Levantei agitada da cama, eu precisava chegar às oito da manhã para a entrevista que Mary tinha me conseguido, seria uma entrevista importante, e conseguir emprego não estava nada fácil, não que trabalhar de empregada fosse o melhor serviço do mundo, mas se eu quisesse voltar a fazer faculdade esse era o melhor caminho, eu tinha trancado meus estudos a pelo menos dois semestres e tentava a todo custo retornar mas, passear com cachorros não era bem um emprego rentável, se ao menos minha tia me desse a parte que me cabia por direito, porém, é claro que isso jamais aconteceria por que se ela fizesse isso como ela pagaria o salão todo dia e o carro de luxo da Liah? Minha prima insuportável e cheia de “não me toques”.
- Nataly! Natalay!
Escutei os berros de minha tia assim que sai no corredor. - O que é titia?
- Vá passear com o Boris, ele está ansioso...
Boris era o cachorro de Liah, eu olhei para o buldogue francês que não parecia nem um pouco ansioso, na verdade ele parecia bastante sonolento.
- Desculpe tia, mas tenho uma entrevista de emprego agora e...
- E? E é assim que me agradece? Por tudo que fiz por você... Eu cuidei de você depois que seu pai faleceu, nunca cobrei um centavo, fui eu que...
E lá começou a ladainha, eu peguei a coleira de Boris e coloquei nele saindo para rua sem esperar por todo o resto do drama, aquilo era um absurdo, eu nunca tinha recebido um centavo da minha pensão deixada por meu pai e agora ela vinha dizer que não cobrava? No inicio ela dizia que quando eu fizesse 18 anos eu receberia minha pensão, mas agora eu já estava com 21 e nada... Suspirei, olhei no relógio, eu iria me atrasar, mas que droga!
Tentei fazer tudo que era preciso o mais rápido possível, mas quando sai de casa eu já estava meia hora atrasada, a mansão dos Belmont ficava do outro lado da cidade, gastei meu ultimo centavo para pagar aquele taxi, eu só esperava que valesse a pena.
Olhei no relógio, muito atrasada para trocar de roupas, entrei no taxi e fui daquele jeito mesmo, suada, suja e com pelos por toda roupa, tomara que a amiga de Mary que era governanta da casa não fosse muito exigente, o taxi parou em frente à belíssima mansão, tremi, que casa era aquela? Minhas pernas literalmente bambearam, aquilo não podia ser real, era belo demais, não havia ninguém na guarita de segurança então entrei, aliás, não havia ninguém em lugar nenhum, sem dar muita bola para a recepção caminhei até a porta da casa, antes mesmo que eu pudesse bater uma mulher baixa abriu a porta saindo com uma mala.
- Ah finalmente você chegou, Jesus! Achei que eu perderia meu voo!
A mulher morena e baixinha me atirou um molho de chaves que eu agarrei com dificuldade. E continuou a falar. – Quando escurecer tranque todas as portas, ligue as câmeras e acione o alarme.
- Oi? Espera você não vai nem me entrevistar?
- Entrevistar? Não, você é a amiga de Mary, ela me falou tanto de você que não é necessário, se ela confia em você eu também confio garota e para ser sincera não temos tempo para isso, eu preciso ir ou vou perder meu voo!
- Mas e a casa? Eu não conheço a casa e os patrões quem são? Como ligo os alarmes? E se aparecer alguma visita?
Eu berrei e corri atrás dela vendo que ela já estava indo em direção ao portão.
- A o senhor Jack está de lua de mel só volta em 15 dias e provavelmente você não o conhecerá, quanto aos alarmes você encontrará uma sala na casa, visitas? Ninguém visita Jack Belmont, aquele homem dá arrepios em qualquer um.
Ela adentrou no taxi e partiu, eu fiquei observando o carro partir atônita, meu Deus, o que eu faria agora? Eu não conhecia nada daquela casa, e se eu não conseguisse ligar os alarmes? E se eu não desse conta de tudo?
Suspirei e voltei para a casa, assim que adentrei percebi que aquilo estava muito, mas muito longe do meu patamar, o chão de mármore reluzia de tão limpo, os lustres brilhavam tanto que ardia de olhar para cima, a belíssima mobilha deveria ter custado o valor da minha casa inteira, tranquei a porta no mesmo instante, se eu fosse assaltada eu jamais conseguiria pagar por qualquer peça que tivesse ali.
