Mesmo com a mão dele sobre minha coxa, levou um tempo para que eu processasse que Gabriel realmente estava ali, ao meu lado, e que eu estava finalmente livre daquele pesadelo e da prisão que meu pai havia me sentenciado. Cada quilômetro que deixávamos para trás parecia um passo mais distante daquela tortura, entretanto, ainda havia um resquício de medo me segurando.
— Para onde estamos indo? — perguntei, tentando entender o que viria a seguir.
— Para minha casa — Gabriel respondeu, com uma firmeza que me trouxe algum alívio, mas não o suficiente para acalmar totalmente a tempestade dentro de mim.
— Tem certeza? — A dúvida escapou antes que eu pudesse evitar.
Só de pensar em voltar para a mesma cidade onde meu pai vivia, o pânico começou a crescer novamente, como uma sombra escura que eu não conseguia afastar.
— Voc&ecir
Voltamos a nos beijar. Minhas mãos deslizavam pelo corpo dele, tirando cada peça de roupa, sentindo o calor da sua pele contra a minha. A sensação era eletrizante, e cada toque parecia acender algo dentro de mim que eu pensei ter perdido.Ele me deitou na cama com cuidado, sempre atento à minha barriga. A gentileza em seus gestos contrastava com o desejo que ardia entre nós. Me acomodei em seus braços, de conchinha, sentindo o calor do seu corpo me envolver. Esfreguei minha bunda contra o seu pênis, provocando-o, e um arrepio percorreu minha espinha.Dessa vez, prometi a mim mesma que não iria acordar desse sonho antes de sentir o prazer completo que só ele sabia me proporcionar.— Gabriel… — gemi seu nome, meu corpo inteiro vibrando de antecipação.— Vamos com calma — ele murmurou, mas eu não queria calma. Ficara longe dele por tempo d
Beijei-a com carinho e devoção, tentando recuperar cada segundo que passamos longe um do outro. Depositei pequenos beijos por todo o seu corpo, como se quisesse memorizar cada centímetro dela. Ainda estávamos ofegantes, o sexo havia sido frenético, como se estivéssemos famintos, desesperados por essa conexão.— Você está se sentindo bem? — perguntei, ainda muito preocupado.— Finalmente — ela soltou em um suspiro, fechando os olhos por um instante, como se estivesse se permitindo relaxar completamente pela primeira vez em meses. — Senti tanto a sua falta.Olhei para ela, nua, estirada na cama, com a barriga grande e redonda. Ainda mal podia acreditar que ela estava ali, ao meu lado, depois de tudo o que passamos. E caralho… grávida!A realidade da situação me atingiu novamente. Ela estava carregando nosso filho, e a responsabilidade e o
Meu coração começou a bater acelerado assim que avistei as construções familiares que compunham o início da cidade. Uma sensação de medo me envolveu, e senti meu corpo congelar enquanto a realidade do que estava por vir se instalava em mim.O pavor tomou conta dos meus pensamentos, e a ideia de rever meu pai, de enfrentar tudo o que ele havia feito, me deixou paralisada. Não sabia como reagir, o que dizer, ou como lidar com a tempestade de emoções que crescia dentro de mim.Tentei controlar minha respiração, mas o pânico parecia tomar conta de mim, tornando difícil pensar com clareza. Tudo o que eu queria era fugir, desaparecer, evitar aquele reencontro que parecia inevitável.— Vai ficar tudo bem — Gabriel disse ao perceber meu pânico, com sua voz firme, mas gentil, ele tentava me acalmar.Engoli em seco, tentando controlar o m
Assim que Anne saiu acompanhando a minha mãe, senti os olhares pesados do meu pai e dos meus irmãos se voltarem para mim. Engoli em seco, sabendo que não conseguiria escapar dos questionamentos que estavam prestes a vir.— Como a encontrou? — Meu pai foi o primeiro a romper o silêncio.— Onde ela estava? — Benício, sempre prático, quis saber logo em seguida.— O que aconteceu com ela? — Conrado se juntou ao coro de perguntas, cruzando os braços enquanto me encarava.Suspirei, percebendo precisar escolher bem as palavras. Não queria entrar em detalhes naquele momento, mas sabia que eles não se contentariam com respostas vagas.— Ela estava na fazenda da tia, isolada — comecei, tentando manter a calma e ser o mais direto possível. — O pai dela a manteve presa lá, sem nenhum contato com o mundo exterior.Os rostos do
