Aquele dia não foi nada fácil, mas eu tinha que estar preparado para situações piores. Quando cheguei em casa, preferi não comentar nada com a Anne, ela já tinha passado por muita coisa e não precisava de mais preocupações.
Durante o jantar, Anne me informou que minha mãe havia marcado uma consulta com um obstetra para o dia seguinte. Naquele instante, uma onda de culpa me atravessou. Como eu não pensara nisso antes? Com tudo o que havíamos passado, eu deveria ter priorizado o cuidado dela e do nosso bebê. Contudo, o caos dos últimos dias, com todas as ameaças e a necessidade de proteger Anne, havia ofuscado essa necessidade.
Naquela noite, demorei a pegar no sono, preocupado com a consulta e com tudo o que ela poderia revelar. E se algo estivesse errado? E se os meses de estresse e maus-tratos tivessem afetado a saúde dela ou do bebê? Esses pensamentos
— Gabriel! — gritei, tomada pelo desespero ao ouvir o som do corpo dele caindo no chão.A médica se apressou em socorrê-lo, enquanto eu, com a barriga pesada, lutava para me levantar da maca, sentindo-me ainda mais desnorteada pela situação. Trigêmeos! A palavra parecia ecoar na minha mente, como se precisasse ser repetida para fazer sentido.— Ele está bem? — perguntei, ainda incrédula com tudo o que estava acontecendo.— Acho que foi só o susto — a médica respondeu com um sorriso, enquanto Gabriel começava a se levantar, ainda atordoado, massageando as têmporas como se tentasse organizar os pensamentos.— Gabriel… — murmurei, sentindo a voz falhar enquanto tentava processar a notícia.— Três? — ele repetiu, estampando a confusão em seus olhos.— Sim — a mé
Estacionei o carro na entrada de casa, ainda processando tudo o que havíamos acabado de descobrir. Saí rapidamente e dei a volta para ajudar Anne a descer. A maneira como ela segurava minha mão com mais força que o normal me fez perceber que, apesar de sua calma aparente, o impacto da notícia ainda pesava sobre ela.— Vamos com calma — murmurei, enquanto a conduzia pela entrada da casa.Caminhamos juntos até a porta. Assim que entramos, fomos surpreendidos por minha mãe, que estava nos esperando na sala de estar, como se estivesse contado os minutos para o nosso retorno. O olhar dela foi imediatamente para Anne, num misto de curiosidade e preocupação estampado no rosto.— Como foi a consulta? — perguntou, sem esconder a expectativa.— Os bebês estão bem — respondi, tentando manter minha própria voz firme, embora ainda estivesse me acostum
— Você não faz ideia de como estou feliz por saber que terei três netinhos de uma só vez! — Dona Joana exclamou. O sorriso em seu rosto era tão radiante que iluminava toda a sala.Eu ri, sentindo o calor do afeto dela me envolver. Era reconfortante perceber que, apesar de tudo, havia pessoas ao meu redor prontas para nos apoiar e amar incondicionalmente.Bem diferente da minha família…— Pelo menos a senhora teve um de cada vez — brinquei, acariciando minha barriga enorme. Saber que eram trigêmeos explicava o fato de eu me sentir gigante. — Eu vou encarar todos de uma vez só.Dona Joana riu junto comigo, mas seus olhos brilhavam com uma ternura especial, que me transmitia uma onda reconfortante de carinho.Nunca imaginei que pudesse me sentir tão bem em algum lugar.— Ah, querida, se tem uma coisa que aprendi com a maternidade, é que
Cheguei em casa na hora do jantar, sentindo o cheiro de comida caseira que se espalhava pelo ar. Aquele aroma sempre me trazia uma sensação de aconchego, mas dessa vez, havia algo diferente. Talvez fosse a tensão que sentia no ar, algo que eu não conseguia identificar de imediato, mas que me incomodava.Encontrei minha família reunida na sala de jantar. Meus irmãos estavam conversando baixinho, provavelmente sobre algum assunto trivial. Não dei muita importância no momento, porque meus pensamentos estavam concentrados em Anne.Ao entrar na sala, avistei-a sentada à mesa, sua postura rígida, como se estivesse tentando se manter firme apesar de alguma coisa. Caminhei até ela, depositei um beijo suave em sua testa e perguntei:— Está tudo bem?Ela sorriu, entretanto, parecia mais uma tentativa de me tranquilizar do que uma expressão de felicidade.— Sim, estou bem — respondeu, mas algo em seu tom me dizia que não era toda a verdade.Senti que talvez ela estivesse um pouco tensa, mas não