Uma mansão, uma mansão luxuosa a minha disposição por 15 dias, comecei a rir sozinha, subi e desci as escadas de forma graciosa imitando as mulheres ricas que eu via na televisão, “Oh, senhorita Nataly... Como está bela essa noite”. “Você veste Prada ou Chanel?”... Ri sozinha me imaginando na cena, segundos depois parei de brincar, imagina só se as câmeras estivessem ligadas e alguém acabasse me pegando esnobando a casa?
Mas tinha que admitir que eu não tinha certeza se ter uma mansão a meu dispor por 15 dias era de fato um trabalho ou seria um sonho.
Migrei para a cozinha e fiquei ainda mais impressionada com o requinte de tudo, cuidar de um lugar como aquele seria uma tarefa bem complicada, liguei para minha tia para dizer que tinha conseguido o emprego e que teria que ficar posando na casa, por isso eu provavelmente só iria amanhã de tarde para casa para pegar minhas roupas, afinal de contas eu tinha que economizar a passagem do ônibus.
Passei o dia inteiro tentando conhecer a casa e limpando o lugar, a casa era gigantesca e não consegui limpar a parte de cima onde ficavam os quartos, teria que deixar isso para o dia seguinte.
Quando me dei por mim percebi que já se passavam das oito horas da noite, o dia tinha passado rápido e a noite tinha chegado sorrateira, liguei para minha madrinha Mary e agradeci por ter me indicado para o emprego, prometi que iria visitar ela e Jhony logo, tranquei toda a casa, porém ainda não tinha descoberto onde ligava as câmeras ou o alarme o jeito era ficar atenta.
Eram nove horas quando eu terminei de jantar e decidi ir para o quarto, os quartos das empregadas ficava no andar de baixo eu logo reconheci os quartos por que eles eram menores, porém fui obrigada a concordar que para um quarto de empregada aquilo estava muito melhor que o sótão que eu usava na casa de minha tia.
Tomei um bom banho e deitei na cama, estava exausta, não demorou muito para meu corpo se entregar ao sono profundo, acordei assustada por volta da meia noite, havia barulhos na porta, dei um salto assustada, meu Deus seria alguém tentando roubar a casa? Sai da cama sem fazer barulho e busquei por meu telefone, pensei em ligar as luzes, mas fiquei com medo de chamar a atenção do ladrão que poderia estar armado, caminhei silenciosamente no escuro e conclui que não estava enganada, os barulhos vinham realmente a porta, meu coração disparou e minhas mãos começaram a tremer, eu queria escapar dali mas, eu não podia simplesmente deixar a casa ser assaltada que tipo de caseira eu era? Se ao menos eu tivesse conseguido ligar as câmeras poderia ver se era um ou mais ladrões, sem muito no que pensar para fazer peguei o primeiro objeto pesado que vi nas mãos e me escondi.
O Invasor invadiu a casa e atravessou a sala sem dificuldade arrastando algo que eu não identifiquei no escuro, vi o ele se aproximar das escadas, pelo vulto podia perceber que era um homem alto e pelo visto bastante forte, eu não teria muitas chances, mas eu morreria tentando, sem pensar e tomada de uma coragem que não sei de onde foi que eu arranquei, saltei sobre o invasor acertando vários golpes em sua cabeça com o bibelô de porcelana que tinha pegado de cima do aparador.
- Tome isso seu ladrão infeliz!
- Ai! – O homem berrou na escuridão e logo me derrubou no chão, eu bati as costas na escada e cai na sala, às luzes se acenderam e localizei dos grandes olhos verdes me encarando raivosos, ele estava de terno e usava sapatos de luxo, ops... Aquilo não parecia nada com um ladrão.
- Quem é você? E o que faz na minha casa?
Eu tentei gaguejar uma resposta, mas não consegui, eu tremia de cima a baixo olhando para aquele desconhecido.
Espera, ele tinha dito que a casa era dele?
- O... O... Senh... Senhor é o Senhor Belmont?
Eu disse ainda sem jeito e gaguejando, ele me olhou de cima a baixo pairando os olhos na minha roupa de dormir.
- É claro que sou eu! E você quem é? Deve ser alguma favelada que invadiu a casa enquanto tudo estava vazio... Vou ligar para a policia agora mesmo!
Eu me levantei apressada e segurei a mão dele.
- Não, por favor, eu posso explicar!
Ele puxou a mão de volta com raiva.
- Sua governanta me contratou para cuidar da casa, ela disse que o senhor só voltaria em 15 dias da sua lua de mel e que precisava de alguém para cuidar de tudo.
Ele parou por alguns segundos e piscou suavizando um pouco o rosto e parecendo mais calmo, depois levou à mão a testa onde o ferimento que eu tinha causado em sua cabeça sangrava.
