Eu fui esquecida naquele maldito fim de mundo. Nem minha mãe, nem meu irmão se importaram em me procurar. Até minha melhor amiga, Clara, que sempre esteve ao meu lado, parecia ter desaparecido da minha vida. O tempo passava de forma dolorosamente lenta, e cada dia se arrastava como uma eternidade. A única coisa que me indicava que o tempo estava avançando era a minha barriga, que crescia a cada semana.
Eu estava grávida, e isso deveria ser um momento de alegria, mas naquele lugar isolado, a realidade era muito diferente. Minha tia ignorava completamente a minha condição. Era como se a gravidez não existisse, como se eu fosse apenas mais uma boca para alimentar e mais um par de mãos para trabalhar na fazenda. À medida que minha barriga crescia, minhas roupas se tornavam apertadas, desconfortáveis, mas ela não demonstrava nenhuma preocupação ou compaixão. Logo, eu fic
— Gabriel! — A voz de Anne do outro lado da linha me fez paralisar— Onde você está? — perguntei, com a voz trêmula, quando finalmente consegui projetar as palavras.— Por favor! Você tem que me tirar daqui, tem que me salvar — a voz dela estava carregada de desespero, o que fez meu coração disparar ainda mais.— Onde? — repeti, tentando manter a calma, mas a ansiedade me corroía por dentro.— Socorro! — Ela estava em pânico, e isso me deixou à beira do colapso.— Calma, me fala onde você está? — insisti, tentando soar firme, mas sentindo a angústia em cada palavra.— No meio do nada. Presa. — A resposta dela foi vaga, e isso só aumentava minha agonia. Precisava de algo mais concreto para poder agir.— Precisa ser mais específica — pedi, tentando controlar o pânico crescente.O silêncio do outro lado da linha foi torturante. Ouvi sua respiração ofegante, e a sensação de impotência era esmagadora. Tinha que conseguir mais informações, mas ela parecia tão assustada que mal conseguia fal
Desliguei o telefone tremendo, com o coração quase saindo pela boca e um gosto amargo na língua.Estava desesperada.O som de alguém entrando no posto fez meu coração disparar novamente. Quando avistei o marido da minha tia entrando, quase congelei de medo. Sem pensar, corri rapidamente para trás de algumas gôndolas, colocando o dedo sobre a boca, implorando em silêncio para que o atendente não revelasse minha presença.— Preciso de dez litros de gasolina para a minha roçadeira — disse o marido da minha tia, sem perceber que eu estava ali, tão perto, mas, ao mesmo tempo, desesperadamente escondida.Eu vivi minutos de puro pânico enquanto ele era atendido. Meu corpo inteiro tremia, e eu sentia que, a qualquer momento, ele poderia descobrir meu esconderijo. O som de cada palavra que ele pronunciava ecoava na minha mente como uma sentença de morte. Mas, felizmente, ele parecia alheio à minha presença.Depois do que pareceu uma eternidade, ele saiu da loja. O alívio foi tão grande que sen
A festa de inauguração do novo hospital estava a todo vapor. Era um grande feito para nossa cidade, finalmente os moradores não precisariam mais viajar por duas horas para receber atendimento médico de qualidade. Eu estava orgulhoso, e isso se refletia no meu sorriso confiante enquanto subia ao palco.As luzes dos flashes me cegavam momentaneamente, mas eu já estava acostumado com a atenção.— Boa noite a todos — comecei, ajustando o microfone. — Hoje é um dia histórico para nossa cidade. A inauguração deste hospital é um marco que nos permitirá oferecer cuidados de saúde de qualidade, sem que precisemos nos deslocar por horas. Este hospital representa nosso compromisso com a saúde e o bem-estar de nossa comunidade.Os aplausos ecoaram pelo salão, mas, ao olhar para o fundo, vi Gustavo Trancoso com os braços cruzados e uma expressão de descontentamento. Ele nunca apoiou a ideia do hospital, sempre acreditando que os recursos poderiam ser melhor utilizados de outras formas. Seu olhar e
Minhas mãos deslizaram por suas costas, descendo até a curva de seus quadris. Ela suspirou contra meus lábios, seus dedos enroscando-se em meus cabelos. A sensação de sua pele através do tecido fino do vestido era intoxicante. Seus seios pressionavam contra meu peito, e eu podia sentir a ausência de qualquer barreira entre nós.— Gabriel… — ela murmurou, a urgência em sua voz refletindo o que eu sentia.Nossos beijos se tornaram mais intensos, cada toque, cada carícia, alimentando o desejo crescente. Minhas mãos exploraram seu corpo, traçando caminhos que pareciam desenhar um mapa de paixão e desejo.Anne puxou minha gravata novamente, guiando-me até o sofá. Sentamos, ainda entrelaçados, e ela se acomodou em meu colo, suas pernas envolvendo minha cintura. A proximidade aumentou a intensidade do momento, e eu a segurei firmemente.Seus dedos deslizaram pelo meu peito, desabotoando lentamente minha camisa. Cada botão aberto revelava mais da minha pele, e seus lábios seguiam o caminho tr