Ficamos ali, em silêncio, enquanto eu continuava a passar a espuma por seu corpo, tocando cada parte com o mesmo cuidado. Não havia necessidade de palavras, pois naquele momento, o silêncio falava por nós. Eu queria que ela sentisse que, não importa o que acontecesse, ela sempre teria esse lugar seguro comigo, onde pudesse ser ela mesma, sem medo ou reservas.Desci minhas mãos lentamente, contornando a barriga saliente da gravidez, sentindo o calor do seu corpo sob a água morna. Cada toque meu era calculado, cuidadoso, querendo, ao mesmo tempo, acalmá-la e excitá-la. Quando alcancei sua intimidade, senti sua respiração acelerar e seu o corpo tenso, por um instante, antes de se render completamente ao prazer que eu estava prestes a proporcionar.Toquei seu clitóris com movimentos circulares, leves no início, apenas o suficiente para fazê-la arfar, o som ecoava suavemente pelo
Meses depois, as coisas finalmente começaram a parecer normais, ou pelo menos, o mais normal possível com a chegada iminente dos trigêmeos. Estava na sala, descansando um pouco e aproveitando o silêncio que reinava na casa. Gabriel estava na prefeitura, e eu tentava me distrair com um livro, mas a ansiedade para a chegada dos bebês era algo que me consumia, principalmente nos últimos dias. Mal podia esperar para ver o rostinho deles.Foi então que senti uma dor forte, que me fez largar o livro imediatamente. Meu corpo se remexeu involuntariamente no sofá, e um instante depois, senti um líquido quente escorrer pelas minhas pernas. O pânico tomou conta de mim quando percebi o que tinha acontecido: minha bolsa estourou. Por um momento, congelei, sentindo o coração bater acelerado, tentando processar o que estava acontecendo.Respirei fundo, tentando manter a calma, mas o medo e a urgência me dominaram rapidamente. Precisava falar com Gabriel. Precisava de ajuda. Minhas mãos tremiam enqua
Eu segurava a mão de Anne com toda a força que tinha, mas a verdade era que o pânico estava me consumindo por dentro. Cada respiração que eu tomava parecia não ser suficiente para acalmar o caos dentro de mim. Eu precisava ser forte e estar lá para ela, mas as memórias estavam se sobrepondo à realidade diante dos meus olhos.Lembrava-me vividamente de como foi levar minha falecida esposa ao hospital. O nervosismo, o medo, e depois, a angústia de vê-la entrar naquela sala e nunca mais sair. Aquela dor ainda estava marcada em mim. Era uma ferida que nunca cicatrizou completamente. E naquele momento, estava ali, novamente, levando a mulher que amo para o hospital, mas desta vez eram trigêmeos.Meu coração batia acelerado, a boca estava seca, e eu sentia uma dor no peito que só aumentava. Tentei afastar esses pensamentos, convencer a mim mesmo de que dessa vez seria difere
Depois de muitas horas de desespero e aflição, eu finalmente senti meu corpo relaxar ao ser conduzida para a sala de recuperação. Estava exausta, mas a alegria que inundava meu coração era tão grande que superava qualquer cansaço. Depois de um tempo na sala de recuperação, fui levada para o quarto onde ficaríamos.Ao entrar, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver três pequenos bercinhos de vidro alinhados ao lado da minha cama. Ali, tão próximos de mim, estavam meus três filhos. Eles eram tão pequenos e frágeis, mas, ao mesmo tempo, pareciam tão perfeitos. O sentimento de gratidão e felicidade que me tomou naquele momento foi indescritível.Com cuidado, inclinei-me para olhar mais de perto cada um deles. As pequenas mãozinhas, os pezinhos, os rostos tão serenos. Aquele era o momento que eu sempre sonhei, e ago