- E daí você decidiu me acertar na cabeça com um cachorrinho de porcelana?
- Pensei que o senhor fosse algum ladrão, desculpe.
Ele me olhou novamente de cima a baixo.
- Bem a cara de Hortência mesmo contratar alguém como você, sem experiência e tão descuidada, e se eu fosse um ladrão e estivesse armado? Estaria morta agora! Pensou nisso garota?
Eu olhei para ele e abaixei a cabeça sem jeito.
- Bom, eu teria morrido fazendo o que era certo...
- Morrer pelo que é certo parece um bom jeito de morrer para você?
Eu sorri.
- Acho que sim.
Ele balançou a cabeça parecendo cansado.
- Ok, como queira... Sabe pelo menos como fazer um curativo nisso aqui?
Eu abri e fechei a boca, ele devia estar achando que eu era uma idiota.
- Sei.
- Então faça.
Ele saiu para o lado e caminhou até o sofá se sentando como se esperasse que eu cuidasse dele.
Olhei para minhas roupas inapropriadas e ele me olhou novamente.
- Pode trocar de roupas primeiro, se quiser.
Eu assenti com a cabeça e me retirei, até meu quarto, eu ainda estava com o coração aos saltos, eu tinha acertado o meu patrão na cabeça com uma porcelana, isso com certeza não devia ir para minhas boas experiências no currículo, provavelmente ele não tinha me mandado embora por não ter outra opção no momento, não que ele não resolvesse fazer isso no dia seguinte.
Cheguei no quarto com o coração aos saltos, meu pulso ainda estava disparado e minhas mãos tremiam, joguei um casaco longo por cima do corpo e peguei minha maleta de primeiros socorros, quando voltei para sala ele estava com os olhos fechados e parecia estar descansando, assim que me aproximei ele voltou a abrir os olhos, eu olhei sem graça para aquele homem estupidamente bonito na minha frente e gelei.- Vai ficar aí me olhando ou vai me deixar sangrando até a morte?- Isso é meio dramático, não acha?Ele sorriu pela primeira vez talvez ele não fosse de aço.- Ainda posso te mandar embora por tentativa de assassinato, sabia?Eu arregalei os olhos e segurei na mão dele ficando de joelhos.- Por favor, por favor, não eu preciso muito do emprego.Ele sorriu.- Acalme-se... Foi brincadeira.Eu me perdi por alguns segundos naqueles olh
Assim que o dia amanheceu eu comecei a limpar freneticamente as janelas, Jack desceu as escadas e caminhou calmamente até a cozinha. - Deixei seu café na sala de refeições. Eu disse assim que o vi, ele me olhou por alguns segundos e concordou com a cabeça dando meia volta, logo voltou. - Não precisava fazer isso, na verdade eu apenas queria alguém para cuidar da casa, você não precisa agir como uma empregada... - Mas é o que eu sou senhor Belmont. Ele se aproximou de mim sério e com as mãos nos bolsos. - Tudo bem, faça como quiser, mas cuidado com essas janelas, não vá se machucar. Eu sorri e assenti com a cabeça. - Ok, pode deixar. Ele se afastou indo para a sala de refeições, assim que chegou lá ele percebeu a mesa posta o café quente e torradas integrais com iogurte natural, até parecia que ela conhecia os seus gostos, teria perguntado a Hortência? Ele balançou a cabeça negativamente, devia ser coincidê
Simoni adentrou presunçosa como se ainda tivesse algum direito de estar ali ou como se aquela casa ainda lhe pertencesse de alguma forma. - Olha, vejam só ele não perdeu tempo... - Simoni? O que faz aqui? Encontrar sua ex-mulher em sua casa não era bem a melhor coisa para ele naquele momento. Nataly ouviu as vozes alteradas e acordou, assim que percebeu que estava nos braços de Jack saltou do colo dele gritando, Jack se desiquilibrou com o impulso que ela fez e a deixou cair no chão, Nataly caiu sobre o pulso machucado e gemeu de dor. - Ai... Jack ignorou Simoni e se abaixou perto dela. - Tudo bem? Ela assentiu com a cabeça, mas ele pode perceber que alguma coisa estava errada, ela segurava o pulso e tinha os olhos fechados como se tentasse de alguma forma controla r a dor que sentia. Simoni sorriu se aproximando deles. - É sério mesmo Jack? A empregadinha? Ah por favor, você já teve melhores. - O olhar
