estrada, meu corpo permanecia imóvel, mas minha mente era um turbilhão de pensamentos caóticos. Cada imagem, cada toque, cada palavra nojenta daquele homem se repetia na minha cabeça como um pesadelo sem fim. Eu olhava pela janela, tentando não me desfazer ali mesmo, tentando fingir uma força que já não existia.Sentia o olhar de Jonh sobre mim de tempos em tempos, preocupado, tentando alcançar algo que eu não conseguia expressar. Mas como explicar? Como dizer a ele que eu me sentia suja, indigna, quebrada?Quando finalmente chegamos, saí do carro antes que ele pudesse me deter. Passei pela sala sem olhar para trás, minhas pernas se movendo automaticamente até o banheiro, como se ali fosse o único lugar onde eu poderia encontrar alívio, mesmo que temporário.Fechei a porta e parei por um momento, encarando meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam inchados, o rosto marcado pelas lágrimas. Mas o que
JONH*Quando eu era pequeno, eu sonhava em ser médico, cresci fazendo planos que nunca aconteceriam, pois a vida tinha outro destino pra mim.Cansado de estar sempre no vermelho, e sempre precisando pedir dinheiro ao meu pai, eu decidi vender minha casa e tudo o que eu tinha, e saí do país, a minha intenção era ir atrás de oportunidades que me tirassem da vida miserável que eu levava.Eu saí do Brasil e fui pra Las Vegas, onde consegui um emprego como dançarino em uma boate, e foi lá que eu conheci o mundo da prostituição.As mulheres com quem eu me envolvia me abriram portas, eu fiz contatos importantes, ganhei muito dinheiro saindo com mulheres ricas e famosas, e logo veio a oportunidade de ser modelo, pois eu tinha o padrão perfeito das agências, eu só não sabia que a prostituição também existia lá, camuflada de desfiles e eventos, a diferença era que eu passei a ganhar o triplo do que eu ganhava na boate.Eu abracei aquela oportunidade, prestei atenção em como tudo aquilo funcion
Quando eu cheguei na agência, eu encontrei uma das modelos discutindo com a Flávia, naquele momento eu já sabia o motivo da discussão, mas como todo chefe, eu tinha o dever de perguntar. — O que está havendo aqui? Já imaginaram se algum cliente entra aqui e encontra essa baderna?Flávia: Desculpa Sr. Carter, mas a Ingrid está se recusando a fazer book vermelho Ingrid: Eu já fiz book vermelho essa semana, o cliente quase me estrangulou com aquela gravata no meu pescoço, eu ainda estou dolorida das chicotadas que ele me deu, eu só quero um descanso pra que eu me recupere. — Tudo bem, você pode ir pra casa e a Flávia irá encontrar uma substituta pra você.Ingrid: Eu não vou participar do desfile?— Você sabe como as coisas funcionam por aqui Ingrid, a passarela é como se fosse uma vitrine pros nossos clientes, eu não posso dar um "Não" pros clientes caso eles queiram sair com você. Ingrid: Eu preciso da grana Jonh.— E eu preciso dos clientes, agora você pode ir.Eu vi ela se retirar