Eu mal podia acreditar que estava nos braços de Gabriel depois de todo o pesadelo que vivi nos últimos meses. Era um sonho do qual eu não queria acordar. Sentir o calor do seu corpo, o toque de suas mãos, e a segurança que ele me transmitia, tudo isso parecia surreal, como se fosse uma fantasia criada pela minha mente exausta.Fechei os olhos por um momento, tentando absorver cada sensação, cada segundo daquela paz que eu achava que nunca mais desfrutaria. O tempo que passei isolada, sem saber o que seria do meu futuro, ou se algum dia voltaria a vê-lo, havia sido angustiante e doloroso demais.Ele estava ali, do meu lado, e eu não precisava mais ter medo. A ideia de que tudo isso era real, que eu havia finalmente escapado e encontrado abrigo, era quase impossível de acreditar.— Não quero que isso acabe nunca — murmurei, mais para mim mesma do que para ele, enquanto me aconc
Saí de casa ainda tenso depois de tê-la deixado. A aparição do pai dela pela manhã não ajudou em nada.Era uma droga ter que lidar com Gustavo agindo daquele jeito, e o peso das decisões que precisávamos tomar começava a me sufocar.Ao me aproximar da prefeitura, deparei-me com uma pequena multidão de repórteres e manifestantes, que pareciam fazer mais barulho do que na época das eleições. Alguns jogaram tomates no meu carro, gritando absurdos, e os flashes das câmeras quase me cegaram. Apertei o volante com força, mantendo a calma apenas na superfície, enquanto meu estômago revirava.Entrei no prédio, e a segurança fechou a porta da garagem rapidamente, isolando-me do caos lá fora. Respirei fundo, tentando me recompor, mas a tensão não diminuía. Ao sair do carro, meu assessor estava me esperando, e
Por mais que a família do Gabriel estivesse por perto, a aflição não me abandonava. Cada minuto parecia um teste para os meus nervos, principalmente depois que a mãe dele, Joana, ligou a televisão e o noticiário local mostrou imagens de manifestantes em frente à prefeitura.O estômago se apertou de medo e culpa.— Isso é por minha causa? — perguntei, sentindo um calafrio percorrer meu corpo.— Melhor não vermos televisão hoje — respondeu Joana, desligando a TV com um gesto firme, mas gentil.Ela se virou para mim, e apesar de seu sorriso caloroso, a preocupação nos olhos dela era evidente.— Você está bem, querida? — perguntou, inclinando-se um pouco mais para frente, como se quisesse garantir que eu realmente iria me abrir.Assenti, mas a verdade era que não tinha certeza de nada. Tudo parecia um borrão, como se a qualquer momento o chão pudesse desaparecer sob meus pés.— E o bebê? — ela continuou, olhando para minha barriga com ternura.Acariciei minha barriga, tentando encontrar u
Aquele dia não foi nada fácil, mas eu tinha que estar preparado para situações piores. Quando cheguei em casa, preferi não comentar nada com a Anne, ela já tinha passado por muita coisa e não precisava de mais preocupações.Durante o jantar, Anne me informou que minha mãe havia marcado uma consulta com um obstetra para o dia seguinte. Naquele instante, uma onda de culpa me atravessou. Como eu não pensara nisso antes? Com tudo o que havíamos passado, eu deveria ter priorizado o cuidado dela e do nosso bebê. Contudo, o caos dos últimos dias, com todas as ameaças e a necessidade de proteger Anne, havia ofuscado essa necessidade.Naquela noite, demorei a pegar no sono, preocupado com a consulta e com tudo o que ela poderia revelar. E se algo estivesse errado? E se os meses de estresse e maus-tratos tivessem afetado a saúde dela ou do bebê? Esses pensamentos