Fui atendida rapidamente na clinica, meu pulso precisou ser imobilizado, as enfermeiras limparam meu ferimento na perna também, Jack me olhava sério quando Dr. Artus entrou. - Doutor, que bom revelo. - Senhor Belmont, fazia muito tempo que eu não o via aqui na clinica, está tudo bem? - Sim, na verdade vim trazer minha funcionaria, ela se machucou limpando a casa. - É eu vi a radiografia do pulso dela, foi bem complicado... Você teve muita sorte, de agora em diante nada de esforço físico. - Como assim nada? – Protestei. – Eu não posso ficar sem fazer nada, eu trabalho limpando a casa! Jack se meteu na conversa. - Pode deixar que vou cuidar para que ela não faça nenhum esforço. Ele vai cuidar? Vai cuidar de que jeito? Deus, ele ia me dispensar... Só podia ser isso! Se ele soubesse que na casa da minha tia eu faria muito mais esforço. Assim que saímos fora da clinica eu não me segurei. - Você vai me dispens
Depois de jantarmos eu me encostei em um dos pilares do bar e fiquei esperando Jack voltar de pagar a conta, ele se aproximou de mim cauteloso.- Quer ir caminhar na praia?Eu suspirei e concordei com a cabeça, saímos caminhando pela areia da praia, retirei a sandálias para poder sentia a agua do mar em meus pés.- Você não acha incrível...Eu disse por fim, ele me olhou confuso.- O que é incrível?- O mar, ele é tão majestoso... Tão grande, mas ainda assim aceita aqueles que são menores que ele por que sabe que precisa deles para crescer, é tão forte e impiedoso, mas às vezes é calmo como uma brisa de verão.Jack sorriu.- É uma apaixonada senhorita Nataly...- Por que diz isso?- Por que é o que eu vejo, dá pra ver a paixão nos seus olhos quando fala de suas co
Assim que o dia amanheceu eu percebi que estava terrivelmente atrasada, o sol já estava alto, devia ser os remédios que eu tinha tomado, droga! Corri para fora do quarto ajeitando o uniforme e vi Jack já na cozinha fazendo o café, merda... Desse jeito eu nunca ia conseguir um emprego definitivo.- Desculpa... Dormi demais, eu, eu faço o café rapidinho!Ele me olhou e sorriu.- Tudo bem eu já fiz, aliás, fiz coisas demais, fiz ovos, panquecas, bacon... Acho que me empolguei, não sei cozinhar para poucas pessoas, quer tomar café comigo?Mordisquei o lábio nervosa, isso era muito errado.- Não é certo, eu devo...- Deve se sentar agora e parar de mi mi mi, Nataly estamos só nós dois aqui, não há motivos para fazer pose.- Mas...- Senta ai vai, essa comida vai sobrar mesmo...Eu me sentei ao lado dele e com
Esperei umas duas horas até que tive coragem de abrir a porta e escapar para fora, para meu alivio Jack não estava ali, respirei fundo e voltei para meus afazeres, logo percebi que eu não estava sozinha em casa, tinha pessoas na piscina com Jack, foi ai que me lembrei que ele tinha pedido para limpar a piscina por que receberia alguns amigos, arrumei o uniforme e migrei para fora, tentei parecer o mais profissional possível ao me aproximar dele, mas Jack ainda tinha aquele olhar de desafio preso no fundo do belo rosto.- Vai precisar de alguma coisa senhor Belmont? Quer que eu traga bebidas ou prepare algum lanche?Um dos amigos de Jack se aproximou por trás de mim e me deu um tapa no traseiro, dei um pulo para frente irritada, querendo esbofetear o rosto dele.- Que “delicinha” de empregada que você arrumou Jack!...Jack me puxou para o lado dele me protegendo.- Deixa ela em paz Charle
Quando o dia amanheceu eu me revirei na cama, era dia de limpar os quartos, por sorte meu pulso já estava bem melhor e agora eu conseguia dar conta de tudo, parei por alguns segundos na cama olhando para o teto, como seria encontrar Jack? Com todas as minhas forças desejei que ele já tivesse saído para a empresa, lembrei-me do beijo da noite passada e minha boca começou a formigar desejando sentir aquela sensação novamente, eu precisava sair daquela casa eu precisava ficar o mais longe possível daquele homem, ele estava me ganhando por inteira, estava me prendendo com suas garras em formas de gentileza, bonito, rico e disponível? Isso só podia ter um erro, um erro grande, grave e que me faria sofrer o dobro, suspirei, eu tinha que me manter fria, eu precisava ser forte.Sai da cama, escovei os dentes, troquei de roupas, caminhei até a cozinha, deixei o café pronto para ele, organizei tudo e pe