Rolei na cama e soltei um longo suspiro, sentindo o lençol macio contra minha pele. A noite passada ainda estava fresca na minha mente, cada detalhe gravado como se fosse um sonho.— Continua transando com o prefeito? — perguntou minha melhor amiga, Clara, enquanto se jogava ao meu lado na cama, com um sorriso provocador.— Ei, esse é meu segredinho! — respondi, dando-lhe um leve empurrão.— Você é maluca! — Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás.Revirei os olhos, mas não pude evitar um sorriso. Clara sempre conseguia me fazer rir, mesmo nas situações mais complicadas. Sentei- me na cama, puxando o cobertor para cobrir meus ombros nus. O quarto estava iluminado pela luz suave da manhã, filtrada pelas cortinas finas.— E aí, como foi? — perguntou Clara, agora com um tom mais sério, apoiando-se nos cotovelos.— Foi… incrível. Mas complicado. Sempre é. — Suspirei novamente, desta vez com uma mistura de nostalgia e desejo.— Eu imagino. Com seu pai e tudo mais… — Clara assentiu, enten
A reunião começou, e fiz o meu melhor para me concentrar nos pontos discutidos. Gabriel manteve uma postura profissional, mas eu podia sentir a tensão entre nós. Cada vez que nossos olhares se cruzavam, era como se uma corrente elétrica passasse entre nós.Depois de algum tempo, o diretor pediu uma pausa. Gabriel se aproximou de mim, com um sorriso que fazia meu coração acelerar.— Como você está, Anne? — perguntou, roçando levemente sua mão na minha.— Tentando me concentrar — respondi, com um sorriso tímido.— Também estou.O toque dele era breve, mas suficiente para me fazer lembrar de tudo o que aconteceu. O desejo estava ali, apenas sob a superfície, esperando para explodir novamente. Sabíamos que precisávamos ser cuidadosos, mas a atração entre nós era inegável.A pausa terminou e voltamos à reunião, mas eu sabia que aquele momento roubado era apenas um prenúncio do que ainda estava por vir.Quando a reunião terminou, num instante, Gabriel passou por mim enquanto se despedia de
Ele era maravilhoso, e apesar da diferença de idade, aquele homem mexia comigo de uma forma que eu mal conseguia controlar. A rivalidade entre nossas famílias, que durava décadas, parecia insignificante diante do desejo que queimava em mim. Cada encontro clandestino, cada toque, só reforçava o quanto eu estava disposta a desafiar todas as regras por ele.Cerrei os lábios quando ele empurrou o pau para dentro de mim com força, me prendendo contra a parede, fazendo-me revirar os olhos de prazer. A intensidade do momento me consumia, arrancando-me suspiros a cada investida dele e eu lutava para manter sob controle.Suas mãos seguravam firmemente minhas coxas, erguendo-me para ajustar melhor nossos corpos. A parede fria contra minhas costas contrastava com o calor que irradiava de nossos corpos em contato. O atrito entre nós era eletrizante, uma dança de prazer que eu nunca queria que terminasse.Eu podia sentir cada movimento, cada pulsar dentro de mim, e isso só aumentava a urgência do
Que porra! Eu deveria ter ido atrás dela, ter feito alguma coisa, mas permaneci parado, observando a caminhonete desaparecer no horizonte. A sensação de impotência tomou conta de mim, uma mistura amarga de raiva e frustração. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor, e tudo o que consegui pensar foi o quanto havia falhado em protegê-la.Merda!Passei a mão pelos cabelos, puxando-os com força, tentando encontrar uma solução para o caos que havia se instalado. Meu coração ainda estava acelerado, o sangue fervendo nas veias. Gustavo, aquele desgraçado, havia aparecido do nada, e eu me vi paralisado, sem saber como reagir. Mas a verdade era que ele tinha razão em uma coisa: eu deveria ter feito mais para proteger Anne, deveria ter lutado por ela ali mesmo, sem hesitação.Olhei ao redor, o parque vazio e silencioso, como se o mundo tivesse parado para observar meu fracasso.A brisa noturna, que antes trazia um certo alívio, agora parecia fria e cortante. A única coisa que eu queria era es